segunda-feira, maio 28, 2012

Observação: «Rodriguinhos»

Rodrigo Moita de Deus revelou-se recentemente como uma grande (des)ilusão… para mim, pelo menos. Não por ter prescindido da sua independência político-partidária ao entrar para a comissão política nacional do PSD e reflectir esse novo «estatuto» no seu blog 31 da Armada, onde, nos últimos meses, tem vindo crescente e consistentemente a defender as pessoas e as posições do actual governo. Não há qualquer problema nisso, ele está no seu direito, e saúde-se, pelo menos, o facto de o assumir claramente, frontalmente, sem anonimatos ou «pseudonimatos», ao contrário, por exemplo, dos nojentos lambe-botas «súcia-listas» e «só-cretinistas» que defecavam para a blogosfera a partir do antro «goebbelsiano» denominado Corporações/Câmara Corporativa.
O que me espanta sim, e muito, na nova atitude de Rodrigo Moita de Deus é a sua concomitante conversão ao «aborto pornortográfico». Antes de avançar mais, recordo o que já disse e afirmei, mesmo que por outras palavras, sobre o cerne deste problema: o pior, o mais grave, não é que existam (alguns, poucos) pervertidos, loucos, degenerados, capazes de conceber e de expelir aberrações como o AO90; o pior, o mais grave, é que existam (muitos) indivíduos que, exibindo diferentes graus de cobardia, se submetam a tais aberrações, que aceitem o inaceitável e que justifiquem o injustificável. E, sim, continuo a espantar-me com as sucessivas desistências a que assisto à minha volta, tanto de familiares, amigos, colegas, pessoas que conheço, como de «figuras públicas». Destas já dei exemplos anteriormente, e eis agora mais dois: Guilherme de Oliveira Martins e Marcelo Rebelo de Sousa, dois conceituados (?) juristas com pretensões «colturais» (o primeiro é – mas não merece ser – presidente do Centro Nacional de Cultura!) que, precisamente devido a essa dupla «qualidade», deveriam ter sido dos primeiros a rejeitarem inequivocamente o dito cujo; porém, e pelo contrário, aceitam-no com o conformismo e a mediocridade tão característicos do «bloco central» de cumplicidades e de interesses que tanto tem inquinado a sociedade portuguesa, e de que eles são como que (um)a personificação.         
O debate e o combate sobre o AO90 é transversal à esquerda e à direita, a republicanos e a monárquicos – há apoiantes e opositores do «coiso» em todos os campos. No entanto, e como também já afirmei e demonstrei, é um facto que o conceito e a práctica de «alterar a ortografia num dia através da burocracia» em Portugal surgiram com (e é típica d)a República. É, pois, por isso que Rodrigo Moita de Deus como que comete uma «traição» e renega todo o seu passado recente, e bem-sucedido, de activista subversivo, mas imaginativo, inofensivo e bem-humorado, pela Monarquia. Ele que, juntamente com mais alguns membros do seu grupo, teve a coragem de afrontar as «múmias paralíticas» do regime no próprio dia 5 de Outubro de 2010 e em plena Praça do Município de Lisboa, compensando, mais ou menos, a ausência da Real Associação de Lisboa e da Causa Real nessa data (na) capital, acabou por se «sentar» ao lado dessas «múmias» (do «Egito»?). Será que ele não percebe que, ao escrever «adjetivo», «excecão» e «retidão», é como se estivesse a arrear uma bandeira azul e branca e a hastear uma verde e vermelha? Tal como Darth Vader, que ele tanto gosta de invocar, RMD «passou-se» para o «lado negro da Força». Que lhe faça bom proveito. (Também no Esquinas (125) e no MILhafre (58).)   

terça-feira, maio 22, 2012

Observação: nAO à APDC

Ontem enviei uma mensagem à Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, instituição em que trabalhei entre 1999 e 2003, mais concretamente como jornalista na revista Comunicações, e que a seguir transcrevo:   
«(…) Hoje (segunda-feira, 21 de Maio) recebi pelo correio a edição Nº 203 (Maio 2012) da revista Comunicações. E, tal como eu esperava, e receava, a revista continua a seguir o denominado "Acordo Ortográfico de 1990" introduzido na edição anterior – tal como, deduzo, toda a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações nos seus restantes meios e suportes de comunicação. É, pois, com profunda desilusão que confirmo que a Associação não seguiu as minhas recomendações, expressas em mensagens que enviei em Março e Abril últimos, e baseadas em factos incontestáveis, no sentido de cessar a sua cumplicidade com aquilo que é um atentado à língua e à cultura portuguesas, e, em última instância, à própria dignidade nacional. Não aceito estar ligado a uma instituição que, deliberada e levianamente, permite tornar-se num mero apêndice de uma das suas empresas associadas e, desse modo, se coloca numa via que a conduzirá inevitavelmente à sua total descredibilização e irrelevância. Assim, e por tudo isto, comunico que a partir deste momento deixo de ser sócio (Nº 1900) da APDC; e, em consequência, não voltarão a enviar-me, não só qualquer próxima edição da revista Comunicações, mas também qualquer tipo de correspondência e de informação, seja em papel ou electrónica. (…)».
Efectivamente, a 28 de Março enviara a seguinte mensagem para Pedro Norton (da Impresa), presidente da Direcção da APDC: «(…) Foi com uma considerável - e desagradável - surpresa que constatei, na mais recente edição da Comunicações (Nº 202, 2012/2), que a mesma passou a utilizar o dito “Acordo Ortográfico de 1990” - e, posteriormente, também verifiquei que no sítio da Associação sucedeu o mesmo. Ora, não sendo a APDC um organismo do Estado mas sim, pelo contrário, uma entidade privada (que congrega outras, e bastantes, empresas privadas), nada a obriga a adoptar a suposta “nova ortografia”. Aliás, mesmo que fosse uma instituição pública também não: como já foi amplamente demonstrado por diversos especialistas em diversas ocasiões, o AO90 não tem qualquer consistência, sustentabilidade... e legitimidade jurídica, tanto no plano interno como no externo. Não só não está em vigor como nunca deverá entrar em vigor. Isto, claro, para além da aberração injustificável que constitui nos planos cultural e político. Se o carácter incongruente, e mesmo ridículo, do AO90 já é por de mais evidente na utilização quotidiana, generalizada, do Português, torna-se ainda mais nítido quando aplicado a um sector, a uma área tão específica como são as Tecnologias de Informação, Media e Telecomunicações, em que abundam os anglicismos. O mesmo é dizer, (muitas) palavras derivadas, entre outras, de “act” e de “direct”, com consoantes “mudas” e repetidas, e, claro, até com “ph”. Pelo que a APDC em geral e a Comunicações em particular perderão irremediavelmente credibilidade se, o mais rapidamente possível, não voltarem a utilizar a ortografia portuguesa normal. (…) Acredito que o desenvolvimento das comunicações se faz em primeiro lugar, antes da adequada utilização de tecnologias, da correcta utilização da língua - afinal, o mais primordial, mais fundamental, meio de comunicação. E o lamentável, anti-democrático “acordo ortográfico” constitui indubitavelmente não um contributo para o desenvolvimento das comunicações mas sim, pelo contrário, para o seu definhamento. (…)» Até hoje não obtive resposta a esta mensagem…
… Tal como nunca cheguei a ser informado, apesar de o ter solicitado, se a utilização do AO90 havia sido aprovada em Assembleia Geral da APDC, cujo presidente da Mesa é Eduardo Fitas (da Accenture). Em mensagem enviada a 10 de Abril, perguntei: «(…) Quem, concretamente, “entendeu que iniciaríamos este processo de ajustamento no ano de 2012”? A Direcção? Com certeza que sabe que uma decisão desta importância teria de ser necessariamente tomada, ou pelo menos ratificada, pela AG. Porque, volto a reafirmar este facto, nada, repito, nada existe com força legal que possa obrigar a Associação a adoPtar o AO90.»
Como ilustração, e demonstração, do ridículo em que a APDC caiu, atente-se neste excerto do editorial da edição Nº 203 da Comunicações, assinado pela chefe de redacção da revista, Isabel Travessa, licenciada em Direito e há 14 anos no cargo: «As expetativas são muitas e os grandes grupos mundiais já se estão a posicionar neste novo ecossistema, que envolve players tão distintos como operadores, instituições financeiras, retalhistas e OTT.» Um editorial em que também se faz referência a algo denominado de «espetro». Não é tão empolgante a modernidade? (Também no Esquinas (124).)    

domingo, maio 13, 2012

Observação: A força e a técnica

A pergunta justificava-se: «se», «quando», «como» e com «quem» iriam reagir os cultistas do AO90 ao crescimento avassalador de intervenções públicas, impressas e não só, contra o dito cujo? O «se» concretizou-se «quando» Vasco Graça Moura ordenou que no Centro Cultural de Belém se deixasse de usar a «ortografia» desviante – custa-lhes a crer que existam pessoas que tenham a coragem de passar das palavras… aos aCtos. «Como»? Recorrendo, contra a força da técnica… à técnica da força. «Quem»? Entre «lacraus» por convicção e «lacaios» por obrigação, não mais do que os «suspeitos do costume»…
… O mesmo é dizer, os «cadáveres adiados» do «só-cretinismo». Que saudades de António Guterres, com quem pelo menos havia um mínimo de dignidade e de honra – com ele nenhuma «causa fracturante» se concretizou, linguística ou outra! Por ter questionado (tardiamente…) o AO90, Francisco Assis talvez mereça alguma tolerância. Mas muitos dos seus «camaradas» não. Nomeadamente: João Tiago Silveira, para quem o presidente de uma fundação criada pelo Estado, nomeado pelo Governo, teve «atitudes terroristas» ao «desrespeitar impunemente as opções legítimas e democráticas do Estado português» - pois, só que essas opções não foram nem legítimas nem democráticas…; Augusto Santos Silva, para quem Vasco Graça Moura tornou o CCB num «instrumento da sua luta pessoal» - algo que não deveria indignar quem tanto gosta de «malhar na direita». E há o inevitável Francisco Seixas da Costa, que, incorrigível, aparentemente não satisfeito com os «correctivos» que já lhe apliquei anteriormente (sobre bandeiras nacionais e sobre artigos em jornais), reincidiu, desta vez verberando uma suposta «brigada do asterisco» (percebem? É uma alusão à «brigada do reumático» salazarista… tão espirituoso, o Chico!) que, liderada por VGM, insiste em escrever os seus artigos «segundo a antiga ortografia» - só que o Sr. Embaixador em França parece «esquecer-se» de que os asteriscos são colocados, quais «estrelas de David» nos braços dos «inferiores», não pelos próprios mas sim pelos «guardas dos guetos» linguísticos que são todos os «acordistas» colaboracionistas… aliás, ele próprio deveria usar um, porque admitiu no seu próprio blog que não gosta deste AO porque «está cheio de incongruências, tem soluções menos boas e induz, por vezes, à confusão», mas que, porém, «como cidadão, sendo o Acordo uma lei da República, acho que devo cumpri-la, goste dela ou não»! Ah, «valente»! Só faltou acrescentar «a bem da Nação»! Parece que «temos» homem! Ou será que é «omem»?
No entanto, e na verdade, não é só no PS que se encontram apologistas da anormalidade ortográfica. É extremamente deprimente, penoso, triste, ler Pedro Santana Lopes criticar Vasco Graça Moura e lembrar (com orgulho?) que Aníbal Cavaco Silva o incumbiu de negociar e de assinar o AO para que «o português falado em Portugal não ficasse com um estatuto equivalente ao do latim.» Como é possível que, decorridos mais de 20 anos, e depois de várias demonstrações de deslealdade e de desprezo que recebeu do boliqueimense, Santana ainda lhe mostre qualquer tipo de fidelidade? Entretanto, ele ainda não escreve os seus textos com a nova grafia «porque ainda não o decidi fazer». Eu digo – e disse-lhe, no seu blog – que não o faz porque sabe que se enganou, e desafiei-o a admitir isso mesmo.
Não nos devemos surpreender (muito) que, da parte de (alguns) políticos, pessoas sem carácter e sem escrúpulos, haja sempre disponibilidade para defenderem o indefensável e dizerem e fazerem o que lhes mandam. «Coitados», não é defeito mas sim feitio! Mais grave, muito mais grave, é que o mesmo comportamento seja tido por elementos de outras profissões que deveriam estar nas primeiras linhas da frente da batalha contra o totalitarismo cultural, o fascismo linguístico e o neo-colonialismo ortográfico (o AO90 também surgiu como reacção às independências dos PALOP e às prováveis «derivas alfabéticas» daqueles). Como os jornalistas e os professores.
De entre os primeiros destacam-se, enquanto defensores da ignomínia e da infâmia linguísticas, Paulo Querido, José Carlos de Vasconcelos e Henrique Monteiro. O ex-director do Expresso, aliás, é o autor de um dos mais vergonhosos artigos de que há memória sobre este assunto (e não só) publicados na imprensa portuguesa, e em que não só se queixou de que «duas décadas depois de concluído, quatro anos depois de aprovado por ampla maioria no Parlamento, milhões de euros de investimentos depois, renasce a ofensiva contra o Acordo Ortográfico», e nessa «ofensiva» há «muita teimosia e alguma ignorância», como ainda declarou que «não aceito que uma lei discutida durante mais de 20 anos seja constantemente colocada em causa»! Por outras palavras, para aqueles que não perceberam: ele, «jornalista», recusa-se a considerar válida uma opinião contrária à dele, e que é partilhada pela maioria da população – isto é, uma maioria de potenciais leitores – de uma forma consistente há mais de duas décadas. Duas hipóteses: é o Monteiro uma desgraça para a profissão… ou enganou-se na vocação? Provavelmente, as duas são verdadeiras…
… Tal como o são para Edviges Ferreira, presidente da Associação de Professores de Português, e que constitui uma personificação (há outras…) da incompetência e da degenerescência que têm marcado a educação em Portugal. O facto de esta… criatura ocupar o cargo que ocupa apenas demonstra que os docentes – de português, pelo menos – não têm qualquer noção de decência. Num aspecto ela acaba por ter razão (embora não da maneira que pensa): «andam a brincar com o ensino, com os professores, com os alunos, com os pais, com toda uma comunidade.» Pois andam, e o «aborto ortográfico» é a maior «brincadeira» (de mau gosto) – e já foram tantas – de todas as que já foram feitas nas escolas nacionais. O que não espanta, porque o AO90 só podia ser uma ideia de (maus) palhaços. E a «palhaçada» não parece preocupar (muit)os professores: sempre prontos para protestarem, para se manifestarem, para fazerem greve contra o que não querem e o que não gostam nas suas avaliações, progressões e remunerações, mostram-se, em geral, bastante apáticos, colaborantes e permissivos na aplicação do AO90. Será cansaço?
Assim, e porque o tema é a aprendizagem, proceda-se a uma (breve) «revisão da matéria dada»: só neste país é que há a mania de alterar a ortografia com «data marcada» - e essa mania começou com os republicanos, que mudaram o modo de escrever tal como mudaram a bandeira e o hino, os nomes das ruas e o do bolo-rei; o AO90 não «uniformiza» a ortografia, muito pelo contrário, devido ao aumento das duplas grafias; os seus apologistas deveriam deixar de se referir ao «ph da farmácia» se não quiserem continuar a cobrir-se de ridículo – todos os anglófonos e todos os francófonos usam (e muito) o «ph» e as consoantes «mudas» e repetidas (sim, eles são tão «atrasados», «subdesenvolvidos» em relação a nós); continua por explicar a «lógica» de escrever as estações e os meses do ano com letra minúscula, e de se continuar a utilizar o «h» como primeira letra de palavras; o «acordo» enferma de grandes, graves, anomalias jurídicas, tanto ao nível interno (uma resolução não vale mais do que um decreto) como ao nível externo (se nem todos os países o ratificaram, não está em vigor), e isso já era indiscutível antes mesmo de, em bastantes tribunais portugueses, diversos juízes – indivíduos com juízo – começarem a recusar-se a aplicá-lo e a utilizá-lo; e nem no comunicado final de uma reunião dos ministros da Educação da CPLP foi utilizado, apesar de ter sido o assunto principal daquela… sem dúvida por no mesmo se reconhecer que o AO90 contém «constrangimentos e estrangulamentos»! (Também no Esquinas (122) e no MILhafre (57). Referência aqui.)

sexta-feira, maio 04, 2012

Orientação: No Obamatório pode ler-se…

… Entre os vários textos que escrevi recentemente para aquele meu outro blog: como é que os democratas inventaram que os republicanos declararam uma «guerra às mulheres»; que os democratas têm mais problemas com a lei do que os republicanos; que Barack Obama comeu cão quando era mais novo, e não parece estar arrependido; festas de funcionários públicos norte-americanos à custa dos contribuintes; os maus, preocupantes, verdadeiros números da economia dos EUA; a Casa Branca a fazer fraca figura perante o Kremlin; verdades que parecem mentiras na grande nação do outro lado do Atlântico; «liberais progressistas» continuam a ter medo de Sarah Palin e a tentar destruí-la; o que realmente se passa no Afeganistão; um retrato fidedigno de Rick Santorum; os terroristas amigos de Obama. Tudo isto e muito, muito, muito mais, que a comunicação social portuguesa, em geral e sem surpresa, continua a não divulgar. (Também no Esquinas (121).