sexta-feira, agosto 31, 2012

Olhos e Orelhas: Segundo Quadrimestre de 2012

A literatura: «Vencer ou Morrer», Mendo Castro Henriques; «O Milionário de Lisboa», José Norton; «O Marquês de Soveral - Seu Tempo e Seu Modo», Paulo Lowndes Marques; «Sem Papas na Língua - Memórias», Beatriz Costa; «O Espião Alemão em Goa», José António Barreiros; «Comboio Nocturno para Lisboa», Pascal Mercier; «Design do Século XX», Charlotte Fiell e Peter Fiell; «Bob Morane - A Pegada do Sapo», Henri Vernes e William Vance; «Fantascom - A catastrófica chegada», João Barreiros.
A música: «Mãe», «Macau», «Heróis do Mar IV» e «Singles 1982/1987», Heróis do Mar; «Born Villain», Marilyn Manson; «21», Adele; «Onde Quando Como Porquê Cantamos Pessoas Vivas», Quarteto 1111; «Some Great Reward», Depeche Mode; «Jack White's Blues», Blind Willie McTell, Hank Williams, Howlin' Wolf, Patti Page, Robert Johnson, Soledad Brothers, Son House, Terry Reid, e outros; «RockMix - As Grandes Malhas/Rock & Ballads», Aldo Nova, Bad English, Cheap Trick, Europe, REO Speedwagon, Rick Springfield, Skid Row, White Lion, e outros. 
O cinema: «Marcos», Robert Kramer e John Douglas; «Cabeça de Jarro», Sam Mendes; «Austrália», Baz Luhrmann; «Bom Povo Português», Rui Simões; «Trocadas», Clint Eastwood; «Pó de Estrela», Matthew Vaughn; «Artur e a Vingança de Maltazard», Luc Besson; «As Idades de Lulu», Bigas Luna; «Hotel para Cães», Thor Freudenthal; «Os Ficheiros-X - Eu Quero Acreditar», Chris Carter; «Precious», Lee Daniels; «Em Bruges», Martin McDonagh; «Gato das Botas», Chris Miller; «A Descida», Neil Marshall; «Novo Pesadelo», Wes Craven; «Nós Somos Marshall», McG; «O Exorcista», William Friedkin; «Amanhecer - Parte 1», Bill Condon; «Sherlock Holmes - Um Jogo de Sombras», Guy Ritchie; «Os Rápidos e os Furiosos - Derrapagem de Tóquio», Justin Lin; «16 Quarteirões», Richard Donner; «Embargo», António Ferreira; «Um Homem Sério», Ethan Coen e Joel Coen; «Dorian Gray», Oliver Parker. 
E ainda...: John Peel Centre for Creative Arts - The Space; Coliseu dos Recreios de Lisboa - Sétima Legião (2012/5/4); Associação Portuguesa de Editores e Livreiros - 82ª Feira do Livro de Lisboa; «Vídeos 1981/1989», Heróis do Mar; Biblioteca Municipal de Lisboa (Palácio Galveias)/Fronteira do Caos - Apresentação do livro «Amor, meu Grande Amor» de João Pedro Martins; «Uma Terapia» (anúncio publicitário para a Prada), Roman Polanski; Museu do Neo-Realismo - Exposições «Adelino Lyon de Castro/O Fardo das Imagens (1945-1953)» + «Ciclo Vinte Mil Livros/José Cardoso Pires» + Colectiva de Artes Plásticas «Novas Obras da Colecção MNR» + «The Return of the Real 19 - Ana Pérez-Quiroga»; Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira - Exposição «Jorge de Sena/A Cor da Liberdade»; FNAC Vasco da Gama/Taschen - Exposição «Morreu a mais bela mulher do Mundo (Marilyn Monroe) - Fotografias de Andre de Dienes e de Bert Stern»; Centro Comercial Atrium Saldanha - Exposição «Michel Giacometti/80 Anos, 80 Imagens»; «Atlântico Norte», Bernardo Nascimento; Biblioteca Nacional de Portugal - Exposições «Jorge Amado em Portugal» + «Luís Manuel Gaspar - Um lugar nos olhos».

quarta-feira, agosto 22, 2012

Outros: «OND» na RM

Seis anos depois de ter sido publicado, «Os Novos Descobrimentos: Do Império à CPLP – Ensaios sobre História, Política, Economia e Cultura Lusófonas» continua a ser procurado, consultado… e citado. O mais recente exemplo desse interesse – ou, pelo menos, o mais recente que chegou ao meu conhecimento – é dado pelo Tenente-Coronel Carlos Manuel Carreira, que, no seu artigo «O Tempo Tríbio Português» publicado a 31 de Maio deste ano n(o sítio d)a Revista Militar, não só incluiu o livro escrito por mim e por Luís Ferreira Lopes (e com prefácio de José Manuel Durão Barroso) na bibliografia como dele transcreveu quatro breves mas relevantes excertos.   

segunda-feira, agosto 13, 2012

Observação: A «melhor FC» da actualidade…

… E, provavelmente, dos últimos dez anos (ou mais), pode ser encontrada nas (muitas) páginas escritas por aqueles que defendem que a Terra está a passar por um processo de «alterações climáticas», ou, mais concretamente, que está a acontecer um «aquecimento global» com origem na actividade (industrial) humana… e que está a pôr em perigo a vida no nosso planeta.
Exagero? Então repare-se: (ab)usando-se (d)a ciência, (d)as suas instituições, (d)os seus equipamentos, seus métodos, relatórios, dados, há – continua a haver – um grande número de «cientistas» que continua a escrever «ficção». A escolherem os «factos» e os números que lhes interessam – dissimulando e/ou desprezando outros – de modo a justificarem as suas teorias, a ajustarem as conclusões às hipóteses e não o contrário. E esta «ficção científica» pode ser colocada practicamente toda na mesma «categoria»: a apocalíptica, a «doomsday», a de «fim-de-mundo». Os seus cultores são como que herdeiros de sacerdotes tresloucados de séculos passados como Gabriel Malagrida, que acreditavam – e que pregavam – que os «pecados» dos homens eram a causa de catástrofes naturais como os terramotos, entendidas como castigos de Deus. Embora num estilo diferente (mais… laico), a «lógica» de pensamento é quase a mesma – é a Terra que procede à «punição». Já não se trata tanto de religião mas mais de ideologia, política, economia, (falta de) cultura. Num caso como no outro, o extremismo, o fanatismo, abundam.
Assim, talvez seja preferível, mais… «misericordioso», considerar, e entre vários outros, James Hansen, Phil Jones e Rajendra Pachauri não como alarmistas vigaristas mas sim como «artistas», embora seja de duvidar de que algum dia estejam ao nível de Aldous Huxley, Arthur C. Clarke, Philip K. Dick, Isaac Asimov, Ray Bradbury ou Robert A. Heinlein… Mas lá que tentam contínua e incansavelmente ir além dos limites da imaginação, disso não restam dúvidas… (Também no Simetria.)

domingo, agosto 05, 2012

Obras: «Um Novo Portugal» - excertos

Do meu novo livro, recentemente publicado, eis excertos de três dos artigos que o compõem.
O primeiro tem a ver com as possíveis causas e explicações da decadência deste país. «Em Portugal, o saudosismo mórbido e a mania de imitar e seguir o que é estrangeiro, subestimando e desvalorizando o que é nacional, já vêm de muito longe. Estão intimamente relacionado com a nossa tendência suicida, de que já falava Miguel de Unamuno. E se essa tendência encontrou expressão, no virar do século, com as mortes de escritores como Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Mário de Sá Carneiro e Florbela Espanca, hoje ela verifica-se, por exemplo, nos números elevadíssimos de mortes em acidentes de viação, de trabalho e domésticos. Se há coisa que distingue negativamente o povo português é a sua negligência, o seu descuido, a sua irresponsabilidade para com a integridade própria e a dos outros. Isso vê-se também na nossa já proverbial, e secular, falta de higiene, pública pelo menos, comprovada por esse hábito perene de cuspir para o chão, de deitar lixo na rua inclusive quando existem perto caixotes do mesmo, na proliferação desordenada de lixeiras sem condições de segurança, muitas vezes com resíduos perigosos. E constata-se ainda na falta de manutenção e restauro de edifícios, sejam eles de habitação ou monumentos históricos. Este desleixo generalizado vem, fundamentalmente, da descrença do nosso futuro colectivo enquanto nação. As causas desta doença são antigas. (…) Tantos desaires graves e consecutivos não podiam deixar de causar marcas profundas num povo que, não muito tempo antes, tinha sido “Mestre de Metade do Mundo”. Os problemas principais de Portugal não são pois de carácter político, económico ou mesmo cultural. Têm um cariz essencialmente psicológico, e também, provavelmente, religioso. De alguma forma se instalou na consciência colectiva nacional a certeza de que, se tantos fracassos tinham acontecido, é porque era essa a “vontade de Deus”, que determinou que Portugal e os portugueses não mereciam ser, e ter, mais e melhor. Era o destino. Era o fado. Pouco a pouco, ao longo dos séculos, esta convicção pessimista foi-se entranhando, enraizando, nas nossas mentalidades, nas nossas práticas e representações, na nossa maneira de ser quotidiana, reproduzindo-se e expandindo-se contínua e imperceptivelmente. É por isso que o conformismo, a resignação e a passividade são “imagens de marca” tão características dos portugueses. É por isso que a mediocridade se tornou uma instituição, que marginaliza ou mesmo condena, simbólica ou realmente, aqueles que se distinguem, os competentes, os ambiciosos, os que querem fazer algo de novo, de diferente ou de melhor. Como se ir mais além significasse, inevitavelmente, trazer a desgraça. (…)» («A vontade e o destino», 1998, pág. 112.)
O segundo tem a ver com a renovação das gerações e a correspondente sobrevivência da nação. «(…) A maior riqueza de um país está nos seus habitantes. A maior riqueza de Portugal está nos portugueses. Em todos os portugueses. E se pretende-se construir um Novo Portugal, isso não será possível sem novos portugueses. Estejam eles onde estiverem. (…) Criar uma nova mentalidade, formar novos portugueses, construir um Novo Portugal, são tarefas de uma missão que cabe a todos. Nada será possível sem a participação de todos os portugueses, independentemente do seu sexo, da sua raça, religião, ideologia, classe ou idade. E independentemente da sua profissão: de facto, interessa menos o que se faz e onde se faz do que o como se faz. (…)Temos pois de decidir se queremos ou não que eles sejam, ou continuem a ser, portugueses. Temos de perguntar a todos esses jovens se querem ser, dentro ou fora de Portugal, os novos portugueses. Se querem ser, afinal, pessoas, e não meros "recursos humanos" ou "mão-de-obra". Não é necessário que todos estejam ou venham para Portugal. É preciso, pelo menos, que se consiga levar Portugal até eles, qualquer que seja a parte do Mundo em que se encontrem. E isso é algo que, bem ou mal, já estamos habituados a fazer. Desde há muito tempo.» («Novos portugueses para um novo Portugal», 1995, pág. 84.)
O terceiro tem a ver com desporto e, mais concretamente, com Jogos Olímpicos, inevitável num momento em que decorrem os de Londres 2012 e que com eles se repetem as previsíveis e habituais derrotas, frustrações, incompetências e insuficiências portuguesas. «(…) É difícil não falar em “fatalismo”: a tendência recorrente da presença portuguesa em Jogos Olímpicos é a de que não só os mais credenciados quase sempre perdem como também, invariavelmente, os menos credenciados não compensam aqueles, excedendo as expectativas e superando-se a si próprios e aos outros. E essa presença no evento máximo do desporto mundial – não só em Pequim mas também antes – é bem a “tradução” do que tem sido a “tradição” de mediocridade de todo o país em geral: o não aproveitamento de oportunidades, o desperdício de capacidades e de recursos por escassez de ambição, direcção, organização, enfim, de profissionalismo. Excesso só mesmo de desculpas de “mau perdedor” (e de “mau pagador”…), de lamúrias… e de patetices quando, aleluia, lá se ganha uma ou outra medalhinha! (…) É preciso instituir, finalmente, um verdadeiro sistema desportivo no país! E não tem que se estar sempre à espera do(s) Governo(s). O Comité Olímpico de Portugal, em colaboração com as diversas federações desportivas e respectivos clubes, e ainda com empresas que aceitem ser mecenas do projecto, deve, antes de mais, estabelecer um eficaz, eficiente e exaustivo programa de prospecção, selecção e formação de atletas: primeiro, deve definir um conjunto de critérios, de indicadores, físicos e psicológicos, e visitar todas as escolas do país e fazer um “rastreio” aos seus alunos, registando as suas características motoras e mentais e encaminhando-os para os desportos mais adequados a essas características; segundo, deve procurar, identificar e recuperar talentos que já estão fora do sistema de ensino, promovendo como que uma iniciativa de “novas oportunidades para o desporto”, incentivando todos os portugueses a “denunciarem” familiares, amigos, colegas e vizinhos que eles suspeitem que (ainda) têm, ou possam ter, jeito para atirar, correr, lançar, levantar, lutar, pedalar, remar, saltar… (…)» («Os anéis e as quinas», 2008, pág. 194.) (Também no Esquinas (129) e no MILhafre (63).)