quarta-feira, novembro 11, 2015

Observação: A ruína, o fim, provavelmente

Com um dos meus melhores e mais antigos amigos troquei recentemente (há quase um mês) algumas mensagens de correio electrónico sobre a actual situação política, as mais recentes eleições legislativas e a personalidade – boa, má, ou falta dela – de António Costa, secretário-geral do Partido Socialista. Convém salientar que o conheci quando ambos erámos militantes da Juventude Comunista Portuguesa, e que, 35 anos depois, ele continua a ser de esquerda mas eu já não…
Começou esse meu amigo por criticar e condenar o artigo de Maria de Fátima Bonifácio, «Costa no seu labirinto», publicado no Observador a 11 de Outubro último. Respondi: «nada do que ela escreveu me pareceu errado ou exagerado. E deixemo-nos de lirismos: discutir as ideias, as palavras, as acções, as atitudes, os comportamentos de um homem... é inevitavelmente discuti-lo - e, eventualmente, atacá-lo – “ad hominem”. E “O Costa dos naufrágios” merece todas as críticas que tem recebido... e receberá.» Além da ligação para aquele meu texto, enviei-lhe depois outras duas: a primeira relativa ao texto «Um homem cheio de qualidades», de Rui Albuquerque, no Blasfémias; a segunda relativa a «uma paródia aos socialistas tugas... com base nos nacionais-socialistas boches», ou, mais concretamente, num (excerto de um) filme regularmente e risivelmente adaptado, divulgada por Miguel Noronha n’O Insurgente. A tudo isto ele respondeu com uma reflexão marcada pela desilusão e pela resignação, abrangendo não só o país mas também os que lhe estão mais próximos, tomando como referência e ponto de comparação o caso de uma outra nação europeia, e tendo como asserção central a certeza (dele) de que Pedro Passos Coelho «não tem legitimidade rigorosamente (alguma) para continuar a fornicar a vida dos portugueses». A isto ripostei…
… Com o seguinte: «Factos: os problemas sofridos por Portugal nos últimos anos foram todos causados e/ou agravados pelos (des)governos de José Sócrates. Nos quais António Costa teve um (mau) papel fundamental: foi, durante bastante tempo, o Nº 2 do ex-preso 44. Lamento que a tua sobrinha tenha emigrado, lamento que a tua irmã tenha visto a situação dela degradar-se. Lamento que os filhos do teu ex-vizinho tenham ficado desamparados (não lamento o pai, cobarde (suicidou-se)). Mas não pode nem deve haver dúvidas sobre quem foram, e são, os verdadeiros (ir)responsáveis. PSD e CDS, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, foram melhores, mas não muito. Há quatro anos votei em PPC; agora, não. Desiludiu-me. E não foi só por manter o “aborto pornortográfico” (que antes criticara); foi também por vender bens públicos a chineses comunistas; por vender a ANA... fosse a quem fosse. Atenuou um pouco a pouca vergonha do aborto incentivado e financiado pelo Estado… mas só porque houve uma iniciativa legislativa de cidadãos (dinamizada por uma ex-deputada do PSD) que o pressionou. E desiludiu-me, claro, por ter aumentado os impostos em vez de os diminuir. É o facto de termos um Estado ganancioso... e ineficiente, que causa, principalmente, a depressão - financeira e psicológica - em que continuamente nos encontramos. Sem dinheiro (tirado pelo fisco) para gastar, pagar, investir, é normal (infelizmente) que muitos portugueses emigrem. E um país sem pessoas e sem dinheiro não tem grandes hipóteses de progredir. É esta, fundamentalmente, a grande diferença entre esquerda e a (verdadeira) direita: esta sabe que só diminuindo impostos e o peso do Estado na sociedade se obtém um real e sustentado desenvolvimento. PSD e CDS não são de direita mas sim de esquerda moderada; BE, PCP e PS são de esquerda radical. Mas atenção: reconheço, concordo, que os três partidos da esquerda radical têm legitimidade para formar um governo... se, obviamente, a força política mais votada - a coligação PSD-CDS - que, logicamente, tem primazia na formação de um novo executivo, não ver este aprovado no parlamento. Então se veria o que aconteceria. A ruína derradeira do país, o fim do regime? Muito provavelmente. Mas até isso não seria, necessariamente, completamente mau: seria uma oportunidade para, quem sabe, uma outra revolução, para restaurar a Monarquia, que é, naturalmente, o que eu desejo.»
… E para a qual há, reafirmo-o, legitimidade histórica total. Ontem, 10 de Novembro de 2015, aquele previsível cenário par(a)lamentar concretizou-se. A ver vamos se outros se concretizarão também… ou não. 

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