segunda-feira, janeiro 30, 2006

Organização: «Os Novos Descobrimentos» registado na IGAC

Entreguei hoje, 30 de Janeiro de 2006, na sede da Inspecção-Geral das Actividades Culturais, situada no Palácio Foz, em Lisboa, o requerimento de registo de direito de autor - que deu entrada sob o número 489/06 - sobre mais uma obra: «Os Novos Descobrimentos» é um livro que reúne ensaios sobre história, economia, língua e cultura portuguesas e lusófonas escritos – a «solo» ou em «dueto» - por mim e pelo meu amigo Luís Ferreira Lopes, também jornalista, actualmente editor de economia da SIC.
Alguns desses ensaios são inéditos, mas na sua maioria são artigos publicados em diferentes jornais e revistas. O primeiro, e que dá título ao livro, foi editado no Diário de Notícias em 1988; o relato de uma viagem ao Brasil feita por um grupo de jovens portugueses é o pretexto para uma reflexão, não só sobre a estratégia então seguida nas comemorações dos Descobrimentos Portugueses, mas também sobre o papel de Portugal no Mundo em geral e a relação do nosso país com os outros povos de língua oficial portuguesa em particular. Estes são também os temas dominantes em praticamente todos os outros textos seguintes, dos quais se pode destacar «Vozes pela lusofonia: propostas de estratégia para o “reencontro de culturas”», editado na revista Finisterra (em dois números) em 1994, e ainda «Comunidade lusófona: para que te quero?», editado no Diário Económico em 1996. O último texto no livro está datado de 1999/2001.
No prefácio está escrito que este livro não é nem pretende ser «uma obra de carácter científico» mas assenta na convicção de que «Portugal só conseguirá verdadeiramente ultrapassar os seus problemas, tanto os ancestrais como os recentes, e alcançar plenamente a sua grandeza intrínseca, quando assumir como prioridade, de uma forma clara, a defesa e o engrandecimento da lusofonia.» Na verdade, «há vinte anos muito poucos eram os que ousavam questionar as consequências da adesão de Portugal à Comunidade Europeia para lá dos milhões dos fundos comunitários; e que, além disso, insistiam mesmo que não era só na Europa que se poderia encontrar as respostas às nossas perguntas e as soluções para os nossos problemas.» Sempre actual, este debate ganha actualmente uma especial relevância à medida que se aproxima o décimo aniversário da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que se celebrará no próximo dia 17 de Julho.
Entretanto, no passado dia 16 de Janeiro apresentámos na Sociedade da Língua Portuguesa, em Lisboa, a candidatura deste livro ao Grande Prémio Internacional de Linguística Luís Filipe Lindley Cintra 2005, promovido por aquela instituição.
«Os Novos Descobrimentos» espera, agora, uma editora que se disponha a publicá-lo e a promovê-lo.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Outros: Contacto com o CIMP

Sendo eu um apaixonado e, de certa forma, um estudioso da música, não poderia deixar de me regozijar pela criação do Centro de Informação da Música Portuguesa. Pelo que decidi enviar ontem, 26 de Janeiro, uma mensagem aos seus fundadores e dinamizadores.
Começando por lhes dar os parabéns pela constituição do Centro, classificando-a como «uma iniciativa importantíssima, indispensável, que, de facto, já tardava», a seguir fazia um apelo para que «efectivamente, e assim que vos for possível, alarguem a vossa acção a outros géneros... e, muito especialmente, a outras épocas. Sou um apreciador de música portuguesa em geral, mas, recentemente, tornei-me grande admirador – e consumidor – de música portuguesa do século XVIII.» Tal aconteceu, obviamente, por ter escrito o livro «Espíritos das Luzes» e ter iniciado o projecto de reconstituição virtual da Ópera do Tejo – que, aliás, «convidei» o CIMP a «visitar» no sítio da ARCI. E prossegui dizendo acreditar que já era mais que tempo que compositores como Carlos Seixas, Francisco António de Almeida, João de Sousa Carvalho, Marcos Portugal e João Domingos Bomtempo, entre outros, «sejam resgatados ao esquecimento quase completo em que permanecem; já é mais que tempo que os portugueses – e os estrangeiros – saibam que, contemporâneos de Bach, Haendel, Mozart, Rossini, Beethoven, e outros, houve compositores portugueses que atingiram a excelência – e, em alguns casos, a fama - nas suas épocas, e que pouco ou nada ficaram a dever a essas grandes figuras estrangeiras que continuamente são reverenciadas e tocadas pelas nossas orquestras (e passadas nas nossas rádios e televisões...). Em Portugal existe um passado musical magnífico que deve ser divulgado, aquém e além fronteiras, e de que nos devemos orgulhar... e que representa igualmente uma herança, e uma validação, de um presente musical que se pretende cada vez mais desenvolvido e relevante.»
Hoje, 27 de Janeiro, recebi a resposta da CIMP, através de João Carlos Callixto:
«Caro Octávio dos Santos: muito obrigado pelo seu contacto e pelo interesse no trabalho desenvolvido pelo Centro de Informação da Música Portuguesa. Parabéns pelas importantes iniciativas que tem desenvolvido e pelo contributo que tem prestado para o reconhecimento e divulgação da cultura musical portuguesa: é uma motivação e afinidade que certamente nos une. Em relação ao seu segundo ponto, é evidente a necessidade de alargar géneros e épocas representadas actualmente no site do CIMP. Todavia, e por estranho que possa parecer, é sobretudo o século XX português que apresenta as maiores carências em termos de levantamento de documentação e de trabalho musicológico, tendo sido essa uma das principais razões que nos levou a começar a orientar o nosso estudo por essa época. Com o tempo, e em função dos recursos humanos e financeiros de que dispusermos, ocupar-nos-emos de outras épocas e géneros. Neste momento, o compositor com a mais antiga data de nascimento é Luís de Freitas Branco, mas progressivamente iremos recuando algumas décadas e abrangendo criadores de outras áreas musicais. (...) Mantemo-nos desde já ao seu dispor para qualquer outro tipo de sugestão ou comentário que pretenda fazer, na certeza que só com a colaboração de todos os interessados poderemos de facto prosseguir da melhor forma o nosso trabalho.»
O Centro de Informação da Música Portuguesa é uma – nova - instituição cujo trabalho merece, de facto, ser acompanhado e apoiado.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Outros: SbH - e «Visões» - no Lifecooler.com

A partir de hoje, 24 de Janeiro de 2006, está publicado no sítio Lifecooler.com – um associado do portal IOL – um artigo intitulado «Audiolivros: ler com os ouvidos», da autoria de Ana Raposo, onde, para além de uma breve retrospectiva «histórico-técnica» do conceito – e do produto – que é o audiolivro, se faz referência à editora Solutions by Heart e às obras (actuais e futuras) do seu catálogo – entre as quais «Visões», da minha autoria.
Esta é apenas a mais recente presença da SbH e do meu livro nos media nacionais. Já na viragem de 2005 para 2006 – a seguir ao Natal e ao Ano Novo, mais concretamente – tanto a editora como a minha obra haviam sido objecto de uma reportagem, exibida, mais do que uma vez, nos principais serviços noticiosos da RTP 1.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Obras: «Festas»

«(...) 6 de Janeiro. Era o Dia de Reis, e toda a família estava reunida para mais uma festa.
Esta data marca, pode dizer-se, o fim da época de Natal. Assinala aquele outro dia acontecido, segundo a lenda, há muitos, muitos, muitos anos, em que três homens muito importantes dessa época, os Reis Magos, de nomes Baltazar, Gaspar e Belchior, visitaram o Menino Jesus e lhe ofereceram ouro, incenso e mirra. E é por isso que existem sítios no Mundo onde é neste dia, e não no de Natal, que são oferecidas as prendas. Para os nossos heróis este Dia de Reis tinha um significado bem especial porque... estavam na companhia de um rei! O Rei Momo, meio a sério, meio a brincar, dizia-lhes: "Quem sabe se eu não descendo de Baltazar? Não tinha ele a pele escura, como eu?"
Uma vez mais, os nossos amigos estavam em movimento, em viagem. Mas desta vez deslocavam-se não numa estrada mas sim numa linha férrea. Estavam num comboio, num enorme comboio, o maior que já tinham visto. Haviam partido ao fim da tarde do dia 1 de Janeiro. O Pai Natal Principal decidira, depois de se reunir e consultar os seus colegas, retribuir a visita do Rei Momo ao País do Natal... com uma visita sua ao Reino do Carnaval. Explicou ele: "Será uma expedição magnífica como nunca se viu antes! Juntas, as gentes do Carnaval e do Natal formarão a maior embaixada de culturas, um invencível exército de paz! Levaremos a mensagem da alegria, do desenvolvimento, da tolerância, do entendimento, do sucesso, enfim, da ordem e do progresso, a outros países e a outros povos que destes valores estão muito necessitados. Proponho-vos, porém, que tomemos outro rumo. Em vez de regressarmos pelo mesmo caminho, para Ocidente, iremos para Oriente. E em vez de irmos, como vocês vieram, em caravana, em cortejo, pela estrada, iremos no nosso comboio. É mais rápido, mais seguro, e, além disso, nos sítios por onde iremos passar está agora muito frio. Para cá o Rei Momo, depois de atravessar o oceano Atlântico, chegou a Portugal, e depois passou por Espanha, França, Bélgica e Holanda, Alemanha, a Escandinávia... até que chegaram aqui. Nesta viagem continuaremos no mesmo sentido, e faremos, praticamente, uma volta ao Mundo! Vamos! Vai ser formidável!" (...)
Este dia estava a correr calmamente, tranquilamente, embalado pelo comboio. Tudo levava a crer que nada de extraordinário iria acontecer. Mas aconteceu mesmo! De repente, uma travagem mais forte manda todos os passageiros para o chão, uns para cima dos outros. Das mesas, dos armários e das prateleiras caem louça e talheres, malas, livros, e muitas outras coisas, que ficaram desarrumadas e espalhadas. Ficou tudo numa bagunça! Felizmente, e por sorte, ninguém ficou ferido, apenas uns arranhões e umas nódoas negras. Foi mais um grande susto! Mas o que teria acontecido? O que se teria passado lá fora que obrigara o maquinista a parar o comboio tão depressa? Assim que se levantaram, e que tiveram a certeza que estavam bem, correram para as janelas... e o que viram pregou-lhes outro, e ainda maior, susto!
Estavam cercados por um exército, com soldados e com canhões. Estes apontavam para o comboio, para a locomotiva, para as carruagens e para os vagões! Quem seriam eles, e o que queriam? Eram centenas, e parecia que vinham do passado, de uma aula de História, de um livro ou de um filme: os seus uniformes eram antigos, iguais aos que usavam os militares do início do século dezanove. Os chapéus altos com pala, os casacos de estilo jaquetão de cores azul e encarnada, as calças brancas justas, as botas pretas de cano alto. Às costas usavam uma mochila, nas mãos tinham uma espingarda com uma baioneta. Muitos montavam cavalos. Eram como soldadinhos de chumbo, mas em tamanho grande... e vivos! (...)
Então, saíram, de entre as fileiras de soldados, três cavaleiros, que começaram a descer a colina. Quase de certeza que eram os líderes daquele estranho exército: via-se pelo porte garboso que ostentavam, pelas medalhas no peito que mostravam... Contudo, a meio caminho, os três desequilibraram-se... e caíram! Por entre muitos insultos murmurados entre dentes, e os risos dissimulados dos seus soldados, lá voltaram a montar os seus corcéis e continuaram, um pouco abalados, amarrotados... e também um pouco sujos. Quais seriam as suas intenções? Amistosas ou hostis? Em breve iriam saber. Aproximaram-se. Pararam. E apresentaram-se.
"Salve! Eu sou o General Junot...", disse o primeiro. "... Eu sou o General Soult...", disse o segundo. "... E eu sou o General Massena", disse o terceiro. "Somos descendentes dos oficiais com o mesmo nome que, há muitos anos, estiveram sob as ordens do grande imperador Napoleão", disse Junot. "E hoje, tal como ontem, os ideais, os princípios pelos quais nos guiamos e orientamos o nosso combate, mantêm-se. Liberdade, igualdade, fraternidade! Lutamos contra todos os tiranos, onde quer que eles se encontrem", reforçou Soult. "É uma feliz coincidência que, neste Dia de Reis, tenhamos encontrado mais um dos que se dizem soberanos, que se intitulam monarcas, enfim, mais uma das infames cabeças coroadas. Ó tu, que dizes chamar-te Rei Momo, prepara-te para dizer as tuas últimas orações! O teu crime é ainda mais hediondo porque, se tens a pele negra, não és mais do que um mísero escravo a usurpar um trono que nem sequer existe. Se ainda não sabes, vais ficar a saber o que fazemos no nosso país a indivíduos da tua laia... cortamos-lhes as cabeças! Tragam a guilhotina!", sentenciou Massena. (...)
(Excertos do meu livro «Festas», uma narrativa infanto-juvenil... para todos!)