sábado, setembro 16, 2023

quinta-feira, agosto 31, 2023

Olhos e Orelhas: Segundo Quadrimestre de 2023

A literatura: «Mitos Gregos - O Triunfo dos Deuses e Outras Histórias», «Mitos Gregos - Perseu e Outros Heróis» e «Eternamente Dante - Em Busca dos Infernos», Sérgio Franclim; «Valérian e Laureline - O Embaixador das Sombras», Jean-Claude Mézières e Pierre Christin; «O Terceiro Chega em Maio», António de Macedo; «Escala em Pharagonescia», Moebius (pseudónimo de Jean Giraud); «Terrarium - Um Romance em Mosaicos», João Barreiros e Luís Filipe Silva; «Memórias d'Além Espaço - Histórias Curtas 1974/1977», Enki Bilal.     
A música: «Canoas Do Tejo», Carlos do Carmo; «Aladdin Sane», David Bowie; «Has Anyone Here Seen Sigfried?», Pavlov's Dog; «Blues For Allah», Grateful Dead; «Minstrel In The Gallery», Jethro Tull; «Ao Vivo», Rui Veloso; «Jazz Time», Herbie Hancock; «Ragged Glory», Neil Young; «The Best Band You Never Heard In Your Life», Frank Zappa; «Dry», P. J. Harvey; «Lupa», Sérgio Godinho; «Modern Times», Bob Dylan; «Dead Again», Type O Negative; «Echoes, Silence, Patience & Grace», Foo Fighters; «Sawdust», Killers; «Alessandro», George Frideric Handel (por Guy de Mey, Isabelle Poulenard, Jean Nirouet, René Jacobs, Ria Bollen, Sophie Boulin e Stephen Varcoe, com La Petite Bande dirigida por Sigiswald Kuijken); «Cellokonzerte Nr. 1 & 2», Joseph Haydn (por Anne Gastinel com os Solisty Ie Moskva dirigidos por Yuri Bashmet).       
O cinema: «Ruas Rivais», Márcio Loureiro; «História do Lado Oeste», Jerome Robbins e Robert Wise; «Evita», Alan Parker; «Os Miseráveis», Tom Hooper; «Adentro do Bosque», Rob Marshall; «O Feiticeiro e a Serpente Branca», Siu-Tung Ching; «Duna - Parte Um», Denis Villeneuve; «Terra dos Perdidos», Brad Silberling; «Os Gonídios», Richard Donner; «Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo», Daniel Kwan e Daniel Scheinert; «R. A. I. D. de Doidos», Dany Boon; «Comboio Bala», David Leitch; «Casa de Sonho», Jim Sheridan; «Um Ano Mais Violento», J. C. Chandor; «Os Gajos Simpáticos», Shane Black; «De Gaulle», Gabriel Le Bomin; «Homem-Foguete», Dexter Fletcher; «O Duque», Roger Michell; «Minamata», Andrew Levitas; «Eu, Tonya», Craig Gillespie; «Marx Pode Esperar», Marco Bellocchio; «Os Fablemans», Steven Spielberg; «Casa de Gucci», Ridley Scott; «Rei Richard», Reinaldo Marcus Green; «Um Belo Dia na Vizinhança», Marielle Heller; «Futuro», Mamoru Hosoda; «Conheça Joe Black», Martin Brest.
E ainda...: RTP - (documentário) «Visita Guiada - Museu do Neo-Realismo», Paula Moura Pinheiro; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «O Tempo das Imagens IV - Edições recentes do Centro Português de Serigrafia» + exposição «Descubra as diferenças - Variação na literatura portuguesa desde a Idade Média até anteontem» + exposição «Manuscritos musicais do Mosteiro de Belém - Uma tradição desconhecida» + exposição «Terra mineral, terra vegetal - Fotografias de Duarte Belo» + exposição «17 rostos de acção» + exposição «Ruy Belo - Inesgotável rosto» + exposição «O que é a vida e o que é a morte - Centenário do nascimento de Ilda Reis» + mostra «Continuo a ser aquilo que ninguém espera - Mário Henrique Leiria (1923-1980)» + mostra «De Loreto a Spartacus - 250 anos do nascimento de José Liberato Freire de Carvalho»; Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - CartoonXira 2023/Cartoons do ano 2022-50 Anos de Humor/Angeli (Celeiro da Patriarcal); Everything Is New/Bob Dylan - Rough and Rowdy Ways Tour - Campo Pequeno, Lisboa, 2023/6/4; Câmara Municipal de Loulé/Galeria de Arte da Praça do Mar de Quarteira - exposição de Bruno Grilo, Luís Marques e Rúben Gonçalves «Coppertone - A livre exposição solar». 

quinta-feira, agosto 03, 2023

Outros: Textos com «estampido»

Desde que o primeiro número – mais concretamente, o Nº 0 – da revista Bang! foi lançado, em Agosto de 2005, outros trinta e três saíram para as bancas – o mais recente, o Nº 33, precisamente, tem data de Maio deste ano de 2023. O principal objectivo da publicação sempre foi, como se compreende e seria de esperar, a apresentação, a divulgação e a valorização dos livros editados pela Saída de Emergência. Porém, uma grande parte das páginas da Bang! tem sido reservada desde o início para artigos de autores – ficcionistas, ensaístas, cronistas – portugueses sobre diferentes aspectos da ficção científica, da fantasia e do terror, com destaque para a(s) sua(s) história(s), tendências, convergências e divergências, ligações, e, claro, os seus protagonistas.
Alguns desses textos mais significativos dos últimos 18 anos têm sido como que relançados nos últimos 12 meses no sítio da revista. É de destacar «Literatura erudita vs. literatura popular» por António de Macedo, David Soares e João Seixas, «Fantasia urbana ou romance paranormal? As características e os segredos dos dois géneros que tomaram conta dos tops» de Safaa Dib, «Sobre o fantástico na literatura portuguesa» e «Fantasia e realidade – Os pais da ficção científica» de David Soares, «Nova vaga, novas capas – Quando a ficção científica ousou não se parecer com ficção científica» de Pedro Piedade Marques, «José Saramago – O Nobel da Ficção Científica» de José Candeias, «Ao sol de Newton – a FC “hard”, oitenta anos depois» de João Seixas, «Livros míticos ou a biblioteca (quase) invisível» de António de Macedo e «História do breve cinema de terror português» de João Monteiro.
Mais recentemente ainda, no passado mês de Junho, duas emissões consecutivas do Bangcast – esta e esta, com Bruno Martins Soares, Luís Corte Real e Luís Filipe Silva – foram dedicadas à selecção e à revelação de quais poderão ter sido os 20 livros mais importantes (juntamente com algumas «menções honrosas») da colecção «Bang!», no ano em que se celebram as duas décadas daquela colecção. Entre as obras mencionadas podem encontrar-se «A Sombra Sobre Lisboa», «Lisboa no Ano 2000» «Os Anos de Ouro da Pulp Fiction Portuguesa», «O Evangelho do Enforcado» e «Terrarium – Um Romance em Mosaicos». De referir que «A República Nunca Existiu!» não fez parte das escolhas, mas foi mencionado (embora sem alusão ao criador e organizador daquela antologia) a propósito de outro livro. (Também no Simetria.) 

quarta-feira, julho 05, 2023

Ocorrência: Nem em Maio nem em outro mês

Hoje celebra-se – deve celebrar-se – mais um aniversário do nascimento de António de Macedo. Que, se ainda fosse vivo, completaria 92 anos. Guardá-lo connosco, na nossa memória, pode ser alcançado vendo os seus filmes e lendo os seus livros. Quanto a estes, poucos me faltam para adquirir e/ou ler, e um deles era (mas já não é) «O Terceiro Chega em Maio», editado em Agosto de 2020 pela Editorial Divergência, e que «é uma obra póstuma (...) que reúne vários contos da sua autoria, por si (isto é, e alegadamente, pelo próprio António, antes de falecer) seleccionados e organizados cronologicamente, de 1997 e 2012».
Dos oito contos incluídos nesta obra só dois - «Uma história romântica» e «Teia de enganos» - são verdadeiramente inéditos, ou seja, a sua primeira publicação é feita neste volume. Os restantes seis foram previamente publicados em outras obras, e é precisamente neste aspecto que se encontra um problema que, para mim pelo menos, não pode ser ignorado ou desvalorizado. Sobre os dois que saíram originalmente no Brasil - «Sereia dum mar sem fim» e «A 2ª mão esquerda de Deus» - nem eu nem a Simetria temos autoridade, legitimidade, para comentar, mas o mesmo já não acontece quanto aos outros quatro. Os três primeiros - «Efeitos de maré», «Entre horizontes» e «A condessa preguiçosa» - tiveram a sua estreia respectivamente em 1997, 1998 e 1999 em antologias lançadas pela nossa associação intituladas «Efeitos Secundários», «Fronteiras» e «Pecar a Sete»; ao contrário do que é referido num dos índices (um erro entre outros, como se verá mais adiante), «Entre horizontes» está não em «Pecar a Sete» mas sim em «Fronteiras», que aliás nem é mencionada. Porém, ninguém da Editorial Divergência nem algum dos dois filhos de António de Macedo (que nos conhecem, que sabem da nossa existência) nos contactou informando-nos deste projecto e pedindo a nossa autorização para a reedição dos contos. Porque aquelas edições da Simetria estão há muitos anos esgotadas, fora de circulação, poder-se-ia talvez compreender, desculpar, esta ausência de contacto, esta falta de consideração, de cortesia...
... Mas tal «tolerância» já não é possível, de modo algum, em relação ao conto intitulado «A conjura», publicado originalmente em 2012 na antologia colectiva «Mensageiros das Estrelas», que eu concebi e que organizei, e que continua, 11 anos depois, em distribuição e em circulação. Nem eu nem a editora Fronteira do Caos fomos contactados pela Divergência antes de esta autêntica sobreposição ter ocorrido; nunca nos chegou qualquer mensagem, nem em Maio nem em outro mês. Pelo que uma acção judicial justificar-se-ia certamente, mas o bom carácter e a generosidade de Victor Raquel, o meu editor nesta colectânea e também no meu livro «Um Novo Portugal», publicado previamente no mesmo ano, foram o que impediram que este caso se tornasse num conflito desagradável e que não deixaria de manchar, indirecta e injustamente, o nome e a memória de António de Macedo. E o desrespeito pela fonte original não se ficou por aqui: o livro é identificado num dos índices como «Mensageiro da estrelas» - sim, três erros em três palavras – e a FdC como uma editora sediada em Lisboa, quando, na verdade, é do Porto. Todavia, não são estas as únicas falhas de revisão que  podem ser encontradas neste livro: um dos «s» que faltou no título da minha antologia terá «viajado» para a página 57 e «colado-se» ao apelido de um dos mais famosos cientistas de sempre, ficando Stephen «Hawkings», e isto numa alusão a um artigo que, por sua vez, tem dois erros, no título – é «spacetime» e não «space time» - e no ano de publicação – 1984 e não 1989; ao longo do livro é também frequente a não mudança de parágrafo (dezenas de ocorrências!) ao passar-se de discurso directo para discurso indirecto. Na ficha técnica lê-se que duas pessoas fizeram a revisão... mas, claramente, não foram competentes nesse trabalho.
A partir de certo momento a juventude e a inexperiência deixam de ser desculpas e atenuantes. Esta é a terceira vez que a Editorial Divergência – e, concretamente, o seu fundador – toma uma atitude ofensiva, para mim e para pessoas com quem colaborei. Primeiro foi o projecto de uma antologia de contos em Inglês sabotado por uma exigência ridícula, e, depois, a constatação de que o Prémio António de Macedo tem sido organizado de uma forma deficiente, e quiçá fraudulenta, o que muito provavelmente torna todas as edições nulas e todos os «vencedores» ilegítimos. Decididamente, o Mestre merecia mais e melhor. E pensar que fui eu quem lhe sugeriu que enviasse o seu (literalmente) último romance, «Lovesenda ou o Enigma das Oito Portas de Cristal», a uma então nova editora que apostava exclusivamente em FC & F de autores portugueses... (Também no Simetria.)

domingo, junho 25, 2023

Ocorrência: 1903, 1948, «1984»

Hoje, 25 de Junho de 2023, passam 120 anos sobre o nascimento de Eric Arthur Blair, que ficou famoso mundialmente através do seu pseudónimo literário George Orwell. Tal como acontece com muitas outras pessoas, não é, ou não seria, necessária uma efeméride especial – e esta que agora se assinala é como que uma «composta», cem mais vinte – para se evocar e celebrar a vida e a obra do autor de «Mil Novecentos e Oitenta e Quatro». Porém, vários têm sido os factos ocorridos na última década, e em especial desde o início desta década, que mais vieram reforçar a pertinência, a permanente actualidade e relevância do seu mais famoso romance. Que, aliás, celebra este ano (a 4 de Dezembro) os 75 da sua conclusão e no próximo (a 8 de Junho) os 75 da sua primeira edição.
Não faltam exemplos que confirmam que a ficção se tornou facto, em especial – o que é mais inquietante – na Grã-Bretanha e em outros países anglófonos com forte ligação política e/ou cultural àquela, como o Canadá (onde Pierre Trudeau se revelou um quase ditador, mantendo-se como primeiro-ministro no momento em que escrevemos), a Irlanda, a Austrália, a Nova Zelândia (onde Jacinda Arden se revelou uma quase ditadora, tendo entretanto, e, felizmente, deixado de ser primeira-ministra), e, obviamente, os Estados Unidos da América após a (ilegítima) ocupação da Casa Branca por Joe Biden. Na verdade, certas pulsões, ou tendências, totalitárias – em especial a predisposição para a censura e para a punição por parte de certas individualidades e entidades contra outras consideradas «inimigas» – que já se notavam antes naquelas nações foram grandemente agravadas pela eclosão da pandemia do vírus Covid-19...
... E a consequente repressão exercida por um Estado sobre uma população não se verificou apenas em países com ditaduras duradouras ou com fracas tradições democráticas. O «modelo chinês» foi como que «exportado», adoptado em quase todo o Mundo, tendo-se multiplicado os casos de cidadãos detidos pelos motivos mais absurdos – como o de estarem sózinhos na rua em vez de fechados em casa – ou punidos por emitirem e/ou partilharem «teorias da conspiração» e «acções de desinformação» que, em última análise, vieram a comprovar-se correctas: o vírus teve origem num laboratório, só é perigoso para segmentos demográficos diminutos, e as vacinas contra o mesmo não tiveram qualquer resultado na redução das infecções e das transmissões e comportaram efeitos secundários perigosos e até fatais; quarentenas, máscaras e confinamentos não proporcionaram quaisquer benefícios assinaláveis.
Nunca até então se havia assistido a uma tal operação repressiva à escala planetária, protagonizada não por um mas sim por vários «Grandes Irmãos». A liderá-la estava a OMS, ou, em Inglês (e numa designação provavelmente mais apropriada a uma organização criminosa internacional), a WHO. Que actuou como um autêntico «apêndice» propagandístico de Pequim, quase como uma câmara de ressonância das posições do Partido Comunista Chinês, atitude tanto mais reprovável, condenável, porque a agência da Organização das Nações Unidas para a saúde deveria ter sido, ser, equidistante em relação a todo e qualquer país membro. Porém, há que reconhecer que a actuação de Tedros Ghebreyesus e dos seus «camaradas» acabou por se revelar bastante consentânea com o que tem sido o panorama geral na ONU durante as últimas décadas, em que várias ditaduras – em especial as muçulmanas – conseguem ser eleitas para integrarem agências e comités (porque é «normal» ter o Irão a pontificar sobre direitos das mulheres), nessas campanhas aproveitando, com o maior descaramento, para aumentar ainda mais a pressão sobre Israel com sucessivas e revoltantes moções condenatórias. Tudo isto quando é secretário-geral um António Guterres cada vez mais ridículo, histérico e execrável, agora uma personificação não nacional mas internacional do «pântano», expelindo intervenções públicas e oficiais que alternam entre o catastrofismo climático – e que, não se duvide, incitam os actos praticamente terroristas de «activistas» como o bloqueio de ruas e de estradas e o vandalismo de obras de arte – e o apelo constante ao alargamento da censura sob o pretexto do combate à «desinformação e ao «discurso do ódio», este tendo ou não «dois minutos» de duração.
Com tais exemplos vindos de «cima», não é de surpreender que irrupções de loucura «orwelliana» aconteçam um pouco por todo o Mundo. Recorde-se aquela que é, muito provavelmente, a mais famosa passagem de «Mil Novecentos e Oitenta e Quatro: «Todos os registos foram destruídos ou falsificados, todos os livros reescritos, todas as imagens foram repintadas, todas as estátuas e edifícios receberam novos nomes, todas as datas foram alteradas. E o processo continua dia após dia e minuto após minuto. A história parou. Nada existe excepto um presente infindável em que o Partido está sempre certo». A China destruiu os registos referentes ao início da pandemia, e as falsificações quanto àquela foram, são, muitas; registos são também os textos e vídeos sobre este e outros assuntos que os operacionais do Facebook, do Twitter (pré-Elon Musk) e do YouTube têm apagado, e não só os produzidos e publicados por norte-americanos, e a montagem selectiva («repintar»?) de gravações de som e imagem é algo que há muito se pratica. Vários livros têm de facto sido reescritos, reeditados com alterações, recentemente, como os de Agatha Christie, Ian Fleming e Roald Dahl, porque originalmente continham palavras agora tidas como «ofensivas», e há quem queira fazer o mesmo a Eça de Queiroz. Nos EUA assistiu-se também, desde os motins em 2020 que tiveram como pretexto a morte de George Floyd, a um movimento de remoção de estátuas em diversas cidades, não só de esclavagistas mas também de abolicionistas como Abraham Lincoln (!) e de outras figuras históricas que, seria de pensar, são, eram, progressistas consensuais como Theodore Roosevelt, enquanto escolas, quartéis e outras infra-estruturas públicas foram «rebaptizadas»; já em Portugal a estátua do Padre António Vieira e o Padrão dos Descobrimentos foram alvos de vandalismo. Quanto a datas, surgiu nos EUA uma corrente que advoga o ano de 1619, e não o de 1789, como o da «fundação» do país, e, no Brasil, mantém-se a tendência, por parte de alguns, de culpar os «tugas» por tudo o que de mau aconteceu depois da independência em 1822, mas não se hesita em atribuir a uma nação de Vera Cruz, ainda não existente formalmente, certos feitos que, na verdade, se deveram à metrópole.
«Grande Irmão» não é a única expressão inventada por George Orwell que foi tornada realidade muitas e muitas vezes nos anos seguintes. «Memory hole»? A comunicação social «tradicional», em especial nos EUA mas não só, muito se tem esforçado em ignorar, em fazer desaparecer, notícias negativas para as individualidades e as entidades que prefere, todas invariavelmente à esquerda do espectro político. «Groupthink»? Uma vez mais, repare-se nos milhares de pessoas, formando como que um «culto», os «fiéis» que continuam a acreditar nas aldrabices dos alarmistas climáticos apesar das consecutivas «profecias» apocalípticas que nunca se concretizaram. «Ministério da Verdade»? Alguém por Joe Biden (porque este não tem capacidade para tal) tentou oficialmente criar (pelo menos) um. «Thought crimes» cujos respectivos «culpados» são detidos por uma «Polícia do Pensamento»? Dos dois lados do Atlântico casos desse tipo sucedem-se, com várias pessoas a (poderem) ser presas pelo que dizem,  escrevem e até, literalmente, pensam (!!). «Newspeak»? O AO90 em Portugal, e as «justificações» dadas pelos seus indignos impulsionadores, podem preencher os «requisitos» daquela denominação, mas, no entanto, ficam muito aquém das loucuras lexicais dos fanáticos, totalitários integrantes das hordas LGBTQ+, decididos a substituírem as palavras, e designações, mais normais por alternativas retorcidas e ofensivas, inclusive para «mulher». Na sociedade norte-americana, aliás, o panorama é de tal modo degradante e inquietante que, num julgamento em que vários sectores do governo federal são acusados de acções de censura generalizada em conluio com empresas tecnológicas, o juíz perguntou aos representantes daqueles se alguma vez haviam lido «Mil Novecentos e Oitenta e Quatro»!
George Orwell morreu prematuramente, antes de completar 47 anos, e apesar de breve e difícil a sua vida foi intensa, plena de acontecimentos e de momentos significativos, individual e colectivamente. As suas experiências e as reflexões que delas retirou permitiram-lhe antecipar o futuro. E beneficiou igualmente de estar inserido num meio cultural, literário, muito mais receptivo à diferença, à inovação, à subversão. Se ele tivesse sido português muito provavelmente esta sua obra-prima nunca teria sido publicada, porque receberia repetidas respostas negativas com a «justificação» de que ela não se integrava no plano editorial ou que este já estava fechado. (Também no Obamatório e no Simetria.)

segunda-feira, maio 22, 2023

Ocorrência: Há 25 anos a Expo 98 começou

Completam-se hoje precisamente 25 anos: a 22 de Maio de 1998 abriu as portas a Exposição Mundial de Lisboa, iniciativa que, dedicada ao tema «Os oceanos, um património para o futuro», teve como pretexto a celebração dos 500 anos da viagem de Vasco da Gama até à Índia, e que serviu ainda para a reabilitação urbana da zona oriental da capital. Tal como milhares de pessoas, fui visita do certame, e mais do que uma vez...
... E, pouco mais de um ano depois, a 8 de Setembro de 1999, publiquei, no jornal Vida Ribatejana, um artigo intitulado «Expo dos pequeninos?», que inclui no meu livro (editado em 2012) «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um País», no qual, apesar de reconhecer vários méritos ao projecto, não pude deixar de apontar o que me pareceu serem algumas, e graves, falhas. Um excerto: «(...) A Expo 98 deveria ter constituído a oportunidade e o pretexto para uma gigantesca campanha de publicidade ao nosso país a nível mundial. (...) Não estava em questão fazer com que todo o Mundo viesse à Expo, mas sim de lhe dar a conhecer que ela existia, o que tinha e significava. De que serve construir um evento desta dimensão se mais ninguém, além de nós, fica a saber disso? Foi apenas para levantar o moral nacional, para aumentar o orgulho colectivo? Se sim, haveria de certeza formas menos caras de o conseguir. Que ninguém tenha dúvidas: a Expo 98, enquanto grande “encontro mundial de povos e culturas” do ano passado, foi largamente superada, se não mesmo esmagada, pelo Campeonato do Mundo de Futebol realizado em França. (...) Esta nossa secular incapacidade de dar a conhecer a nossa versão dos acontecimentos, o nosso “lado da História”, só tem servido os interesses da Espanha, à qual convém que sejam mantidas todas estas ambiguidades, confusões e equívocos, de modo a que os nossos feitos possam ser atribuídos... a eles. (...)»
Previsível e compreensivelmente, a efeméride foi hoje evocada por vários órgãos de comunicação social – de referir Correio da Manhã, Diário de Notícias, Expresso, Forbes, Jornal de Notícias, M80, Público, RTP, TSF e Visão. O que já não é compreensível nem tolerável é que António Mega Ferreira seja lembrado e homenageado como único «autor» da Expo 98 quando na verdade houve outro, que parece estar a ser como que (deliberadamente?) esquecido, «apagado da fotografia»: Vasco Graça Moura.

domingo, abril 30, 2023

Olhos e Orelhas: Primeiro Quadrimestre de 2023

A literatura: «Europa à Vista?!», Michael Kountouris; «O Grande Livro dos Lofts», Alessandro Orsi, Mireia Casanovas Soley e Simone Schleifer; «Desenho de Logos», Julius Wiedemann (Paul Middleton, intro.); «XXL», Tom of Finland (pseudónimo de Touko Laaksonen) (Dian Hanson, org.); «1000 Capas de Discos», Michael Ochs; «Flores de Pedra», Gisela Monteiro, Sandra Mesquita e Sara Gonçalves; «Cartoons 1969-1975», João Abel Manta (José Cardoso Pires, intro.).
A música: «O Melhor De...», Alfredo Marceneiro; «200 Motels», Frank Zappa; «Made In Japan», Deep Purple; «Crystal Silence», Chick Corea & Gary Burton; «Seven», Soft Machine; «Almada 79», UHF; «Technique», New Order; «Sonic Temple», Cult; «The Stone Roses», Stone Roses; «Flying Cowboys», Rickie Lee Jones; «Mosquito», GNR; «13», Blur; «Nightlife», Pet Shop Boys; «Midnite Vultures», Beck; «S & M», Metallica; «Rodalinda», George Frideric Handel (por Barbara Schlick, Claudia Schubert, Christoph Prégardien, David Cordier, Gotthold Schwarz e Kai Wessel, com La Stagione dirigida por Michael Schneider); «Die Sieben Letzten Worte Unseres Erlosers Am Kreuze», Joseph Haydn (por Andreas Schmidt, Ingeborg Danz, Pamela Coburn e Uwe Heilmann, com o Bach-Collegium e o Gachinger Kantorei de Estugarda dirigidos por Helmuth Rilling).
O cinema: «Os Croods - Uma Nova Idade», Joel Crawford; «Imortais», Tarsem Singh; «O Cavaleiro Verde», David Lowery; «Febre das Túlipas», Justin Chadwick; «Um Pequeno Caos», Alan Rickman; «Casanova», Federico Fellini; «Engenhos Mortais», Christian Rivers; «A Estrada», John Hillcoat; «A Hospedeira», Andrew Niccol; «Mamã», Andy Muschietti; «Jane por Charlotte», Charlotte Gainsbourg; «Psico», Alfred Hitchcock; «Aço Azul», Kathryn Bigelow; «Senhora Sloane», John Madden; «Caçador da Noite», David Raymond; «Titânio», Julia Ducournau; «A Matriz - Ressurreições», Lana Wachowski; «Estado Cativo», Rupert Wyatt; «Um Monstro Chama», J. A. Bayona; «Histórias Assustadoras para Contar no Escuro», Andre Ovredal; «Um Filme em Forma de Assim», João Botelho; «Guarda-Costas da Esposa do Assassino», Patrick Hughes; «Espia», Paul Feig; «Vizinhos», Nicholas Stoller; «Mais Um», Andrew Rhymer e Jeff Chan; «Os Anos Parecem Flores», Wong Kar-Wai.
E ainda...: «Lux Eterna», (vídeo musical dos) Metallica; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «Tutankhamon em Portugal - Relatos na imprensa portuguesa 1922-1939» + exposição «A biblioteca de Gaspar Frutuoso» + exposição «Pedro da Silveira - Centenário 1922-2003» + exposição «(Re)Descobrir Teresa Sousa - Gravura, 60 anos depois» + mostra «Vítor Ramos - Uma trajectória no exílio»; Museu do Neo-Realismo - exposição de fotografias de Luísa Ferreira «A Ciência cura» + exposição de fotografias «A Família Humana - Erika Stone e Ingeborg Lippmann»; Canal História - (documentário) «Theodore Roosevelt»; FNAC - exposição de fotografias de Carlos Pereira «Wabi Sabi» (Chiado); Edições Colibri/Casa do Alentejo - apresentação em Lisboa do livro de Francisca Lopes Bicho «Gente da Nossa Terra - Memórias de Cuba»; Federação Internacional do Automóvel/Autódromo Internacional do Algarve - 6 Horas de Portimão (corrida do Campeonato do Mundo de Resistência 2023); Museu Municipal de VFX (Núcleo de Alverca) - comunicação por Anabela Ferreira «Património Cemiterial do Concelho de Vila Franca de Xira». 

terça-feira, abril 25, 2023

Ocorrência: Subscrevi o Apelo em Defesa da Língua

A convite, que obviamente e de imediato aceitei, de Isabel A. Ferreira, subscrevi o «Apelo de cidadãos portugueses ao Presidente da República em defesa da língua portuguesa e contra o Acordo Ortográfico de 1990». Na lista de nomes em anexo sou o Nº 98. O texto foi publicado no blog O Lugar da Língua Portuguesa a 18 de Abril último, tendo sido antes, e no mesmo dia, enviado ao Palácio de Belém. Eis um excerto:
«Trata-se, na verdade, da defesa do nosso Património Linguístico - a Língua Portuguesa - da nossa Cultura e da nossa História, os quais estão a ser vilmente desprezados. Apelamos a Vossa Excelência que, nos termos consagrados na Constituição da República Portuguesa e no uso dos poderes conferidos ao Presidente da República, diligencie uma efectiva promoção, defesa, valorização e difusão da Língua Portuguesa. Apelamos a Vossa Excelência que defenda activa e intransigentemente uma Língua que conta 800 anos de História. Apelamos a Vossa Excelência que contrarie a imposição aos Portugueses da Variante Brasileira do Português, composta por um léxico que traduz acentuadas diferenças fonológicas, morfológicas, sintácticas, semânticas e ortográficas, e essencialmente baseado no Formulário Ortográfico Brasileiro de 1943.»
Esta iniciativa, honrosa e meritória, é mais uma que demonstra que muitos são os portugueses que continuam – e continuarão – inconformados e indignados com a degradação e a destruição que a nossa ortografia em particular, e a nossa cultura em geral, têm sofrido desde que, há mais de 30 anos, alguns politicos de inferior intelecto e diminuta decência decidiram submeter, subalternizar, Portugal aos interesses egoístas de certos sectores do Brasil. Marcelo Rebelo de Sousa, o destinatário deste apelo agora emitido, é sem dúvida um membro de pleno direito desse grupo infame, e há factos que sugerem que no caso dele tal também se deve a motivos pessoais e familiares.
Enfim, este apelo constitui uma excepção no panorama desolador que a Terceira República actualmente proporciona; é um regime em tão acentuado estado de decomposição que as suas mais «altas» figuras decidiram comemorar o dia de hoje convidando para uma sessão solene um criminoso, corrupto e ladrão, um chefe de Estado ilegítimo que é amigo e admirador de terroristas e de ditadores. O que demonstra que «a longa noite socialista» pode sempre ficar mais tenebrosa. 

domingo, abril 16, 2023

Oráculo: Sobre as «sete vidas» de Agostinho

Na próxima terça-feira, 18 de Abril, às 15 horas e n(a sala D. Antão de Almada d)o Palácio da Independência (sito no Largo de S. Domingos, 11, em Lisboa, ao lado do Teatro D. Maria II), Renato Epifânio, Presidente da Direcção do Movimento Internacional Lusófono, dará a primeira de sete aulas de um curso de Filosofia e Cultura Lusófona com o tema «As sete vidas de Agostinho da Silva», aula essa com o título «Até meados dos anos 40». Seguir-se-ão no mesmo local: «Até finais dos anos 60», a 2 de Maio; «Até meados do anos 80», a 9 de Maio; «Até às “Conversas Vadias”», a 16 de Maio; «Os últimos anos de vida», a 23 de Maio; «Os anos após a sua morte», a 30 de Maio; «Os anos mais recentes», a 6 de Junho.
A realização deste ciclo de palestras é uma iniciativa louvável e meritória por ser mais um contributo para manter na memória colectiva o nome, a vida e a obra de um homem que muito fez para a melhoria e o desenvolvimento das relações entre os países e os povos de língua portuguesa. Aliás, pode dizer-se que Agostinho da Silva terá sido o primeiro inspirador da criação da CPLP e também do próprio Movimento Internacional Lusófono. E a evocação e a invocação da sua figura e da sua personalidade têm sempre para mim um significado especial porque eu tive a honra e o privilégio de o conhecer pessoalmente, em 1984, e de ser visita frequente na sua casa. Dessa experiência fiz um relato, e um retrato, no meu artigo «Mestre, Profeta, Santo», publicado em 2004, dez anos depois da sua morte, e incluído no meu livro «Um Novo Portugal».
Agostinho da Silva viveu muitos anos no Brasil e lá fez um trabalho notável ao nível do ensino universitário, leccionando em diversas universidades e ajudando a criar outras. Não duvido de que muito o desgostaria saber que, 200 anos depois da independência, naquele país «não irmão mas sim filho» ainda há quem acuse e culpe Portugal pelos problemas que a ex-colónia ainda enfrenta, e também que muitos portugueses, alguns ocupando cargos e/ou desempenhando funções da maior relevância, parecem dispostos e resignados a submeterem-se a posições subalternas perante as ambições e os interesses de certos sectores na Terra de Vera Cruz.

segunda-feira, março 13, 2023

Oráculo: Em Lisboa a 18 de Março

No próximo sábado, 18 de Março de 2023, e a partir das 15.30, vai decorrer em Lisboa, mais concretamente na (biblioteca da) Casa do Alentejo, a apresentação na capital de «Gente da Nossa Terra – Memórias de Cuba», de Francisca Bicho. Este será, na verdade, o segundo lançamento da obra: a primeira apresentação da mesma teve lugar na referida vila alentejana, no passado dia 3 de Dezembro, e no Museu Literário Casa Fialho de Almeida. A autora é, aliás, Presidente da Direcção da Associação Cultural Fialho de Almeida, e foi nessa qualidade que a conheci pessoalmente em 2019 aquando de uma visita a Cuba e àquele museu, motivada e justificada pelas duas iniciativas evocativas da vida e da obra do grande escritor que organizei em 2007 e em 2011. Posteriormente, e logicamente, tornei-me membro da associação e colaborei no respectivo boletim.   

sexta-feira, fevereiro 17, 2023

Oráculo: Propostas até 30 de Abril

No mês passado anunciei pela primeira vez, aqui no Octanas, que o Movimento Internacional Lusófono vai organizar, neste ano de 2023 e novamente por ideia e iniciativa minhas, o 3º Congresso Internacional «Eça de Queiroz, 150 Anos», depois dos outros dois, realizados em 2019 e em 2021. Entretanto, e tal como fora prometido, mais informações sobre o evento foram já divulgadas...
... Nos blogs Nova Águia e Queiroz150, mais concretamente as datas daquela, o local e o âmbito. O congresso está marcado para 16 e 17 de Outubro próximos, e para já apenas na Biblioteca Nacional de Portugal, embora ainda seja possível que, tal como aconteceu com os anteriores (Sociedade de Geografia de Lisboa no primeiro, Palácio Valenças de Sintra no segundo), outro espaço seja utilizado. E os temas principais, prioritários (mas não únicos), e motivos de efemérides, serão: o começo, em 1873, como cônsul em Havana, da carreira diplomática de José Maria de Eça de Queiroz, e as viagens que fez nesse período aos Estados Unidos da América e ao Canadá; o começo da escrita do conto «Singularidades de uma Rapariga Loira», publicado inicialmente no Diário de Notícias, e também do romance (o seu primeiro a «solo», e recentemente objecto de mais uma adaptação audiovisual) «O Crime do Padre Amaro», publicado inicialmente (em fascículos) na Revista Ocidental; as primeiras leituras dos – e reacções aos – textos dele no Brasil.
Quem pretender participar neste congresso deverá enviar uma proposta – com título e resumo da comunicação – até 30 de Abril próximo, para o endereço de correio electrónico info@movimentolusofono.org 

segunda-feira, janeiro 16, 2023

Oráculo: 2023 será outro «Ano Queiroz»

Motivado por um facto infeliz (o falecimento recente de Alfredo Campos Matos), o anúncio já foi feito por Renato Epifânio, Presidente da Direcção do Movimento Internacional Lusófono, no passado dia 6 de Janeiro, tanto no blog MILhafre como no blog Queiroz150: haverá em 2023 um terceiro congresso «Eça de Queiroz 150 Anos»...
... Que, tal como os dois anteriores, resulta de uma ideia e de uma proposta da  minha autoria e terá como objectivo principal a evocação, a análise e a discussão de acontecimentos fundamentais na vida e na obra do autor de «Os Maias» que ocorreram um século e meio antes. Em 2019 foi a comemoração dos 150 anos da inauguração do Canal do Suez, a que Queiroz assistiu, parte de uma viagem pelo Médio Oriente que lhe proporcionou inspiração e material para muitos trabalhos posteriores. Em 2021 foi a celebração dos 150 anos não só da edição do seu primeiro romance - «O Mistério da Estrada de Sintra» - mas também do início da publicação de As Farpas, igualmente em colaboração com Ramalho Ortigão, e ainda da realização das (e da sua colaboração nas) Conferências do Casino. Este ano não faltarão igualmente várias efemérides importantes para assinalar, e as informações relativas à organização da iniciativa e ao modo de nela participar serão divulgadas em datas oportunas pelos canais habituais – conhecidos dos que costumam acompanhar as actividades do MIL.     
Entretanto, e não que tal fosse necessário, continuam a aparecer regularmente provas de que a importância e a influência de Eça de Queiroz nas culturas de língua portuguesa se mantêm intactas. Exemplo mais recente disso é a estreia, hoje, de uma nova série televisiva baseada em «O Crime do Padre Amaro».

sábado, dezembro 31, 2022

Olhos e Orelhas: Terceiro Quadrimestre de 2022

A literatura: «Os Benefícios de Dar Peidos Explicados, ou a Causa Fundamental dos Episódios de Indisposição do Belo Sexo Investigada», Jonathan Swift; «Milton, um Poema em Dois Livros», William Blake; «O Livro dos Snobs», William M. Thackeray; «De Profundis», Oscar Wilde; «Manual de Civilidade para Jovens Meninas a Usar em Casas de Educação», Pierre-Félix Louys; «Uma família sentada à volta de uma mesa», Isidore Ducasse Comte de Lautréamont.
A música: «Lágrima», Amália Rodrigues; «Power, Corruption & Lies», New Order; «Nocturne», Siouxsie & The Banshees; «The Works», Queen; «Thing-Fish», Frank Zappa; «O Despertar Dos Alquimistas», Fausto; «Trompe Le Monde», Pixies; «Human Touch» e «Lucky Town», Bruce Springsteen; «Very», Pet Shop Boys; «Danças», Maria João & Mário Laginha; «Bloodflowers», Cure; «Machina - The Machines Of God», Smashing Pumpkins; «Stories From The City, Stories From The Sea», P. J. Harvey; «Is This It», Strokes; «Tamerlano», George Frideric Handel (por Gregory Reinhart, Henri Ledroit, Isabelle Poulenard, John Elwes, Mieke van der Sluis e René Jacobs, com La Grande Écurie et La Chambre du Roy dirigida por Jean-Claude Malgoire); «Missa Cellensis In Honorem Beatissimae Virginis Mariae», Joseph Haydn (por Marga Hoffgen, Maria Stader, Josef Greindl e Richard Holm, com o Coro e a Orquestra da Rádio Bávara dirigidos por Eugen Jochum).
O cinema: «O Testamento do Dr. Mabuse», Fritz Lang; «Kong - Ilha Caveira», Jordan Vogt-Roberts; «Homem-Formiga», Peyton Reed; «O Fim do Mundo», Edgar Wright; «Planeta Terror», Robert Rodriguez; «Este Obscuro Objecto do Desejo», Luis Buñuel; «Calígula», Tinto Brass; «Quo Vadis», Mervyn LeRoy; «Pompeia», Paul W. S. Anderson; «A Águia», Kevin Macdonald; «Querido Diário», Nanni Moretti; «Não Outro Filme de Adolescentes», Joel Gallen; «Noite Áspera», Lucia Aniello; «Coisas Muito Más», Peter Berg; «O Jogo de Odiar», Peter Hutchings; «Lá Fora», Fernando Lopes; «Bobby», Emilio Estevez; «Sacrifício do Peão», Edward Zwick; «Homem Negro do Clã», Spike Lee; «Frost/Nixon», Ron Howard; «Peter Rabbit 2 - O Fugitivo», Will Gluck; «Mulher Maravilha 1984», Patty Jenkins; «Caça-Fantasmas - Pós Vida», Jason Reitman; «Veneno - Que Haja Carnificina», Andy Serkis; «Homem-Aranha - Nenhum Caminho Para Casa», Jon Watts; «Artur Natal», Sarah Smith; «A Sociedade Literária e da Tarte de Cascas de Batata de Guernsey», Mike Newell.
E ainda...: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - exposição «A (re)afirmação de um elemento identitário - 70 anos da Ponte Marechal Carmona» (Museu Municipal) + exposição de pintura e desenho de Ana Cristina Dias «Da crisálida ao mundo maravilhoso» (galeria do Palácio da Quinta da Piedade) + exposição «Bienal de Fotografia 2022» (Celeiro da Patriarcal, Museu Municipal e Fábrica das Palavras); Museu do Neo-Realismo - exposição «Voltar - Mário Sacramento, a hora do ensaio»; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «Rituais públicos no império português (1640-1821)» + exposição «A Biblioteca Cosmos e a propagação das luzes» + exposição «A oficina de Saramago» + mostra «Restauração e a fortificação moderna - Nicolau de Langres e as praças no Alentejo» + mostra «Un mirabile Inferno - Dante ilustrado por Amos Nattini» + colóquio «Pinharanda Gomes, historiador do pensamento português»; FNAC - exposição de fotografias de António Faria «A água e o livro» (Chiado); Universidade Católica Portuguesa/Pavilhão Carlos Lopes - Cerimónia de graduação de Mestres pela Escola de Negócios e Economia do ano 2022; Canal História - (documentário) «A Verdadeira Caça ao Outubro Vermelho» + (documentário) «O dia que abalou o pensamento»; Plataforma de Associações da Sociedade Civil - 2ª sessão do ciclo «O Esplendor Caótico do Mundo» - «Brasil contra Brasil»; EuroSport - (documentário) «Sétimo Céu».

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Ocorrência: Alternativa, mas concreta

Pode a Cidade Invicta reclamar para si, definitivamente ou quase, o título de capital nacional da ficção especulativa em Portugal, isto no sentido de ter os mais importantes eventos e iniciativas regulares do género no nosso país? Se Lisboa dispõe do MoteLx (no Verão) e do Fórum Fantástico (no Outono), o Porto dispõe, há muitos anos (mais de 40), do FantasPorto (na Primavera), e, mais recentemente (há quatro anos), da What If (Outono), ou, mais correcta e completamente, e na sua designação original em Inglês, Conference of «What If» World History. Esta conferência anual dedicada à história alternativa, com efeito, teve neste ano de 2022, entre 22 e 25 de Novembro, a sua quarta edição, que foi simultaneamente a segunda internacional. Na verdade, e para além de convidados estrangeiros, dos três pólos do programa dois situaram-se na metrópole do Douro e um em Puebla, no México...
... Mais concretamente na Universidade Popular Autónoma do Estado de Puebla, onde se realizou, logo no primeiro dia da conferência, a Primeira Oficina Internacional de Gestão de Hipóteses e Económicas, com ligação virtual em directo para o outro lado do Atlântico. Neste, e na Universidade do Porto, os restantes dois pólos foram especificamente: a Casa Comum (da Reitoria daquela), onde as actividades incluíram o Salão Literário da Bela Época da Vinoterapia, «O “Museu da Falso” – Uma proposta de modelo para a criação de uma Paisagem Mental Patrimonial» por Rui Macário, «Na década de 20 do século passado» com DJ Sardão, e a (inauguração da) exposição «Catastrophe Honorável» com curadoria de Sílvia Simões e Ana da Silveira Moura; e a Casa dos Livros, designação «popular» do Centro de Estudos da Cultura em Portugal da UP, localizado no Palacete Burmester, onde as actividades incluíram as comunicações «E se o 25 de Abril de 1974 (Revolução dos Cravos) não tivesse acontecido?» por Irene Pimentel, «Os Naga na história indiana antiga – Budismo e Brahmanismo» por Daipayan Paul, «Ser ou não ser – identidade, história e desenlaces sociais alternativos na arte contemporânea brasileira» por Pedro Pousada e Vera Araújo, e «E se estivéssemos a viver no mundo distópico de “Mil Novecentos e Oitenta e Quatro?» por Iren Boyarkina.
Nunca é de mais recordar, reconhecer, reiterar que a «cabeça» e o «coração» deste acontecimento anual, a sua grande força impulsionadora, dinamizadora (constitui como que um autêntico «dínamo», uma fonte de energia individual) é Ana da Silveira Moura, talvez mais conhecida pelo seu pseudónimo literário AMP Rodriguez, que, lembro novamente, generosamente me convidou para ser um dos participantes, oradores, na primeira edição do encontro, em 2019, o que levou igualmente a que eu fizesse parte do Comité Científico Honorífico permanente para as edições subsequentes. Ela é também, claro, a principal autora e organizadora do projecto literário de história alternativa «Winepunk», de que se aguarda com alguma expectativa a publicação do segundo volume. Um empreendimento cultural multifacetado cuja capacidade criadora é bem concreta. (Também no Simetria.

quarta-feira, novembro 30, 2022

Ocorrência: Os «Mensageiros» partiram há 10 anos

Há exactamente uma década, a 30 de Novembro de 2012, a antologia de contos de ficção científica e fantástico «Mensageiros das Estrelas» teve a sua primeira apresentação. Foi na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, aquando do segundo colóquio com o mesmo nome, uma iniciativa organizada pelo Centro de Estudos Anglísticos daquela universidade.
Porque fui convidado a participar enquanto orador no primeiro colóquio, em 2010, ocorreu-me propor ao CEA como agradecimento a realização de uma colectânea colectiva que reflectisse o âmbito do evento, e que servisse de «amostra» do talento e da diversidade dos autores nacionais de FC & F. Eu fui um desses autores, e convidei a juntarem-se-me Ana Cristina Luz, António de Macedo, António Pedro Saraiva, Cristina Flora, Isabel Cristina Pires, João Afonso Machado, João Seixas, José António Barreiros, Luísa Marques da Silva, Luís Filipe Silva, Maria de Menezes, Miguel Garcia, Nuno Fonseca, Ozias Filho, Pedro Manuel Calvete, Sacha Andrade Ramos e Sérgio Franclim. Foram co-organizadores Adelaide Meira Serras e Duarte Patarra, e a publicação foi assegurada pela Fronteira do Caos, que antes, ainda em 2012, editara o meu livro «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um País». O excelente – e mesmo extraordinário – trabalho de desenho e de paginação do livro esteve a cargo de Pedro Piedade Marques, que já colaborara comigo em «Poemas» de Alfred Tennyson e em «Um Novo Portugal». E foi por causa de PPM que «Mensageiros das Estrelas» foi mostrada na Amazing Stories, como um dos exemplos da sua criatividade e capacidade, a propósito de uma entrevista a ele feita, e incluída numa edição (digital) de 2015 daquela histórica revista. Dois anos depois, «MdE» apareceu numa outra revista histórica da especialidade, a Locus, como uma das ilustrações de um artigo de Luís Filipe Silva sobre a FC & F em Portugal.
A seguir à primeira apresentação em Lisboa, e no que foi outro momento muito especial, «Mensageiros das Estrelas» teve a sua segunda apresentação: foi na Cidade Invicta, no cinema Rivoli, aquando da edição de 2013 do Festival Internacional de Cinema do Porto; a co-fundadora e co-organizadora do FantasPorto, Beatriz Pacheco Pereira, deu as boas vindas a mim e a Ana Cristina Luz, representando os autores, e ainda a Victor Raquel, editor da Fronteira do Caos, que explanámos e explicámos a origem, as características e os objectivos do projecto. No mesmo ano os «Mensageiros...» proporcionaram outra experiência inolvidável: na Feira do Livro de Lisboa alguns dos seus autores reuniram-se junto do espaço da editora Gradiva – que então distribuía os livros publicados pela FdC – para uma sessão de autógrafos e de agradável convívio. Em contraste previsível, foi muito desagradável a «recensão», ou série de «recensões», de Jorge Candeias aos contos que integram o livro. Inevitavelmente, respondi aos ataques indecorosos do «tormento do Barlavento», tanto a um nível geral como a um nível particular, aqui respeitante, obviamente, ao meu conto «Segundo Ultimatum Futurista», que o «poltrão de Portimão» se atreveu a (des)classificar ridiculamente, imagine-se, de «fascista». Entretanto, uma das «previsões» contidas no meu trabalho parece ter encontrado como que uma «confirmação» em 2014; porém, em 2017, ano em que a acção do mesmo se desenrola, praticamente (e felizmente?) nada do que eu tinha «antecipado» se tinha concretizado.
Enfim, e no que acabou por constituir também uma consequência, gratificante e assaz inesperada, da elaboração e da edição de «Mensageiros das Estrelas», eu e Luís Filipe Silva fomos convidados pelo Centro de Estudos Anglísticos para dar uma aula (cada um) aos alunos da licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas do ano lectivo 2016-2017 da Faculdade de Letras; a do Luís, dada a 4 de Abril, teve como tema «Steampunk», e a minha, dada a 11 do mesmo mês, teve como tema «O fantástico é o género dominante na literatura portuguesa», e aproveitei-a para reafirmar e desenvolver a tese que propus no meu artigo com idêntico tema publicado no Público em 2011. Então como hoje, sempre, há que aproveitar toda e qualquer oportunidade para espalhar a «mensagem» da qualidade, relevância e superioridade da FC & F. (Também no Simetria.)

domingo, novembro 13, 2022

Outros: Comentários meus contra o AO (Parte 10)…

... Escritos e publicados, desde 8 de Setembro de 2021, nos seguintes blogs: Corta-Fitas (um, dois); Porta da Loja; MILhafre; Blasfémias; Horas Extraordinárias; O Lugar da Língua Portuguesa; Apartado 53. E que aborda(ra)m, entre outros subtemas: de como uma arquitecta não é, não tem, necessariamente, uma grande mama; a sujeição ao «acordês» por parte do jornal (supostamente alternativo) Observador; de como o grupo Impresa é um dos maiores activistas da novilíngua nacional; Jorge Miranda esteve mal num aspecto do seu discurso de 10 de Junho de 2022; Portugal, se não é um «circo», é certamente um mau «espetáculo» a que falta «adjetivação» adequada; a constatação de que «erros sempre houve» não deve servir de desculpa para o facto de o AO90 os ter multiplicado; de como é incrível, quase inacreditável, como existem tantas pessoas em Portugal dispostas a cobrirem-se de ridículo, e publicamente, por aceitarem cortar as consoantes «mudas»; a Associação de Professores de Português é uma associação de malfeitores, de inimigos da competência, da decência e da honra.      

quarta-feira, outubro 05, 2022

Observação: A república, sempre repugnante

Hoje assinala-se mais um (triste) aniversário da instauração, por golpe de Estado, da república em Portugal. Mas também se pode e deve assinalar mais um (feliz) aniversário da assinatura do Tratado de Zamora, e é precisamente isso o que o Movimento Independência de Portugal fez, em Guimarães, Coimbra e Lisboa.  Nas três cidades houve deposição de coroas de flores em estátuas e em túmulos, minutos de silêncio em memória e em honra dos soldados portugueses, de todas as épocas, caídos em campos de batalha, e discursos; é de questionar, porém, a execução do suposto «hino nacional» - na verdade, o hino dos republicanos nacionais – nas três cerimónias. Na urbe do Mondego a evocação foi organizada pela Causa Real, tendo aliás o seu Presidente da Direcção, Pedro Quartin Graça, sido um dos oradores...
... E é de supôr que a sua intervenção se tenha caracterizado pelos mesmos temas abordados e pelo mesmo estilo utilizado no seu editorial publicado na edição Nº 25 (de Junho de 2022, página 3) da revista Correio Real. Eis excertos: «(...) A Instituição Real pode dar a Portugal (...) uma entidade de referência intemporal e independente, precisamente como garante da unidade da Nação, garantia de perenidade do património humano, cultural e histórico de Portugal. Tudo aquilo, em suma, que esta 3ª República não representa, não representou nem alguma vez representará. A 3ª República está velha, moribunda, corroída por dentro, apenas subsistindo através de balões de oxigénio. A incapacidade do regime em se regenerar resulta evidente ao olhos dos Portugueses através de múltiplos sintomas: a perpetuação dos limites materiais da Constituição, situação sem paralelo em praticamente todo o Mundo; a incapacidade de revisão do sistema eleitoral no continente; o escandaloso desperdício de entre quinhentos mil a um milhão de votos que (ninguém elegem) nas eleições legislativas; (...) o domínio do Estado por parte dos grandes aparelhos partidários, centros políticos fechados ao exterior e incapazes de aceitar a diversidade de opiniões. Não sendo a Causa Real, nem querendo ser, um partido político, somos, contudo, da opinião que a mesma não pode nem deve manter-se alheada da continuada degradação da vida política nacional. É pois tempo, 50 anos após o 25 de Abril de 1974, de abrir uma discussão séria e determinada sobre as temáticas (atrás elencadas). Mas a Causa Real deve ir mais longe, mantendo uma estreita vigilância, na triste constatação que fazemos de que poucos ou nenhuns agentes políticos se arriscam a corporizar qualquer oposição digna de menção no que diz respeito às tentativas, que serão já visíveis nos próximos meses, por via da já anunciada revisão da Constituição, de pôr em causa os direitos, liberdades e garantias consagrados no texto fundamental do país (...) (através) da aprovação do “supertratado das pandemias” (...) em conjugação com a já aprovada e surreal “Lei do Clima” (...). De um estado de emergência pontual poderemos passar, com uma simples decisão de uma autoridade de saúde internacional, por muito desacreditada que a mesma esteja, para uma continuada restrição de direitos fundamentais que põem em causa a(s) liberdade(s) de circulação, de associação e de manifestação, já para não falar da liberdade de opinião dos portugueses, hoje já reféns de uma “ditadura do politicamente correcto”. A luta pelo ambiente (...) não pode nem deve passar pela utilização do mesmo como desculpa para a necessidade de implementação de uma agenda extremista, anti-família, anti-vida, tudo a pretexto do combate às apelidadas alterações climáticas (...).»
Foi este texto que me convenceu a dar mais uma oportunidade (quiçá a última?) à Real Associação de Lisboa, e, por extensão, à Causa Real, que tem naquela a sua maior e mais importante unidade. Na verdade, durante vários meses ponderei seriamente desvincular-me da RAL, desiludido que estava – e ainda estou – com a sua inacção e «invisibilidade» perante, e contra, a sempre repugnante república em que infelizmente (sobre)vivemos. Já em 2017, em artigo publicado no jornal O Diabo, me insurgia contra a aparente passividade das entidades mais representativas do movimento monárquico português, então claramente mais preocupadas em obter para o Duque de Bragança um lugar cativo no protocolo de Estado do que em conseguir mais protagonismo para os seus valores e objectivos, que implicam inevitavelmente, e o mais rapidamente possível – porque 112 anos de desastre são demasiados – a restauração do Reino de Portugal. Então escrevi que «é bom que se façam visitas, missas, jantares, homenagens, conferências, mas é preciso mais do que isso.» Este panorama não sofreu qualquer alteração nos cinco anos que entretanto decorreram. A ver, pois, se é desta vez que uma nova, e mais firme, atitude passa a animar as hostes azuis e brancas (não falo, é óbvio, do Futebol Clube do Porto...) Uma atitude que, por exemplo, possibilite que não haja qualquer hesitação na denúncia pública de um eventual ataque à sede de uma real associação feita por um qualquer fanático republicano, talvez possuído pelos  espíritos (espectrais) de Alfredo Costa e Manuel Buíça. 

sábado, outubro 01, 2022

Orientação: SimSon com 850!

Hoje, 1 de Outubro de 2022, celebra-se mais um Dia Mundial da Música, o que significa também, no sítio da Simetria, a publicação de uma nova edição do projecto Simetria Sonora. E, tal como em edições anteriores, a esta grande lista foram adicionados 50 discos por mim considerados de ficção científica e de fantástico: são agora 850 no total. Como ilustração está a imagem da capa do álbum dos Simple Minds «New Gold Dream», lançado originalmente em 1982 – ou seja, há 40 anos. A ouvir… e a descobrir. Tudo, e sempre!

quarta-feira, setembro 07, 2022

Opinião: Não irmão mas sim filho

(Adenda - A versão digital foi hoje, 8 de Setembro de 2022, alterada conforme exactamente o meu original. Pode ler-se aqui.)
(Esclarecimento prévio - O artigo que em baixo se transcreve foi publicado hoje na edição em papel e no sítio da Internet de um jornal diário português... mas não exactamente como a seguir se pode ler. Na verdade, o texto foi «convertido» segundo o AO90 obviamente contra a minha vontade, e pedidos repetidos no sentido de a versão digital ser alterada conforme o meu original não foram atendidos - até ao momento em que escrevo e publico este post.)
O Brasil celebra hoje, 7 de Setembro de 2022, 200 anos de independência. É uma data muito importante, realmente histórica, pela qual Portugal é o primeiro país a dar os parabéns e a desejar «feliz aniversário». Ao país irmão? Não, ao país filho. Sim, porque o Brasil é uma completa, total, criação de Portugal, que foi tanto «pai» como «mãe» entre 1500 e 1822...
... Período durante o qual sucessivas gerações de portugueses, cujo maior representante, símbolo, terá sido o Padre António Vieira, trabalharam para fazer da Terra de Vera Cruz a mais bela, a mais rica, quiçá perfeita, nação do planeta. Alargaram o território para além do Tratado de Tordesilhas e assim conquistaram praticamente todo o Amazonas, floresta e rio. Aos povos nativos juntaram europeus e africanos, criando condições para uma autêntica, e profícua, miscigenação. Deste lado do Atlântico levaram inclusivamente pedras com que se construíram fortalezas e igrejas. Providenciaram uma língua que constituiria o principal suporte da identidade e da unidade nacionais. E, algo de incrível nunca acontecido, visto, antes nem depois, fizeram da colónia o centro do império, Rio de Janeiro a substituir Lisboa como capital e metrópole, e a seguir permitiram que a família real portuguesa se tornasse também a brasileira, com o «Grito do Ipiranga» do herdeiro do trono a anunciar o «corte» do «cordão umbilical». Que se fez sem revolução, sem guerra, assim possibilitando à nova nação iniciar o seu próprio caminho sem drama, sem tragédia. Os brasileiros teriam preferido que tivesse acontecido o mesmo que nas independências dos Estados Unidos e da Argélia, marcadas por confrontos longos e sangrentos com, respectivamente, a Grã-Bretanha e a França? Sim, não se duvide: tudo o que de bom o Brasil teve e tem deve a Portugal. Pelo que não se compreende e não se aceita que, ainda hoje, tantos brasileiros, desde cidadãos mais ou menos anónimos a figuras públicas mais ou menos conceituadas, insistam no insulto de que os problemas que a sua pátria sofre(u) sejam culpa de Portugal. Tanta estupidez, tamanha falta de respeito, tal demonstração de ignorância, imaturidade e ingratidão, devem ser condenadas sem hesitação e sempre que se manifestem.
Nós deixámos de ser responsáveis por eles desde 1822, directamente, e desde 1889, indirectamente, quando D. Pedro II, após (e por causa de) abolir a escravatura, foi deposto enquanto chefe de Estado, e com ele a monarquia brasileira. Na verdade, os dois países foram, e são, prejudicados por repúblicas, ambas instauradas por golpistas fanáticos e minoritários, que não cumpriram plenamente o que prometeram, ou seja, ordem e progresso. Uma das áreas em que a desordem e o retrocesso mais se fizeram, e fazem, sentir é a da ortografia. As repúblicas de ambos os lados do Atlântico são reincidentes em obsessivas e absurdas «reformas» e (des)acordos quanto à forma de escrever, iniciativas que desvalorizam, enfraquecem, um vital instrumento de comunicação, com (más) consequências visíveis, inegáveis, nas culturas de ambas as nações. O maior extremismo, e até terrorismo, neste âmbito veio do Brasil em 1943, quando a ditadura de Getúlio Vargas consagrou um radical e generalizado corte de consoantes «mudas», ceifando as raízes latinas, que cobardemente as mais altas (ou baixas?) instâncias oficiais portuguesas viriam a «adotar» através do AO90. Os dois países são, neste aspecto, duas insólitas e ridículas, risíveis, excepções em todo o mundo civilizado, duas «repúblicas das bananas» típicas do Terceiro Mundo, terrenos férteis para o surgimento de «vanguardistas» patéticos que não hesitam em sacrificar os verdadeiros interesses, a estabilidade e o bem-estar da maioria dos seus compatriotas em favor de um falso progresso, de utopias que acabam por se revelar, inevitavelmente, como distopias. E tanto deste lado do Atlântico como do outro a «justificação» tem sido a mesma: simplificar e «facilitar» a aprendizagem; porém, tais objectivos não - nunca - foram atingidos, como o atestam os crónicos e elevados índices de analfabetismo e de iliteracia nas duas nações.
Há 100 anos, em 1922, a celebração do primeiro centenário da independência do Brasil teve como maiores protagonistas dois portugueses: Carlos Gago Coutinho e Artur Sacadura Cabral, que realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul. Um século depois, o maior protagonista é outro português que também viajou – na verdade, apenas uma parte dele – de avião a partir da Europa: o coração de D. Pedro I (para nós o quarto), por ele doado à cidade do Porto, regressou temporariamente à segunda pátria que igualmente tanto amou. Se o dele já não, os corações de muitos (acredito que a maioria dos) portugueses ainda batem pelo Brasil, apesar de tudo orgulhosos, como um pai, por tudo o que de bom o filho conseguiu. Todavia, e tal como numa relação familiar, é indispensável haver respeito mútuo, e, nesse aspecto, muito há ainda a fazer. Tal como entre pessoas, também entre nações não deve existir dominação e subordinação resultantes de uma disparidade de números – nos quilómetros quadrados de área, no número de habitantes, no poder económico. A reversão de papéis expressa numa eventual reconversão de Portugal como colónia contemporânea do Brasil, que muitos cá parecem encarar com resignação, não é uma solução para um problema que, de facto, não existe nem nunca existiu. Porque nós não temos presentemente de pedir perdão seja pelo que for. Esperamos, sim, pelo contrário, ouvir um «muito obrigado». (Também no MILhafre. Referência e transcrição no Apartado 53 e n'O Lugar da Língua Portuguesa.)  

quarta-feira, agosto 31, 2022

Olhos e Orelhas: Segundo Quadrimestre de 2022

A literatura: «Portugal Templário - História e Mito», Sérgio Franclim; «Maria Francisca de Sabóia - Uma Princesa Entre Dois Reis de Portugal», Diana de Cadaval; «O Homem Sem Nome» e «Uma Deusa na Bruma», João Aguiar; «Tensão Con/Tenção», António Carlos dos Santos; «A Joaninha e os Impostos - Uma História de Educação Fiscal para Crianças», Clotilde Celorico Palma; «Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar», João Abel Manta; «Fragmentos do Dicionário Ilustrado da Monarquia do Norte», AMP Rodriguez.
A música: «Os Grandes Êxitos Dos...», Sheiks; «Uncle Meat», Frank Zappa; «John Barleycorn Must Die», Traffic; «Pearl», Janis Joplin; «Live-Evil», Miles Davis; «Pré-Histórias», Sérgio Godinho; «Bossanova», Pixies; «Jordan - The Comeback», Prefab Sprout; «Slow, Deep And Hard» e «The Origin Of The Feces», Type O Negative; «Portugal», Amália Rodrigues; «Those Once Mighty Fallen», Ildjarn + Hate Forest; «Morning Phase», Beck; «Honeymoon», Lana Del Rey; «Hardwired... To Self-Destruct», Metallica; «Giulio Cesare», George Frideric Handel (por Beverly Sills, Beverly Wolff, Dominic Cossa, Maureen Forrester, Michael Devlin, Norman Treigle, e outros, com a Orquestra e o Coro da Ópera de Nova Iorque dirigidos por Julius Rudel); «Die Jahreszeiten», Joseph Haydn (por Dietrich Fischer-Dieskau, Edith Mathis, Siegfried Jerusalem, e outros, com a Academia e o Coro de St. Martin-in-The-Fields dirigidos por Neville Marriner).
O cinema: «Funeral de Estado», Sergei Loznitsa; «A Cabana no Bosque», Drew Goddard; «Cume Carmesim», Guillermo Del Toro; «Orla do Pacífico - Sublevação», Steven S. DeKnight; «Godzilla vs. Kong», Adam Wingard; «O Fantasma da Liberdade», Luis Buñuel; «Coisas Selvagens», John McNaughton; «Criaturas Belas», Bill Eagles; «O Demónio de Néon», Nicolas Winding Refn; «Regressão», Alejandro Amenábar; «Mãe», Bong Joon Ho; «Ira do Homem», Guy Ritchie; «Dama Pássaro», Greta Gerwig; «Terra Nómada», Chloé Zhao; «Melro», Roger Michell; «A Mulher que Acreditava ser Presidente dos Estados Unidos da América», João Botelho; «O Clube Algodão», Francis Ford Coppola; «Os Estados Unidos vs. Billie Holyday», Lee Daniels; «Ray», Taylor Hackford; «Respeito», Liesl Tommy; «A Janela (Maryalva Mix)», Edgar Pêra; «Homicídio por Morte», Robert Moore; «Grito 4», Wes Craven; «Isso» e «Isso - Capítulo Dois», Andy Muschietti; «M - Uma Cidade Procura um Assassino», Fritz Lang; «Xangai», Mikael Hafstrom; «NEU Indianapolis - Homens de Coragem», Mario Van Peebles.
E ainda...: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - exposição de cerâmica de Anabella Vilares «Do azul ao vermelho» (Fábrica das Palavras) + apresentação do livro de João de Lancastre e Távora «Casa de Abrantes, Crónicas de Resistência» (Quinta Municipal da Piedade); Museu do Neo-Realismo -  exposição de fotografia «A família humana»; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «Obras proibidas e censuradas no Estado Novo» + mostra «Contemporânea centenária 1922-2022» + mostra «Pinharanda Gomes, historiador do pensamento português»; «Pequenas Histórias, Episódio 3 - Bestiário da Alma, o Mistério da Palingénese (freguesia se Santa Maria Maior)», (vídeo de) David Soares; Canal História - (documentário) «Churchill na Madeira», Joana Pontes + (documentário) «Alienígenas Antigos - Os Deuses Estelares de Sirius»; RTP 2/France Télévisions - (documentário) «O Caso Bovary»,  Alban Vian e Stéphane Miquel; Prince - «Live at Paisley Park Studios, Chanhassen, MN, 12/31/1987» (DVD incluído na edição especial com nove discos de «Sign O' The Times»); Câmara Municipal de Loulé/Galeria de Arte da Praça do Mar de Quarteira - exposição de fotografia de Pedro Leote «Sinóptico»; FNAC - exposição de pintura e desenho de David Benasulin «Ícones e Monstros» (Chiado); Associação Portuguesa de Editores e Livreiros - 92ª Feira do Livro de Lisboa.

segunda-feira, agosto 15, 2022

Outras: História(s) no Imaginauta

No género cultural (não apenas literário...) da Ficção Científica e do Fantástico – e não só neste, evidentemente, mas especialmente neste – é sempre útil e justificado proceder-se com alguma (elevada) regularidade a retrospectivas, a resenhas históricas, a «revisões da matéria dada», exercícios de memória de forma a que certos autores e as suas obras, que habitualmente não gozam da atenção e dos favores de editores, da comunicação social (tanto generalista como especializada) em geral e de «críticos» em particular, e até de leitores, não caiam no esquecimento ou, meramente, tenham mais hipóteses de evitar aquele, o que é sempre mais provável num país como Portugal, que se tem revelado tradicionalmente avesso à expressão artística mais importante e aos seus intérpretes. Neste âmbito, uma das intervenções mais recentes, e quiçá a mais recente, foi feita por Carlos Eduardo Silva no sítio Imaginauta sob o título «Apontamentos para uma história recente da ficção especulativa portuguesa (1999-2022)». Porque o autor informou desde logo que «aceitam-se sugestões de correcção ou melhoria», decidi fazer isso mesmo...
... Em dois comentários que inseri, não unicamente em relação a projectos em que participei, quer a «solo» quer em «grupo». E as referências sucederam-se... No começo do século e do milénio, mais concretamente entre 2001 e 2003, na (entretanto falida) editora Hugin, António de Macedo dirigiu a colecção «Bibliotheca Phantastica», cujo objectivo era republicar autores «antigos» de FC & F - e livros de Teófilo Braga e de João da Rocha foram lançados - e ainda revelar autores «modernos» - e livros de Maria de Menezes, Luísa Marques da Silva, Pedro Lúcio, Sérgio Franclim e eu próprio (com «Visões», aliás a minha primeira obra publicada) foram lançados. Na Saída de Emergência, depois de «A Sombra Sobre Lisboa» (que não é de 2006 mas sim de 2007) e antes de «Os Anos da Pulp Fiction Portuguesa» (que não é de 2007 mas sim de 2011) e de «Lisboa no Ano 2000» (que não é de 2012 mas sim de 2013), foi publicada - em 2008, ano do centenário do Regicídio - «A República Nunca Existiu!», antologia colectiva de contos de história alternativa, por mim concebida e organizada, cujo tema, ou premissa, era um Portugal em que a Monarquia nunca havia sido derrubada; incluiu autores então mais (João Aguiar, Miguel Real) e menos conhecidos - como, por exemplo, Bruno Martins Soares, no que constituiu a sua estreia na SdE, e que proporcionaria o surgimento de «Alex 9». Na colecção 1001 Mundos da Gailivro, e antes de «Se Acordar Antes de Morrer» e «As Atribulações de Jacques Bonhomme» (ambos colectâneas de contos), foi publicado (o meu primeiro romance) «Espíritos das Luzes». O colóquio «Mensageiros das Estrelas» foi também o local e a ocasião para a primeira apresentação, em 2012, na segunda edição daquele, de uma antologia colectiva de contos de FC & F com a mesma designação, também por mim concebida e organizada, e em que participaram autores como António de Macedo, João Seixas, José António Barreiros e Luís Filipe Silva. Mais recentemente, em 2019, teve lugar no Porto o I Encontro Internacional de História Alternativa «E Se?..»; o segundo e o terceiro ocorreram em 2020 e em 2021 num formato predominantemente virtual (devido, claro, às restrições da pandemia), mas o quarto, neste ano de 2022, deverá retomar o formato presencial. É uma iniciativa liderada por AMP Rodriguez no contexto do colectivo Invicta Imaginária, do qual também resultou o projecto «Winepunk», colectânea de contos que constitui uma abordagem alternativa à (verídica) «Monarquia do Norte» de há um século. Enfim, as três últimas sugestões... Primeira, uma prévia panorâmica da ficção especulativa portuguesa escrita por Luís Filipe Silva e publicada em 2017 na revista Locus. Segunda, as reedições, na Saída de Emergência, de duas obras portuguesas fundamentais do género, uma escrita por LFS e outra por ele co-escrita (com João Barreiros), respectivamente «A Galxmente» e «Terrarium». Terceira, o surgimento recente de mais uma editora especializada, a Fábrica do Terror, que apresentou um dos seus livros, a antologia «Sangue Novo», na edição deste ano do FantasPorto; um festival que, aliás, sempre teve espaço para a ficção especulativa portuguesa, principal e obviamente ao nível do cinema, tanto em longas como em curtas-metragens, mas também aos níveis da literatura e das artes plásticas; e Beatriz Pacheco Pereira, co-fundadora e co-organizadora do evento, é também uma escritora de talento que integra e honra as nossas fileiras.
É de louvar esta iniciativa de Carlos Eduardo Silva, e espera-se que outras como esta venham a acontecer. Porque a «ImagiNação» portuguesa pode ser pequena mas tem grande valor. (Também no Simetria.)

quinta-feira, julho 14, 2022

Ocorrência: «Um Novo Portugal» já tem 10 anos

Há precisamente uma década, em Julho de 2012, o meu livro «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um País» começou a ser distribuído e vendido em livrarias. Publicado pela editora Fronteira do Caos, do Porto (que, no final do mesmo ano, lançaria outro projecto meu, a antologia colectiva de ficção científica e fantástico «Mensageiros das Estrelas»), esta obra reúne, por ordem cronológica, alguns dos meus mais importantes artigos de opinião, jornalísticos, ensaísticos...
... Que têm como denominador comum Portugal, a sua (então) actualidade, a sua história tanto contemporânea como antiga, as grandes questões e controvérsias, os protagonistas. Na minha actividade de escritor a vertente de ficcionista (em prosa) veio depois da de poeta, mas esta veio depois da de cronista, como bem o demonstra o texto que abre o livro, escrito em 1976 quando eu não tinha mais de 11 anos. Uma década depois, a partir de 1986, vêm os textos escritos num âmbito local e regional – para o Notícias de Alverca – e num âmbito universitário – para o DivulgAcção (boletim, que eu co-fundei, da Associação de Estudantes do ISCTE, cuja Direcção integrei) e outras publicações similares. A seguir será a vez de se somar as colaborações, mais irregulares do que regulares, para jornais e revistas de âmbito nacional, dos quais sobressai o Público. E, a partir de Abril de 2005, com a criação do Octanas, passei a dispôr de um meio alternativo quando não conseguia encontrar um «tradicional» para expressar as minhas opiniões e/ou quando não queria perder tempo a fazê-lo. «Um Novo Portugal» reflecte essa diversidade de fontes mas, em simultâneo, surge como um todo organizado e coeso – ou pelo menos assim o tentei – em que não é difícil identificar o meu principal «alvo»: o regime saído do 25 de Abril de 1974, a Terceira República – na verdade, toda a República desde 1910 – com as suas ridículas e incompetentes figuras de proa, as decisões mais ou menos desastrosas que tomaram, com um especial (e muito negativo) destaque para essa aberração denominada «acordo ortográfico» que não contribuiu, certamente, para a melhoria das relações com os outros países de língua oficial portuguesa.
«Um Novo Portugal» nunca chegou a ter uma apresentação propriamente dita; o mais próximo disso que aconteceu foi um encontro em que participei com outros escritores, realizado em Lisboa em Abril de 2014. Enfim, este meu livro, tal como todos os outros da minha autoria que consegui publicar, não teve o sucesso que acredito que merecia ter. E, obviamente, depois disso continuei a escrever e a divulgar outros textos que formam, ou poderão formar, o que poderá ser «Um Novo Portugal – Parte 2»; porém, a sua eventual publicação parece ser, neste momento, problemática e pouco provável. (Também no MILhafre.)