Faleceu no passado
dia 11 de Junho, e, se fosse vivo, completaria hoje 80 anos. É por isso
que escolhi esta data para uma breve, mas sentida, evocação de, e homenagem a,
José Manuel Paquete de Oliveira…
… Que foi um dos dois professores (entre aqueles que me deram aulas em escolas) que mais importância e influência exerceram na
minha vida pessoal e profissional. No Instituto Superior de Ciências do
Trabalho e da Empresa tive-o não só como docente de Sociologia da Comunicação –
primeiro na disciplina de introdução àquela, depois no seminário
(especialização) da mesma e última fase da licenciatura, que incluiu a
elaboração e a defesa de uma tese específica – mas também como colega no
Conselho Directivo e em duas assembleias escolares, em anos decisivos para a
expansão e o fortalecimento do ISCTE enquanto estabelecimento de ensino moderno
e de referência em Portugal. Com ele confirmei a minha vocação… para a
comunicação, precisamente, apesar de, durante algum tempo, me ter convencido
que aquela seria concretizada na publicidade; e, de facto, realizei o estágio
(por ele conseguido depois de insistência da minha parte), no âmbito do
seminário, numa das empresas do grupo McCann Erickson, uma memorável
experiência de três meses (e que me soube a pouco), mas o insucesso posterior
em obter um emprego naquela ou em outra agência (e várias foram as que
contactei nesse sentido) como que me convenceu a tentar de novo o jornalismo, no
qual me iniciara no Notícias de Alverca e depois continuara no DivulgAcção, o
boletim da Associação de Estudantes do ISCTE que co-fundei e que dirigi
enquanto naquele permaneci.
Durante dois
anos eu e Paquete de Oliveira mantivemos um convívio, e mesmo companheirismo,
praticamente quotidiano. Depois, e nos últimos 25 anos, os contactos, as
conversas, foram ocasionais, pontuais, e quase sempre por telefone –
invariavelmente, era eu que lhe ligava, para lhe dar novidades minhas, onde
estava, o que fazia, os livros que publicava, os projectos em que me envolvia. Sim,
admito que fiquei desiludido, e algo magoado, devido ao pouco ou nenhum
interesse que ele manifestava pelo percurso subsequente daquele que tinha sido
(não duvido em afirmá-lo, e as classificações demonstram-no) um dos seus
melhores alunos – uma circunstância quase de certeza resultante do conflito em que
me envolvi com algumas instâncias do ISCTE no final da licenciatura, e no qual
dele não recebi o apoio que esperava e que (penso que) merecia. A última vez
que estive com ele foi em Março de 2013, aquando do funeral de Mário Murteira,
onde fez uma intervenção marcada pela emoção, lembrando o seu amigo de tanto
tempo – e que também faleceu no ano em que completaria 80 de vida, tal como,
aliás, José Manuel Prostes da Fonseca, nosso colega no Conselho Directivo. E a
última vez em que comunicámos foi em Março de 2015, por correio electrónico, em
que esclareci o então Provedor dos Leitores do Público – o último cargo que desempenhou numa longa carreira repartida entre a universidade, a imprensa, a
rádio e a televisão – sobre a causa e contexto de uma queixa de uma leitora
daquele jornal relativa ao meu artigo «Apocalise abruto» (tratava-se, na
verdade, de uma representante de uma das empresas «apanhadas» a usarem palavras
inventadas na sequência da aplicação do AO90). Agora tranquiliza-me saber que
as últimas palavras que me dirigiu foram de plena cordialidade e simpatia – e
que, claro, foram correspondidas: «Desculpa
a falta de formalismo como me dirijo a ti. Mas creio que seria hipócrita
tratar-te sem reconhecer pessoalmente um interlocutor compassado de boas e
amigas relações. Já calculava que irias aparecer, pois reconheço a tua
militância convicta e activa contra o AO. Aliás, quando eu estava na RTP,
falámos sobre este assunto.»