quarta-feira, agosto 31, 2022

Olhos e Orelhas: Segundo Quadrimestre de 2022

A literatura: «Portugal Templário - História e Mito», Sérgio Franclim; «Maria Francisca de Sabóia - Uma Princesa Entre Dois Reis de Portugal», Diana de Cadaval; «O Homem Sem Nome» e «Uma Deusa na Bruma», João Aguiar; «Tensão Con/Tenção», António Carlos dos Santos; «A Joaninha e os Impostos - Uma História de Educação Fiscal para Crianças», Clotilde Celorico Palma; «Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar», João Abel Manta; «Fragmentos do Dicionário Ilustrado da Monarquia do Norte», AMP Rodriguez.
A música: «Os Grandes Êxitos Dos...», Sheiks; «Uncle Meat», Frank Zappa; «John Barleycorn Must Die», Traffic; «Pearl», Janis Joplin; «Live-Evil», Miles Davis; «Pré-Histórias», Sérgio Godinho; «Bossanova», Pixies; «Jordan - The Comeback», Prefab Sprout; «Slow, Deep And Hard» e «The Origin Of The Feces», Type O Negative; «Portugal», Amália Rodrigues; «Those Once Mighty Fallen», Ildjarn + Hate Forest; «Morning Phase», Beck; «Honeymoon», Lana Del Rey; «Hardwired... To Self-Destruct», Metallica; «Giulio Cesare», George Frideric Handel (por Beverly Sills, Beverly Wolff, Dominic Cossa, Maureen Forrester, Michael Devlin, Norman Treigle, e outros, com a Orquestra e o Coro da Ópera de Nova Iorque dirigidos por Julius Rudel); «Die Jahreszeiten», Joseph Haydn (por Dietrich Fischer-Dieskau, Edith Mathis, Siegfried Jerusalem, e outros, com a Academia e o Coro de St. Martin-in-The-Fields dirigidos por Neville Marriner).
O cinema: «Funeral de Estado», Sergei Loznitsa; «A Cabana no Bosque», Drew Goddard; «Cume Carmesim», Guillermo Del Toro; «Orla do Pacífico - Sublevação», Steven S. DeKnight; «Godzilla vs. Kong», Adam Wingard; «O Fantasma da Liberdade», Luis Buñuel; «Coisas Selvagens», John McNaughton; «Criaturas Belas», Bill Eagles; «O Demónio de Néon», Nicolas Winding Refn; «Regressão», Alejandro Amenábar; «Mãe», Bong Joon Ho; «Ira do Homem», Guy Ritchie; «Dama Pássaro», Greta Gerwig; «Terra Nómada», Chloé Zhao; «Melro», Roger Michell; «A Mulher que Acreditava ser Presidente dos Estados Unidos da América», João Botelho; «O Clube Algodão», Francis Ford Coppola; «Os Estados Unidos vs. Billie Holyday», Lee Daniels; «Ray», Taylor Hackford; «Respeito», Liesl Tommy; «A Janela (Maryalva Mix)», Edgar Pêra; «Homicídio por Morte», Robert Moore; «Grito 4», Wes Craven; «Isso» e «Isso - Capítulo Dois», Andy Muschietti; «M - Uma Cidade Procura um Assassino», Fritz Lang; «Xangai», Mikael Hafstrom; «NEU Indianapolis - Homens de Coragem», Mario Van Peebles.
E ainda...: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - exposição de cerâmica de Anabella Vilares «Do azul ao vermelho» (Fábrica das Palavras) + apresentação do livro de João de Lancastre e Távora «Casa de Abrantes, Crónicas de Resistência» (Quinta Municipal da Piedade); Museu do Neo-Realismo -  exposição de fotografia «A família humana»; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «Obras proibidas e censuradas no Estado Novo» + mostra «Contemporânea centenária 1922-2022» + mostra «Pinharanda Gomes, historiador do pensamento português»; «Pequenas Histórias, Episódio 3 - Bestiário da Alma, o Mistério da Palingénese (freguesia se Santa Maria Maior)», (vídeo de) David Soares; Canal História - (documentário) «Churchill na Madeira», Joana Pontes + (documentário) «Alienígenas Antigos - Os Deuses Estelares de Sirius»; RTP 2/France Télévisions - (documentário) «O Caso Bovary»,  Alban Vian e Stéphane Miquel; Prince - «Live at Paisley Park Studios, Chanhassen, MN, 12/31/1987» (DVD incluído na edição especial com nove discos de «Sign O' The Times»); Câmara Municipal de Loulé/Galeria de Arte da Praça do Mar de Quarteira - exposição de fotografia de Pedro Leote «Sinóptico»; FNAC - exposição de pintura e desenho de David Benasulin «Ícones e Monstros» (Chiado); Associação Portuguesa de Editores e Livreiros - 92ª Feira do Livro de Lisboa.

segunda-feira, agosto 15, 2022

Outras: História(s) no Imaginauta

No género cultural (não apenas literário...) da Ficção Científica e do Fantástico – e não só neste, evidentemente, mas especialmente neste – é sempre útil e justificado proceder-se com alguma (elevada) regularidade a retrospectivas, a resenhas históricas, a «revisões da matéria dada», exercícios de memória de forma a que certos autores e as suas obras, que habitualmente não gozam da atenção e dos favores de editores, da comunicação social (tanto generalista como especializada) em geral e de «críticos» em particular, e até de leitores, não caiam no esquecimento ou, meramente, tenham mais hipóteses de evitar aquele, o que é sempre mais provável num país como Portugal, que se tem revelado tradicionalmente avesso à expressão artística mais importante e aos seus intérpretes. Neste âmbito, uma das intervenções mais recentes, e quiçá a mais recente, foi feita por Carlos Eduardo Silva no sítio Imaginauta sob o título «Apontamentos para uma história recente da ficção especulativa portuguesa (1999-2022)». Porque o autor informou desde logo que «aceitam-se sugestões de correcção ou melhoria», decidi fazer isso mesmo...
... Em dois comentários que inseri, não unicamente em relação a projectos em que participei, quer a «solo» quer em «grupo». E as referências sucederam-se... No começo do século e do milénio, mais concretamente entre 2001 e 2003, na (entretanto falida) editora Hugin, António de Macedo dirigiu a colecção «Bibliotheca Phantastica», cujo objectivo era republicar autores «antigos» de FC & F - e livros de Teófilo Braga e de João da Rocha foram lançados - e ainda revelar autores «modernos» - e livros de Maria de Menezes, Luísa Marques da Silva, Pedro Lúcio, Sérgio Franclim e eu próprio (com «Visões», aliás a minha primeira obra publicada) foram lançados. Na Saída de Emergência, depois de «A Sombra Sobre Lisboa» (que não é de 2006 mas sim de 2007) e antes de «Os Anos da Pulp Fiction Portuguesa» (que não é de 2007 mas sim de 2011) e de «Lisboa no Ano 2000» (que não é de 2012 mas sim de 2013), foi publicada - em 2008, ano do centenário do Regicídio - «A República Nunca Existiu!», antologia colectiva de contos de história alternativa, por mim concebida e organizada, cujo tema, ou premissa, era um Portugal em que a Monarquia nunca havia sido derrubada; incluiu autores então mais (João Aguiar, Miguel Real) e menos conhecidos - como, por exemplo, Bruno Martins Soares, no que constituiu a sua estreia na SdE, e que proporcionaria o surgimento de «Alex 9». Na colecção 1001 Mundos da Gailivro, e antes de «Se Acordar Antes de Morrer» e «As Atribulações de Jacques Bonhomme» (ambos colectâneas de contos), foi publicado (o meu primeiro romance) «Espíritos das Luzes». O colóquio «Mensageiros das Estrelas» foi também o local e a ocasião para a primeira apresentação, em 2012, na segunda edição daquele, de uma antologia colectiva de contos de FC & F com a mesma designação, também por mim concebida e organizada, e em que participaram autores como António de Macedo, João Seixas, José António Barreiros e Luís Filipe Silva. Mais recentemente, em 2019, teve lugar no Porto o I Encontro Internacional de História Alternativa «E Se?..»; o segundo e o terceiro ocorreram em 2020 e em 2021 num formato predominantemente virtual (devido, claro, às restrições da pandemia), mas o quarto, neste ano de 2022, deverá retomar o formato presencial. É uma iniciativa liderada por AMP Rodriguez no contexto do colectivo Invicta Imaginária, do qual também resultou o projecto «Winepunk», colectânea de contos que constitui uma abordagem alternativa à (verídica) «Monarquia do Norte» de há um século. Enfim, as três últimas sugestões... Primeira, uma prévia panorâmica da ficção especulativa portuguesa escrita por Luís Filipe Silva e publicada em 2017 na revista Locus. Segunda, as reedições, na Saída de Emergência, de duas obras portuguesas fundamentais do género, uma escrita por LFS e outra por ele co-escrita (com João Barreiros), respectivamente «A Galxmente» e «Terrarium». Terceira, o surgimento recente de mais uma editora especializada, a Fábrica do Terror, que apresentou um dos seus livros, a antologia «Sangue Novo», na edição deste ano do FantasPorto; um festival que, aliás, sempre teve espaço para a ficção especulativa portuguesa, principal e obviamente ao nível do cinema, tanto em longas como em curtas-metragens, mas também aos níveis da literatura e das artes plásticas; e Beatriz Pacheco Pereira, co-fundadora e co-organizadora do evento, é também uma escritora de talento que integra e honra as nossas fileiras.
É de louvar esta iniciativa de Carlos Eduardo Silva, e espera-se que outras como esta venham a acontecer. Porque a «ImagiNação» portuguesa pode ser pequena mas tem grande valor. (Também no Simetria.)