Hoje
assinala-se e «celebra-se» mais um «Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas». Um «feriado» sempre e cada vez mais ridículo, que não
deveria ser o principal, o «dia nacional» do nosso (?) país. Não apenas por este, na
verdade, e oficialmente, ter por nome «República Portuguesa», qual delegação
sul-europeia e ocidental da «grande república mundial». Não apenas por ser uma
invenção da II República e do Estado Novo, que a III e o Estado Social adoptaram
após uma ligeira alteração na sua designação; antes de 1974 era também o dia da
«raça», depois passou a ser também o das «comunidades portuguesas», algo como o
que aconteceu com a ponte sobre o Tejo que liga Lisboa a Almada, inaugurada em
1966, que antes se chamava «Salazar» e depois passou a chamar-se «25 de Abril».
Não apenas por ser estúpido, e até ofensivo, «festejar-se» a morte de um
artista, de um poeta, o maior e o melhor que este «jardim à beira-mar plantado» alguma vez teve mas que tão mal tratou; e, em simultâneo, e na prática,
«festejar-se» a perda da independência de Portugal, ocorrida igualmente em 1580;
continua a ser bizarra a obsessão dos republicanos portugueses pelo iberismo,
obsessão inconsciente e, sim, até mesmo consciente, demonstrada pela persistente e irritante mania de querer-se organizar um Campeonato do Mundo de Futebol em conjunto com a Espanha – deles não se deve esperar apoio para mudar o dia de Portugal para 14 de Agosto. Enfim, o 10 de Junho tornou-se, como se tal fosse possível (mas
é), ainda mais ridículo porque este ano, na véspera, foram aprovados na casa da
«deputação» nacional não um, não dois, não três mas sim quatro projectos de lei para a dita despenalização da «morte medicamente assistida», mais vulgarmente conhecida como eutanásia. Seria muito difícil, quiçá impossível, alcançar-se um
mais perfeito simbolismo para a presente situação deste deprimente país;
afinal, já não se quer tanto sentir «a voz dos egrégios avós» mas sim calá-la
definitivamente - e, obviamente, os inevitáveis abusos deste procedimento sinistro não incidirão exclusivamente sobre os mais velhos. Esta é uma nação em pleno suicídio, o que aliás ficou
comprovado nas mais recentes eleições legislativas, que proporcionaram uma
segunda maioria absoluta aos que nos levaram à bancarrota há pouco mais de
10 anos. Que «não» se desespere, porém: a auto-destruição terá como «ortografia oficial» a do «acordo ortográfico de 1990», sem dúvida a adequada à
«gramática» da cobardia, da desistência e até da traição.
sexta-feira, junho 10, 2022
terça-feira, maio 17, 2022
Outros: VGM evocado n’OLdLP
Isabel A. Ferreira, com o seu blog O Lugar da Língua Portuguesa, é, e desde há bastantes anos, a maior «guerreira» em Portugal
contra o ilegítimo, ilegal, ridículo e prejudicial «acordo ortográfico de
1990», e nessa capacidade (e qualidade) só tem ao seu nível João Pedro Graça com o seu
Apartado 53. No passado sábado ela publicou um post «recordando as ofensas póstumas a Vasco Graça Moura...», que inclui reproduções de dois textos meus que
têm como tema, precisamente, o prematuramente falecido grande homem de cultura
(em palavras e em actos). As referidas (e autênticas) ofensas foram cometidas
pela Academia das Ciências de Lisboa e por Marcelo Rebelo de Sousa.
sábado, abril 30, 2022
Olhos e Orelhas: Primeiro Quadrimestre de 2022
A literatura: «Alix - A Tiara de Oribal» e «(...) - A Garra Negra», Jacques Martin; «Cavaleiro Ardente - A Lei da Estepe», «(...) - A Trompa de Névoa» e «(...) - A Harpa Sagrada», François Craenhals; «Blueberry - Forte Navajo» e «(...) - A Pista dos Navajos», Jean-Michel Charlier e Jean Giraud; «Corto Maltese - Tango», Hugo Pratt; «Dunquerque/Operação Dínamo», Pierre Dupuis; «Os Quadradinhos Completos de Kake», Tom of Finland (Dian Hanson, org.); «Michel Vaillant - Steve Warson Contra Michel Vaillant», «(...) - Rali Sobre um Vulcão» e «(...) - Rebuliço na F1», Jean Graton; «V de Vendetta», Alan Moore e David Lloyd; «Intenções Comestíveis, ou Nova Tábua de Cebes», David Soares e Filipe Abranches.
A música: «Amália Em Paris - Olympia 1956», Amália Rodrigues; «With A Little Help From My Friends» e «Joe Cocker!», Joe Cocker; «I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!», Janis Joplin; «Chunga's Revenge», Frank Zappa; «Crónicas Da Terra Ardente», Fausto; «Washing Machine», Sonic Youth; «Wild Mood Swings», Cure; «Blood On Ice», Bathory; «Odelay», Beck; «Mumadji», Maria João e Mário Laginha; «Welcome 2 America», Prince; «Happier Than Ever», Billie Eilish; «Voyage», Abba; «30», Adele; «Rinaldo», George Frideric Handel (por Armand Arapian, Carolyn Watkinson, Charles Brett, Ileana Cotrubas, Paul Esswood, Ulrik Cold, e outros, com La Grande Écurie et La Chambre du Roy dirigida por Jean-Claude Malgoire); «Die Schopfung», Joseph Haydn (por Edith Mathis, Francisco Araiza e José Van Dam, com o Coro de Viena dirigido por Helmuth Froschauer e a Orquestra Filarmónica de Viena dirigida por Herbert Von Karajan).
O cinema: «Casa de Lava», Pedro Costa; «Requiem Por um Sonho», Darren Aronofsky; «Mapa Para as Estrelas», David Cronenberg; «A Rapariga da Porta ao Lado», Luke Greenfield; «O Clube do Pequeno Almoço», John Hughes; «Nader e Simin, Uma Separação», Asghar Farhadi; «Carta Selvagem», Simon West; «Rápidos e Furiosos Apresentam - Hobbs & Shaw», David Leitch; «Plano de Fuga», Mikael Hafstrom; «Rambo - Último Sangue», Adrian Grunberg; «Memórias de Assassínio», Bong Joon Ho; «Anon», Andrew Niccol; «Vida», Daniel Espinosa; «Ultravioleta», Kurt Wimmer; «Mundo de Água», Kevin Reynolds; «Metrópolis», Fritz Lang; «Stan & Ollie», Jon S. Baird; «Olhos Grandes», Tim Burton; «Lenny», Bob Fosse; «Patsy e Loretta», Callie Khouri; «Clímax», Gaspar Noé; «Dois Para o Dinheiro», D. J. Caruso; «O Equalizador 2», Antoine Fuqua; «A Dívida», John Madden; «O Jogo Choroso», Neil Jordan; «Bela de Dia», Luis Buñuel; «A Vida Aquática com Steve Zissou», Wes Anderson.
E ainda...: (Sítio na Internet) 75 anos (do nascimento) de David Bowie; Fundação Calouste Gulbenkian - exposição «Hergé»; RTP2/HBO - (documentário) «Mapplethorpe - Olhem Para as Imagens», Fenton Bailey e Randy Barbato; Museu do Neo-Realismo - exposição «Jorge Vieira - Monumento ao prisioneiro político desconhecido» + exposição «Representações do povo»; FNAC - exposição de fotografias de Rita Carmo «Exit - Saída de Emergência» (Chiado); RTP2/BBC - (documentário) «David Bowie - Encontrando Fama», Francis Whately; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «Bibliotecas limpas - Censura dos livros impressos nos séculos XV a XIX» + exposição «Viagem a um país desconhecido - Emílio Biel, "A Arte e a Natureza em Portugal"» + mostra «Um modernista autodidacta - Delfim Maya» + mostra «Mário Domingues - Anarquista, cronista e escritor da condição negra» + mostra «Rui de Pina - 500 anos depois» + mostra «O império informal dos portugueses na Ásia»; «Hey Hey Rise Up», (vídeo musical dos) Pink Floyd; Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - CartoonXira 2022/Cartoons do Ano 2021-Desenhos à Margem/Simanca (Celeiro da Patriarcal).
A música: «Amália Em Paris - Olympia 1956», Amália Rodrigues; «With A Little Help From My Friends» e «Joe Cocker!», Joe Cocker; «I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!», Janis Joplin; «Chunga's Revenge», Frank Zappa; «Crónicas Da Terra Ardente», Fausto; «Washing Machine», Sonic Youth; «Wild Mood Swings», Cure; «Blood On Ice», Bathory; «Odelay», Beck; «Mumadji», Maria João e Mário Laginha; «Welcome 2 America», Prince; «Happier Than Ever», Billie Eilish; «Voyage», Abba; «30», Adele; «Rinaldo», George Frideric Handel (por Armand Arapian, Carolyn Watkinson, Charles Brett, Ileana Cotrubas, Paul Esswood, Ulrik Cold, e outros, com La Grande Écurie et La Chambre du Roy dirigida por Jean-Claude Malgoire); «Die Schopfung», Joseph Haydn (por Edith Mathis, Francisco Araiza e José Van Dam, com o Coro de Viena dirigido por Helmuth Froschauer e a Orquestra Filarmónica de Viena dirigida por Herbert Von Karajan).
O cinema: «Casa de Lava», Pedro Costa; «Requiem Por um Sonho», Darren Aronofsky; «Mapa Para as Estrelas», David Cronenberg; «A Rapariga da Porta ao Lado», Luke Greenfield; «O Clube do Pequeno Almoço», John Hughes; «Nader e Simin, Uma Separação», Asghar Farhadi; «Carta Selvagem», Simon West; «Rápidos e Furiosos Apresentam - Hobbs & Shaw», David Leitch; «Plano de Fuga», Mikael Hafstrom; «Rambo - Último Sangue», Adrian Grunberg; «Memórias de Assassínio», Bong Joon Ho; «Anon», Andrew Niccol; «Vida», Daniel Espinosa; «Ultravioleta», Kurt Wimmer; «Mundo de Água», Kevin Reynolds; «Metrópolis», Fritz Lang; «Stan & Ollie», Jon S. Baird; «Olhos Grandes», Tim Burton; «Lenny», Bob Fosse; «Patsy e Loretta», Callie Khouri; «Clímax», Gaspar Noé; «Dois Para o Dinheiro», D. J. Caruso; «O Equalizador 2», Antoine Fuqua; «A Dívida», John Madden; «O Jogo Choroso», Neil Jordan; «Bela de Dia», Luis Buñuel; «A Vida Aquática com Steve Zissou», Wes Anderson.
E ainda...: (Sítio na Internet) 75 anos (do nascimento) de David Bowie; Fundação Calouste Gulbenkian - exposição «Hergé»; RTP2/HBO - (documentário) «Mapplethorpe - Olhem Para as Imagens», Fenton Bailey e Randy Barbato; Museu do Neo-Realismo - exposição «Jorge Vieira - Monumento ao prisioneiro político desconhecido» + exposição «Representações do povo»; FNAC - exposição de fotografias de Rita Carmo «Exit - Saída de Emergência» (Chiado); RTP2/BBC - (documentário) «David Bowie - Encontrando Fama», Francis Whately; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «Bibliotecas limpas - Censura dos livros impressos nos séculos XV a XIX» + exposição «Viagem a um país desconhecido - Emílio Biel, "A Arte e a Natureza em Portugal"» + mostra «Um modernista autodidacta - Delfim Maya» + mostra «Mário Domingues - Anarquista, cronista e escritor da condição negra» + mostra «Rui de Pina - 500 anos depois» + mostra «O império informal dos portugueses na Ásia»; «Hey Hey Rise Up», (vídeo musical dos) Pink Floyd; Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - CartoonXira 2022/Cartoons do Ano 2021-Desenhos à Margem/Simanca (Celeiro da Patriarcal).
sábado, abril 16, 2022
Orientação: Sobre a longa noite, no DN
(Adenda a 20 de Abril - Hoje foi enfim publicada digitalmente a versão alargada e integral do artigo, entregue em simultâneo com a versão inicial e reduzida para a edição em papel.)
Na edição de hoje (Nº 55878) do jornal Diário de Notícias,
na página 9, e também, na sua versão alargada e integral, no sítio na Internet daquele, está o meu artigo «A longa noite socialista». Um excerto: «As
esperanças proporcionadas pelo “movimento dos capitães” cedo começaram a
desvanecer-se com um “processo revolucionário em curso” pródigo em prepotências
disfarçadas e/ou desculpadas em nome da “justiça popular”; a descolonização foi
desastrosa; as nacionalizações foram desastrosas; a então nova Constituição foi
e é desastrosa, não só porque durante vários anos, e precisamente, consagrou a “irreversibilidade”
das nacionalizações, mas ainda porque continua a ter como objectivo “abrir
caminho para uma sociedade socialista” e a impôr a “forma republicana de
governo” como única possível.» (Também no MILhafre.)
quarta-feira, março 30, 2022
Observação: «Filhos» e «enteados»
Acaso o sector editorial-literário português terá
registado alguma melhoria e/ou dado alguns sinais de (verdadeiro) progresso –
no sentido de um maior respeito tanto para com o público leitor (real e potencial)
como para com os escritores sem «cunhas» e/ou desalinhados com o «sistema» -
desde 2018, quando denunciei a fraude perpetrada pela Sociedade Portuguesa de
Autores na atribuição de um prémio, e ainda o boicote generalizado (e concertado?)
a obras (mais concretamente, uma minha) que divergem do «consenso» quanto à
análise da situação política nos EUA?
Nem por isso, a avaliar pelos factos de que vou
tendo conhecimento... Seria, por exemplo, de esperar que novas editoras se
comportassem de um modo diferente, talvez mais... transparente. Infelizmente,
não é o caso da Editorial Divergência, cujo fundador-director-editor principal,
para além de ter decidido impor-me «regras» - na verdade, restrições –
personalizadas num projecto que eu estava a organizar (e que por isso não se
concretizou), mais recentemente confessou(-me) que tem sido sempre membro do
júri do Prémio António de Macedo – uma designação que a mim se deve – apesar de
saber quem são os autores dos romances supostamente submetidos anonimamente
porque... é ele quem os recebe, numa conta de correio electrónico que detém! Algo
que coloca em causa, e quiçá até invalida, todas as deliberações – e, logo, todos
os «vencedores» – das edições anteriores, incluindo, obviamente, a última, em
que o «triunfo» foi para uma obra cujos título e enredo são tão bizarros que se
justifica questionar se efectivamente não haveria outra(s) eventualmente mais merecedora(s) da distinção... e de publicação.
E que dizer de alguns
escritores ainda novos mas que são já – para muitas, talvez demasiadas, pessoas
– como que «vacas sagradas»? Em Portugal dois exemplos se destacam. Um é José
Luís Peixoto, cujo mais recente trabalho poderá não ser tão ficcional, e
original, como aparenta: uma peça de teatro que provavelmente é um «diário» dissimulado, resultante de uma viagem à Roménia feita por aquele no ano passado
– vá lá que, desta vez, não foi à Coreia do Norte; e escreve utilizando o
abominável «acordo pornortográfico», pelo que também por isso não merece
respeito. O segundo exemplo é Afonso Reis Cabral, que, nem de propósito, trabalhou
numa vacaria; tal como Peixoto, também venceu o Prémio José Saramago... mas quando
já se sabia de quem ele é descendente; sendo a oposição (e a expressão) entre
«filhos» e «enteados» utilizada frequentemente para apontar e salientar injustas diferenças
de tratamento, com Cabral justifica-se alargar o grau de parentesco para
netos... e trinetos, e é igualmente por isso que ele foi designado, há pouco mais
de um mês, como novo presidente do conselho de administração da Fundação Eça de Queiroz; enfim, e tal como o dinheiro, o nome da família não traz
necessariamente a felicidade... mas ajuda muito.
terça-feira, fevereiro 22, 2022
Opinião: A confirmação do conformismo
No passado dia 7 de Fevereiro Henrique Pereira dos
Santos publicou no blog Corta-Fitas o seu texto «Sampaio, Santana e as instituições», em que afirma que «(Somos) tão poucos a ter a opinião de que
Sampaio, quando dissolveu o parlamento em Novembro de 2004, o fez de uma forma
institucionalmente inadmissível. (...) O governo
de Sócrates foi muito pior e perigoso para o país que o de Santana Lopes,
culminando num pedido de assistência externa. (...) Sampaio resolveu, de acordo
com o poder discricionário que a constituição lhe dá, dissolver a Assembleia da
República, mas é completamente terceiro-mundista fazê-lo sem que o justifique,
tornando uma prerrogativa numa prepotência. (...) O problema é que esta
fragilidade institucional nos deixa quase indefesos, como sociedade, face à
possibilidade de cometermos os mesmos erros.»
Porque eu considero este facto político o mais
significativo e consequente (no mau sentido) em Portugal dos últimos 20 anos,
senti-me na «obrigação» de deixar o meu comentário: «Não sei se são assim “tão
poucos” os que pensam, e afirmam, que Jorge Sampaio dissolveu o parlamento em
2004 de uma forma “institucionalmente inadmissível”. De qualquer forma, eu sou
um deles, e em 2007, no meu artigo “Sem pejo”, publicado n'O Diabo (e depois
incluído no meu livro “Um Novo Portugal”, editado em 2012), escrevi o
seguinte: “A decisão de maior impacto que Jorge Sampaio tomou, não só em
2004 mas em todos os dez anos enquanto presidente, foi sem dúvida a demissão
(indirecta) do Governo de Pedro Santana Lopes através da dissolução da
Assembleia da República, processo que decorreu entre Novembro e Dezembro
daquele ano. Já em Outubro Sampaio teria afirmado, numa entrevista, ‘que
preferia que outro partido tivesse ganho as eleições (legislativas de 2002),
mas o PR não pode expressar estados de alma...’ Afinal, expressou-os e
concretizou-os. Justificou a sua decisão com uma alegada série de ‘incidentes,
contradições e descoordenações’ - que não explicitou - e com uma alegada ‘concordância
geral’ por parte da opinião pública – que não demonstrou. Tanto aos governos de
António Guterres, antes, como ao de José Sócrates, depois, podem ser apontados
autênticos, muitos e mais graves ‘incidentes, contradições e descoordenações’...
mas em relação a esses Sampaio não teve a mesma atitude. Porque eram do seu
partido? Quando, em Julho de 2005, Luís Campos e Cunha se demitiu (ou foi
demitido?) de ministro das Finanças por discordar dos projectos da Ota e do
TGV, o então PR não deve ter considerado tal facto um motivo para dissolver a
AR... mas fê-lo depois de Henrique Vale se demitir por não concordar com os
pelouros que Santana lhe atribuíra. Enfim, é uma questão de saber o que é mais
importante...” Mais recentemente, e sobre o mesmo assunto, acabei por manter um
breve “diálogo” com Luís Menezes Leitão no Delito de Opinião.»
Nesse «diálogo», ocorrido a propósito de um texto de LML publicado em 23 de Fevereiro de 2019 (sim,
há exactamente três anos), eu afirmei: «Já o disse e escrevi anteriormente,
incluindo aqui no DdO, e espanta-me que tenha de voltar ao assunto: afirmar que
o governo presidido por Pedro Santana Lopes foi o “pior”, ou “o mais desastroso”,
ou qualquer outra idiotice desse tipo, só demonstra que quem o faz tem sérios
problemas de (falta de) inteligência, de memória e/ou de saúde. José Sócrates decerto agradece tais disparates. (…) José Sócrates
agradeceu, sim (e, se não o fez, devia tê-lo feito), a Jorge Sampaio a
oportunidade que teve. E, comparado com o do “engenheiro ao domingo”, o governo
de Pedro Santana Lopes foi mesmo magnífico. (...) A
alusão às “pessoas que continuam a apostar em (Pedro) Santana Lopes” não é para
mim de certeza, pois não “aposto” nele nem em praticamente qualquer figura do
actual regime - regime que, volto a dizer, já há muito passou do “prazo de
validade” e deve ser substituído. Porém, isso não implica que aceite, nem que
seja pelo silêncio, as mentiras, as falácias, as distorções, enfim, a reescrita
falseada da História, que atingem PSL ou qualquer outra pessoa. Obviamente, o
governo daquele tinha de facto “um mínimo de consistência” - interna e ainda um
apoio maioritário no parlamento - e não andou a “perder tempo com incubadoras”
- tal foi apenas um “fait-divers”, um “sound-bite”, que, claro, os opositores e
a comunicação social “amiga” daqueles trataram de exagerar até à histeria,
criando o ambiente propício para que em eleições legislativas (indevidamente)
antecipadas o PS obtivesse um (imerecido) triunfo. Desastrosa
foi, sim, a presidência de Jorge Sampaio, cujas consequências continuamos a
sofrer.» E ao domínio «rosa» será suficiente existir somente uma alternativa
«laranja»? Há muitas pessoas que pensam isso, entre as quais José Miguel Roque
Martins, que, também no Corta-Fitas, mas a 23 de Julho de 2021,
escreveu, no seu texto «A responsabilidade total do PS», que «é difícil
vislumbrar um futuro para Portugal sem um pacto de regime entre os dois maiores
partidos, o PS e o PSD.» Em resposta comentei e perguntei: «A sério? É esse o
único futuro que se vislumbra para Portugal? Uma continuada partilha entre os
partidos do “centrão”, pródiga em incompetência e em corrupção? Que mais não
tem feito do que “gerir” a desmoralização, o declínio, a degradação deste país,
a diferentes níveis, político, social, económico, cultural? E porque não
um futuro diferente? Que implique, por exemplo, uma radical renovação, quiçá
uma revolução, que acabe com este regime, a III República? Que, aliás, acabe com a República, pura e simplesmente? Que permita trazer e aplicar novos
valores, novas ideias, novos talentos?»
Os resultados das
eleições legislativas do passado dia 30 de Janeiro vieram demonstrar, nova e
infelizmente, que essa (muito) necessária transformação fundamental não é
possível em Portugal, pelo menos por meios pacíficos. O mais recente escrutínio
nacional apenas constituiu (mais um)a confirmação do conformismo em que se
encontra uma parte considerável, quiçá maioritária, da população deste país,
que proporcionou ao Partido Socialista a segunda maioria absoluta da sua
história. O mesmo é dizer, proporcionou aos mesmos protagonistas (menos um ou
outro) da primeira, que levou a nação à falência, uma segunda oportunidade para,
sem obstáculos institucionais, arrastarem-nos, talvez desta vez definitiva e
irreversivelmente, para a ruína total. Serão esses cidadãos irremediavelmente estúpidos?
Simples masoquistas? Terão memórias (muito) curtas? Seja como for, é cada vez
mais legítimo questionar se todos os povos merecem a democracia, e se a plena
igualdade de direitos e de deveres para todos os indivíduos se justifica. Porque
é que uns, lúcidos e motivados, têm de ser sucessivamente prejudicados por
outros, iludidos e manipulados? E porque é que para muitos dos que não se
resignam com a cobardia, a estagnação e a mediocridade que os rodeia a melhor, ou
a única, solução continua a ser a emigração?
Os que erram constantemente
não merecem respeito. Cada vez mais se impõe desafiar a noção, ou o dogma, de
que «a vontade popular é soberana» se essa suposta «vontade» não passa de uma obediência
rotineira a ordens ilógicas, injustas e/ou
ilegítimas. A sujeição é algo de sujo.
domingo, janeiro 23, 2022
Observação: Há «guerreiros» que não desistem
A 3 de Janeiro último assinalei, no blog MILhafre, o
80º aniversário do nascimento de Vasco Graça Moura. Cujos consideráveis
contributos para a cultura nacional incluiram, para além da sua vasta produção
literária (tanto própria como traduzindo outros), os seus desempenhos enquanto
Presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos
Portugueses e co-criador da Expo 98 e, obviamente, a sua militância activa
contra o abjecto «acordo ortográfico de 1990». Que durou praticamente até à sua
morte, ocorrida quando era Presidente do Centro Cultural de Belém, onde –
demonstrando a sua coerência e a sua coragem ao passar das palavras (com todas
as consoantes) aos actos – ordenou que todos os meios de comunicação e de
informação daquela instituição voltassem a ser redigidos em Português Normal e
CorreCto.
É possível que uma situação semelhante aconteça em
breve na Fundação Calouste Gulbenkian. E isto porque o novo Presidente daquela, António Feijó, é, tem sido, era também (segundo as mais recentes afirmações
públicas sobre este tema) forte opositor do AO90. Em princípio será mais fácil,
ou menos difícil, voltar a impôr a ortografia certa numa entidade privada como
a FCG do que numa pública como o CCB. Porém, recuperar e revitalizar aquela
fundação não passa apenas por restaurar nela a prática de escrever bem e sem
erros. Com efeito, tal implica igualmente, por exemplo, não tomar decisões
ridículas como atribuir um «Prémio para a Humanidade» a uma adolescente
estrangeira com evidentes problemas mentais, doutrinada e manipulada desde a
infância para servir de «símbolo» de uma «causa» que mais não é do que uma
enorme fraude.
Entretanto, enquanto se
espera pelas acções de António Feijó (que só tomará posse do seu novo cargo em
Maio próximo), há que não esquecer que existem «guerreiros» contra o «acordo
pornortográfico» que não desistem de lutar, e que por isso são dignos guardiães
do legado de Vasco Graça Moura, entre os quais se pode e deve destacar
Francisco Miguel Valada, Isabel A. Ferreira, João Pedro Graça, Nuno Pacheco e
Rui Valente. Leiam-nos e divulguem-nos!
sexta-feira, dezembro 31, 2021
Olhos e Orelhas: Terceiro Quadrimestre de 2021
A literatura: «Dedicácias», Jorge de Sena; «Anos 70 - Poemas Dispersos», Alexandre O'Neill; «Escrítica Pop - Um Quarto da Quarta Década do Rock, 1980-1982». Miguel Esteves Cardoso; «Só Desisto se For Eleito», Manuel João Vieira; «Acordo Ortográfico - Um Beco com Saída», Nuno Pacheco; «Fialho de Almeida - Um Homem sem Medo», Paulo Monteiro; «A Nua Beleza Antes de Deus», Filipe de Fiúza; «Como Escavar um Abismo», Fernando Ribeiro (ilustrações de David Soares).
A música: «My Point Of View» e «Empyrean Isles», Herbie Hancock; «For Your Love» e «Roger The Engineer», Yardbirds; «Encontro», Amália Rodrigues & Don Byas; «Music Of My Mind», Stevie Wonder; «The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle», Bruce Springsteen; «Roxy & Elsewhere», Frank Zappa; «Blow By Blow», Jeff Beck; «Um Beco Com Saída», Fausto; «Q: Are We Not Men? A: We Are...», Devo; «Candy-O», Cars; «More Specials», Specials; «Roberto Carlos (1980)», Roberto Carlos; «Baile No Bosque», Trovante; «Missae», Johann Sebastian Bach (por Agnès Mellon, Christoph Prégardien, Gérard Lesne e Peter Kooy, com a Orquestra e o Coro do Collegium Vocale de Ghent dirigidos por Philippe Herreweghe); «Música Sacra Portuguesa Do Século XVIII», António da Silva Leite, Carlos Seixas, João Rodrigues Esteves, João de Sousa Carvalho e José da Madre de Deus (pela Capela Lusitana dirigida por Gerhard Doderer).
O cinema: «Malèna», Guiseppe Tornatore; «Capone», Josh Trank; «Missa Negra», Scott Cooper; «Estrelas de Cinema não Morrem em Liverpool», Paul McGuigan; «Steve Jobs», Danny Boyle; «Irreversível», Gaspar Noé; «Época da Bruxa», Dominic Sena; «A Torre Negra», Nikolaj Arcel; «Scott Pilgrim vs. o Mundo», Edgar Wright; «Sétimo Filho», Sergei Bodrov; «O Ano da Morte de Ricardo Reis», João Botelho; «Renegados», Steven Quale; «Morte Boa», Andrew Niccol; «Hanna», Joe Wright; «Londres Caíu», Babak Najafi; «Encontrando Dory», Andrew Stanton; «Mulher em Ouro», Simon Curtis; «A Teoria de Tudo», James Marsh; «Chappaquiddick», John Curran; «Jogo de Molly», Aaron Sorkin; «Lascívia, Cuidado», Ang Lee; «Lolita», Adrian Lyne; «Na Estrada», Walter Salles; «Secretária», Steven Shainberg; «Golpistas», Lorene Scafaria; «Beija-me!», Cyprien Vial e Océane Rose Marie; «Jovem Sr. Lincoln», John Ford; «Fantasmas de Goya» e «Valmont», Milos Forman; «Os Quatro Mosqueteiros - A Vingança da Senhora», Richard Lester.
E ainda...: RTP (Canal Memória) - (gravação do) espectáculo de teatro musical «Maldita Cocaína» (concepção, textos e encenação de Filipe la Féria, música de Nuno Feist, realização de Fernando Ávila, com Carlos Quintas, João Baião, Rita Ribeiro, Ruy de Carvalho, Simone de Oliveira, Vera Mónica, e outros); Canal História - (documentário) «Guerras das Colas» + (documentário) «Alienígenas Antigos - As Guerras da Ciência»; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «A diáspora da palavra - Obras de autores portugueses impressas fora de Portugal no século XVI (1521-1550)» + exposição «A Bibliotheca iluminada - Produção e circulação da Bíblia em Portugal, itinerários dos manuscritos iluminados românicos» + exposição «Mestres & Monstros - Pedro Proença» + mostra «Seara Nova, editora de livros» + mostra «João da Rocha - Um escritor a descobrir» + mostra «24 de Agosto de 1820 - A revolução em imagens» + mostra «Bicentenário do Peru - 1821-2021»; Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - exposição de fotografia por Paulo Eduardo Campos «Infinitude» (Galeria do Palácio da Quinta da Piedade, Póvoa de Santa Iria) + exposição «Vila de Alverca do Ribatejo 1900-1990» (Núcleo de Alverca do Museu Municipal) + exposição «Mague - Espaço de memórias» (idem); Movimento Internacional Lusófono - 2º Congresso Internacional Eça de Queiroz, 150 Anos (BNP, Lisboa, Palácio Valenças, Sintra); National Geographic TV - (documentário) «Europa de Cima - Portugal»; FNAC - Exposição de Filipe Melo e Juan Cavia «Balada para Sophie-Os Vampiros-Comer/Beber» (Chiado).
A música: «My Point Of View» e «Empyrean Isles», Herbie Hancock; «For Your Love» e «Roger The Engineer», Yardbirds; «Encontro», Amália Rodrigues & Don Byas; «Music Of My Mind», Stevie Wonder; «The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle», Bruce Springsteen; «Roxy & Elsewhere», Frank Zappa; «Blow By Blow», Jeff Beck; «Um Beco Com Saída», Fausto; «Q: Are We Not Men? A: We Are...», Devo; «Candy-O», Cars; «More Specials», Specials; «Roberto Carlos (1980)», Roberto Carlos; «Baile No Bosque», Trovante; «Missae», Johann Sebastian Bach (por Agnès Mellon, Christoph Prégardien, Gérard Lesne e Peter Kooy, com a Orquestra e o Coro do Collegium Vocale de Ghent dirigidos por Philippe Herreweghe); «Música Sacra Portuguesa Do Século XVIII», António da Silva Leite, Carlos Seixas, João Rodrigues Esteves, João de Sousa Carvalho e José da Madre de Deus (pela Capela Lusitana dirigida por Gerhard Doderer).
O cinema: «Malèna», Guiseppe Tornatore; «Capone», Josh Trank; «Missa Negra», Scott Cooper; «Estrelas de Cinema não Morrem em Liverpool», Paul McGuigan; «Steve Jobs», Danny Boyle; «Irreversível», Gaspar Noé; «Época da Bruxa», Dominic Sena; «A Torre Negra», Nikolaj Arcel; «Scott Pilgrim vs. o Mundo», Edgar Wright; «Sétimo Filho», Sergei Bodrov; «O Ano da Morte de Ricardo Reis», João Botelho; «Renegados», Steven Quale; «Morte Boa», Andrew Niccol; «Hanna», Joe Wright; «Londres Caíu», Babak Najafi; «Encontrando Dory», Andrew Stanton; «Mulher em Ouro», Simon Curtis; «A Teoria de Tudo», James Marsh; «Chappaquiddick», John Curran; «Jogo de Molly», Aaron Sorkin; «Lascívia, Cuidado», Ang Lee; «Lolita», Adrian Lyne; «Na Estrada», Walter Salles; «Secretária», Steven Shainberg; «Golpistas», Lorene Scafaria; «Beija-me!», Cyprien Vial e Océane Rose Marie; «Jovem Sr. Lincoln», John Ford; «Fantasmas de Goya» e «Valmont», Milos Forman; «Os Quatro Mosqueteiros - A Vingança da Senhora», Richard Lester.
E ainda...: RTP (Canal Memória) - (gravação do) espectáculo de teatro musical «Maldita Cocaína» (concepção, textos e encenação de Filipe la Féria, música de Nuno Feist, realização de Fernando Ávila, com Carlos Quintas, João Baião, Rita Ribeiro, Ruy de Carvalho, Simone de Oliveira, Vera Mónica, e outros); Canal História - (documentário) «Guerras das Colas» + (documentário) «Alienígenas Antigos - As Guerras da Ciência»; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «A diáspora da palavra - Obras de autores portugueses impressas fora de Portugal no século XVI (1521-1550)» + exposição «A Bibliotheca iluminada - Produção e circulação da Bíblia em Portugal, itinerários dos manuscritos iluminados românicos» + exposição «Mestres & Monstros - Pedro Proença» + mostra «Seara Nova, editora de livros» + mostra «João da Rocha - Um escritor a descobrir» + mostra «24 de Agosto de 1820 - A revolução em imagens» + mostra «Bicentenário do Peru - 1821-2021»; Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - exposição de fotografia por Paulo Eduardo Campos «Infinitude» (Galeria do Palácio da Quinta da Piedade, Póvoa de Santa Iria) + exposição «Vila de Alverca do Ribatejo 1900-1990» (Núcleo de Alverca do Museu Municipal) + exposição «Mague - Espaço de memórias» (idem); Movimento Internacional Lusófono - 2º Congresso Internacional Eça de Queiroz, 150 Anos (BNP, Lisboa, Palácio Valenças, Sintra); National Geographic TV - (documentário) «Europa de Cima - Portugal»; FNAC - Exposição de Filipe Melo e Juan Cavia «Balada para Sophie-Os Vampiros-Comer/Beber» (Chiado).
terça-feira, dezembro 14, 2021
Observação: Erros de «especialistas»
O que não falta em Portugal – e é de supor que
também em outros países, mas por agora vou limitar-me ao que (infelizmente) conheço
melhor – são alegados «especialistas», entendidos em diversas áreas de
actividade e assuntos, que vão da política ao desporto passando pela ciência e
pela cultura, com assento permanente ou quase na imprensa, em programas de
rádio e de televisão e em meios digitais, sempre disponíveis para debitar «bitaites»
inconsequentes e irrelevantes, invariavelmente (bem) pagos, e, logo,
sobrevalorizados. Com muita frequência esses mesmos «especialistas» erram não
só porque se arriscam a fazer previsões que não se concretizam mas também
porque se enganam – por distracção, falha de memória ou ignorância –
relativamente a factos e a figuras do passado.
João Lopes, há décadas um «renomado» e «respeitado»
(?) crítico de cinema, presença permanente no Diário de Notícias e regular na
SIC, tem-se revelado nos últimos anos um dos mais pródigos e me(r)diáticos
criadores e difusores nacionais de disparates. Tal tornou-se mais notório desde
a eleição de Donald Trump em 2016 como Presidente dos Estados Unidos da América
e muito em especial no seu blog Sound+Vision, onde passaram a ser... crónicas
as suas asneiras e inclusivamente as mentiras sobre o Nº 45 e o Partido
Republicano em particular e sobre a política e a história norte-americanas em
geral. No meu blog Obamatório já denunciei João Lopes (e não só) em várias
ocasiões por, acrítica e repetidamente, aceitar e propagar praticamente todas
as acusações falsas dos activistas esquerdistas do outro lado do Atlântico; e
faço-o também por o S+V não permitir comentários e JL nunca ter respondido às
mensagens que lhe enviei. Numa das mais recentes, remetida a 25 de Julho deste
ano, o tema foi um texto sobre Lin-Manuel Miranda, famoso por ter criado o
musical «Hamilton». Nele João Lopes afirma que «Alexander Hamilton é uma
figura emblemática entre os “founding fathers” (à letra: “pais fundadores”) da
nação americana, isto é, aqueles que assinaram a Declaração de Independência, a
4 de Julho de 1776.» Pelo que esclareci o «especialista»: «Na verdade, Hamilton
não foi um dos signatários da Declaração de Independência. Mas não foi o único
dos “pais fundadores” nessa situação: o principal de todos, George Washington,
também não assinou - obviamente, não porque ambos não concordassem com o teor
do documento mas porque, por um motivo ou por outro, não estiveram presentes no
encontro que aprovou aquele.» Porém, não satisfeito com «apenas» ter
demonstrado mais uma vez a sua ignorância, JL ostentou igualmente, e novamente,
a sua estupidez, não resistindo a fazer outra apreciação negativa, e infundada,
de DJT, ao referir-se ao «contexto político-cultural americano, atravessado por
conflitos históricos e sociais, materiais e simbólicos que, como foi notório, a
presidência de Trump agravou.» Pelo que lhe escrevi que «obviamente, e como
qualquer pessoa minimamente (bem) informada sabe, quem tem agravado, e até
causado, esses conflitos, começando com os raciais, são os democratas, ontem
como hoje. “Notório” é o seu desfasamento da realidade, norte-americana pelo
menos, e quiçá de outras.»
O caso de João Lopes não seria (demasiado) ridículo
se as suas insuficiências intelectuais apenas se manifestassem quando ele
aborda tópicos fora do seu âmbito profissional principal, qual «sapateiro» que
tenta tocar «rabecão». No entanto, são já vários os exemplos de textos sobre
cinema e música em que ele comete falhas clamorosas, espantosas. Como, aquando da morte de Kirk Douglas em 2020, afirmar que aquele actor tinha sido nomeado
três vezes para o Óscar de melhor actor secundário – e, na única instância de
que tenho conhecimento de uma mensagem minha ter tido algum efeito (embora
sempre sem resposta), ele depois corrigiu para actor principal. Todavia, aquela
que eu considero ser a sua maior, e mais bizarra, gaffe aconteceu há exactamente um mês: a 14 de Novembro último escreveu e publicou no Sound+Vision que a
canção «Stairway to Heaven» - e o quarto álbum dos Led Zeppelin, de que faz
parte – celebrava(m)... 60 anos! Um erro grave mas hilariante, em formato
«triplo», no título, na primeira frase, e na terceira – em que, para não
restarem «dúvidas», se especifica que a primeira edição ocorreu em 1961!! Já o
dia e o mês indicados, 8 de Novembro, estão correctos, mas, obviamente, o ano
certo é 1971 – e esta efeméride de 50 anos constituiu também um dos motivos
para a minha escolha da capa de «IV» como ilustração da versão de 2021 da Simetria Sonora. O que terá acontecido que explique este descalabro? Uma ingestão excessiva
de bebidas alcoólicas? De qualquer forma, de pouco servirá a JL proceder a uma
eventual, mas sempre tardia, correcção: é que desta vez eu captei e guardei uma
imagem da «posta» (ou bosta) inicial.
quarta-feira, novembro 17, 2021
Oráculo: A terceira como uma primeira
Pelo
terceiro ano consecutivo a cidade do Porto vai ser a capital da história
alternativa em Portugal. E é como uma primeira vez, porque aos encontros de
2019 e 2020 sucede-se agora a Primeira Conferência Internacional «E se?» de História Mundial, que decorrerá entre 24 e 26 de Novembro na Faculdade de Belas
Artes da Universidade do Porto, com transmissão em directo e em linha. Antes, a
22, e com término também a 26, começará o evento paralelo Semana Cultural da
Hipótese-Dias da História Alternativa, que terá lugar na sala Casa Comum da
Reitoria da UP.
À semelhança
do que aconteceu nos dois anos anteriores, a realização da iniciativa é comandada
pela Invicta Imaginária, colectivo criativo responsável pelo projecto Winepunk.
E são três os comités que a superintendem: um organizador e dois científicos,
um dos quais honorífico – onde o meu nome está incluído devido à minha
participação no primeiro encontro, juntamente com os de João Seixas, Luís
Corredoura e Luís Filipe Silva, entre outros. O convite generoso e honroso
partiu de Ana da Silveira Moura, mais uma vez a principal figura e força
criadora e dinamizadora da iniciativa, que explicou em mensagem aos membros
deste comité qual será a sua função: «O Honors Scientific Committee, que vocês
constituem, é a alma que mantém o caminho integro na conferência.
Todos vocês estiveram presentes ou na primeira edição do meeting WhatIf, ou na
segunda, e moldaram aquilo no qual ele se tornou. Mais, a grande maioria são
autores de História Alternativa, tendo assim a análise crítica e a criatividade
em sinergia na vossa perspectiva. Enquanto do Scientific Committee, eu espero
um processo de análise das submissões, do Honors Scientific Committee o
que é pedido é que seja o corpo senatorial, o fiel da balança quando existirem
dúvidas, a voz conselheira.»
Este
ano, e felizmente, não existiram dúvidas, pois o comité científico honorífico
não foi chamado a pronunciar-se sobre as comunicações que foram propostas. E
que incluem títulos e temas como: «Uso de histórias alternativas em
mercadologia – Construindo melhores negócios»; «E se Ricardo Jorge não tivesse
existido? Teria o Porto resistido à praga de 1899 e se desenvolvido como uma
cidade moderna?»; «Como será Lisboa em 2000? As previsões de Mello de Matos em
1906»; «Pelo Rei, país e Lenine – Ficção contrafactual na primeira república
portuguesa»; «Reengenharia do processo de negócio usando histórias
alternativas»; «A história alternativa do Alto Palatinado – Um exemplo para
novas perspectivas de história local». Na lista de oradores, conferencistas e
moderadores encontram-se os nomes de Alfredo Behrens, Alice Nogueira Alves, Ana
Silveira Moura, Anna Amsler, Bastian Vergnon, Catarina Martins, Cynthia Maria Montaudon,
Fátima Lambert, Ingrid Nineth Pinto, João Ventura, Maria João Fonseca, Mário
Mesquita, Nelson Zagalo, Paulo Luís Almeida, Pedro Amado, Rui Macário Ribeiro,
Sérgio Neto, Sofia Sousa, Tiago Assis e Tomás Vieira Silva.
As comunicações apresentadas deverão ser incluídas
e publicadas, em 2022, no segundo número da revista digital Hypothesis Historia Periodical, cujo primeiro contém as de 2020 – outro projecto que surge como resultado
e como (muito útil) instrumento deste grande projecto dedicado à HA e que tem
tentado, e conseguido, aproximar e conciliar a vertente criativa (literária,
cultural) da vertente científica. (Também no MILhafre e no Simetria.)
segunda-feira, outubro 18, 2021
Obrigado: Aos que compareceram…
… Ao
2º Congresso Internacional «Eça de Queiroz, 150 Anos» realizado nos passados
dias 14 de Outubro na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, e 15 de
Outubro no Palácio Valenças, em Sintra. Mais concretamente, a todos os oradores
pelas comunicações que apresentaram durante os dois dias do evento,
invariavelmente interessantes e relevantes, abordando e analisando aspectos
relativos ao grande escritor, aos seus contemporâneos e à sua época. Merecem também
um agradecimento especial os que também vieram para assistir e para participar,
ouvindo as intervenções e depois suscitando debates, colocando perguntas de que
resultaram respostas. A gratidão é ainda devida a todas as entidades e instituições
que colaboraram com o Movimento Internacional Lusófono na organização desta
iniciativa, cujo sucesso pode ser equiparado ao obtido pelo primeiro congresso,
em 2019…
… E
tal pode ser aferido pelo impacto que este congresso teve em termos de
cobertura mediática. Aqui, há que salientar, mais uma vez e em primeiro lugar,
o Diário de Notícias, que há dois anos constituiu um parceiro fundamental e
que, agora, voltou a estar presente, quanto mais não seja porque uma das três
efemérides de 150 anos que assinalámos e celebrámos se relaciona(va) com o
próprio jornal: a primeira edição, nas páginas daquele e em «cartas-capítulos»
semanais, de «O Mistério da Estrada de Sintra»; num artigo escrito por Maria
João Martins, que incluiu declarações dadas por Renato Epifânio, Presidente da Direcção
do MIL, o ano de 1871 é objecto de – óbvio – destaque especial. Noticiaram
também o congresso: o Expresso, que incluiu declarações dadas por mim – mas não
inteira e correctamente transcritas, o que me levou a pedir que fossem feitas
correcções (o que, no momento em que publico, ainda não aconteceu); Guia da Cidade; José Poças; Porto dos Museus; Rede Cultural de Sintra.
Apesar
de não estar no horizonte imediato, meu e do MIL, a realização de um terceiro
congresso dedicado a Eça de Queiroz, tal hipótese não está de todo posta de parte;
porque não é exagero afirmar-se que o extraordinário artista, pela
singularidade da sua vida, pela quantidade e qualidade da sua obra, e pelo
impacto e pela influência que continua a exercer, é quase inesgotável no
fascínio que exerce(u) e que exercerá sobre múltiplas gerações. (Também no Queiroz150.)
quinta-feira, outubro 07, 2021
Oráculo: 2º congresso sobre EdQ nos dias 14 e 15
É
exactamente de hoje a uma semana que começa o 2º Congresso Internacional «Eça de Queiroz, 150 Anos», que, tal como o primeiro, realizado em 2019, resulta de
uma iniciativa e de uma proposta minhas, e que o Movimento Internacional Lusófono mais uma vez vai concretizar com o apoio de várias entidades e instituições,
e contando novamente comigo e com Renato Epifânio, Presidente da Direcção do
MIL, enquanto principais co-organizadores.
O encontro
deste ano terá novamente como tema e objectivo a evocação de acontecimentos
importantes na vida, na carreira e na obra de José Maria Eça de Queiroz ocorridos
há século e meio. O de há dois anos centrou-se quase exclusivamente na viagem
ao Médio Oriente que o escritor fez em 1869 para, principalmente, assistir à
inauguração do Canal do Suez, e de que resultaram, além de crónicas publicadas
em 1870 no Diário de Notícias, ainda inspiração e materiais para trabalhos
posteriores como «A Relíquia» e «O Egipto». Agora são não um, não dois, mas sim
três os «marcos queirosianos» em destaque: a primeira edição, em «cartas-capítulos»,
e também no DN, de «O Mistério da Estrada de Sintra», primeiro livro – e primeiro
romance – de Eça, embora em colaboração com José Duarte Ramalho Ortigão, em
1870; a realização das Conferências
Democráticas do Casino Lisbonense, em 1871; e a publicação, igualmente em 1871,
dos primeiros números da revista As Farpas, projecto que numa primeira fase EdQ desenvolveu em parceria com
Ramalho Ortigão e que numa segunda apenas foi assegurada pelo segundo.
O encontro decorrerá nos próximos dias 14 e 15 de
Outubro, respectivamente na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, e no
Palácio Valenças, em Sintra. De notar que: as sessões, em ambas as datas, terão
lugar na parte da tarde, com a excepção de uma especial «em linha», à distância,
na noite do dia 14; as sessões do dia 15 serão antecedidas, na parte da manhã,
de um «roteiro queirosiano», um passeio, por Sintra, a que se seguirá um almoço no Restaurante Regional oferecido pela Câmara Municipal respectiva.
sexta-feira, outubro 01, 2021
Orientação: SimSon com 800!
Hoje,
1 de Outubro de 2021, celebra-se mais um Dia Mundial da Música, o que
significa também, no sítio da Simetria, a publicação de uma nova edição do
projecto Simetria Sonora. E, tal como em edições anteriores, a esta grande
lista foram adicionados 50 discos por mim considerados de ficção científica e
de fantástico: são agora 800 no total. Como ilustração está a imagem da capa do
quarto álbum dos Led Zeppelin, lançado originalmente em 1971 – ou seja, há 50
anos. A ouvir… e a descobrir. Tudo, e sempre!
sábado, setembro 11, 2021
Orientação: 20 anos depois, no Obamatório
No meu outro blog Obamatório
publiquei hoje o artigo «Retorno à casa de partida», que tem como tema e objectivo principais a evocação dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001
quando decorrem duas décadas desde aqueles. Uma efeméride tornada mais
dramática, mesmo trágica, pela forma escandalosa e extremamente incompetente,
quiçá criminosa, como Joe Biden, usurpador da presidência dos EUA por fraude
eleitoral, e um bando de cobardes e corruptos que passa por sua «administração»
conduziram (para a «valeta» da História) a retirada norte-americana do
Afeganistão. Ainda sobre o que vai acontecendo no outro lado do Atlântico será
de (re)ler também textos como «Impeachment para totós (Parte 2)», «Um “chefe de Estado” xexé», «Rever em alta (Parte 5)» e «Roletas, e escarretas, russas».
terça-feira, agosto 31, 2021
Olhos e Orelhas: Segundo Quadrimestre de 2021
A literatura: «Estrada de Morrer», Urbano Tavares Rodrigues; «Viver com os Outros», Isabel da Nóbrega; «Canções e Poemas» e «O Último dos Ofícios», Boris Vian; «Engrenagem» e «Praça de jorna», Soeiro Pereira Gomes; «A Estrada Para o Molhe de Wigan», George Orwell; «Nós», Yevgeny Zamyatin; «Motivos de Beleza», António Botto; «Erótica Proibida - A Colecção Rotenberg», Laura Mirsky (intro., org.); «Quem semeia no Tejo», Pedro G. P. Martins.
A música: «Chão Nosso», Trovante; «Trouble», Whitesnake; «Van Halen II», Van Halen; «Making Movies», Dire Straits; «Friday Night In San Francisco», Al Di Meola, John McLaughlin, Paco De Lucia; «Canto Da Boca», Sérgio Godinho; «Live 1975-85», Bruce Springsteen; «Bad Animals», Heart; «Surfer Rosa», Pixies; «Bleach», Nirvana; «Os Poetas», Amália Rodrigues; «Behaviour», Pet Shop Boys; «In Concert», Doors; «Dirty», Sonic Youth; «The Yellow Shark», Frank Zappa; «Brandenburgische Konzerte (1-2-3-4-5-6)», Johann Sebastian Bach (pelos English Concert dirigidos por Trevor Pinnock); «Te Deum (1769)», João de Sousa Carvalho (por Alexandra do Ó, António Wagner Diniz, Bernardo Cabral, Helen Moen, Mário Alves, Nicholas McNair, e outros, com o Arte Real Ensemble dirigido por Ketil Haugsand e o Coro Ricercare dirigido por Paulo Lourenço).
O cinema: «Pedro e Inês», António Ferreira; «Licença para Matar», John Glen; «Sicário - Dia do Soldado», Stefano Sollima; «Anjo Caiu», Ric Roman Waugh; «Rapazes Maus Para Toda a Vida», Adil El Arbi e Bilall Fallah; «O Imperador de Paris», Jean François Richet; «Rainha do Deserto», Werner Herzog; «Professor Marston e as Mulheres Maravilha», Angela Robinson; «Sobrevivendo a Picasso», James Ivory; «Vida», Anton Corbijn; «A Herdade», Tiago Guedes; «Janis», Howard Alk; «O Posto», Steven Spielberg; «Jobs», Joshua Michael Stern; «Richard Jewell», Clint Eastwood; «Na Cidade Branca», Alain Tanner; «Grita Liberdade», Richard Attenborough; «Judy», Rupert Goold; «Brooklyn», John Crowley; «O Último Vermeer», Dan Friedkin; «Vem e Vê», Elem Klimov; «Midway», Roland Emmerich; «Perguntem ao Pó», Robert Towne; «Hugo», Martin Scorsese; «Sufragista», Sarah Gavron; «História do Brinquedo 4», Josh Cooley; «Crescidos», Dennis Dugan; «Depois do Crepúsculo», Brett Ratner.
A música: «Chão Nosso», Trovante; «Trouble», Whitesnake; «Van Halen II», Van Halen; «Making Movies», Dire Straits; «Friday Night In San Francisco», Al Di Meola, John McLaughlin, Paco De Lucia; «Canto Da Boca», Sérgio Godinho; «Live 1975-85», Bruce Springsteen; «Bad Animals», Heart; «Surfer Rosa», Pixies; «Bleach», Nirvana; «Os Poetas», Amália Rodrigues; «Behaviour», Pet Shop Boys; «In Concert», Doors; «Dirty», Sonic Youth; «The Yellow Shark», Frank Zappa; «Brandenburgische Konzerte (1-2-3-4-5-6)», Johann Sebastian Bach (pelos English Concert dirigidos por Trevor Pinnock); «Te Deum (1769)», João de Sousa Carvalho (por Alexandra do Ó, António Wagner Diniz, Bernardo Cabral, Helen Moen, Mário Alves, Nicholas McNair, e outros, com o Arte Real Ensemble dirigido por Ketil Haugsand e o Coro Ricercare dirigido por Paulo Lourenço).
O cinema: «Pedro e Inês», António Ferreira; «Licença para Matar», John Glen; «Sicário - Dia do Soldado», Stefano Sollima; «Anjo Caiu», Ric Roman Waugh; «Rapazes Maus Para Toda a Vida», Adil El Arbi e Bilall Fallah; «O Imperador de Paris», Jean François Richet; «Rainha do Deserto», Werner Herzog; «Professor Marston e as Mulheres Maravilha», Angela Robinson; «Sobrevivendo a Picasso», James Ivory; «Vida», Anton Corbijn; «A Herdade», Tiago Guedes; «Janis», Howard Alk; «O Posto», Steven Spielberg; «Jobs», Joshua Michael Stern; «Richard Jewell», Clint Eastwood; «Na Cidade Branca», Alain Tanner; «Grita Liberdade», Richard Attenborough; «Judy», Rupert Goold; «Brooklyn», John Crowley; «O Último Vermeer», Dan Friedkin; «Vem e Vê», Elem Klimov; «Midway», Roland Emmerich; «Perguntem ao Pó», Robert Towne; «Hugo», Martin Scorsese; «Sufragista», Sarah Gavron; «História do Brinquedo 4», Josh Cooley; «Crescidos», Dennis Dugan; «Depois do Crepúsculo», Brett Ratner.
E ainda...: Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho - Cerimónia de descerramento da placa toponímica «Largo 5 de Maio de 1986»; Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - 16ª Bienal de Fotografia (Celeiro da Patriarcal e Museu Municipal) + «CartoonXira 2021/Cartoons do ano 2020-Rosstoons/Ross Thomson-Europa à vista?/Michael Kountouris» (Celeiro da Patriarcal e Fábrica das Palavras); «O Mundo Segundo a Amazon», (documentário de) Adrien Pinon e Thomas Lafarge; Artview - exposição virtual «Imagens Projectadas - Noronha da Costa»; «Ninharias Essenciais - Episódio 3/Origem de Tragédia» e «(...) - Episódio 4/Notícias Falsas, Censura e o Homem das Botas», (vídeos literários de) David Soares; Canal História - (documentário) «Alienígenas Antigos - A Agenda Secreta da NASA»; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «Velocidade de Cruzeiro» + exposição «100 anos Nadir» + mostra «Tóquio 1964 - Os primeiros Jogos Olímpicos na Ásia» + mostra «Seis séculos de música - Raridades manuscritas em Portugal (1000-1600)»; Câmara Municipal de Loulé - exposição «Com os pés na terra e as mãos no mar - 6000 anos de história de Quarteira» (antiga lota) + exposição «Imaginário de Élsio Menau» (Galeria de Arte da Praça do Mar de Quarteira); Rádio e Televisão de Portugal - (documentário) «José Afonso - Traz outro amigo também».
quarta-feira, agosto 11, 2021
Outros: Comentários meus contra o AO (Parte 9)…
…
Escritos e publicados, desde Março de 2020, nos seguintes blogs: O Insurgente;
MILhafre (um, dois); Malomil; Horas Extraordinárias (um, dois, três, quatro,
cinco); 31 da Armada; Intergalactic Robot; Corta-Fitas; Blasfémias; Porta da
Loja (um, dois); Rascunhos. E que aborda(ra)m, entre outros subtemas: a
incoerência daqueles que criticam José Sócrates e o PS mas que escrevem em
«acordês»; a inutilidade do Instituto Internacional da Língua Portuguesa se
este servir para impôr o AO90; de como livros, jornais e revistas impressos em
«acordês» podem ser alternativa ao papel higiénico; o Jornal de Letras, Artes e
Ideias passou a ser (tal como a A Bola e o Expresso) um pasquim desde que
«adotou» o AO90; continuar a boicotar (isto é, não comprar) obras em «acordês»;
de como muitos continuam contaminados com o «vírus» da parvoíce ortográfica; de
como certos professores não têm capacidade nem qualidade para o serem (e não só
por se sujeitarem ao AO90); quem
integraria uma «lista da infâmia» dos maiores activistas da «novilíngua
nacional».
domingo, julho 25, 2021
Orientação: Sobre «normalidade», no Boletim
Na
edição de Junho de 2021 do Boletim UFARS (União das Freguesias de Alverca do
Ribatejo e do Sobralinho) e na página 11, está o meu (breve) texto (mais apelo
do que crónica) «Voltemos» (embora sem indicação do título). A colaboração
aconteceu na sequência da inauguração do memorial às vítimas do acidente ferroviário de 1986 na Póvoa de Santa Iria e resultou de um convite daquela
autarquia.
Transcrevo: «Quem vive na minha freguesia e no meu concelho decerto tem os mesmos objectivos, as mesmas esperanças, que eu e todas as outras pessoas no resto do país e até no Mundo: que, rapidamente, se volte ao normal que existia antes da pandemia, e não a um suposto «novo normal», que não se sabe muito bem, exactamente, o que seria, mas que muito provável e infelizmente implicaria a continuação de – injustificáveis – restrições a todas as nossas liberdades, de circulação, associação e até de expressão, liberdades essas que era de esperar que o 25 de Abril de 1974 tivesse trazido e a Constituição de 1976 consagrado. A aplicação cada vez mais generalizada de vacinas contra o Covid-19 – e sempre dando primazia aos segmentos mais vulneráveis da população, isto é, a idosos e a doentes crónicos – torna em simultâneo cada vez menos aceitável que se continue a viver com medo e até com terror. Que voltemos a sentar-nos onde queremos – em bancos de jardins, igrejas e estádios de futebol. Que voltemos a comprar bebidas alcóolicas depois das 20 horas (e isto dito por alguém que é um raro consumidor daquelas). Que voltemos a frequentar, por já estarem enfim reabertas e totalmente, espera-se, operacionais – porque muitas entretanto fecharam definitivamente as portas – as pequenas e médias lojas do comércio tradicional, porque não são só as grandes superfícies (que não têm, ou não deveriam ter, mais direitos do que as outras) que merecem fazer negócio e evitarem a falência e os despedimentos. E que voltemos a andar, tanto no exterior como no(s) interior(es) (incluindo, aqui, dentro dos automóveis), sem máscaras – é fundamental não apenas (re)vermos os rostos uns dos outros mas também respirarmos à vontade.»
Este texto constitui também como que uma continuação do meu artigo «Desmascarar os déspotas», publicado pel’O Diabo no passado mês de Abril. E, infelizmente, os déspotas – em Portugal e não só – continuam a querer impôr restrições inadmissíveis e mesmo ilegais aos direitos e liberdades fundamentais – em especial de expressão, circulação e associação – dos cidadãos. Entretanto, o lema «meu corpo, minha escolha» já não parece ser tão enaltecido como antes.
Transcrevo: «Quem vive na minha freguesia e no meu concelho decerto tem os mesmos objectivos, as mesmas esperanças, que eu e todas as outras pessoas no resto do país e até no Mundo: que, rapidamente, se volte ao normal que existia antes da pandemia, e não a um suposto «novo normal», que não se sabe muito bem, exactamente, o que seria, mas que muito provável e infelizmente implicaria a continuação de – injustificáveis – restrições a todas as nossas liberdades, de circulação, associação e até de expressão, liberdades essas que era de esperar que o 25 de Abril de 1974 tivesse trazido e a Constituição de 1976 consagrado. A aplicação cada vez mais generalizada de vacinas contra o Covid-19 – e sempre dando primazia aos segmentos mais vulneráveis da população, isto é, a idosos e a doentes crónicos – torna em simultâneo cada vez menos aceitável que se continue a viver com medo e até com terror. Que voltemos a sentar-nos onde queremos – em bancos de jardins, igrejas e estádios de futebol. Que voltemos a comprar bebidas alcóolicas depois das 20 horas (e isto dito por alguém que é um raro consumidor daquelas). Que voltemos a frequentar, por já estarem enfim reabertas e totalmente, espera-se, operacionais – porque muitas entretanto fecharam definitivamente as portas – as pequenas e médias lojas do comércio tradicional, porque não são só as grandes superfícies (que não têm, ou não deveriam ter, mais direitos do que as outras) que merecem fazer negócio e evitarem a falência e os despedimentos. E que voltemos a andar, tanto no exterior como no(s) interior(es) (incluindo, aqui, dentro dos automóveis), sem máscaras – é fundamental não apenas (re)vermos os rostos uns dos outros mas também respirarmos à vontade.»
Este texto constitui também como que uma continuação do meu artigo «Desmascarar os déspotas», publicado pel’O Diabo no passado mês de Abril. E, infelizmente, os déspotas – em Portugal e não só – continuam a querer impôr restrições inadmissíveis e mesmo ilegais aos direitos e liberdades fundamentais – em especial de expressão, circulação e associação – dos cidadãos. Entretanto, o lema «meu corpo, minha escolha» já não parece ser tão enaltecido como antes.
segunda-feira, julho 05, 2021
Ocorrência: Se ainda fosse vivo...
… António de Macedo completaria hoje, 5 de Julho de 2021, 90 anos de idade. Porém, infelizmente, não é, tendo nos deixado a 5 de Outubro de 2017… mas apenas fisicamente. Porque mentalmente, espiritualmente, nas memórias dos que tiveram o privilégio de o conhecer pessoalmente e de com ele conviver, continua bem presente. Curiosa e algo melancolicamente, em 2016, que eu considerei ter sido como que «O ano de António», também pela sua inesquecível – para todos os que, como eu, a testemunharam - participação no MoteLx, havia ainda talvez como que uma ténue esperança de que mais maravilhas, e durante mais tempo, iríamos receber dele; de que, depois dos seus 85º e 86º aniversários, bastantes outros teríamos a possibilidade de festejar. Pelo que, agora, pode-se matar as saudades lendo os seus livros, dos quais há que destacar «Lovesenda, ou o Enigma das Oito Portas de Cristal», o seu grande e último romance, também a sua derradeira obra a ser publicada ainda com ele partilhando connosco este nível de existência. Também é possível recordá-lo voltando a vê-lo e ouvi-lo em apresentações, conversas, debates, entrevistas, intervenções diversas, das quais existem felizmente vários registos. E, enfim, e sem dúvida o mais importante, há que evocá-lo – e invocá-lo – (re)vendo os seus filmes, que merecem sem dúvida uma maior e melhor divulgação do que ocasionais, raras, exibições na Cinemateca Portuguesa e na Rádio e Televisão de Portugal. Seria óptimo, pois, que aquando da celebração do centésimo aniversário do seu nascimento – ou até, de preferência, mais cedo – estivesse já disponível em disco (DVD e/ou Blu-Ray) a sua filmografia, se possível em versões restauradas e com materiais adicionais. (Também no MILhafre e no Simetria.)
terça-feira, junho 22, 2021
Observação: Prescrições menos fictícias
Uma vez mais, escrevo sobre Mariano Martín
Rodríguez, espanhol, tradutor, filólogo, investigador em literatura com
«especialização» em ficção cientifica e fantástico, e, neste género, com
particular atenção aos autores de línguas latinas, contemporâneos ou nem tanto.
Com ele primeiro estabeleci contacto em 2013 –
na verdade, ele é que me contactou, por correio electrónico – e no ano seguinte
eu e outras figuras da FC & F nacional conhecemo-lo pessoalmente aquando de
uma visita dele a Lisboa. Em
Janeiro último divulguei novamente o seu trabalho, mais concretamente
traduções e análises de textos ais ou menos conhecidos de Teófilo Braga, Raul
Brandão e Eça de Queiroz…
… E agora o motivo para o mencionar volta a
ser, como há oito anos, o meu livro «Visões» e, mais precisamente, um dos
contos que o integra, «Decreto-Lei Nº 54»: ambos foram citados – e divulgo-o
com «algum» atraso, pelo que me «penitencio» ;-) – por Mariano Martín
Rodríguez no seu artigo «Discurso
prescritivo, ficção literária e cacotopia – “A Hora da Verdade” de Santiago
Eximeno, no seu contexto genérico», publicado em 2015 no Nº 24 da revista
(da Associação Espanhola de Semiótica) Signa. Na página 429 pode ler-se: «Todos
os textos prescritivos fictícios recentes de que temos notícia se podem
classificar na ampla categoría da literatura projectiva, salvo talvez o
intitulado “DecretoLei n.º 54” (en Visões, 2003), de Octávio dos Santos, em que
um Estado não localizado geográfica nem cronologicamente e implicitamente
cacotópico cria um imaginário “Instituto de Apoio ao Suicídio” (Santos 2003:
53) con matizes sarcásticas e inclusivamente absurdas.» O certo é que, desde que
soube da existência de MMR e dos estudos que desenvolve, passei a estar (ainda
mais) atento a qualquer exemplo de fictoprescrição (já tinha, mesmo que
inconscientemente, uma noção do que era antes de apreender o termo) que
eventualmente encontre. E, no período de um ano, encontrei dois exemplos, ambos
não em livros ou em revistas literárias mas sim, curiosamente, em blogs,
portugueses, de âmbito abrangente e que não costumam ter a FC & F como
tema.
Um é de Abril deste ano e está no Blasfémias.
Escrito por Vítor Cunha, intitula-se «Dizem que é o futuro»: «Extracto do
Despacho nº 1/2021 da República Portuguesa dos Bananas. A crise demográfica que
vivemos apresenta-se como um problema sério, quer para a sobrevivência da
cultura de vítima que cultivamos desde pelo menos o Marquês de Pombal, quer
para a sustentabilidade da segurança social num ambiente de pandemias
sucessivas em que importa reforçar o sistema hospitalar com algumas cenas importantes,
como ventiladores encaixotados. (…) 3 – É decretada a requisição temporária,
por motivos de urgência e interesse público e nacional, (d)a totalidade dos
contribuintes dependentes do sexo feminino, género indiferente, com peso entre
45 e 65 kg. 4 – Todas (e todos) serão sujeitos a teste de verificação de
virgindade, sendo aptas (e aptos) para o serviço de repovoação de contribuintes
todas (e todos) aquelas (e aqueles) que não apresentarem mácula indicadora de
violação do dever geral de confinamento. 5 – A requisição é válida enquanto a
declaração de situação de calamidade demográfica for aplicável ao território
nacional. 6 – Compete aos contribuintes que mantêm estas (e estes) virgens
assegurar a sua alimentação durante o período de salvação nacional. Roupa não é
necessária, que até está quentinho. 7 – A cada virgem será cobrada uma taxa
pelo privilégio de contribuir para a causa nacional.»
O outro é de Maio do ano passado e está no
Corta-Fitas – mas só o início, porque a
versão integral está no Observador. Escrito por José Mendonça da Cruz,
intitula-se «Regulamento nacional e socialista para o usufruto das praias»: «As
praias marítimas e fluviais são parcelas valiosas do património comum, pelo que
a sua fruição não deve ser deixada ao capricho privado e às forças selvagens do
mercado, antes deve obedecer a regras determinadas pelo poder político
socialmente legitimado e segundo políticas de garantia de uma praia para as
pessoas. É no pleno entendimento destes princípios e a fim de assegurar a boa
utilização balnear e uma gestão adequada dos tempos livres por parte dos
cidadãos que se determina o seguinte…» Deste dei conhecimento a Mariano Martín
Rodríguez em mensagem que lhe enviei no mesmo dia da publicação do post de
JMC, e na qual, depois de expressar votos de que ele estivesse «bem, seguro, a
salvo deste vírus, desta pandemia que parece ter tornado as nossas vidas
”normais” em cenários de autêntica distopia», lhe revelei o motivo do contacto:
«ter encontrado o que se me afigura ser mais um exemplo de um tema muito
interessante que o Mariano estudou, a “fictoprescrição”. Ao contrário do meu
“Decreto-Lei Nº 54”, o texto de que lhe deixo a hiperligação em baixo não
é um conto, não se assume como uma obra literária, mas é sim um artigo de
opinião marcadamente satírico, e em que o aparente exagero não estará tão
distante do que várias autoridades anunciaram que vão talvez fazer.» MMR
respondeu-me afirmando: «Com efeito, o texto enviado não é ficcional, e temo
que prontamente será legislação verdadeira, considerando o prazer que têm os
nossos governantes sabendo que o medo do lobo faz com que renunciemos como
ovelhas aos nossos direitos e liberdade, de maneira que podem levar-nos ao
matadouro da ruína económica sem que nos queixemos.» Difícil não lhe dar razão
atendendo ao que aconteceu nos 12 meses que entretanto decorreram. (Também no Simetria.)
quinta-feira, maio 06, 2021
Ocorrência: 35 anos depois, a homenagem
Ontem,
5 de Maio de 2021, exactamente 35 anos depois do acidente ferroviário ocorrido na estação de Póvoa de Santa Iria, sete das 18 vítimas mortais foram
homenageadas através do descerramento de uma placa toponímica e de um memorial colocados junto à estação ferroviária de Alverca do Ribatejo, cujo largo adjacente passou a designar-se, precisamente, 5 de Maio de 1986; por sua vez, o memorial tem
inscritos os nomes daquelas sete vítimas, todas elas jovens estudantes em
escolas secundárias e universitárias de Lisboa que então residiam em Alverca do
Ribatejo. A iniciativa foi da Junta de Freguesia daquela cidade, e a cerimónia teve
a participação e a intervenção, entre outros, do respectivo presidente, Carlos
Gonçalves, do presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto
Mesquita, de elementos da associação cultural Inestética, e de um dos
sobreviventes do acidente, o meu amigo Luís Lamancha…
… Que leu um poema da sua autoria alusivo à tragédia perante uma plateia onde se encontravam presentes outros sobreviventes e ainda familiares e amigos daqueles e das vítimas – não só as mortais, pois há que não esquecer nunca que o acidente causou também mais de 80 feridos. Porém, continua por se fazer uma homenagem geral, nacional, a todas essas vítimas, e para isso o local lógico, adequado, é a estação ferroviária da Póvoa de Santa Iria, que há muito tempo já deveria ter erigido o seu próprio monumento. Enquanto isso não acontece (quanto anos mais teremos de esperar? Talvez até 2036, quando se assinalar o 50º aniversário?), pode-se e deve-se ler, ver e ouvir evocações do acidente, como esta em 2016 (30º aniversário), esta em 2011 (25º) e esta em 2006 – 20º, em que divulguei aqui no Octanas um texto que escrevi e publiquei na edição de Junho de 1986 do Notícias de Alverca, jornal no qual era então chefe de redacção, e que incluiria no meu livro «Um Novo Portugal», editado em 2012.
… Que leu um poema da sua autoria alusivo à tragédia perante uma plateia onde se encontravam presentes outros sobreviventes e ainda familiares e amigos daqueles e das vítimas – não só as mortais, pois há que não esquecer nunca que o acidente causou também mais de 80 feridos. Porém, continua por se fazer uma homenagem geral, nacional, a todas essas vítimas, e para isso o local lógico, adequado, é a estação ferroviária da Póvoa de Santa Iria, que há muito tempo já deveria ter erigido o seu próprio monumento. Enquanto isso não acontece (quanto anos mais teremos de esperar? Talvez até 2036, quando se assinalar o 50º aniversário?), pode-se e deve-se ler, ver e ouvir evocações do acidente, como esta em 2016 (30º aniversário), esta em 2011 (25º) e esta em 2006 – 20º, em que divulguei aqui no Octanas um texto que escrevi e publiquei na edição de Junho de 1986 do Notícias de Alverca, jornal no qual era então chefe de redacção, e que incluiria no meu livro «Um Novo Portugal», editado em 2012.
sexta-feira, abril 30, 2021
Olhos e Orelhas: Primeiro Quadrimestre de 2021
A literatura: «Alix - O Túmulo Etrusco» e «(...) - O Príncipe do Nilo», Jacques Martin; «Cavaleiro Ardente - O Príncipe Negro» e «(...) - Os Lobos de Rougecogne», François Craenhals; «Blueberry - Cara de Anjo» e «(...) - Nariz Partido», Jean-Michel Charlier e Jean Giraud; «Corto Maltese - A Balada do Mar Salgado», Hugo Pratt; «A Batalha de Inglaterra/Furacão Sobre a Mancha» e «Fortalezas Voadoras», Pierre Dupuis; «O Joker - 80 Anos do Príncipe Palhaço do Crime», Dennis O'Neil, Jim Starlin, Paul Dini, Bob Kane, Walt Simonson, Bill Finger, e outros (Erika Rothberg, org.); «Michel Vaillant - O Forçado das Galés», «(...) - Desapareceu um Piloto» e «(...) - O Desconhecido das Mil Pistas», Jean Graton; «A Nau» (com Eliseu Gouveia e Mariana Flores) e «Loophole» (com Fernando Lucas e Patrícia Furtado), Pedro Potier.
A música: «Segredo», Amália Rodrigues; «Goats Head Soup», Rolling Stones; «Head Hunters», Herbie Hancock; «The Lamb Lies Down On Broadway», Genesis; «On Your Feet Or On Your Knees», Blue Oyster Cult; «Coro Dos Tribunais», José Afonso; «Paris», Supertramp; «Shut Up 'N Play Yer Guitar», Frank Zappa; «Nebraska», Bruce Springsteen; «Cais Das Colinas», Trovante; «We Are Chaos», Marilyn Manson; «The Arista Years», Grateful Dead; «Rockaria», Electric Light Orchestra; «Super Black Market Clash», Clash; «Toccata Und Fuge In D-Moll BWV 565», Johann Sebastian Bach (por Simon Preston); «Il Mondo Della Luna», Pedro António Avondano (por Carla Caramujo, Carla Simões, Fernando Guimarães, João Fernandes, João Pedro Cabral, Luís Rodrigues e Susana Gaspar, com os Músicos do Tejo dirigidos por Marcos Magalhães).
O cinema: «Snu», Patrícia Sequeira; «Vício Inerente», Paul Thomas Anderson; «Quando és Estranho», Tom DiCillo; «Escola do Rock», Richard Linklater; «Nove», Rob Marshall; «A Voz da Lua», Federico Fellini; «Pontapé-no-Rabo 2», Jeff Wadlow; «Os Cavalheiros», Guy Ritchie; «Tenet», Christopher Nolan; «Equilíbrio», Kurt Wimmer; «Mosquito», João Nuno Pinto; «A Fazedora de Vestidos», Jocelyn Moorhouse; «Trumbo», Jay Roach; «Desafio», Edward Zwick; «Serena», Susanne Bier; «Adama», Simon Rouby; «O Farol», Robert Eggers; «A Conspiradora», Robert Redford; «Victor Frankenstein», Paul McGuigan; «Drácula não Dito», Gary Shore; «A Flor das Mil e Uma Noites», Pier Paolo Pasolini; «As Aventuras do Barão Munchausen», Terry Gilliam; «Conto de Inverno», Akiva Goldsman; «Pixels», Chris Columbus; «Homens de Negro - Internacional», F. Gary Gray; «Filme da Ovelha Shaun», Mark Burton e Richard Starzak; «O Gajo do Cabo», Ben Stiller.
E ainda...: Museu do Neo-Realismo - exposição «Júlio Pomar - A obra gráfica numa colecção privada» + mostra «Homenagem a Bernardo Santareno»; Instituto Realitas - Diálogo com Manuel Curado (parte 1, parte 2); «Chemtrails Over The Country Club», (vídeo musical de) Lana Del Rey; Outrun/The Milk Crate Club - «Os Corredores que Pararam o Mundo», (documentário de) Al Clark; Canal História - (documentário) «Os Carros que Fizeram o Mundo» + (documentário) «Patriotas Negros - Heróis da Revolução»+ (documentário) «Rodas Quentes e Carros Musculados»; The New York Times Presents - (documentário) «Enquadrando Britney Spears»; Museu Municipal de Vila Franca de Xira - exposição «Memórias do Oculista Nunes»; ITV - (documentário) «Sob Cobertura - Dentro do Gulag Digital Chinês», Robin Barnwell; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «Os livros de Luís Teixeira - Jurista, humanista e preceptor de D. João III» + exposição «Atlas Suzanne Daveau»; FNAC/The Argentic - exposição de fotografias de Campiso Rocha e de Mário Galiano «Contrastes - Memórias pessoais e transmissíveis» (Chiado).
A música: «Segredo», Amália Rodrigues; «Goats Head Soup», Rolling Stones; «Head Hunters», Herbie Hancock; «The Lamb Lies Down On Broadway», Genesis; «On Your Feet Or On Your Knees», Blue Oyster Cult; «Coro Dos Tribunais», José Afonso; «Paris», Supertramp; «Shut Up 'N Play Yer Guitar», Frank Zappa; «Nebraska», Bruce Springsteen; «Cais Das Colinas», Trovante; «We Are Chaos», Marilyn Manson; «The Arista Years», Grateful Dead; «Rockaria», Electric Light Orchestra; «Super Black Market Clash», Clash; «Toccata Und Fuge In D-Moll BWV 565», Johann Sebastian Bach (por Simon Preston); «Il Mondo Della Luna», Pedro António Avondano (por Carla Caramujo, Carla Simões, Fernando Guimarães, João Fernandes, João Pedro Cabral, Luís Rodrigues e Susana Gaspar, com os Músicos do Tejo dirigidos por Marcos Magalhães).
O cinema: «Snu», Patrícia Sequeira; «Vício Inerente», Paul Thomas Anderson; «Quando és Estranho», Tom DiCillo; «Escola do Rock», Richard Linklater; «Nove», Rob Marshall; «A Voz da Lua», Federico Fellini; «Pontapé-no-Rabo 2», Jeff Wadlow; «Os Cavalheiros», Guy Ritchie; «Tenet», Christopher Nolan; «Equilíbrio», Kurt Wimmer; «Mosquito», João Nuno Pinto; «A Fazedora de Vestidos», Jocelyn Moorhouse; «Trumbo», Jay Roach; «Desafio», Edward Zwick; «Serena», Susanne Bier; «Adama», Simon Rouby; «O Farol», Robert Eggers; «A Conspiradora», Robert Redford; «Victor Frankenstein», Paul McGuigan; «Drácula não Dito», Gary Shore; «A Flor das Mil e Uma Noites», Pier Paolo Pasolini; «As Aventuras do Barão Munchausen», Terry Gilliam; «Conto de Inverno», Akiva Goldsman; «Pixels», Chris Columbus; «Homens de Negro - Internacional», F. Gary Gray; «Filme da Ovelha Shaun», Mark Burton e Richard Starzak; «O Gajo do Cabo», Ben Stiller.
E ainda...: Museu do Neo-Realismo - exposição «Júlio Pomar - A obra gráfica numa colecção privada» + mostra «Homenagem a Bernardo Santareno»; Instituto Realitas - Diálogo com Manuel Curado (parte 1, parte 2); «Chemtrails Over The Country Club», (vídeo musical de) Lana Del Rey; Outrun/The Milk Crate Club - «Os Corredores que Pararam o Mundo», (documentário de) Al Clark; Canal História - (documentário) «Os Carros que Fizeram o Mundo» + (documentário) «Patriotas Negros - Heróis da Revolução»+ (documentário) «Rodas Quentes e Carros Musculados»; The New York Times Presents - (documentário) «Enquadrando Britney Spears»; Museu Municipal de Vila Franca de Xira - exposição «Memórias do Oculista Nunes»; ITV - (documentário) «Sob Cobertura - Dentro do Gulag Digital Chinês», Robin Barnwell; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «Os livros de Luís Teixeira - Jurista, humanista e preceptor de D. João III» + exposição «Atlas Suzanne Daveau»; FNAC/The Argentic - exposição de fotografias de Campiso Rocha e de Mário Galiano «Contrastes - Memórias pessoais e transmissíveis» (Chiado).
sexta-feira, abril 16, 2021
Orientação: Sobre máscaras, n'O Diabo
Na edição de hoje (Nº 2311) do jornal (semanal) O Diabo, e na página 14, está o meu artigo «Desmascarar os déspotas». Um
excerto: «No início, quando pouco se sabia sobre a doença, justificava-se
alguma tolerância para com os erros dos políticos ao lidar com aquela. Mas
agora, mais de um ano depois, não: já se sabe quais são as suas principais
características, como se propaga, quem são os indivíduos mais vulneráveis
(idosos, doentes crónicos e graves). E a resposta oficial em Portugal expôs
novamente a estupidez e a incompetência que já se conheciam anteriormente,
patente em tantas situações num passado próximo, em especial ocorrências
trágicas como os incêndios em Pedrógão Grande em 2017. Quando as pessoas ocupam
cargos importantes, posições de responsabilidade, não pela sua capacidade ou
pelo seu mérito mas sim por terem o cartão partidário certo e/ou por serem
parentes ou amigos de ministros e de secretários de Estado, é muito provável
que não estarão à altura dos acontecimentos quando surgirem crises
efectivamente graves e excepcionais.» (Também no MILhafre e no Obamatório.)
sexta-feira, março 26, 2021
Observação: Revisionismo discrimino-censório
No início desta semana que agora termina, e em
dias consecutivos, duas pessoas que podem ser colocadas (eu coloco-as) entre os
mais destacados «bloguistas» portugueses publicaram «postas» sobre o que é,
praticamente, o mesmo tema: as consequências do que vamos designar de um
extremo revisionismo dicrimino-censório – versão mais recente e demente do já
de si duradouro e detestável «politicamente correcto» - na literatura mundial e
até no mercado literário português e nos autores nacionais, revisionismo esse
que tem origem em muitas universidades dos Estados Unidos da América, e que a
partir daí «contaminou» bastantes – demasiado(a)s) – indivíduos e instituições
(incluindo empresas privadas), não só naquele país mas também noutros.
A 21 de Março, no Malomil e em texto intitulado «A traição dos intelectuais», António de Araújo aborda as controvérsias decorrentes da tradução do primeiro livro daquela que é supostamente a mais jovem vedeta das letras norte-americanas: «(…) Porque é que Amanda Gorman e os seus agentes levantaram objecções a que a sua poesia fosse traduzida para catalão por um branco, Victor Obiols, mas não objectaram a que fosse traduzido para espanhol por uma branca, Nuria Barrios, dita “sem historial activista”? Porque é que só agora, à boleia desta nova polémica, é que Grada Kilomba vem questionar e criticar a tradução para português do seu livro, “Memórias da Plantação”, feita por um homem branco, Nuno Quintas, e nada disse nem objectou quando essa tradução foi feita, em 2019? (…) Que características de um determinado autor devem ser valorizadas na escolha do seu tradutor? No caso de Amanda Gorman, vemos apontadas as seguintes características: “jovem”, “mulher”, “negra”, “filha de mãe solteira”. Dessas, qual a decisiva na escolha do tradutor? Apenas uma, a etnia? Todas? Porque não o facto de ser mulher? Ou jovem? Ou filha de mãe solteira? Com que legitimidade se erige a etnia em detrimento do género, por exemplo? Se escolhemos a etnia como ponto decisivo do “lugar da fala”, isto significa que apenas negros podem traduzir negros e brancos podem traduzir brancos? Se sim, porquê? Se não, porquê? Porque é que a etnia de um tradutor lhe confere especiais qualificações para o seu ofício? Isso não será racismo, no fim de contas? (…) Quem pode traduzir Amanda Gorman? Uma homem de meia-idade pode fazê-lo? Ou apenas Amanda Gorman pode traduzir-se a si própria? Um homem pode traduzir literatura feminista? Um heterossexual pode traduzir escritos gay? Um agnóstico pode dar voz à “Bíblia”? E quem pode traduzir os clássicos, Aristóteles ou Platão, Joyce ou T. S. Eliot? Um judeu não pode traduzir “Mein Kampf”? Ou, pelo contrário, só um judeu pode fazê-lo? Não haverá aqui o risco, mais do que evidente, de se criarem novos casulos e barreiras, contrariando a essência própria, universalista, dialogante, do acto de traduzir? (…)»
A 22 de Março, no Horas Extraordinárias e em texto intitulado «Estupidez», Maria do Rosário Pedreira aborda a – inesperada – dificuldade em conseguir editar nos EUA um (por ela não identificado) escritor nacional: «Disse-se ao longo de mais de uma centena de anos que a América era a terra das oportunidades; infelizmente, passou a ser a terra da oportunidade de ficar calado, pois não se pode agora falar de nada sem que todas as nossas palavras, por mais inocentes que sejam, acabem julgadas da pior maneira. Recentemente soube que recusaram a obra de um autor português com um relatório em que, antes de mais nada, o descreviam como muitíssimo talentoso; mas esse talento era secundário para a editora norte-americana que decidiu não o publicar porque um dos romances falava de forma muito directa de um tema que, para a imprensa norte-americana, era muito sensível (a deficiência); e o outro tinha, entre as suas personagens, uma transsexual (mas, como o autor não o é, certamente iria ser acusado de falar do que não sabe; ainda pensaram pedir um segundo relatório de leitura a alguém da comunidade LGBT lá do sítio, mas não encontraram nenhum trans que lesse português). (…) É uma outra forma de preconceito que em nada ajuda as minorias, fingindo que as protege. Se os autores não podem falar do que não sentiram na pele, não é isso uma negação da imaginação? (…)»
Nestes seus textos tanto António de Araújo como Maria do Rosário Pedreira colocam questões pertinentes, resultantes também do que parece ser genuína supresa e até indignação perante o que acontece – no âmbito cultural, pelo menos – no outro lado do Atlântico. Porém, ambos não podem alegar que não foram avisados, e nomeadamente por mim, sobre as mais do que prováveis e previsíveis consequências de a pérfida perversão, atentatória dos mais bons e básicos valores civilizacionais, inerente à esquerda norte-americana e núcleo perene do Partido Democrata se expandir e se consolidar, talvez e infelizmente de uma forma permanente. Recordo que o actual consultor da Presidência da República me «convidou» a deixar de comentar no Malomil depois de eu ter respondido, discordando (com factos), a alguns posts em que criticava Donald Trump; e que a actual editora da Leya não pareceu ter reconhecido o erro que cometeu ao elogiar uma bibliotecária luso-descendente de Boston que rejeitou livros oferecidos por Melania Trump, e, na prática, ofendeu a primeira-dama… e no meu comentário já alertava para o perigo de a proibição de certas obras e artistas por parte dos novos «inquisidores» se tornar uma rotina – e o certo é que, menos de quatro anos depois, são (alguns d)os de Theodor «Dr. Seuss» Geisel, que Liz Soeiro desprezou, que estão entre os primeiros (porque, sim, há outros) a serem «apagados» na vigência do regime que foi instaurado a 20 de Janeiro passado numa Washington pejada de soldados e de barreiras com arame farpado.
No entanto, nestes seus textos António de Araújo e Maria do Rosário Pedreira dão igualmente mostras de uma surpreendente ingenuidade… ou de algo pior. Ele também pergunta: «Como é possível conciliar este debate com o propósito de união anunciado no discurso da tomada de posse de Joe Biden, sem o qual poucos saberiam sequer quem é Amanda Gorman?» Obviamente, isso não é possível, porque os democratas não são nem nunca foram pela união e pela integração (racial e outras) mas sim pela secessão e pela segregação; e estar na Casa Branca um ilegítimo e xexé «chefe de Estado» é uma garantia de que vai continuar a invasão por imigrantes ilegais, a perseguição policial e judicial de opositores políticos e a promoção de campanhas de menorização (ou seja, de discriminação e mesmo de ódio) contra brancos, além de que se irá tentar proceder ao desarmamento da sociedade civil e a «purgas» ideológicas nas forças armadas – tudo acções que provavelmente levarão, não à unidade, mas à implosão do país, quiçá até a uma nova guerra civil; quando alguém que tem uma licenciatura em Direito e um doutoramento em História, e com actividades importantes e influentes, e que apesar disso revela não ter um conhecimento suficiente de factos fulcrais relativos aos EUA, é de duvidar da qualidade dos conselhos políticos que dá no Palácio de Belém. Ela também pergunta: «Então hoje para uma editora o talento é menos importante do que o assunto de um romance? E um agente cultural como uma editora mete o rabo entre as pernas, recusa-se a arriscar e abdica de mudar mentalidades mesmo quando diz que o autor tem muito talento?» A verdade é que – e sei-o por experiência própria – MRP já se recusou a arriscar por causa do assunto de um romance e não ponderou devidamente o talento do respectivo autor; todavia, é elementar e da mais básica justiça reconhecer que, neste aspecto, ela está longe de ser um caso único.
Ainda sobre o texto citado do Horas Extraordinárias, é quase certo que o autor nele mencionado é Afonso Reis Cabral, trineto de José Maria Eça de Queiroz. E este, curiosamente, tornou-se igualmente uma «vítima» do revisionismo PC devido a alegados «preconceitos raciais» existentes n’«Os Maias», que foram primeiro «denunciados» por uma «investigadora» que estudou… nos EUA. Ela será certamente bem vinda se quiser participar no segundo congresso – por mim proposto, e organizado pelo Movimento Internacional Lusófono – sobre EdQ, que deverá decorrer no próximo mês de Outubro e que terá como temas os 150 anos da publicação de «O Mistério da Estrada de Sintra», da realização das Conferências do Casino e do início da edição d’«As Farpas». Imagine-se o que ele teria dito e escrito sobre estes novos «puritanos» da treta! (Também no Obamatório.)
A 21 de Março, no Malomil e em texto intitulado «A traição dos intelectuais», António de Araújo aborda as controvérsias decorrentes da tradução do primeiro livro daquela que é supostamente a mais jovem vedeta das letras norte-americanas: «(…) Porque é que Amanda Gorman e os seus agentes levantaram objecções a que a sua poesia fosse traduzida para catalão por um branco, Victor Obiols, mas não objectaram a que fosse traduzido para espanhol por uma branca, Nuria Barrios, dita “sem historial activista”? Porque é que só agora, à boleia desta nova polémica, é que Grada Kilomba vem questionar e criticar a tradução para português do seu livro, “Memórias da Plantação”, feita por um homem branco, Nuno Quintas, e nada disse nem objectou quando essa tradução foi feita, em 2019? (…) Que características de um determinado autor devem ser valorizadas na escolha do seu tradutor? No caso de Amanda Gorman, vemos apontadas as seguintes características: “jovem”, “mulher”, “negra”, “filha de mãe solteira”. Dessas, qual a decisiva na escolha do tradutor? Apenas uma, a etnia? Todas? Porque não o facto de ser mulher? Ou jovem? Ou filha de mãe solteira? Com que legitimidade se erige a etnia em detrimento do género, por exemplo? Se escolhemos a etnia como ponto decisivo do “lugar da fala”, isto significa que apenas negros podem traduzir negros e brancos podem traduzir brancos? Se sim, porquê? Se não, porquê? Porque é que a etnia de um tradutor lhe confere especiais qualificações para o seu ofício? Isso não será racismo, no fim de contas? (…) Quem pode traduzir Amanda Gorman? Uma homem de meia-idade pode fazê-lo? Ou apenas Amanda Gorman pode traduzir-se a si própria? Um homem pode traduzir literatura feminista? Um heterossexual pode traduzir escritos gay? Um agnóstico pode dar voz à “Bíblia”? E quem pode traduzir os clássicos, Aristóteles ou Platão, Joyce ou T. S. Eliot? Um judeu não pode traduzir “Mein Kampf”? Ou, pelo contrário, só um judeu pode fazê-lo? Não haverá aqui o risco, mais do que evidente, de se criarem novos casulos e barreiras, contrariando a essência própria, universalista, dialogante, do acto de traduzir? (…)»
A 22 de Março, no Horas Extraordinárias e em texto intitulado «Estupidez», Maria do Rosário Pedreira aborda a – inesperada – dificuldade em conseguir editar nos EUA um (por ela não identificado) escritor nacional: «Disse-se ao longo de mais de uma centena de anos que a América era a terra das oportunidades; infelizmente, passou a ser a terra da oportunidade de ficar calado, pois não se pode agora falar de nada sem que todas as nossas palavras, por mais inocentes que sejam, acabem julgadas da pior maneira. Recentemente soube que recusaram a obra de um autor português com um relatório em que, antes de mais nada, o descreviam como muitíssimo talentoso; mas esse talento era secundário para a editora norte-americana que decidiu não o publicar porque um dos romances falava de forma muito directa de um tema que, para a imprensa norte-americana, era muito sensível (a deficiência); e o outro tinha, entre as suas personagens, uma transsexual (mas, como o autor não o é, certamente iria ser acusado de falar do que não sabe; ainda pensaram pedir um segundo relatório de leitura a alguém da comunidade LGBT lá do sítio, mas não encontraram nenhum trans que lesse português). (…) É uma outra forma de preconceito que em nada ajuda as minorias, fingindo que as protege. Se os autores não podem falar do que não sentiram na pele, não é isso uma negação da imaginação? (…)»
Nestes seus textos tanto António de Araújo como Maria do Rosário Pedreira colocam questões pertinentes, resultantes também do que parece ser genuína supresa e até indignação perante o que acontece – no âmbito cultural, pelo menos – no outro lado do Atlântico. Porém, ambos não podem alegar que não foram avisados, e nomeadamente por mim, sobre as mais do que prováveis e previsíveis consequências de a pérfida perversão, atentatória dos mais bons e básicos valores civilizacionais, inerente à esquerda norte-americana e núcleo perene do Partido Democrata se expandir e se consolidar, talvez e infelizmente de uma forma permanente. Recordo que o actual consultor da Presidência da República me «convidou» a deixar de comentar no Malomil depois de eu ter respondido, discordando (com factos), a alguns posts em que criticava Donald Trump; e que a actual editora da Leya não pareceu ter reconhecido o erro que cometeu ao elogiar uma bibliotecária luso-descendente de Boston que rejeitou livros oferecidos por Melania Trump, e, na prática, ofendeu a primeira-dama… e no meu comentário já alertava para o perigo de a proibição de certas obras e artistas por parte dos novos «inquisidores» se tornar uma rotina – e o certo é que, menos de quatro anos depois, são (alguns d)os de Theodor «Dr. Seuss» Geisel, que Liz Soeiro desprezou, que estão entre os primeiros (porque, sim, há outros) a serem «apagados» na vigência do regime que foi instaurado a 20 de Janeiro passado numa Washington pejada de soldados e de barreiras com arame farpado.
No entanto, nestes seus textos António de Araújo e Maria do Rosário Pedreira dão igualmente mostras de uma surpreendente ingenuidade… ou de algo pior. Ele também pergunta: «Como é possível conciliar este debate com o propósito de união anunciado no discurso da tomada de posse de Joe Biden, sem o qual poucos saberiam sequer quem é Amanda Gorman?» Obviamente, isso não é possível, porque os democratas não são nem nunca foram pela união e pela integração (racial e outras) mas sim pela secessão e pela segregação; e estar na Casa Branca um ilegítimo e xexé «chefe de Estado» é uma garantia de que vai continuar a invasão por imigrantes ilegais, a perseguição policial e judicial de opositores políticos e a promoção de campanhas de menorização (ou seja, de discriminação e mesmo de ódio) contra brancos, além de que se irá tentar proceder ao desarmamento da sociedade civil e a «purgas» ideológicas nas forças armadas – tudo acções que provavelmente levarão, não à unidade, mas à implosão do país, quiçá até a uma nova guerra civil; quando alguém que tem uma licenciatura em Direito e um doutoramento em História, e com actividades importantes e influentes, e que apesar disso revela não ter um conhecimento suficiente de factos fulcrais relativos aos EUA, é de duvidar da qualidade dos conselhos políticos que dá no Palácio de Belém. Ela também pergunta: «Então hoje para uma editora o talento é menos importante do que o assunto de um romance? E um agente cultural como uma editora mete o rabo entre as pernas, recusa-se a arriscar e abdica de mudar mentalidades mesmo quando diz que o autor tem muito talento?» A verdade é que – e sei-o por experiência própria – MRP já se recusou a arriscar por causa do assunto de um romance e não ponderou devidamente o talento do respectivo autor; todavia, é elementar e da mais básica justiça reconhecer que, neste aspecto, ela está longe de ser um caso único.
Ainda sobre o texto citado do Horas Extraordinárias, é quase certo que o autor nele mencionado é Afonso Reis Cabral, trineto de José Maria Eça de Queiroz. E este, curiosamente, tornou-se igualmente uma «vítima» do revisionismo PC devido a alegados «preconceitos raciais» existentes n’«Os Maias», que foram primeiro «denunciados» por uma «investigadora» que estudou… nos EUA. Ela será certamente bem vinda se quiser participar no segundo congresso – por mim proposto, e organizado pelo Movimento Internacional Lusófono – sobre EdQ, que deverá decorrer no próximo mês de Outubro e que terá como temas os 150 anos da publicação de «O Mistério da Estrada de Sintra», da realização das Conferências do Casino e do início da edição d’«As Farpas». Imagine-se o que ele teria dito e escrito sobre estes novos «puritanos» da treta! (Também no Obamatório.)
sábado, fevereiro 13, 2021
Outras: Casas listadas para serem contactadas
Enviei
ontem a João Português, Presidente da Câmara Municipal de Cuba, e ainda para
outras pessoas daquele municipio, para a Direcção Regional de Cultura do Alentejo,
para a Associação Cultural Fialho de Almeida e para (um membro da Direcção d)a
Associação Portuguesa de Escritores uma mensagem de correio electrónico
contendo, em ficheiro anexo, um documento com uma lista elaborada por mim das
casas de escritores de língua portuguesa actualmente existentes, abertas ao
público e com evidente (mesmo que mínima) actividade cultural. Esta lista
pretende ser o ponto de partida do início da formação da Rede de Casas de Escritores de Língua Portuguesa, um projecto que delineei em Outubro de 2019 e
cuja liderança eu e o Movimento Internacional Lusófono oferecemos à CMC através
do Museu Literário Casa Fialho de Almeida. Após mais de um ano de espera, a 5
de Janeiro último aquele autarca alentejano finalmente respondeu-me, e positivamente.
A lista inclui uma casa em Angola, oito no Brasil e
quase 30 em Portugal, mas, como é óbvio, não se pretende que seja definitiva,
não só porque podem existir casas que eu não encontrei durante a minha pesquisa
mas também porque existem outras – tomei conhecimento de pelo menos três (duas
no nosso país, uma no país irmão) – em (avançado) processo de concretização. Evidentemente,
e como seria de esperar, várias épocas e diversos estilos literários têm
«representação» na lista. Por exemplo(s): o século XVIII, dito o das «Luzes»,
conta com a casa em Setúbal onde nasceu Manuel Maria Barbosa du Bocage; os anos
de Oitocentos destacam-se, inevitavelmente, por José Maria Eça de Queiroz – através
da quinta em Tormes que é a sede da fundação com o seu nome – e ainda por contemporâneos
como Júlio Dinis, Antero de Quental e Sousa Martins; e, previsivelmente, o
século XX é o que dispõe da maior «representação», tanto em Portugal como no
Brasil, devido a nomes como José Régio, José Saramago, Erico Veríssimo e Jorge
Amado. (Também no MILhafre, no Ópera do Tejo e no Queiroz150.) (Referência no Horas Extraordinárias.)
quinta-feira, janeiro 14, 2021
Outros: «Pequenos monstros»
Em
artigo publicado hoje no (sítio na Internet do) jornal Público, intitulado «O ocaso das consoantes e a felicidade dos jovens», o jornalista Nuno
Pacheco, vencedor em 2018 do Prémio de Jornalismo
Cultural atribuído pela SPA e autor do livro «Acordo Ortográfico – Um Beco com Saída», publicado em 2019 pela Gradiva, faz referência
a mim e a um artigo que publiquei naquele jornal: «A tal “assimilação” rápida
das “novas regras” produz todos os dias pequenos monstros, obrigando-nos a ler
coisas como “otogonal”, “inato” (por inapto, que inato é outra coisa!),
“impato”, “etoplasma”, “adeto”, “ocipital”, “inteletual”, “ocional”,
“eucalito”, “rétil”, “elítico” e até “arimética”. Esta colheita é recente e
pode juntar-se à da minha crónica anterior. Mas é curioso que já em 2015, no
Público, o jornalista e escritor Octávio dos Santos (num artigo intitulado
“Apocalise abruto”) mencionava dezenas de disparates deste calibre, coligidos
em documentos oficiais, institucionais ou na imprensa, por especialistas
atentos.» Recordo que, em Junho do ano passado, Nuno Pacheco havia referenciado,
noutro seu artigo, dois meus. (Também no MILhafre.)
quinta-feira, dezembro 31, 2020
Olhos e Orelhas: Terceiro Quadrimestre de 2020
A literatura: «Política de A a Z», Pedro Correia e Rodrigo Gonçalves; «A Lista de Aristides de Sousa Mendes», Ana Cristina Luz; «Como se Fazia Cinema em Portugal - Inconfidências de um Ex-Praticante», António de Macedo; «Remar Contra a Maré - Sucesso.pt» e «Esperança e Reinvenção - Ideias para o Portugal do Futuro» (org., com Carlos Coelho, Cristina Fonseca, Daniel Bessa, Nuno Fernandes Thomaz, e outros), Luís Ferreira Lopes; «Marketing Performance - 80 Métricas de Marketing e Vendas», Luís Bettencourt Moniz e Pedro Celeste; «Mariana», Paulo Monteiro; «Nanoamour», Ricardo Cruz Ortigão.
A música: «Roubados», Aldina Duarte; «Some Enchanted Evening», Blue Oyster Cult; «Studio Tan» e «Joe's Garage», Frank Zappa; «It´s Alive», Ramones; «Film», Gift; «A Kind Of Magic», Queen; «Actually», Pet Shop Boys; «Naked», Talking Heads; «Doolittle», Pixies; «Danças E Folias», Brigada Victor Jara; «Born To Die», Lana Del Rey; «The Marshall Matters LP 2», Eminem; «Songs Of Innocence», U2; «Plectrumelectrum», Prince (& 3rdEyeGirl); «Cores E Aromas», António Pinho Vargas; «Under Wheels Of Confusion 1970-1987 (Vols. 3 & 4)», Black Sabbath; «La Senna Festeggiante», Antonio Vivaldi (por Juanita Lascarro, Nicola Uliveri e Sonia Prina, com o Concerto Italiano dirigido por Rinaldo Alessandrini); «Weihnachts Oratorium», Johann Sebastian Bach (por Elly Ameling, Helen Watts, Peter Pears e Tom Krause, com os Cantores de Lubeck dirigidos por Hans Jurgen Wille e a Orquestra de Câmara de Estugarda dirigida por Karl Munchinger).
O cinema: «Turbo», David Soren; «Fita do Sexo» e «Jumanji - O Nível Seguinte», Jake Kasdan; «Godzilla - Rei dos Monstros», Michael Dougherty; «Chappie», Neill Blomkamp; «Dumbo», Tim Burton; «Viriato», Luís Albuquerque; «Jojo Coelho», Taika Waititi; «Facas de Fora», Rian Johnson; «Mães Más», Jon Lucas e Scott Moore; «Patrões Horríveis 2», Sean Anders; «Primeiro», Dmitriy Suvorov; «A Favorita», Yorgos Lanthimos; «Vadio das Planíces Altas», Clint Eastwood; «Uma Ponte Longe de Mais», Richard Attenborough; «Os Mortos não Morrem», Jim Jarmusch; «Parasita», Bong Joon Ho; «Terra dos Zombies - Pancada Dupla», Ruben Fleischer; «Terminador - Destino Escuro», Tim Miller; «Ad Astra», James Gray; «Labirinto», Jim Henson; «Os Contos de Canterbury», Pier Paolo Pasolini; «Rob Roy», Michael Caton-Jones; «O Grande Roubo ao Comboio», Michael Crichton; «1917», Sam Mendes; «Ford vs. Ferrari», James Mangold; «A Vida Secreta dos Animais de Estimação 2», Chris Renaud; «Ex Machina», Alex Garland; «Sr. Holmes», Bill Condon; «A Côr Púrpura», Steven Spielberg.
E ainda...: Associação Portuguesa de Editores e Livreiros - 90ª Feira do Livro de Lisboa; Canal Smithsonian - (documentário) «Memphis Belle a Cores»; RTP - (documentário) «Exílio no Atlântico», Pedro Mesquita + (documentário) «Visita Guiada - Fundação Eça de Queiroz», Paula Moura Pinheiro; «No Time to Die», (vídeo musical de) Billie Eilish; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «O tempo das imagens III - 35 anos do Centro Português de Serigrafia» + exposição «O "Cântico dos Cânticos" - Beija-me com os beijos da tua boca» + mostra «Germão Galharde - 500 anos de tipografia em Portugal» + mostra «A poesia de Amália»; Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - exposição «CartoonXira 2020/Cartoons do ano 2019 + Desenhos à flor da pele/Cau Gomez» (Celeiro da Patriarcal); Canal História - (documentário) «Alienígenas Antigos - Destino Chile» + (documentário) «Nazis sob drogas - Hitler e a Blitzkrieg» + (documentário) «Grant» + (documentário) «Os que Viraram o Jogo - Por dentro das Guerras dos Jogos de Vídeo»; Museu do Neo-Realismo - exposição de Elisa Pône, Filipe Pinto, Francisco Pinheiro, João Fonte Santa, Marta Leite, Nuno Barroso e Sofia Gonçalves «Cosmo/ Política #6 - Biblioteca Cosmos»; «O Grande C», Darlene Hunt; «O Ornamento de Natal», Mark Jean.
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