quarta-feira, março 30, 2022

Observação: «Filhos» e «enteados»

Acaso o sector editorial-literário português terá registado alguma melhoria e/ou dado alguns sinais de (verdadeiro) progresso – no sentido de um maior respeito tanto para com o público leitor (real e potencial) como para com os escritores sem «cunhas» e/ou desalinhados com o «sistema» - desde 2018, quando denunciei a fraude perpetrada pela Sociedade Portuguesa de Autores na atribuição de um prémio, e ainda o boicote generalizado (e concertado?) a obras (mais concretamente, uma minha) que divergem do «consenso» quanto à análise da situação política nos EUA?
Nem por isso, a avaliar pelos factos de que vou tendo conhecimento... Seria, por exemplo, de esperar que novas editoras se comportassem de um modo diferente, talvez mais... transparente. Infelizmente, não é o caso da Editorial Divergência, cujo fundador-director-editor principal, para além de ter decidido impor-me «regras» - na verdade, restrições – personalizadas num projecto que eu estava a organizar (e que por isso não se concretizou), mais recentemente confessou(-me) que tem sido sempre membro do júri do Prémio António de Macedo – uma designação que a mim se deve – apesar de saber quem são os autores dos romances supostamente submetidos anonimamente porque... é ele quem os recebe, numa conta de correio electrónico que detém! Algo que coloca em causa, e quiçá até invalida, todas as deliberações – e, logo, todos os «vencedores» – das edições anteriores, incluindo, obviamente, a última, em que o «triunfo» foi para uma obra cujos título e enredo são tão bizarros que se justifica questionar se efectivamente não haveria outra(s) eventualmente mais merecedora(s) da distinção... e de publicação.
E que dizer de alguns escritores ainda novos mas que são já – para muitas, talvez demasiadas, pessoas – como que «vacas sagradas»? Em Portugal dois exemplos se destacam. Um é José Luís Peixoto, cujo mais recente trabalho poderá não ser tão ficcional, e original, como aparenta: uma peça de teatro que provavelmente é um «diário» dissimulado, resultante de uma viagem à Roménia feita por aquele no ano passado – vá lá que, desta vez, não foi à Coreia do Norte; e escreve utilizando o abominável «acordo pornortográfico», pelo que também por isso não merece respeito. O segundo exemplo é Afonso Reis Cabral, que, nem de propósito, trabalhou numa vacaria; tal como Peixoto, também venceu o Prémio José Saramago... mas quando já se sabia de quem ele é descendente; sendo a oposição (e a expressão) entre «filhos» e «enteados» utilizada frequentemente para apontar e salientar injustas diferenças de tratamento, com Cabral justifica-se alargar o grau de parentesco para netos... e trinetos, e é igualmente por isso que ele foi designado, há pouco mais de um mês, como novo presidente do conselho de administração da Fundação Eça de Queiroz; enfim, e tal como o dinheiro, o nome da família não traz necessariamente a felicidade... mas ajuda muito.

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