sábado, julho 09, 2005

Opinião: Um desejo chamado Tejo

Não é o único do país em que tal acontece, mas o concelho de Vila Franca de Xira é marcado por um paradoxo: dispõe de diversas vias de comunicação que o atravessam mas que acabam por ser, também, autênticas barreiras. A A1, a EN 10 e a Linha (ferroviária) do Norte, apesar dos benefícios, óbvios, em acessibilidade e mobilidade que proporcionam, têm constituído igualmente sérios constrangimentos à organização e gestão do território.
Porém, existem outras barreiras, mais recentes, que se têm revelado, literalmente, verdadeiras paredes que impedem, indirecta ou mesmo directamente, o aumento da qualidade de vida deste município: os sucessivos - e excessivos - empreendimentos urbanísticos, promovidos invariavelmente pela mesma entidade com a conivência dos órgãos autárquicos, e dos quais tem resultado, basicamente, o congestionamento do seu espaço e a destruição da sua fisionomia.
Existe uma freguesia que, até agora, e felizmente, se tem mantido à margem deste pseudo-progresso: Alhandra. Tal deve-se em muito ao facto de ser a única a ficar situada «para lá» dos carris... e, também por isso, a única a poder desfrutar em pleno da mais importante, e ancestral, via de comunicação – e fronteira - desta região, e que é, em simultâneo, a sua maior marca de identidade: o Tejo. O que era uma desvantagem tornou-se uma vantagem. E, hoje, possibilitar à população deste concelho um completo contacto com o rio é, mais do que um grande desejo, o maior desafio que se coloca a uma política local digna desse nome.

Artigo publicado no jornal Notícias de Alverca, Nº 210, 2005/6.

quinta-feira, julho 07, 2005

Outros: SbH faz de «Visões» um áudio-livro

Teve lugar hoje, 7 de Julho de 2005, na Culturgest, em Lisboa, a conferência de apresentação – a um «grupo de empresários e investidores», e não só - das 16 equipas/empresas finalistas – ou, dito de outra forma, das 16 melhores ideias – submetidas e seleccionadas durante o (primeiro) Concurso Nacional de Empreendedorismo. Trata-se de uma iniciativa conjunta da Caixa Geral de Depósitos e da Universidade Nova de Lisboa que, com o patrocínio de outras entidades e empresas, como a Fujitsu Siemens, a Microsoft e a OutSystems, e sob o lema «Fazer da vontade realidade», tem como principais objectivos «incentivar a inovação e estimular a cultura empreendedora e, deste modo, contribuir para revitalizar o tecido empresarial nacional» através da criação de «condições para o desenvolvimento de projectos de que resultem novas e promissoras unidades de negócio.»
Uma dessas 16 «novas e promissoras unidades de negócio» é a Solutions by Heart. Liderada por Albertina Dias e Jorge Raposo, a sua principal actividade é «a produção audiovisual e multimédia, com a missão de disponibilizar produtos culturais, no formato de audiobook, nas áreas de educação, lazer, informação e tempos livres.» Posteriormente, o objectivo será também, «utilizando os mesmos recursos e sem investimento adicional», desenvolver «outros produtos e serviços, tais como multimédia, publicidade e música.» Os promotores deste projecto realçam as vantagens inerentes a um formato como o audiobook: portabilidade e mobilidade; facilidade de utilização (leitores portáteis de CD e MP3, por exemplo); impacto cultural; acesso de comunidades de indivíduos com dificuldades de leitura. E destacam igualmente a oportunidade de negócio: «O audiobook atingiu a fase de maturidade nos mercados dos países mais desenvolvidos, especialmente o norte-americano», onde possuirá já uma «quota significativa» entre os produtos culturais. «A necessidade já foi criada nos países desenvolvidos e, como tal, perspectiva-se uma adesão semelhante nos restantes países.» Existirá actualmente a possibilidade de «antecipação às necessidades que se perspectivam a curto prazo, produzindo audiobooks para fornecer o mercado nacional com edições em português e conteúdos alinhados com os requisitos culturais nacionais.»
Um dos primeiros áudio-livros que a SbH deverá produzir, pelo menos numa fase experimental, terá como base o meu livro «Visões», editado originalmente – em papel – em Outubro de 2003. Espero poder dar, brevemente, informações mais pormenorizadas sobre esta colaboração.