terça-feira, maio 27, 2014

Observação: Para ocupar o cargo de Director…

… Do Expresso manifesto desde já, publicamente, o meu interesse e a minha disponibilidade, na eventualidade de Ricardo Costa, actual responsável máximo daquele semanário, efectivamente se demitir, seja por (se e quando) o seu irmão António Costa ascender por sua vez ao cargo de secretário-geral do Partido Socialista, ou por qualquer outro motivo. Sou jornalista há mais de 25 anos, tenho carteira profissional, já ganhei (quatro) prémios no âmbito da actividade, e, sem falsa modéstia, considero que tenho (algumas) qualidades…
… E para melhorar o Expresso, tanto no seu conteúdo informativo como no seu desempenho comercial, nem seria preciso muito: para começar, bastaria apenas revestir, novamente, o órgão de comunicação social erigido há mais de 40 anos por Francisco Pinto Balsemão com o Português Normal e Correcto, e nele abolir definitivamente a utilização do ilegal, ilegítimo, inútil e ridículo «aborto pornortográfico». Não duvido de que me aguardaria uma carreira de sucesso! ;-)  

quarta-feira, maio 21, 2014

Organização: Segundo «romance» concluído…

… E registado. Ontem entreguei na Inspecção-Geral das Actividades Culturais, no Palácio Foz, em Lisboa, (mais) um requerimento para o registo de uma obra literária de minha autoria: o meu segundo «romance», ao qual já havia feito referência em 2011… um ano depois de ter começado a escrevê-lo, a 25 de Abril de 2010. Afinal, terminei-o um ano depois do que havia previsto então: há cerca de um mês, a 25 de Abril de 2014. E ontem também apresentei este meu trabalho como concorrente a um prémio literário. Porém, não acredito que consiga triunfar; não porque não esteja confiante na qualidade e na originalidade deste meu livro, mas porque a forma e o conteúdo dele inserem-se num género e num estilo – ficção científica, e, ainda por cima, uma distopia – que não costumam merecer atenção e apreço por parte da maioria dos críticos e dos membros de júris em Portugal. No entanto, o mais importante é que, finalmente, o «sucessor» de «Espíritos das Luzes» está feito. E por isso estou (moderadamente) satisfeito.

quinta-feira, maio 15, 2014

Observação: Falta menos de metade

Quem diria?! O Sport Lisboa e Benfica perdeu, ontem, mais uma final de uma competição europeia de futebol masculino sénior – a da Liga Europa, e pelo segundo ano consecutivo! Sim, foi a oitava final europeia que terminou com a derrota do clube português, mas convém sempre recordar, e adicionar, as duas edições da Taça Intercontinental perdidas nos anos 60 (para o Peñarol e para o Santos), pelo que, na verdade, são dez as finais internacionais que o suposto «Glorioso» já deixou escapar ao longo da sua deprimente história…
… E nem se deve falar em surpresa. Dizer que o Benfica perdeu uma final é como que, citando Grace Slick (cantora dos Jefferson Airplane) a propósito do seu então permanente estado de embriaguez, «dizer que houve uma terça-feira na semana passada». Será mesmo por causa da «maldição de Béla Guttmann»? Ou será por causa de incompetência e de impotência que se repetem ciclicamente, afectando diferentes gerações de jogadores, treinadores e dirigentes? Seja o que for, esta situação já não é triste nem trágica, mas sim, apenas, previsível e patética. O clube tornou-se uma anedota desportiva mundial, e não são os – ocasionais – triunfos em competições nacionais que chegam para compensar os fracassos no estrangeiro. Pelo que, apesar do campeonato (e da taça da liga) já conquistadas este ano (e, no momento em que escrevo, falta saber o que acontecerá na final da taça de Portugal), mantenho na íntegra o que afirmei no meu artigo «Da mística só a memória», publicado no Público em 2013.
Para aqueles que preferem acreditar na «maldição», pode-se lembrar, como referência e comparação, uma outra célebre, alegada, «praga» a afectar um outro clube: a «maldição do Bambino», que terá (talvez) impedido os Boston Red Sox de vencerem a final do campeonato de baseball dos EUA durante 86 anos! No caso do Benfica, é certo que se trata de um século, mas, no entanto, já passaram 52 anos desde que o lendário treinador húngaro fez a sua sinistra «previsão». Por isso, coragem, benfiquistas! Já falta menos de metade do tempo! Entretanto, fica uma sugestão: se o clube voltar a apurar-se para uma final antes de 2062, desistam de comparecer àquela e solicitem a entrega imediata do troféu ao outro clube; é uma decisão que só trará vantagens, em especial impedir que milhares, ou milhões, de masoquistas incorrigíveis sofram novamente de(s)ilusões. (Também no MILhafre (88).

domingo, maio 11, 2014

Observação: Verem-se gregos

Quem já leu o meu conto «Segundo Ultimatum Futurista», incluído na colectânea de ficção científica e fantástico «Mensageiros das Estrelas», concebida e co-organizada por mim, publicada pela Fronteira do Caos em 2012 e apresentada pela primeira vez na segunda edição do colóquio internacional com o mesmo nome realizado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa…
… Com certeza se recordará de que, apesar de aquele conto, com base num dos mais famosos textos do genial José de Almada Negreiros, ter como tema principal (a visão de) um Portugal diferente num futuro próximo, difícil e até violento, nele não deixou de se fazer uma (breve) referência ao destino imaginado de um outro país europeu que tem sido, desde há anos, como que «companheiro de infortúnio» do nosso: a Grécia. Na verdade, nele escrevi: «E como se já não bastassem os anarquistas e os militares gregos a matarem-se uns aos outros, os turcos, oportunistas, resolveram intervir e invadir o dito berço da cultura ocidental, numa tentativa, talvez, de recuperarem o que em tempos passados possuíram. Porém, tiveram de enfrentar os exércitos privados das várias empresas multinacionais que ocuparam e se apossaram de partes do território grego que haviam sido hipotecadas como garantias para a concessão de empréstimos… que não foram reembolsados. É por isso que agora, e por exemplo, os dois estádios olímpicos de Atenas, tanto o velho como o novo, são da Sony, a cidade de Maratona é da Mercedes, o Monte Olimpo é da Nike e a Acrópole é da Coca-Cola.»
Quem leu poderá ter pensado que se tratou de algo rebuscado, até delirante, exagerado, excessivo como «convém» nestes casos… neste tipo de exercícios literários. No entanto, e como que comprovando novamente que a realidade, frequentemente, imita a ficção e pode ser inclusivamente mais estranha do que aquela, li no Público, no passado dia 17 de Março, uma notícia assinada por Cláudia Carvalho intitulada «Protestos na Grécia por Governo querer vender edifícios históricos». Onde se pode ler: «(…) O Governo grego continua a procurar soluções para menorizar os efeitos da crise. Depois de na semana passada ter dado luz verde à privatização de alguns monumentos e sítios arqueológicos importantes, o Ministério da Cultura grego pondera agora vender edifícios históricos. A decisão está a gerar controvérsia e protestos no país. (…) O primeiro-ministro Antonis Samaras pediu que se fizesse um levantamento dos edifícios pertencentes ao Estado para assim avaliar aqueles que podem ser vendidos. Listados para venda estarão já as propriedades construídas em 1922 para os refugiados da guerra greco-turca e ainda alguns andares do Ministério da Cultura instalados em edifícios neoclássicos no bairro turístico de Plaka. Pela sua história e importância arquitectónica, estes edifícios são vistos como jóias da arquitectura da Grécia. (…)»
Sabendo isto, é com alguma expectativa que fico à espera para ver se é concretizada outra «previsão» que fiz em «Segundo Ultimatum Futurista» relativa àquele país: «Nem a equipa que venceu o Campeonato da Europa de Futebol de 2004 foi poupada nas medidas e tentativas desesperadas e drásticas para pagar as dívidas: todos os jogadores que a integraram, verdadeiros heróis helénicos, foram vendidos ao Schweinsteiger’s, um famoso e exclusivo bordel em Berlim dedicado à prostituição homossexual masculina sado-masoquista.» (Também no Simetria.)

quinta-feira, maio 01, 2014

Ocorrência: Há 20 anos, ele desapareceu

No meu artigo «Mestre, Profeta Santo», escrito e publicado em 2004 (no décimo aniversário da sua morte), e incluído no meu livro «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um País», eu recordei Agostinho da Silva, e de como os dez anos, entre 1984 e 1994, em que com ele convivi, coincidiram, curiosa e exactamente, com o mesmo período de tempo entre o falecimento do meu pai (em 1984) e o nascimento da minha primeira filha (em 1994). Porém, e pensando bem, existiu uma outra pessoa, cujas iniciais são também AS, cujo último apelido foi igualmente (da) Silva, que conheci e que admirei – à distância, e não pessoalmente – precisamente na mesma década: Ayrton Senna. Hoje assinala-se o vigésimo aniversário da sua morte, aquando do Grande Prémio de San Marino, no Circuito de Imola.
A primeira vez que ouvi verdadeiramente falar dele, em que o seu nome e o seu talento se destacaram decisivamente, e não só para mim, foi durante o Grande Prémio do Mónaco de 1984, a 3 de Junho – cinco meses antes de o meu pai morrer. Disputada à chuva, a prova mostrou pela primeira vez a grande aptidão de Ayrton Senna para correr naquelas difíceis condições – confirmada no ano seguinte pela sua primeira victória em Fórmula 1, no Grande Prémio de Portugal, no Estoril, novamente em piso molhado. A sua estreia no lugar mais alto do pódio podia, eventualmente, ter acontecido junto às ruas e à baía de Monte Carlo se a corrida não tivesse sido interrompida a meio após vários pedidos nesse sentido feitos por um Alain Prost que via o seu avanço sobre o brasileiro diminuir constantemente a cada volta. No entanto, tal acabou por não ser muito grave porque dos 41 triunfos de Ayrton seis foram no principado, cinco dos quais consecutivos.
A minha paixão pelo Benfica foi quase integralmente substituída pela minha devoção a Ayrton Senna. No «dia santo» o futebol era relegado para segundo plano sempre que havia automobilismo. Gritava e pulava de alegria quando ele ganhava, contorcia-me e rosnava de raiva quando ele não ganhava. Senti o seu prematuro, chocante, desaparecimento – em corpo, não em espírito – como uma tragédia quase pessoal. E procurei transmitir tudo aquilo que ele significa(va) para mim no meu poema «O elmo»: «(…) Era aos domingos que ele demonstrava a sua fé, e ao chegar à meta fazia de cada circuito uma igreja. Subia ao altar, erguia o troféu, bebia do cálice e orava, celebrando uma missa depois da motorizada peleja. (…) E no dia em que, com 34 anos, entraste para a eternidade, ninguém quis chorar porque ninguém acreditou de imediato. Visto do alto, o teu corpo, o teu carro, crucificado, imolado, como um mártir prestes a ser canonizado e santificado. Há quem diga que aquele que experimentar o teu elmo poderá ver imagens indescritíveis nunca antes sonhadas. Meu ídolo, meu irmão no idioma, que saudades eu tenho de exultar com a tua arte e a tua velocidade inultrapassadas.» (Também no MILhafre (87).)