Passam hoje 250 anos sobre a publicação do alvará, redigido pelo então futuro Marquês de Pombal Sebastião José de Carvalho e Melo e ratificado pelo Rei D. José, que estabeleceu «os direitos públicos e particulares da reedificação da cidade de Lisboa». Ou seja, passam hoje 250 anos sobre o verdadeiro início da reconstrução da capital de Portugal após o terramoto. Pareceu-me pois esta a data apropriada para incluir aqui, e pela primeira vez, excertos do (primeiro capítulo do) meu livro «Espíritos das Luzes».
A Passarola inter-estelar entrou na atmosfera do planeta Portugal e iniciou a descida até à cidade capital, Lisboa. Dentro da nave, um dos passageiros mal podia esperar por voltar a ver aquela terra estrangeira que tanto amava: o inglês William Beckford.
Mas esta segunda visita não se devia a um bom motivo. Muito pelo contrário: a 1 de Novembro todo este planeta, e em especial a sua capital, havia sido sacudido por um terrível terramoto. O inglês soube quase imediatamente da notícia pelo canal informativo transgaláctico Gazeta de Lisboa, que sintonizava frequentemente onde quer que estivesse, e que, tal como muitos outros canais de muitos outros planetas, era facilmente captado em Londres. (…)
Beckford pouco tempo teve para reunir e organizar o seu séquito: em poucas horas estava pronto para partir da capital do seu planeta natal Inglaterra, numa nave portuguesa. Esta fora produzida na fábrica fundada pelo padre, cientista e visionário Bartolomeu de Gusmão, e estava equipada, como todas da frota a que pertencia, com uma tecnologia de salto espaço-temporal – era a herdeira, por assim dizer, de uma longa tradição de construção de naves espaciais, em especial das antigas Naus e Caravelas, algumas ainda em utilização. A viagem demorou relativamente pouco tempo, e, na aurora do dia 4 de Novembro, o inglês chegou finalmente ao seu destino. (…)
Enquanto se aproximava da superfície do planeta azul e branco, um dos mais pequenos mas também um dos mais belos do sistema solar Europa, Beckford, de uma vigia, ia vendo e reconhecendo, através das inúmeras mas ténues nuvens que a pouco e pouco se dissipavam, os seus continentes - Minho, Trás-os-Montes, Douro, Beiras, Ribatejo, Alentejo, Algarve, Açores, Madeira – e oceanos – Lima, Douro, Mondego, Tejo, Sado, Guadiana. Avistou e admirou novamente a assombrosa cordilheira da Estrela, no hemisfério norte; a extensa floresta de Leiria, junto ao equador; o assombroso vulcão da ilha do Pico, no hemisfério sul.
Porém, nada se comparava ao momento em que se começava a sobrevoar Lisboa: a imagem da vasta, grande, enorme cidade branca e dourada a formar-se era, apesar do cataclismo, tão fantástica e fascinante como da primeira vez... Eis a capital de Portugal, pontilhada pelo seu castelo, pelas suas igrejas, conventos e mosteiros, pelos seus palácios e casas, lojas e oficinas, escolas e quartéis...
Suave e seguramente, a Passarola inter-estelar pousou no astroporto do Cais das Colunas, em frente ao Terreiro do Paço. Lá estavam, estacionadas ou em manobras de aterragem e de descolagem, dezenas de outras naves, grandes, médias e pequenas, de passageiros, mercantes e militares, portuguesas e de outros planetas-nações. A azáfama, o movimento, o tráfego nesta porta de entrada de Lisboa já eram normalmente elevados, mas, após o terramoto, aumentaram de imediato quase exponencialmente, consequência inevitável das necessidades anormais que de repente se verificaram em termos de alimentos e de medicamentos, de materiais e de equipamentos, embora não em pessoas e em financiamentos. No astroporto circulavam igualmente centenas – uma parte dos milhares que existiam na capital - de outros veículos voadores, estes de baixa altitude, inferior alcance e menor dimensão, que asseguravam o transporte mais segmentado de passageiros e de objectos: os coches. Destes existiam várias marcas e vários modelos, que diferiam aos níveis de potência e sofisticação; no entanto, todos constituíam como que pontos coloridos e brilhantes que animavam, tanto de dia como de noite, os céus de Lisboa. (…)
A Passarola inter-estelar entrou na atmosfera do planeta Portugal e iniciou a descida até à cidade capital, Lisboa. Dentro da nave, um dos passageiros mal podia esperar por voltar a ver aquela terra estrangeira que tanto amava: o inglês William Beckford.
Mas esta segunda visita não se devia a um bom motivo. Muito pelo contrário: a 1 de Novembro todo este planeta, e em especial a sua capital, havia sido sacudido por um terrível terramoto. O inglês soube quase imediatamente da notícia pelo canal informativo transgaláctico Gazeta de Lisboa, que sintonizava frequentemente onde quer que estivesse, e que, tal como muitos outros canais de muitos outros planetas, era facilmente captado em Londres. (…)
Beckford pouco tempo teve para reunir e organizar o seu séquito: em poucas horas estava pronto para partir da capital do seu planeta natal Inglaterra, numa nave portuguesa. Esta fora produzida na fábrica fundada pelo padre, cientista e visionário Bartolomeu de Gusmão, e estava equipada, como todas da frota a que pertencia, com uma tecnologia de salto espaço-temporal – era a herdeira, por assim dizer, de uma longa tradição de construção de naves espaciais, em especial das antigas Naus e Caravelas, algumas ainda em utilização. A viagem demorou relativamente pouco tempo, e, na aurora do dia 4 de Novembro, o inglês chegou finalmente ao seu destino. (…)
Enquanto se aproximava da superfície do planeta azul e branco, um dos mais pequenos mas também um dos mais belos do sistema solar Europa, Beckford, de uma vigia, ia vendo e reconhecendo, através das inúmeras mas ténues nuvens que a pouco e pouco se dissipavam, os seus continentes - Minho, Trás-os-Montes, Douro, Beiras, Ribatejo, Alentejo, Algarve, Açores, Madeira – e oceanos – Lima, Douro, Mondego, Tejo, Sado, Guadiana. Avistou e admirou novamente a assombrosa cordilheira da Estrela, no hemisfério norte; a extensa floresta de Leiria, junto ao equador; o assombroso vulcão da ilha do Pico, no hemisfério sul.
Porém, nada se comparava ao momento em que se começava a sobrevoar Lisboa: a imagem da vasta, grande, enorme cidade branca e dourada a formar-se era, apesar do cataclismo, tão fantástica e fascinante como da primeira vez... Eis a capital de Portugal, pontilhada pelo seu castelo, pelas suas igrejas, conventos e mosteiros, pelos seus palácios e casas, lojas e oficinas, escolas e quartéis...
Suave e seguramente, a Passarola inter-estelar pousou no astroporto do Cais das Colunas, em frente ao Terreiro do Paço. Lá estavam, estacionadas ou em manobras de aterragem e de descolagem, dezenas de outras naves, grandes, médias e pequenas, de passageiros, mercantes e militares, portuguesas e de outros planetas-nações. A azáfama, o movimento, o tráfego nesta porta de entrada de Lisboa já eram normalmente elevados, mas, após o terramoto, aumentaram de imediato quase exponencialmente, consequência inevitável das necessidades anormais que de repente se verificaram em termos de alimentos e de medicamentos, de materiais e de equipamentos, embora não em pessoas e em financiamentos. No astroporto circulavam igualmente centenas – uma parte dos milhares que existiam na capital - de outros veículos voadores, estes de baixa altitude, inferior alcance e menor dimensão, que asseguravam o transporte mais segmentado de passageiros e de objectos: os coches. Destes existiam várias marcas e vários modelos, que diferiam aos níveis de potência e sofisticação; no entanto, todos constituíam como que pontos coloridos e brilhantes que animavam, tanto de dia como de noite, os céus de Lisboa. (…)
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