quarta-feira, abril 16, 2014

Observação: Escreve-se com «c»

Desde há muitos anos que faço a mim próprio a seguinte pergunta: haverá algo de errado com o meu nome? É que, considerando a frequência com que – involuntariamente ou não – o alteram, essa hipótese deve ser colocada. Terá a ver com a minha voz, com a forma como o digo, o pronuncio? Dever-se-á, quando o escrevo, à minha letra «arrevesada»?
A verdade é que já confundiram Octávio com Acácio, António, Ary, Cláudio, Eduardo, Fábio, Gustavo, Orlando, Osvaldo, Ricardo. E, sim, até Octaviano. Por brincadeira (de mau gosto) já me chamaram «Otário» e «Ovário». Numa livraria, mais concretamente numa etiqueta no meu livro «Visões», vi... «Ostávio». Num recibo de farmácia... «Orávio»! Durante cerca de dez anos não recebi os avisos de pagamento do Imposto Municipal sobre Imóveis relativo a um de que sou co-proprietário porque, no remetente, estava «Ocatvio»; aos «competentes» funcionários da repartição de finanças da minha área não lhes ocorreu, durante todo aquele tempo em que as cartas lhes eram devolvidas, que, provavelmente era «Octávio» mal escrito, com o «t» fora do sítio…
Com os meus apelidos também tive – e ainda tenho – problemas. Antes de mais, se alguém se chama Octávio José Pato dos Santos é certo e sabido que não escapará às alusões… zoológicas. Na década a seguir ao 25 de Abril de 1974 foram vários os «patinho», «patolas» e «quá quá» que ouvi… entremeados com o ocasional, mas inevitável, «caixa de óculos». E «comuna», ainda por cima: imagine-se o que é, durante o «Verão (e a Primavera, e o Outono) Quente», estar na escola e os colegas descobrirem que me chamava Octávio Pato, e que era mesmo parente – no caso, primo em terceiro grau – do dirigente, com o mesmo nome, do Partido Comunista Português. E não por acaso, não por coincidência: foi em homenagem a ele que os meus pais me deram o nome… e também porque Alexandre, a primeira escolha, já tinha sido «tomado» pelo meu (primeiro de três) primo direito, nascido pouco tempo antes…
Infelizmente, e ao contrário do acne e das borbulhas (que nem tive por aí além), os erros no nome não desapareceram com o final da adolescência. Em 2013 (exactamente, no ano passado), numa sessão de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa, tive direito, como autor, a uma fotografia nos cartazes feitos pela distribuidora (a minha editora dos dois livros então em destaque não tinha pavilhão próprio); só que… o nome por baixo dessa fotografia – que também foi divulgada online – era «Octávio de Matos»! Além de um actor, também me «confundem» com um ex-jogador e treinador de futebol: em 2014 (exactamente, este ano), um outro escritor, que muito estimo, autografou-me um dos seus livros escrevendo «Octávio Machado»… apesar de saber – ou de dever saber, porque já havíamos contactado várias vezes – que o meu apelido é «dos Santos». Pouco tempo depois, um sítio brasileiro que de vez em quando reproduz (alguns d)os meus textos do Obamatório identificou-me como «Octávio de Souza» - algo tanto mais estranho porque nas ocasiões anteriores escreveram correctamente o meu nome. 
Evidentemente, o erro mais comum é «Otávio»… e isto já acontecia com alguma regularidade antes do «aborto pornortográfico». Mas, obviamente, a incidência aumentou depois da implementação, da imposição, do dito cujo. Porém, o pior «Otávio» que me aconteceu foi em 1987, na primeira versão do artigo «Os Novos Descobrimentos»… não, não foi a que saiu no Diário de Notícias Magazine em 1988, mas sim um ano antes n’O Século. O meu nome foi cortado «a meio» (sem apelido) e sem «c» no próprio… embora, ao menos e felizmente, o do meu amigo Luís Ferreira Lopes aparecesse completo e sem erros. Que «melhor» se poderia esperar para o meu primeiro texto publicado num jornal de âmbito nacional? É por estas e por outras que, sempre que me perguntam o nome, eu faço questão de carregar no «c» quando respondo…
Nem todos os «Otávio» são acidentais: há quem escreva erradamente o meu nome deliberadamente como forma de me apoucar, de me insultar. Talvez pensem que, retirando o «c», me «castrem» simbolicamente, como se me cortassem os c*lh**s. Um dos mais notórios adeptos dessa práctica é, como já referi mais do que uma vez, o (ex-) embaixador Francisco Seixas da Costa. Este ainda mostrou alguma (não muita) «elegância» ao fazê-lo, resultante sem dúvida dos seus muitos anos de «diplomacia». No entanto, outros há que têm na alarvidade, na boçalidade, na mais completa grosseria e filha-de-p*t*c* o seu «estilo» preferencial….
… Como um tal de Artur Costa, que numa «posta» do seu blog O Linguado (e reincidindo nos remoques dois meses depois) criticou o meu artigo «Processo Retro-ortográfico sem Curso», publicado a 26 de Dezembro de 2012 no Público. Só recentemente tive conhecimento da existência do Sr. Costa e da sua «civilidade»: é apoiante do AO90, e, entre outras «flores de retórica», lançou-me as de que eu sou um «homem de fronha deslavada» (pois, parece que não sou do tipo que ele prefere), que costumo «babar(-me) em cima de pessoas» que não conheço, que sou «estúpido», «nauseabundo», escrevo «arrotos» e revelo «pobreza de estilo», um «merdoso» que faz por «segregar» pessoas, «imbecil»; e, porque nem sequer mereço que se debata o que eu penso (sim, a liberdade de expressão, a troca de ideias, são conceitos tão «sobrevalorizados»), deveria morrer metendo – ou alguém meteria por mim – «a cabeça debaixo de um comboio». Para quem não se sente um neofascista e se indigna perante essa classificação, não há dúvida de que este «bimbo da Costa» se assemelha bastante a um… Junte-se a tudo isto delírios como os de os «acordistas» terem «a lei do seu lado» (!) e serem «a maioria dos portugueses» (!!) e obteremos um «retrato-robot» dos mais eficientes «autómatos» que obedecem às ordens de Malaca Casteleiro e dos outros «engenheiros de almas» formados durante o «admirável» Estado Novo.
Em resumo: podem (mas não devem) escrever mal o meu nome, mas não pensem que eu não estarei pronto para vos corrigir… e não só na ortografia. (Também no MILhafre (84).     

2 comentários:

LSR disse...

Admira-me que só tenho conhecido esse senhor recentemente. Ele tem um incrível faro para encontrar textos contra o acordo, e parece viver para pouco mais do que escrever invectivas contra quem se opõe a ele. Já me cruzei com ele algumas vezes.

Pelo que percebo, é um senhor idoso, que já passou por acordos anteriores, o que me leva a pensar porque se empenha tanto na sua implementação, como se para ele adviesse disso um aumento salarial, menos impostos, um perdão da dívida externa portuguesa, sei lá. É um dos muitos que pensa que o acordo vai fazer grandes coisas por Portugal. Da minha parte, presumindo que o acordo vinga, apenas espero que viva o suficiente para perceber que para nada servirá.

Não se deixe abater pelo ataque contra o seu nome, está no lado certo da luta.

OCTÁVIO DOS SANTOS disse...

Obrigado a si, caro Luís, por também estar do lado certo da luta. E, não, não me deixo abater por este ataque, e por outros... têm sido tantos ao longo dos anos, nesta e em outras «guerras». Já estou habituado!