Quem visita o Octanas, regular ou ocasionalmente, e
que neste ano de 2025 já «clicou» nas imagens das capas dos livros «A República Nunca Existiu!» e «Poemas» de Alfred Tennyson – que estão, com os outros que
integram a minha bibliografia, na coluna à esquerda deste blog – deparou-se (e hoje
continuará a depararar-se) com a mesma página de erro, no sítio na Internet da
editora Saída de Emergência, que editou ambos: «Ups! Esta página não foi
encontrada.» Não seria propriamente difícil adivinhar o motivo da eliminação
das duas páginas, mas, apesar disso, enviei em Fevereiro último uma mensagem à
SdE em que pedi a reposição daquelas, e recebi a seguinte resposta, assinada
por Natacha Corte Real: «Os títulos referidos encontram-se descontinuados. Por esse
motivo já não são comercializados no nosso site.»
Respondi, por minha vez, com argumentos... e factos
que acreditava, e continuo a acreditar, serem indesmentíveis: «Sei
perfeitamente que as obras referidas se encontram descontinuadas – ou seja,
esgotadas, fora de circulação – há vários anos, e até hoje nunca recebi
qualquer indicação de que a Saída de Emergência tenha a intenção de
as reeditar. Porém, elas foram, e são, creio, pelas suas originalidade e
qualidade, trabalhos importantes, tanto para mim como para a vossa editora,
pelo que se trata de reconhecer a sua existência, de não as “apagar”. Aliás, e
passado todo este tempo desde que foram lançadas, ainda regularmente as divulgo
e as menciono – inclusive a estrangeiros – sempre que as ocasiões e as
circunstâncias o permitem e o justificam, pelo que seria, e é, fundamental que
continuassem activas as páginas respectivas no sítio da SdE – o que aconteceu,
saliento, até à recente reformulação daquele – para que eu pudesse continuar a
fazer essa promoção da melhor forma possível, mesmo que actualmente só possam
ser encontradas em bibliotecas (públicas e privadas).» «Tal decisão da
vossa parte é não só prejudicial para mim mas também, e talvez mais, para a
editora. Porque, e obviamente que eu já verificara isso, não são apenas aqueles
meus livros que foram “apagados”: muitos outros publicados pela SdE nos últimos
20 anos, e que são indiscutivelmente obras de referência no panorama da Ficção
Científica e Fantástico em Portugal, entretanto esgotadas e/ou fora de
circulação, já não dispõem igualmente de páginas próprias na principal “morada
digital” da Saída de Emergência. Exemplos? Além de “A República...”,
outras antologias colectivas de contos originais como “A Sombra Sobre Lisboa”, “Lisboa
no Ano 2000” e “Os Anos de Ouro da Pulp Fiction Portuguesa”, “A Saga de Alex 9”
de Bruno Martins Soares, “A Galxmente” de Luís Filipe Silva, vários volumes de
David Soares dos quais se destacam “A Conspiração dos Antepassados”, “Lisboa
Triunfante” e “O Evangelho do Enforcado”. Títulos como estes fizeram da SdE a
mais importante editora no âmbito da FC & F nacional contemporânea, a par
da Editorial Caminho e da sua “Colecção Azul”. É por isto que não consigo
compreender porque é que a vossa casa opta deliberadamente por ocultar a sua
história e, logo, por diminuir e até negar a importância do excelente trabalho
que desenvolveu. É compreensível que o vosso sítio na Internet funcione
principalmente como loja, para promoção e venda do que existe correntemente,
dos livros que estão disponíveis. Porém, não duvido de que manter em
permanência a memória dos que já integraram o vosso catálogo constitui(ria) uma
função igualmente fundamental.»
Todos os meus esforços revelaram-se infrutíferos, os
meus «apelos» não foram atendidos, e, assim, a Saída de Emergência tornou-se a segunda
editora que deixou de mostrar em espaço (digital) próprio um livro meu que
publicou – aliás, e neste caso, são dois livros. A primeira foi a Hugin, que
lançou em 2003 a minha obra de estreia, «Visões», e que cessou de a divulgar
porque faliu e encerrou poucos anos depois. A SdE, pelo contrário, por enquanto, e
felizmente, continua (bem) viva. O que também permitiu ao seu fundador e editor
principal, Luís Corte Real, iniciar uma carreira de autor, em que são evidentes
e indesmentíveis as influências de algumas obras que publicou previamente, em
especial as colectâneas de contos concebidas e organizadas por mim, por Luís Filipe Silva e por João Barreiros. E, nesse âmbito, atente-se principalmente na
série «Lisboa Noir» e nos textos e nas imagens que a promovem: «Bem-vindos a um Portugal que nunca existiu», em que grandes dirigíveis voam sobre a capital e
outras cidades; «uma homenagem divertida e emocionante à ficção pulp dos anos
30, aos policiais dos anos 40, ao cinema noir dos anos 50 e à era dourada dos
comics dos anos 60»; «como seria Portugal se D. Miguel tivesse vencido a guerra civil?». Será interessante verificar se e quando forem «descontinuados», por
estarem esgotados e não forem reimpressos ou reeditados, os livros de LCR serão
também «apagados» (ou não) do sítio da sua editora.