domingo, outubro 15, 2023

Observação: Sobre o alegado «3º Congresso Eça»

Está marcada para amanhã, 16 de Outubro de 2023, na Biblioteca Nacional de Portugal, a realização do «3º Congresso Internacional Eça de Queiroz 150 Anos»... ou do «3º Encontro Internacional Eça de Queiroz 150 Anos». Afinal, é «congresso» ou «encontro»? Nesta divergência entre as entidades principais que promovem o evento fica desde logo aparente que algo não estará bem com aquele. E, efectivamente, assim é. Apesar de supostamente ser a terceira edição de uma iniciativa que eu concebi e cujas duas primeiras edições decorreram, com a minhas co-organização e participação, em 2019 e em 2021, na verdade aquela não tem legitimidade enquanto tal. Desautorizo, repudio, o ajuntamento agendado para amanhã na BNP. E, obviamente, desta vez não estarei presente...
... Porque a forma e o conteúdo do que está agendado não corresponde de modo algum ao que eu defini em Abril de 2022, em mensagem que então enviei ao Presidente da Direcção do Movimento Internacional Lusófono e co-organizador nas duas edições anteriores: «um terceiro congresso dedicado a Eça de Queiroz nos 150 anos do início da sua actividade enquanto diplomata, mais concretamente como cônsul em Havana, com alusões inevitáveis às suas viagens aos Estados Unidos e ao Canadá, e ainda ao início da escrita, nesse período, de “Singularidades de uma Rapariga Loira” (...) e de “O Crime do Padre Amaro”. O evento poderia ter como subtítulo, ou “mote”, “José Maria na América” (...); alargar igualmente o seu âmbito à recepção da obra de EdQ no Brasil». Definido o mês de Outubro de 2023 como período de concretização, anunciei aqui em Janeiro e em Fevereiro últimos a realização do congresso e a data limite para inscrições e envio de comunicações. Porém, no início de Setembro era inegável que não estavam reunidas as condições mínimas para a concretização satisfatória do projecto, e disso dei conta ao meu interlocutor habitual: um evento que decorra apenas num dia, e, pior, em metade de um dia, não merece a designação de «congresso», e fica aquém, nesse aspecto, das duas edições anteriores; é fundamental a qualidade dos oradores e das suas intervenções, mas a quantidade não deve ser menosprezada; também para não quebrar o «padrão» estabelecido em 2019 (Sociedade de Geografia de Lisboa) e em 2021 (Palácio Valenças, em Sintra), este ano o evento deveria decorrer igualmente num segundo local, e nesse sentido sugeri a Casa da América Latina em Lisboa; a «pequenez» do «EdQ 3» é agravada pela realização simultânea (a 13, 17 e 20 de Outubro, respectivamente no Porto, Lisboa e Coimbra) do congresso do centenário (da morte) de Guerra Junqueiro, contemporâneo e amigo de Eça; enfim, o terceiro «congresso queirosiano» merece um novo cartaz e não a re-utilização, ou repetição, daquele que serviu para divulgar o segundo. Depois de apresentar estes factos e argumentos ao Presidente da Direcção do MIL propus, se não o cancelamento definitivo, pelo menos o adiamento da iniciativa para 2024; no entanto, a minha proposta foi recusada, pelo que a minha reacção não poderia ser outra que não aquela que agora revelo. 
Não é, todavia, este fracasso que diminui o sucesso dos congressos de 2019 e de 2021 e a minha contribuição para eles, e estarei sempre interessado e disponível para colaborar na evocação do grande artista que foi Eça de Queiroz. Não que tal seja necessário, evidentemente: o autor de «Os Maias» está sempre presente nas nossas consciência e memória colectivas e raramente passa muito tempo sem que a sua vida e/ou a sua obra fiquem em destaque por qualquer motivo, positivo ou negativo. Um exemplo recente disso é a controvérsia sobre a trasladação dos seus restos mortais para o Panteão Nacional, e a minha opinião sobre aquela é inequivocamente desfavorável.

quinta-feira, outubro 05, 2023

Opinião: Sob um segundo «PREC»

Eis-nos em mais um dia 5 de Outubro. E a cada ano que passa é cada vez mais difícil, se não impossível, contrabalançar, atenuar, a desgraça da implantação da república em 1910 com a glória da assinatura do Tratado de Zamora em 1143, em que foi reconhecida pela primeira vez a independência de Portugal. Celebrar esta, hoje, reveste-se porém de uma acrescida ironia, porque ontem a FIFA anunciou que a organização do Campeonato do Mundo de Futebol de 2030 caberá não só ao nosso país mas também a Espanha e a Marrocos! Nações que, como se sabe, ao longo da História muito «contribuíram» para a nossa auto-determinação e para a nossa identidade. Os republicanos portugueses conseguiram finalmente o que sempre almejaram, uma «união ibérica», mesmo que meramente desportiva, no caso futebolística, e com umas «pitadas» de islamismo. 
Esta é apenas, no entanto, a instância mais recente em que os «descendentes» de Afonso Costa demonstram a sua perene falta de patriotismo, o seu profundo desprezo por este país, a sua prolongada negligência perante a verdadeira valorização que se deve fazer dele, a modernização e o desenvolvimento de que este recanto da Europa tanto carece, o que implica principalmente, ou primeiramente, o respeito pela cultura e a afirmação da dignidade nacionais, e não só ao nível institucional. Todavia, nada disto existiu, aconteceu, de uma forma significativa durante «a longa noite socialista» que começou a 25 de Abril de 1974, e, apesar de o período mais negro ter sido, indubitavelmente, aquele em que José Sócrates foi primeiro-ministro, estes últimos quase dez anos protagonizados pela «dupla» Marcelo Rebelo de Sousa & António Costa têm proporcionado muitos, demasiados, momentos constrangedores, embaraçosos, ridículos, vergonhosos; ambos adoram fazer longas viagens de avião para assistirem a jogos de futebol; ambos se subjugaram, como muitos outros, ao «aborto pornortográfico», pelo que até nem foi surpreendente que tanto um como o outro elogiassem - e prefiram - o sotaque brasileiro, nem que recebessem de braços abertos Luís Inácio «Lula» da Silva, comunista criminoso cadastrado que reocupou a presidência da república do Brasil graças à tirania judicial e à fraude eleitoral; bem acolhido em Lisboa foi também Miguel Díaz-Canel, actual ditador de Cuba e herdeiro dos irmãos Castro. E, não, Marcelo a comentar decotes nem é o pior que ele tem feito... A situação já seria suficientemente má unicamente pela corrupção e pela ineptitude crónicas, que possibilitam que, hoje, a «comemoração» da república seja também a da nossa ultrapassagem pela Roménia em indicadores económico-sociais e a da existência de mais de 30 hospitais em diferentes níveis de «desespero»; sucedem-se as greves, não só no sector da saúde mas também nos da justiça e da educação, embora, como é típico de uma sociedade estatizada, a prioridade seja dada aos que prestam os serviços e não aos que «beneficiam» daqueles, mais consumidores (insatisfeitos) do que cidadãos (interventivos)...
... Que, em última análise, são em grande parte culpados do que acontece. Sem dúvida que o governo de António Costa – não apenas a actual «versão» mas sim desde que aquele se tornou, ilegitimamente, primeiro-ministro – é caracterizado, na sua actuação, por «maldade, podridão e perversão», por uma generalizada incompetência e um desavergonhado nepotismo. Porém, há que nunca esquecer que os principais (ir)responsáveis pela existência do dito cujo são todos aqueles que vota(ra)m no PS, em especial nas mais recentes eleições legislativas, que proporcionaram aos «súcia-listas» (mais) uma maioria absoluta. Que não haja ilusões: em Portugal estamos mesmo, desde que José Sócrates tomou o poder, sob um autêntico, segundo, «Processo Revolucionário em Curso», pior do que o de 74-76 porque imposto com a acrítica passividade de uma larga faixa (a maioria?) da população, e que o breve interregno liderado por Pedro Passos Coelho não conseguiu – ou não quis – reverter no essencial. Não se duvide de que estamos em mais um «tempo infame» à conta da extrema-esquerda, e nesta passou a estar incluído o PS após a ascensão do «engenheiro de domingo». Este segundo «PREC» até tem os seus próprios, novos, «ocupas», não de herdades no Alentejo mas sim de estradas e ruas, os terroristas «melancia» da Climáximo («verdinhos» por fora mas «vermelhões» por dentro), estúpidos, irresponsáveis, manipulados, m*erd*s*s agressores de pessoas e de património, que contam, no entanto, com a condescendência das autoridades e a cumplicidade da comunicação social propagandista, «fracturante» e activista.
Aos que se lamentam e que afirmam que «não há esperança, não há saída à vista desta mediocridade de regime», pode-se e deve-se contrapor, perguntar: porque não dedicar também parte dos tempos livres – em especial o das pessoas que supostamente têm essa função por terem cargos de direcção em determinadas organizações – a acções de «agit-prop» com impacto a favor da mudança de regime? Mais do que «matar simbolicamente o socialismo», é preciso matá-lo literalmente, bem como à República. Logo, acabar com o preâmbulo da Constituição não chega: toda ela deve ser rasgada, mandada para o lixo, e substituída por outra. Quanto à pergunta sobre «onde estão os novos capitães (e quiçá outros oficiais, e soldados) indignados para levar a cabo tal empreitada» (de mudança de regime), eu responderia que estão nos quartéis e nas bases, furiosos com a falta e/ou a insuficiência de material e de condições de trabalho – que faz com que, por exemplo, não tenham um navio capaz de vigiar o que russos andam a fazer no nosso espaço marítimo – e ainda com a facilidade com que os paióis neste país são assaltados.
Enfim, e para que a primeira semana de Outubro seja menos deprimente do que o habitual, encontre-se contentamento no casamento, depois de amanhã, dia 7 de Outubro de 2023, de Maria Francisca de Bragança, no Convento de Mafra, uma casa construída por um seu antepassado. Todos sabem, compreendem, que a cerimónia representa(rá) mais do que um simples matrimónio, pelo que seria de esperar que alguns ressabiados revelassem o seu desagrado pelo enlace; nessa circunstância, nada melhor a fazer do que reduzi-los à sua insignificância porque «os cães ladram e a caravana passa». Parabéns aos noivos, e ficam os votos que os filhos deles e os nossos possam viver num restaurado Reino de Portugal. 

domingo, outubro 01, 2023

Orientação: SimSon com 900!

Hoje, 1 de Outubro de 2023, celebra-se mais um Dia Mundial da Música, o que significa também, no sítio da Simetria, a publicação de uma nova edição do projecto Simetria Sonora. E, tal como em edições anteriores, a esta grande lista foram adicionados 50 discos por mim considerados de ficção científica e de fantástico: são agora 900 no total. Como ilustração está a imagem da capa do álbum dos Delfins «Ser Maior – Uma História Natural», lançado originalmente em 1993 – ou seja, há 30 anos. A ouvir… e a descobrir. Tudo, e sempre!