Naquela noite de 7 de Abril de 1805, domingo, em Viena,
o mestre apresentava pela primeira vez a sua terceira sinfonia.
No teatro da cidade a alta sociedade estava reunida
com os ouvidos e os corações afinados em perfeita sintonia.
A orquestra começou a tocar, e a surpresa foi imediata e geral:
nunca ninguém ouvira sons tão fortes e tão contrastantes.
A música também passava por uma violenta revolução,
e nela, tal como na Europa, em breve nada seria como antes.
Finda a actuação, o mestre ia agradecer os aplausos que não podia ouvir.
Mas quando se voltou viu, espantado, algo que lhe gelou as veias:
o teatro havia-se transformado num fumarento campo de batalha,
com destroços de homens e de cavalos, de canhões e de bandeiras.
Depressa ele afastou dos olhos e da mente aquela terrível visão.
Mas compreendeu depois que ela era uma assustadora premonição.
Aquele a quem dedicara aquela obra aproximava-se da cidade
e iria tornar aquele funesto sonho em sombria realidade.
Poema (Nº 240) escrito em 1991 e incluído no meu livro «Museu da História».
22 de Novembro, em Lisboa…
Há 1 dia
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