terça-feira, dezembro 31, 2013

Olhos e Orelhas: Terceiro Quadrimestre de 2013

A literatura: «O Homem Corvo (com ilustrações de Ana Bossa e Nuno Bouça)», David Soares; «O Livro do Deslumbramento/O Último Livro do Deslumbramento», Lord Dunsany; «Chave dos Profetas - Livro III», António Vieira; «Memórias de um Ex-Morfinómano», Reinaldo Ferreira; «Crise nas Terras Infinitas», George Pérez e Marv Wolfman; «O horror de Dunwich» e «Os sonhos na casa da bruxa», H. P. Lovecraft.
A música: «Acústico», Roberto Carlos; «Diabolus In Musica» e «God Hates Us All», Slayer; «Desfado», Ana Moura; «The 2nd Law», Muse; «Infinity», «Evolution» e «Raised On Radio», Journey; «Sons Of Sabbath - Volume II», Cloud Catcher, Crypt Trip, Earthmouth, Red Wizard, e outros; «Das Rheingold», Richard Wagner (por Eike Wilm Schulte, Kim Begley, Robert Hale, Thomas Sunnegardh, e outros, com a Orquestra de Cleveland dirigida por Christoph Von Dohnányi).
O cinema: «Má Professora», Jake Kasdan; «É Complicado», Nancy Meyers; «Orfã», Jaume Collet-Serra; «Contágio», Steven Soderbergh; «Patrões Horríveis», Seth Gordon; «Estrada Revolucionária» e «Skyfall», Sam Mendes; «De Lado», Cellin Gluck; «Homem de Ferro 3», Shane Black; «Inserções», John Byrum; «Desempenho», Donald Cammell e Nicholas Roeg; «Ralph Arrasa-o», Rich Moore; «A Lista do Balde», Rob Reiner; «Escuro Como Breu», David Twohy; «O Livro de Eli», Albert Hughes e Allen Hughes; «Em Cima no Ar», Jason Reitman; «O Meu Idaho Próprio e Privado», Gus Van Sant; «O Caimão», Nanni Moretti; «Homens Mistério», Kinka Usher; «O Último Dobrador-de-Ar», M. Night Shyamalan; «Sonja Rubra», Richard Fleischer; «Onde as Coisas Selvagens Estão», Spike Jonze; «Cinco Rápidos», Justin Lin; «A Casa do Lago», Alejandro Agresti; «Cavalo de Guerra», Steven Spielberg; «A Ressaca - Parte II», Todd Phillips.    
E ainda...: Biblioteca Nacional - congresso «Luís António Verney e a Cultura Luso-Brasileira do seu Tempo» + exposição «Fernando Pessoa em Espanha» + exposição «Um dinamarquês universal - Soren Kierkegaard» +  mostra «Dous gigantes pintados cõ hus bastões nas mãos - gravuras chinesas de porta» + mostra «Ilse Losa (1913-2006)»; «O Agente» (anúncio publicitário para a Agent Provocateur), Penelope Cruz; FNAC/Vasco da Gama - exposição colectiva «Fotografia 12.12.12»; Sociedade Euterpe Alhandrense/Grupo Rumo à Vida - «São Paulo Musical/Porque Me Persegues», Alfredo Juvandes e José Cordeiro; Museu do Neo-Realismo - exposição bio-bibliográfica «A Vida e a Arte de António Ramos de Almeida» + exposição «Alice Jorge - Traços, Ecos e Revelações»; «U2 - 360 Graus no Rose Bowl», Peter Krueger; SHIP-Palácio da Independência/Real Associação de Lisboa - debate «Lisboa - problemas e soluções» com Aline Gallasch-Hall de Beuvink; «Sherlock» (segunda temporada).

Outros: Parabéns ao Paulo!

Mais de três anos depois de ter sido publicado (foi em Outubro de 2010), o livro «O Amor Infinito que te Tenho e Outras Histórias» do meu amigo Paulo Monteiro felizmente não só não desapareceu nem foi esquecido como, pelo contrário, continua a conquistar novos mercados e novas audiências – traduções, versões, para o Brasil, França, Grã-Bretanha e Polónia, entre outros países, já foram lançadas ou estão quase a sê-lo. E não só: para além dos prémios que já ganhou em Portugal, entre os quais o do Festival da Amadora, poderá ganhar outros no estrangeiro – só entre os gauleses está nomeado não para um, não para dois mas sim para três prémios, cujos vencedores deverão ser conhecidos entre Março e Abril de 2014. E, mesmo que não triunfe em qualquer deles, não deixará de ser um notável - e triplo! - feito. Por isso, parabéns ao Paulo, que merece todo este sucesso!
Enquanto ele não conclui a sua nova obra, que provavelmente (e infelizmente) só será apresentada em 2015, a próxima oportunidade de apreciar a arte e o talento de Paulo Monteiro continua a poder ser através dos desenhos, das ilustrações que ele fez para o meu livro «Espelhos», cuja publicação pela editora Polvo – a mesma de «O Amor Infinito…» (e que, não, não publica apenas banda desenhada) - me foi garantida, prometida, para este ano de 2013 que agora termina, que eu anunciei aqui, no Octanas, no passado mês de Março com o conhecimento e a concordância do editor… mas que não se concretizou, apesar de várias e sucessivas datas terem sido apontadas para tal. Espero que 2014 seja o ano em que o meu primeiro volume de poemas é finalmente impresso, distribuído e comercializado. A haver um próximo anúncio, ele será feito depois de eu o ter nas mãos. 

sexta-feira, dezembro 27, 2013

Orientação: Sobre terra queimada, no Público

Na edição da passada terça-feira, 24 de Dezembro (Nº 8658), do jornal Público, e na página 46, está o meu artigo «Terra queimada». Um excerto: «Portugal tem terra queimada no sentido literal mas também no sentido figurado: aumentam no interior as áreas que são abandonadas, desabitadas, desertificadas – e que desse modo ficam “queimadas” para o desenvolvimento e para a modernização. Todavia, todo o país, tanto em meio urbano como em meio rural, está a tornar-se uma enorme terra “queimada” pelo desemprego e pela emigração, factores que sem dúvida contribuem para explicar as consecutivas falhas na prevenção e na detecção de fogos… mas que não as desculpabilizam. Décadas de discussão e de planificação das chamadas “épocas de incêndios” não têm impedido que aqueles se tenham tornado uma trágica e triste “normalidade” - e, tal como a criminalidade, a incompetência não tem sido devidamente punida.» (Também no MILhafre (78). Referência n'O Voo do Corvo.)

segunda-feira, dezembro 16, 2013

Oráculo: Em Sintra por Tennyson

No próximo dia 11 de Janeiro de 2014, às 21.30 horas, estarei em Sintra no Café Saudade (Avenida Doutor Miguel Bombarda, Nº 6, perto da estação ferroviária) para participar na sexta edição da iniciativa «Poetry & Coffee», que será dedicada a Alfred Tennyson e na qual estará em destaque o livro com as traduções de «Poemas» daquele autor que eu elaborei e publiquei em 2009. Proceder-se-á à leitura de alguns desses poemas e evocar-se-á a visita que o grande artista inglês fez a Portugal em 1859, na qual a vila hoje reconhecida como património da Humanidade pela UNESCO constituiu uma paragem obrigatória. O convite para a minha presença e participação partiu de Filipe de Fiúza, organizador e condutor da iniciativa com o patrocínio da associação cultural Caminho Sentido, a quem agradeço a escolha e a oportunidade.

domingo, dezembro 08, 2013

Opções: Pelo Odéon

Já assinei a petição «Lisboa e o país precisam do cinema Odéon», promovida pelo Movimento Fórum Cidadania Lisboa. Quem quiser fazer o mesmo deve ir aqui.
Lê-se no texto que apresenta e que explica a iniciativa: «O Cinema Odéon, sito na Rua dos Condes, Nº 2-20, Freguesia de São José, data de 21 de Setembro de 1927 e é hoje o cinema com mais história de Lisboa, tendo passado pela sua tela clássicos do mudo e do sonoro (Stroeheim, Lang, Tod Browning, Eisenstein, Cukor, Capra, etc.), e, já a partir da segunda metade do séc. XX grandes êxitos do cinema português e espanhol, bem como teatro radiofónico, protagonizado por Laura Alves, Madalena Iglésias, Antonio Calvário, entre muitos outros. O conjunto da sala, com 84 anos, formado pelo tecto de madeira tropical (único no país e espantosamente intacto depois de 16 anos de abandono); pelo lustre de néons gigantes irradiantes (peças electro-históricas), que uma longa corrente vertical, comandada do tecto, faz deslizar até ao chão para manutenção; pelo luxuriante palco com moldura e frontão em relevo Art Deco (outro caso único); pela complexa teia de palco, com o seu pano de ferro; e pela série de camarotes (onde Salazar tinha lugar cativo), galerias e balcões em andares, tudo isto forma um exemplar assinalável, mais ainda por ser o último do género existente em Portugal.»
Aparentemente, e infelizmente, o meu (modesto) apoio, tal como o de outros, não deverá ser suficiente para evitar a demolição. Que, a concretizar-se, será mais um crime contra o património nacional – não só da capital – cometido, ou permitido, pela Câmara Municipal de Lisboa, pelo seu actual presidente e pela sua equipa.

sexta-feira, novembro 29, 2013

Observação: Sobre os Prémios Adamastor

No Fórum Fantástico 2013, que decorreu entre 15 e 17 de Novembro último na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Lisboa, um dos maiores destaques foi para a apresentação dos Prémios Adamastor do Fantástico. O que não foi uma novidade absoluta, porque a iniciativa já havia sido revelada em Abril, n(a última página d)o Nº 14 da revista Bang! Então foram indicadas as categorias do galardão: livro nacional (inclui banda desenhada): livro traduzido; ficção curta nacional; audiovisual nacional; livro eleito pelo público; livro eleito pela crítica; carreira. Os prémios, organizados pela equipa do projecto Trëma, serão atribuídos – inicialmente apenas sob a forma de diploma – anualmente por um júri cujos membros serão convidados pelos organizadores, estando também prevista, porém, a participação do público na votação.
Os Prémios Adamastor do Fantástico suscitam-me, desde já, dois comentários. O primeiro tem a ver com a própria designação: compreensível na perspectiva de uma tradição da FC & F portuguesa, que existe, como eu já demonstrei, tem no entanto o «problema» de ter sido previamente «tomado» por outra iniciativa nacional de âmbito literário – o Projecto Adamastor, que tem como objectivo principal «a criação de uma biblioteca digital de obras literárias em domínio público.» Na verdade, é insólito que este projecto não fosse do conhecimento de pessoas que dedicam grande e melhor parte do seu tempo à divulgação de literatura através de meios electrónicos e interactivos. Todavia, e a julgar pelas declarações de Rogério Ribeiro n(a abertura d)o FF13, terá sido mesmo isso que aconteceu. Mandaria a lógica, e o bom senso, que este novo galardão fosse por isso «rebaptizado», mas não parece que tal venha a acontecer. Uma designação alternativa seria, por exemplo, «Prémios Bartolomeu de Gusmão de FC & F em língua portuguesa»… que foi a que eu propus em texto que escrevi e enviei, a partir de Setembro de 2010, a cerca de 20 pessoas de entre as mais ilustres e interventivas do género em Portugal (sim, incluindo RR), várias das quais, aliás, me responderam dando as suas opiniões e contributos (sim, incluindo RR). Texto esse que passo a transcrever (não na íntegra), e que representa o meu segundo comentário sobre o assunto:    
«Proponho a criação de um, ou dos, prémio(s) de língua portuguesa no âmbito da FC & F – abertos à participação não só de portugueses mas de todos os lusófonos. Porquê? Porque é uma forma de divulgar, de estimular e de recompensar o nosso trabalho nesta área, onde, salvo raríssimas excepções, obras e autores continuam a ser discriminados, silenciados na comunicação social e nos galardões literários mais mainstream. E porque, desde que deixou de ser atribuído o Prémio Caminho de Ficção Científica, não existe, nesta área, uma distinção de referência no espaço de língua portuguesa. Nestes últimos dez anos, a nossa “comunidade” cresceu, em autores e em obras, em capacidade crítica, em poder de comunicação – e não só graças ao desenvolvimento da tecnologia. Instituir e atribuir, anualmente, prémios aos criadores que trabalham na nossa área de eleição é um corolário lógico desse crescimento e desenvolvimento, é uma forma de reconhecer, honrar, o esforço feito. (…) Como designar o Prémio? Tendo em consideração que, na minha opinião, e como já expus acima, ele deve ser de âmbito alargado, para todos os falantes – ou escreventes – de português, ele deve ter como “patrono”, como “figura tutelar”, alguém que corporizou como que um “espírito transatlântico”, que foi um inventor, dado à inovação científica e técnica, que hoje aparece, até, envolto em alguma lenda e mistério, que já foi até personagem de romance. (...) A minha sugestão é... Prémio(s) Bartolomeu de Gusmão de FC & F. E, obviamente, esse(s) prémio(s) deve(m) traduzir-se, além de num valor monetário (é preciso encontrar patrocinadores...) e de num diploma alusivo, também na forma de uma placa, de um baixo-relevo representando... uma Passarola. (…) O Prémio Gusmão deverá ser atribuído a obras publicadas, não inéditas. Numa época em que qualquer pessoa pode criar um blog e nele colocar, se quiser, um romance, em que o “print on demand” é uma realidade, já não há muitas desculpas para não se conseguir divulgar e distribuir uma obra. O Prémio Gusmão deverá ter não uma mas várias categorias. Para começar: romance/novela - ficção em prosa de “longa duração”; antologia/colectânea de contos (de vários autores ou de um só autor); conto; tradução para português de autor não lusófono; grafismo (desenho de capas e paginação). Numa segunda fase, e se tal se justificar, prémios para filme, teatro, música, jornalismo... e um “especial”, de “carreira”, de “prestígio”. A escolha dos premiados deverá ser feita por júris, um por cada categoria. Poderá ser feita previamente uma lista de nomeados, meia dúzia, no máximo, de selecções em cada categoria, e submetidos a uma votação online do público – embora os resultados sejam apenas indicativos e sem consequência directa no resultado final. Quem deve organizar o Prémio Gusmão? Actualmente, faz sentido que tal se faça no âmbito do Fórum Fantástico – em cada edição atribuir-se-iam os galardões relativos ao ano anterior. (…)»
Neste domínio (como em outros) não tenho a pretensão de ter «inventado a pólvora». Sei que a criação, ou a recriação, de um prémio de FC & F em Portugal, depois do da Caminho, já era pensada e discutida, mesmo que informalmente, há bastante tempo. Mas, que eu saiba, nos últimos anos mais ninguém – e, se eu estiver enganado, farão o favor de me corrigir – havia estruturado, elaborado e enviado uma proposta nesse sentido, com princípio, meio e fim. De qualquer modo, mais importante do que a designação de um prémio, e de saber quem é que teve primeiro a ideia de um (novo) prémio, é mesmo haver um, e que seja dado a quem o merece. E, quem sabe? Talvez também eu decida concorrer! ;-) (Também no Simetria.)

quinta-feira, novembro 21, 2013

Oráculo: Verney no Porto

Depois do congresso «Luís António Verney e a Cultura Luso-Brasileira do seu Tempo», que decorreu em Lisboa, na Biblioteca Nacional, a 16, 17 e 18 de Setembro, vai ter lugar na capital do Norte o segundo grande acontecimento, e momento, do «Ano Verney», da celebração múltipla dos 300 anos do nascimento daquele: a Faculdade de Letras da Universidade do Porto vai realizar, nos próximos dias 3 e 6 de Dezembro, o colóquio «Para uma edição crítica da poesia de Verney», que constitui igualmente o início, a primeira fase de um projecto…
… Que consiste precisamente em dar a conhecer, de uma forma mais alargada e sustentada, o que muitos sem dúvida desconhecem e que constituirá uma (grande) surpresa: que o autor de «Verdadeiro Método de Estudar», da «Metafísica» e da «Lógica» também escreveu versos! Como é referido na apresentação da iniciativa, será desenvolvido, «a partir de uma investigação de Francisco Topa, um projecto articulado de edição crítica da Poesia quase desconhecida de Verney, reunindo destacados especialistas nacionais e internacionais numa cooperação que pretende constituir-se, desde este primordial esforço, em ensaio de um amplo projecto de estudo inter-universitário sobre estrangeirados portugueses no estrangeiro e estrangeiros em Portugal. Serão conselheiros Olivier Bloch (Université de Sorbonne, Paris I), Jonathan Israel (Princeton University) e Laurence Macé (Université de Rouen). Cristina Marinho (Universidade do Porto), Francisco Topa (Universidade do Porto) e Jorge Croce Rivera (Universidade de Évora) coordenarão a comissão científica deste longo exercício concertado.»
Na Universidade de Évora, onde Luís António Verney estudou, deverá igualmente realizar-se, mas em 2014, outro evento de homenagem ao grande filósofo e pedagogo; e que, em princípio, decorrerá no colégio com o seu nome. Se nessa ocasião estiver presente pelo menos um representante da organização do congresso realizado em Setembro na BN, deverão ser oferecidos à UdE exemplares de um postal comemorativo da efeméride, emitido pelos CTT-Correios de Portugal, e apresentado pela primeira vez naquele congresso. (Também no MILhafre (77) e no Ópera do Tejo.)

quarta-feira, novembro 13, 2013

Ocorrência: Uma década de «Visões»

Hoje, 13 de Novembro de 2013, passam exactamente 10 anos desde a apresentação e o lançamento, em Lisboa, de «Visões», o meu primeiro livro a ser editado (com data de Outubro de 2003).
Naquele dia, a ladearem-me na mesa na sala principal da Biblioteca Municipal do Palácio Galveias, e perante uma audiência de amigos e de  familiares, estiveram duas das três pessoas decisivas para a publicação da minha obra: António de Macedo, que, enquanto responsável pela colecção «Bibliotheca Phantastica» da editora Hugin, decidiu publicar «Visões» e inseri-lo naquela; e Luís Miguel Sequeira, que em 2000 já considerara dois dos contos que a integram, «A caixa negra» e «Caminhos de ferro», como «merecedores de publicação» aquando da edição de 2000 do Prémio Literário de Ficção Científica da associação Simetria – de que posteriormente me tornaria membro e animador-colaborador permanente. A terceira pessoa a quem devo – e em primeiro lugar – a minha estreia literária é Sérgio Franclim, que conheci na Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações e que levou o meu livro ao conhecimento de António de Macedo.
«Visões» teve uma génese complicada… e demorada. Concluído em 1997, alguns dos contos nele incluídos foram escritos na primeira metade dos anos 80. E apesar de a Hugin me ter comunicado a intenção de o publicar em 2001, tal só se concretizaria dois anos depois, sendo, aliás, o último volume da colecção, em que também estão, entre outros, livros de Luísa Marques da Silva e de Maria de Menezes. «Visões» foi prejudicado: por uma impressão deficiente e incompetente, tanto na capa como no miolo; e por uma divulgação quase inexistente – as únicas (três) referências mediáticas dignas de registo, todas em 2004, foram conseguidas por mim, e consistiram numa entrevista ao jornal Notícias de Alverca, numa (brevíssima) notícia-comentário (sem imagem de capa) na revista Umbigo, e numa (breve) apresentação com excerto do prefácio (e imagem de capa) na revista África Hoje. Em 2005 a Hugin faliu e fechou, pelo que qualquer eventual e posterior acção de promoção ficou impossibilitada. Porém, e pelo menos, ainda recebi algum (pouco) dinheiro de direitos de autor, algo que a maioria dos autores da editora não obteve; e, além dos exemplares que ficaram na minha posse, outros existem, de certeza, na Biblioteca Nacionalnas bibliotecas municipais de Lisboa, e, talvez, em alguns alfarrabistas – além, evidentemente, dos que foram vendidos ou por mim oferecidos.
No entanto, 2005 seria igualmente o ano em que «Visões» como que «renasceu», embora num outro formato, o de áudio-livro – uma edição que, todavia, não transpôs sonoramente toda a obra. Directamente, ou indirectamente por via da referência à editora Solutions by Heart, o meu livro – agora disco – beneficiou dessa vez de uma promoção superior, tendo «aparecido» no Jornal de Letras, no sítio Lifecooler e na RTP. Mas, tudo considerado, o meu primeiro livro, nas suas duas versões, ficou muito aquém do destaque e do impacto que eu gostaria e que ele merecia. Em 2011 ainda propus à Gailivro, que editara em 2009 o meu (primeiro) romance «Espíritos das Luzes», que reeditasse «Visões» no âmbito da sua então nova colecção «Mitos Urbanos»; esta, contudo, ficou-se pelos seus dois primeiros volumes…
Ontem como hoje continua a servir-me de «consolação» o prefácio que António de Macedo escreveu para o meu livro: os elogios que ele lhe fez, e o facto de o ter inserido numa certa corrente, numa determinada «tradição» do fantástico em Portugal, serviram para compensar – embora, obviamente, não totalmente – o fracasso e a frustração, nas vendas e na notoriedade. Espero que «Visões 2», já planeado, imaginado, estruturado, e que pretendo começar a escrever em 2014, tenha mais sorte. (Também no Simetria.

quarta-feira, novembro 06, 2013

Observação: Sobre os Prémios Sophia

Foi há precisamente um mês que foram entregues, no Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa, os (segundos) Prémios Sophia do cinema nacional. É de louvar a – recentemente criada (foi em 2011) – Academia Portuguesa de Cinema por esta iniciativa. E de destacar que, na primeira edição, ocorrida em Novembro de 2012, um dos homenageados com o «Prémio Carreira» foi, e muito justamente, António de Macedo.
Porém, é quase inevitável que se coloque uma questão relativa ao prémio, e, mais concretamente, ao seu nome: «Sophia»?! Sim, foi em homenagem à escritora Sophia de Mello Breyner Andresen. Note-se que não estão, e nunca estarão, em causa, o talento daquela autora, a qualidade da sua obra, e a atenção e o admiração que ambas merecem continuar a ter nos tempos futuros. No entanto, não seria mais lógico que a designação de um prémio de cinema português tivesse (mais) a ver com… o próprio cinema português? Através do nome de alguém que, de facto, participou, de preferência enquanto pioneiro, no lançamento e no desenvolvimento da sétima arte em Portugal?
Seguindo esse critério, uma designação alternativa óbvia para o prémio seria «Aurélio», que tem não só a qualidade e a vantagem de homenagear Aurélio da Paz dos Reis mas também as de invocar palavras semelhantes como «aura», «áurea» e «auréola», que bem se podem associar, relacionar, «artisticamente», «poeticamente», a um galardão para o audiovisual… O «problema» é que o nome já está tomado: existe, efectivamente, um Prémio Aurélio da Paz dos Reis, atribuído desde 2007 pela Escola Superior Artística do Porto. Todavia, e não havendo uma «fusão», ao nível de prémio, entre a APC e a ESAP, existem sempre alternativas. Porque não «Portugália» ou «Invicta», nomes das primeiras produtoras cinematográficas portuguesas, a primeira de Lisboa e a segunda do Porto?     
É certo que este caso de «baptismo deficiente», ou intrigante, não é exclusivo de Portugal. Em França os principais prémios de cinema são (desde 1976) «César» em vez de «Lumiére», embora o apelido dos famosos irmãos e inventores gauleses tenha sido adoptado para uma distinção atribuída (desde 1996) por uma associação de críticos francófonos, que, aliás, formaram uma academia com o mesmo nome. Em Espanha existem os Prémios Goya, embora aqui se possa dizer que a «distância» é menor porque se trata de um pintor. E, evidentemente, nunca é demais recordar, e interrogar, porque motivo a SIC decidiu designar de «Globos de Ouro» os seus prémios anuais quando já existem nos EUA homónimos mais antigos e famosos…
Sophia de Mello Breyner Andresen é melhor homenageada, por um lado, através do prémio literário criado pela Associação Portuguesa de Escritores e pela Câmara Municipal de São João da Madeira; e, por outro, através dá (re)impressão e divulgação correctas dos seus livros. Algo que a Porto Editora não faz, não fez, ao ter decidido reeditar obras da poetisa em «acordês». E que a Academia Portuguesa de Cinema também não faz, ao utilizar, sem ter necessidade, sem ter obrigação, o aberrante, ilegal e inútil AO90. (Também no MILhafre (76).

sábado, novembro 02, 2013

Outros: Comentários anti-AO90…

… Escritos por mim e publicados, nos últimos dois meses, nos seguintes blogs: O Novo Ecléctico, de Hugo Xavier (que poderia ter editado um livro meu na Babel… se não tivesse sido antes «dispensado», injustamente, por aquele grupo editorial) – que, depois, escreveu um novo post intitulado… «Caro Octávio»(!); Malomil, de António Araújo (que este ano entrevistou-me, para aquele, a propósito do «Ano Verney», e que em 2006 foi um dos oradores convidados no colóquio «Cinco livros de 1756» na Biblioteca Nacional, que eu propus e co-organizei); Pedro Santana Lopes; Lisboa-TelAviv, de «DL»; MILhafre. (Adenda - E mais um, no Blogtailors.) (Segunda adenda - Outro, novamente no Malomil.) 

quinta-feira, outubro 24, 2013

Observação: Ele que vá para Guantánamo!

O «Grande Só-Cretino» voltou à primeira linha da actualidade portuguesa devido ao lançamento de um livro seu e à entrevista que deu ao jornal Expresso para o promover… e para promover-se. Mas será que teve mesmo sucesso? Que alcançou o objectivo a que se propunha?
Provando, mais uma vez, e como se isso fosse necessário, que não mudou, que não aprendeu com os erros (ou pior do que isso) que cometeu, que não se arrepende do que fez, que não se responsabiliza pelo estado degradante – aos níveis financeiro, social, cultural, moral – a que conduziu Portugal, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa não se conteve, não se controlou, e, além de mandar as culpas para os outros, ainda teve o desplante de insultar opositores políticos internos e um (ex-) ministro estrangeiro! Ou seja, voltou a demonstrar que tem muito em comum com… alguém do outro lado do Atlântico. O «menino de ouro» devia estar a ver-se ao espelho: dificilmente haverá um «bandalho» e um «pulha» maior do que ele, dificilmente haverá um «estupor» e um «filho da mãe» maior do que ele.  
Mário Soares, em mais uma das suas várias e recentes demonstrações de estupidez senil, ou de senilidade estúpida, afirmou que o actual governo tem «delinquentes». Porém, e ironicamente, o maior «delinquente governativo» dos últimos 25 anos (pelo menos) em Portugal esteve ao seu lado ontem no Museu da Electricidade, embora devesse estar a ser julgado em tribunal; e, ainda mais ironicamente, também teve ao seu lado aquele que, se não é o maior «delinquente governativo» do Brasil, pelo menos rodeou-se de vários. Como é «enternecedora» a fraternidade socialista luso-brasileira, ou europeia-sul-americana! Para a confraternização ser completa só faltou desenterrar o cadáver do camarada Hugo Chávez e despachá-lo de Caracas para Lisboa!
No entanto, tão ou mais ridícula do que a «assembleia» de 23 de Outubro último é o livro que lhe esteve na origem, que lhe serviu de pretexto. Só faltava que o «maçador de Vilar de Maçada» viesse armar-se em especialista! E de quê? De «tortura em democracia», tema e subtítulo do seu livro «A Confiança no Mundo», que resulta da sua tese de mestrado (terá sido enviada por fax a um domingo?) que realizou no Instituto de Estudos Políticos de Paris (não deixo ligação porque, primeiro, o grupo editorial Babel não actualiza o seu sítio há dois anos, e, segundo, porque tenho limites na divulgação de lixo). Tentativa óbvia, e patética, de «compensação» pelos alegados «voos da CIA por Portugal» que não conheceu ou não impediu enquanto era primeiro-ministro, a suposta «tortura» a que este desperdício de papel obviamente se refere principalmente é a técnica designada como «waterboarding», instituída, ou autorizada, pela administração de George W. Bush na sequência da «guerra ao terrorismo» iniciada há 12 anos.
Recordemos mais uma vez para o «Grande Só-Cretino» em particular, e para todos os portugueses em geral: se o «waterboarding» é (foi) «tortura», o que não é consensual, só foi aplicada, e muito bem, a três-terroristas-três, todos eles com culpas pelos atentados de 11 de Setembro de 2001 e/ou por outros ataques. Nenhum morreu na sequência daquela alegada «tortura». Pelo contrário, dos muitos ataques com drones ordenados por Barack Obama – com quem, volto a lembrá-lo, o «Zézinho» tem muitas semelhanças de atitude e de comportamento – resultaram muitas dezenas, ou centenas, de vítimas inocentes, de «danos colaterais», assim contribuindo – Malala Yousafzai admitiu-o e afirmou-o ao próprio Sr. Hussein, na Casa Branca! – para o recrutamento de mais terroristas; a Aministia Internacional publicou um relatório sobre o assunto, em que acusa a actual administração de crimes de guerra! Não seria bem mais interessante um livro sobre este tema? Ou sobre a vigilância que, suspeita-se, a NSA tem estado a fazer das comunicações de Angela Merkel e também – o que é pior, pois são «camaradas» - das de François Hollande e de Dilma Rousseff? Ou sobre as escutas, pressões, ameaças e acusações dos democratas a jornalistas, da Associated Press e da Fox News, e também – soube-se esta semana – da CNN? Nesta área, e pela experiência que acumulou contra, nomeadamente, o Público e a TVI, José «Trocas-te» é um autêntico especialista.     
Todavia, onde sem dúvida o seu próximo projecto académico deveria ser baseado e melhor aproveitado é em Guantánamo. Ele que vá para a base militar/prisão norte-americana em Cuba, em solidariedade com as «vítimas» de «tortura»! Que proceda a uma observação participante – nas celas, nos balneários, no refeitório – com os «pacíficos» muçulmanos lá «hospedados», que, «coitados», dispõem provavelmente de mais comodidades, luxos e prerrogativas do que muitos de nós! Mas atenção: se daí resultar uma tese de doutoramento, ele que não a escreva em «inglês técnico»!
Voltando ao título do livro: «confiança» é o que este traste não merecia, e não merece; «tortura» é o que ele nos deixou, neste país, e todos os dias. (Também no Obamatório.)

segunda-feira, outubro 14, 2013

Outros: Os vídeos do congresso

Estão já disponíveis no YouTube, num canal próprio do Movimento Internacional Lusófono, (quase) todos os vídeos com as gravações das sessões do congresso «Luís António Verney e a Cultura Luso-Brasileira do seu Tempo», que decorreu nos passados dias 16, 17 e 18 de Setembro na Biblioteca Nacional, em Lisboa – uma iniciativa de que fui proponente e co-organizador, e que constituiu até agora o momento mais marcante das comemorações do «Ano Verney», ou seja, deste ano de 2013, em que se assinala o tricentenário do nascimento do autor de «Verdadeiro Método de Estudar». Pela minha parte, participei: como moderador, na sessão «Música e Artes Plásticas» (a primeira do terceiro dia) com Alexandra Câmara, Duarte Ivo Cruz e Helena Murteira; e, como orador, na sessão de encerramento.

sábado, outubro 05, 2013

Observação: Acreditar na república?!

Hoje, 5 de Outubro, é a primeira vez desde há muitos anos que não é dia feriado. Porém, e insolitamente, isso não significou que os mais altos dirigentes políticos portugueses deixassem de participar na (habitual) cerimónia oficial na Câmara Municipal de Lisboa
… Que decorreu não cá fora, na Praça do Município, mas lá dentro, no salão nobre dos Paços do Concelho, não devido à instabilidade climatérica mas sim ao receio de serem ouvidas (novas) vaias, que o «Movimento Que se Lixe a Troika» se encarregou de providenciar – imbecis que ainda não perceberam que, se não fosse a «Troika», quem se lixava, e com «F grande», éramos todos nós. A palhaçada fora de portas esteve em consonância com a palhaçada dentro de portas: o presidente da (falida, e não só financeiramente) república lá esteve para proferir rotineiros discursos com o recentemente – e infelizmente – reeleito presidente da câmara, que bem podia ter convidado o «mais alto magistrado da nação» e demais convidados para o seu gabinete no Intendente, alugado em 2011 por dez anos a uma renda de quase seis mil euros por mês…
Dado que diversas «altas individualidades» marcaram presença para celebrar a (implantação da) república, podemos esperar que elas façam o mesmo a 1 de Dezembro para celebrar a (restauração da) independência, cujas festividades têm sido organizadas – há décadas – pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal? Considerando que nunca apareceram em anos anteriores, tal hipótese é altamente improvável. O que demonstra que as principais figuras deste regime, e não só, dão mais importância a serem republicanos do que a serem independentes. Em Agosto último, num dos seus artigos no Público, Vasco Pulido Valente escreveu que «ninguém hoje acredita na República, no comunismo ou na ditadura. De resto, o Exército, profissionalizado e pacífico, não é capaz de um verdadeiro "golpe" e menos de tomar conta dos sarilhos correntes.» Não é bem assim: Aníbal Cavaco Silva, Assunção Esteves, Pedro Passos Coelho, António Costa, António José Seguro, e outros, se não acreditam verdadeiramente na república, pelo menos acreditam… que têm que (continuar a) fingir que acreditam. Que mais lhes resta? Muito pouco ou nada. Ao menos este ano não puseram o porco pano verde e vermelho – símbolo de terroristas imposto como bandeira nacional – ao contrário. Já é um «progresso»…
… E, ao contrário do que afirma o conhecido articulista, as forças armadas – e, acrescento eu, as forças policiais e a magistratura – são capazes de fazer um «verdadeiro golpe» e de «tomar conta dos sarilhos correntes». Desrespeitadas como têm sido pelo poder vigente, também não lhes faltaria legitimidade para estabelecer alguma disciplina neste «sítio muito mal frequentado». (Também no Esquinas (176) e no MILhafre (75).)

terça-feira, outubro 01, 2013

Orientação: Simetria Sonora 2013

Este é mais um Dia Mundial da Música, o que significa também uma nova edição do projecto Simetria Sonora. E, tal como nos anos anteriores, a esta grande lista foram adicionados 50 discos de «música de ficção científica e de fantástico»: são agora 400…
… Que incluem obras de Alan Parsons, Beatles, Black Sabbath, David Bowie, Electric Light Orchestra, Genesis, Iron Maiden, José Cid, King Crimson, Kraftwerk, Marilyn Manson, Metallica, Moonspell, Pink Floyd, Prince, Queen, Radiohead, Rolling Stones, Stranglers, e muitos outros!
No sítio da Simetria pode-se igualmente ler vários outros textos da minha autoria, dos quais os mais recentes, para além deste que agora se anuncia, são «Austen e austeridade» e «Um “mordomo” em Monserrate».

sábado, setembro 28, 2013

Oráculo: Música «para» Verney

Na próxima terça-feira, 1 de Outubro, assinala-se mais um Dia Mundial da Música. E nessa data realizam-se dois espectáculos musicais que recordam o tempo de Luís António Verney, de quem se celebra em 2013 o tricentenário do nascimento.
No Museu da Música – situado em Lisboa na estação de metropolitano do Alto dos Moinhos – vai decorrer, a partir das 18 horas, um concerto de pianoforte por José Carlos Araújo, que interpretará obras de Carlos Seixas, Domenico Scarlatti e Francisco Xavier Baptista – todos eles contemporâneos de Verney. Trata-se de uma iniciativa do Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, que se associou à comissão organizadora do «Ano Verney» a convite desta, deste modo ajudando a evocar a época do século XVIII pela sua vertente sonora.   
No Fórum Luísa Todi, em Setúbal, vai decorrer, a partir das 21.30 horas, um «espectáculo duplo» - cinematográfico e musical - dedicado a Luísa Todi, que, numa notável coincidência, faleceu a 1 de Outubro… de 1833, pelo que o evento servirá também para assinalar os 180 anos da morte da grande cantora lírica portuguesa, nascida na cidade do Sado. A primeira parte do espectáculo inclui a exibição do filme («documentário ficcionado») «Todi – A Segunda Morte de Luísa Aguiar», realizado por Rui Esteves; a segunda parte inclui um concerto pela soprano Joana Seara e pel’Os Músicos do Tejo, conduzidos pelo maestro Marcos Magalhães, concerto esse que será baseado no disco «As Árias de Luísa Todi» que editaram em 2010.
Apesar de várias tentativas de contacto (por telefone e por correio electrónico) nesse sentido, a direcção do FLT não respondeu à proposta feita pela comissão organizadora do «Ano Verney» de também se associar ao tricentenário do nascimento do grande escritor, filósofo e pedagogo – concretamente, e pelo menos, através do espectáculo da próxima terça-feira. A fundamentação desta sugestão está na «ligação a Itália» que estes dois grandes vultos da cultura portuguesa de Setecentos que foram contemporâneos (embora ele fosse 40 anos mais velho do que ela) partilham: Luís viveu mais de metade (a segunda) da sua vida em Itália, e Luísa casou com um italiano e actuou em vários palcos transalpinos, em períodos em que o autor de «Verdadeiro Método de Estudar» já lá estava: entre Dezembro de 1780 e Janeiro de 1781, e entre Setembro de 1790 e Janeiro de 1792 - ano em que Verney faleceu. Poderiam ter-se encontrado? Hipótese interessante mas pouco provável, já que ele esteve quase sempre em Roma (e algum tempo em Pisa) e ela actuou sempre em teatros do Norte (Bérgamo, Pádua, Turim, Veneza). Mas sempre se pode imaginar... (Também no MILhafre (74). 

sexta-feira, setembro 20, 2013

Outros: CR Nº 9 «em linha»

Está já disponível, em acesso completo e livre, a versão digital do Nº 9 do Correio Real, boletim da Causa Real (produzido pela Real Associação de Lisboa), que, tal como já informei em Maio, inclui, nas páginas 26 e 27, uma recensão do meu livro «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um País» (Fronteira do Caos, 2012) escrita por Nuno Pombo, Presidente da Direcção da RAL. 

domingo, setembro 15, 2013

Oráculo: É amanhã que começa…

… Na Biblioteca Nacional, em Lisboa, o congresso «Luís António Verney e a Cultura Luso-Brasileira do seu Tempo», iniciativa que eu concebi e cuja comissão organizadora – emanada do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira – integro, juntamente com Ana Lúcia Curado, António Braz Teixeira, Celeste Natário, José Esteves Pereira, Manuel Curado, Renato Epifânio e Rui Lopo. Este encontro de três dias (16, 17 e 18 de Setembro) de alguns dos maiores especialistas nacionais do século XVIII constitui o evento principal das celebrações do «Ano Verney», apresentado em conferência na BN no passado dia 23 de Julho, data em que se assinalaram os 300 anos do nascimento do multifacetado pensador, escritor, filósofo, pedagogo, iluminista português. Entretanto, a exposição a ele dedicada, inaugurada a 23 de Maio e que constituiu, pode dizer-se, a abertura formal – se não mesmo oficial – das celebrações, viu novamente prolongada a sua permanência (inicialmente estava previsto que encerraria a 16 de Agosto) e continuará patente ao público na BN até sábado, 21 de Setembro.  

domingo, setembro 08, 2013

Outros: Contra o AO90 (Parte 8)

«Ainda a edição de Vieira e o Acordo Ortográfico» e «Ninguém sabe dizer nada», Vasco Graça Moura; «Maioria dos portugueses é contra o acordo ortográfico», Barroso da Fonte; «O acordo ortográfico e os problemas de saneamento», «Deixem estar a ortografia descansada», «O Expresso emigrou», «O mundo encantado das edições únicas», «Grafias duplas e uniformização ortográfica», «As duplas grafias como falsa questão», «Editora Leya confirma inutilidade do acordo ortográfico» e «Imagens do caos ortográfico», António Fernando Nabais; «Chinesices, princípios e valores», João Roque Dias; «Tempo de trabalhar mais e perguntar menos», Rocío Ramos; «O nosso maior trunfo», Rui Valente; «Números, 04-13», «É a “adoção» por “entendimento geral”, estúpido!», «”Deeds, not words” (ou “palavras leva-as o vento”)» e «Vox Populi», João Pedro Graça; «Porquê a ILCAO90?», Hermínia Castro; «Carta ao Círculo de Leitores», «”Nublosa”, ou ignorância crassa da língua pátria» e «Pessoas e coisas que eu não entendo – Vasco Graça Moura/Carlos Reis», António Marques; «Eppur si muove», «A coisa vista de fora» e «Tempus fugit», Graça Maciel Costa; «A nossa língua não precisa de engenharias computorizadas», Teresa Cadete; «Vamos a “Pârich”? Ou a “Páriss”?», «A língua ameaçada e os “corretores” ameaçadores», «Primeiro Ato (e depois desato?)» e «Lincoln, Brasil e o acordo estabanado», Nuno Pacheco; «Não foi notícia mas devia ser», «Espero que gostem», «Com todas as vogais e consoantes», «O que torto nasce nunca se endireita» e «Até já mandam a fonética às urtigas», Pedro Correia; «Um acto de verticalidade e de grandeza», Ana Isabel Buescu; «Telespectador? Telespetador? Depende», «Não há tradução para português e não se fala mais nisso», «Teoria geral da adopção facultativa», «O presidente da República e o discurso de Fação», «A CPLP e Maio. E o Keynes?», «O acordo ortográfico não está em vigor coisíssima nenhuma», «Sou contra a co-adoção de crianças por casais do mesmo sexo», «A prosa de Paulo Portas embotada pelo Expresso», «Nuno Crato e a unidade da língua portuguesa», «Acordo Cacográfico da Língua Portuguesa de 1990», «Duas ou três coisas sobre os fatos do Acordo Ortográfico de 1990», «Acerca dos fatos, só mais uma ou outra coisa» e «A saga dispensável e a hipocrisia ortográfica», Francisco Miguel Valada; «Ideia certa numa grafia errada» e «Pela palavra», João Gonçalves; «Como desperdiçar clientes em tempo de crise (2)», José António Abreu; «O aleijão», Pedro Mexia; «Wordpress em Português, sem Acordo Ortográfico», José Fontainhas; «O Desacordo», Helena Sacadura Cabral; «O acordo ortográfico do nosso descontentamento» e «Então o acordo serve para quê, afinal?», Ana Cristina Leonardo; «O aborto ortográfico», João Pereira Coutinho; «O espetro do acordo ortográfico», José Pimentel Teixeira; «Desliguem a máquina!», António de Macedo; «Acordo ortográfico – Um mau passo», Mário de Carvalho; «Sobre a XI Cimeira Brasil-Portugal de 10 de junho, perdão Junho», Luís Canau; «Juiz Rui Teixeira proíbe acordo ortográfico», Fernando Tavares; «A vingança ortográfica serve-se gelada», Fernando Venâncio; «Professores de Tróia», Maria do Rosário Pedreira; «O acordo do desacordo», Inez Andrade Paes; «Acordo ortográfico», Michael Seufert; «E é escrever assim, desacordadamente (continuação)», José Morgado; «O fim da nova ortografia?», Desidério Murcho; «Se eles não pararem…» e «Resistir», Cristina Ribeiro; «Desabafo contra o acordo», Omar Dammous; «Comentário ao Relatório do “Grupo de Trabalho de Acompanhamento da Aplicação do Acordo Ortográfico”, de 30 de Junho de 2013», Ivo Miguel Barroso. (Também no Esquinas (175) e no MILhafre (73).)

sábado, agosto 31, 2013

Olhos e Orelhas: Segundo Quadrimestre de 2013

A literatura: «O Amor Absurdo e Outras Histórias Improváveis» e «O robot Auris», Beatriz Pacheco Pereira; «A Metade Escura», Stephen King; «A Correspondência de Fradique Mendes» e «A Ilustre Casa de Ramires», Eça de Queiroz; «Eça de Queirós», Maria Filomena Mónica; «O Profeta», Kahlil Gibran; «Super-Homem - Pelo Amanhã», Brian Azzarello e Jim Lee; «Adeus», Honoré de Balzac; «O templo» e «Na câmara mortuária», H. P. Lovecraft.
A música: «Luar», Rita Guerra; «Rust in Peace», Megadeath; «Iowa», Slipknot; «The Freewheelin' Bob Dylan» e «Bringing It All Back Home», Bob Dylan; «Reign in Blood» e «South of Heaven», Slayer; «Te Deum», Francisco António de Almeida (por Hugo Oliveira, Marcel Beekman, Noa Frenkel e Orlanda Velez, com Flores de Música & Capella Joanina dirigidos por João Paulo Janeiro); «Der Fliegende Hollander», Richard Wagner (por Anja Silja, Ernst Kozub, Marti Talvella, Theo Adam, e outros, com a Nova Orquestra Filarmónica e Coro da BBC dirigidos por Otto Klemperer).
O cinema: «Terras Más», Terrence Malick; «O Aprendiz de Feiticeiro», Jon Turteltaub; «O Informante!», Steven Soderbergh; «Secretariat», Randall Wallace; «Nova Iorque, Eu Amo-te», Allen Hughes, Brett Ratner, Fatih Akin, Joshua Marston, Mira Nair, Natalie Portman, e outros; «Salt», Phillip Noyce; «Malandrices sem Tirar nem Pôr», Jean Pierre Jeunet; «Aqui na Terra», João Botelho; «O Solista», Joe Wright; «Uma Jornada Particular», Ettore Scola; «Temos Papa», Nanni Moretti; «Nada a Declarar», Dany Boon; «Rosa Negra», Margarida Gil; «Decepção», Marcel Langenegger; «Desprezível Eu», Chris Renaud e Pierre Coffin; «O Lorax», Chris Renaud; «Hotel Transilvânia», Genndy Tartakovsky; «Dodgeball - Uma Verdadeira História de um Subestimado», Rawson Marshall Thurber; «Erguer dos Guardiões», Peter Ramsey; «Madrugada de Salvação», Werner Herzog; «Kombate Mortal», Paul W. S. Anderson; «O Cantor de Casamentos», Frank Coraci; «Desconhecido», Jaume Collet-Serra; «Um Dia Bom para Morrer Duro», John Moore; «Distrito 9», Neill Blomkamp; «Frankenweenie», Tim Burton.
E ainda...: FNAC Vasco da Gama - exposição «Lá e Cá - Fotografias dos Alunos Finalistas do IPF e do SENAC»; APEL - 83ª Feira do Livro de Lisboa; Biblioteca Nacional - conferência «Apresentação do "Ano Verney"» com António Braz Teixeira, Jesué Pinharanda Gomes e Renato Epifânio + conferência «Luís António Verney - Portugal e a Europa no Século XVIII» por Zulmira Santos + exposição «Luís António Verney (1713-1792)» + exposição «Dos Céus ao Universo» + mostra «Eduardo Lourenço - Um tempo e as suas cinzas» + mostra «Raul Rêgo, bibliófilo» + mostra «Luís Amaro» + mostra «Almada por contar - 120 anos do nascimento de Almada Negreiros» + mostra «Aquele único exemplo... 450 anos da lírica de Camões» + mostra «300 anos do Real Seminário de Música da Patriarcal» + mostra «Pedro Freitas Branco - Um maestro (inter)nacional»; Museu do Neo-Realismo - exposição «Boligán - Faenas de Tinta» + mostra «Ciclo Vinte Mil Livros - José Saramago»; Lisboa Story Centre; FNAC Chiado - exposição «Praga 57 - As fotografias checas de Gérard Castello-Lopes»; Galeria de Arte da Praça do Mar de Quarteira - exposição colectiva de pintura «Over the Rainbow».

sexta-feira, agosto 23, 2013

Orientação: Os vídeos da conferência

Principalmente, mas não só, para os que não puderam estar presentes na Biblioteca Nacional a 23 de Julho último – há exactamente um mês, portanto – a fim de assistirem à conferência de apresentação do «Ano Verney», fica a informação de que os vídeos com a gravação da mesma podem ser acedidos e vistos aqui. Incluem não só a minha intervenção mas também as de Maria Inês Cordeiro (directora da BN), António Braz Teixeira, Jesué Pinharanda Gomes e Renato Epifânio.   

quinta-feira, agosto 15, 2013

Observação: Casanova «veio» antes

«Cartas de Casanova – Lisboa, 1757», editado neste ano de 2013, é o mais recente livro de António Mega Ferreira. «Romance epistolar», inventa uma viagem feita a Portugal, e à sua capital, dois anos depois do terramoto, pelo famoso aventureiro e sedutor italiano, e contém as (seis) cartas que ele teria escrito aquando da sua estadia por cá, dando conta das pessoas, dos lugares, dos acontecimentos e dos costumes que encontrou…
… O que representa sem dúvida um projecto interessante por parte do jornalista e co-criador da Expo 98. Porém, não é uma ideia original. Na verdade, em outro livro, editado quatro anos antes, em 2009, se imaginou a visita de Giacomo Casanova a Lisboa após o terramoto, embora, é certo, num outro contexto, mais… «fantástico», e sem o desenvolvimento que o livro de AMF apresenta: exactamente, «Espíritos das Luzes». Mas que tem sobre estas «Cartas…» a vantagem de não estar escrito sob o aberrante, abjecto, ilegal e inútil «acordo ortográfico de 1990». Este Mega pode ter uma… elevada erudição mas não tem uma grande força de carácter. Em contrapartida mais vantajosa, pode-se e deve-se ler as verdadeiras palavras do veneziano (traduzidas por Pedro Tamen): a (primeira parte da) «História da Minha Vida» também foi editada este ano, e, (enorme) qualidade adicional, não obedece ao AO90!
Entretanto, o meu livro continua à venda numa loja muito especial no Terreiro do Paço, em Lisboa. E, além de Casanova, também conta com as «presenças» de, entre outros, Kant, Sade e Voltaire. (Também no Esquinas (174).)   

terça-feira, agosto 06, 2013

Outros: Parabéns a Tennyson…

… A Lord Alfred Tennyson, à sua memória, à sua obra, à sua descendência, por mais um aniversário do seu nascimento que se celebra hoje. E a publicação, em 2009, de (cinquenta) «Poemas», escolhidos e traduzidos por mim, daquele grande escritor inglês, uma iniciativa – e um projecto, e um livro (ao qual o jornal Público deu «cinco estrelas») – com a qual pretendi então assinalar os 200 anos do seu nascimento e os 150 anos da sua visita a Portugal, não significou, muito pelo contrário, o fim do meu interesse na vida e na obra do laureado poeta, e no impacto que actualmente ele ainda tem. Continuo a procurar na Internet novas fontes de informação e de fascínio…
… E o que desta vez tenho para oferecer, para divulgar, relaciona-se com as suas casas… ou, pelo menos, com algumas delas. Antes de mais, aquela em que nasceu, em Somersby, no Lincolnshire, geminada à igreja de St. Margaret, onde foi baptizado e o pai de Alfred Tennyson era reitor. A seguir, Farringford, na Ilha de Wight, para onde se mudou a 25 de Novembro de 1853… há 160 anos; actualmente, é um estabelecimento hoteleiro; e a permanência do poeta naquela ilha, na qual era igualmente «vizinho» da família real britânica, motivou a concepção, por uma equipa da Universidade de Portsmouth, de um sítio (mais ou menos) interactivo denominado «Círculo das Celebridades de Tennyson», sobre os famosos artistas amigos de Alfred que a ele ali se lhe reuniam regularmente – e que incluíam, entre outros, John Millais, Julia Margaret Cameron e Lewis Carroll.
Dois outros locais de visita obrigatória para todos os que querem saber mais sobre o autor de «A carga da brigada ligeira» são a Tennyson Society e o Tennyson Research Centre. (Referência no Portugal dos Pequeninos.  

terça-feira, julho 23, 2013

Ocorrência: «Ano Verney»

Hoje celebram-se 300 anos do nascimento, em Lisboa, de Luís António Verney, e, tal como anunciei a 11 de Julho, a efeméride foi evocada neste dia com uma conferência na Biblioteca Nacional, na capital de Portugal, em que participei juntamente com António Braz Teixeira, Jesué Pinharanda Gomes e Renato Epifânio…
… E coube a mim a honra, e o privilégio, de iniciar a cerimónia com uma alocução em que enunciei e expliquei as origens e os objectivos do «Ano Verney», em que, através de um conjunto de iniciativas, se lembra e se homenageia a vida, a obra, e a época, de um dos mais eruditos, ilustres e versáteis pensadores e escritores portugueses. Dei o devido destaque, e o merecido agradecimento, à BN, na pessoa da sua Directora Maria Inês Cordeiro, pelo apoio e pelo interesse nesta evocação, concretizada, antes de mais, na exposição que abriu em Maio e que se prolongará até 16 de Agosto, e na conferência por Zulmira Santos, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, também no passado dia 11.
Também fundamental é a colaboração da BN com o Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, entidade que organiza(rá), no auditório da Biblioteca entre 16 e 18 de Setembro, o congresso «Luís António Verney e a Cultura Luso-Brasileira do seu Tempo», a principal iniciativa do plano de comemorações. O programa do congresso já pode ser visto no sítio do IFLB; tentar-se-á reequacionar o legado de Luís António Verney, e o dos seus contemporâneos, na actualidade, repensando, em simultâneo, todo o século XVIII luso-brasileiro em várias áreas do conhecimento: Artes, Filosofia, Ciências Naturais, Direito, Economia, Educação, Literatura, Política, Religião... Mais de 30 especialistas e estudiosos foram convidados para explanar e para debater as suas ideias e os seus trabalhos, entre os quais, e para além dos três que me acompanharam hoje, António Cândido Franco, Artur Anselmo, Duarte Ivo Cruz, Helena Murteira, Manuel Curado, Manuel Gandra, Maria Alexandra Gago da Câmara, Mário Vieira de Carvalho, Miguel Real, Pedro Calafate e Rui Lopo. Há o objectivo de, posteriormente, em princípio em 2014, editar em livro as actas do congresso.         
Outras iniciativas previstas do «Ano Verney» são: um colóquio de um só dia, no mesmo âmbito do congresso, a realizar no Porto em Dezembro deste ano, em dia e local ainda a determinar e a indicar; espectáculos musicais com base em compositores e em obras do século XVIII, tendo nesse sentido sido pedida a colaboração do Movimento Patrimonial da Música Portuguesa, dos Músicos do Tejo e da Orquestra Metropolitana de Lisboa; relançamento e divulgação de livros de Verney – entre as edições mais recentes, destaque para «Cartas Italianas», traduzidas do italiano por Ana Lúcia e Manuel Curado, e para «Lógica» e «Metafísica», traduzidas do latim por Amândio Coxito; um projecto a desenvolver com docentes e discentes de uma faculdade da Universidade de Lisboa, que implica a criação de desenhos inspirados num livro cuja acção se situa num século XVIII «alternativo» e fantástico, e em que uma das personagens se chama… Luís António Verney (mais pormenores serão, espera-se, dados brevemente); acções de carácter cultural e educativo com a Escola (Secundária) Luís António Verney, de Lisboa, procurando levar o conhecimento do seu patrono, dos seus contemporâneos, daquela época, às gerações mais jovens; e o lançamento de um selo comemorativo pelos Correios de Portugal – algo que, sem dúvida, já devia ter sido feito há bastante tempo.
Em (breve) entrevista concedida (por correio electrónico) a António Araújo para o seu blog Malomil, e publicada neste no passado dia 19 de Julho, justifiquei a homenagem a Luís António Verney com o facto incontestável de ser «um dos autores mais importantes da nossa literatura, e não apenas do século XVIII. Ele não se limitou a ser, o que já não seria pouco, uma das melhores mentes nacionais do seu tempo: também foi uma das melhores da Europa. Pela sua erudição, pela sua facilidade de comunicação, pela sua sensatez... enfim, pelo seu patriotismo, que o levou a contribuir à distância, porque estava em Roma, incansavelmente, durante anos, com o melhor do seu esforço intelectual, para o progresso e o desenvolvimento do seu país, e não só ao nível da educação... Pelo seu ecletismo, pela sua versatilidade, foi um autêntico enciclopedista... aliás, e curiosamente, em 2013 também se comemoram os 300 anos do nascimento de Denis Diderot.» Luís António Verney queria, com efeito,  «instituir um sistema de ensino que abrangesse, que acolhesse, as mais recentes teorias e práticas do seu tempo. Queria “integrar” Portugal na Europa do conhecimento daquela época, “puxar” o país, tanto quanto possível, para a vanguarda da cultura e da ciência que ele via florescer à sua volta. Queria clareza, queria exigência, queria complementaridade, queria rigor, queria eficiência. Queria uma educação caracterizada pela relevância, que não se traduzisse em diletantismo e superficialidade. É por isso, e muito mais, que Verney é ainda hoje, e sempre será, uma referência de excelência.»
Esta conferência de hoje em particular, e o «Ano Verney» em geral, foram entretanto também abordados hoje no jornal Público, em artigo de duas páginas (centrais) assinado por Luís Miguel Queirós; nos blogs do Círculo António Telmo e da Nova Águia, e no Cadernos de Daath, de David Soares. (Também no Esquinas (173).)

quinta-feira, julho 11, 2013

Oráculo: Conferência na BN, dia 23

No próximo dia 23 de Julho, pelas 18 horas, estarei na Biblioteca Nacional, em Lisboa, com Renato Epifânio, professor universitário e presidente da Direcção do Movimento Internacional Lusófono, e com outros convidados, para apresentarmos, em representação do Instituto de Filosofia Luso-Brasileiro, o congresso «Luís António Verney e a Cultura Luso-Brasileira do seu Tempo», que vai decorrer na BN nos próximos dias 16, 17 e 18 de Setembro, e que é a principal iniciativa das que fazem com que 2013 seja, possa ser denominado de, «Ano Verney»…
… Porque foi há 300 anos, a 23 de Julho de 1713, que nasceu aquele que viria a ser um dos mais ilustres e influentes pensadores, escritores, autores da cultura portuguesa, do século XVIII e não só, cujo trabalho mais famoso é o «Verdadeiro Método de Estudar», conjunto de livros que tinham como objectivo reformar todo o sistema de ensino em Portugal. As celebrações do «Ano Verney» começaram a 23 de Maio passado com a inauguração de uma exposição na BN a ele dedicada, e que se prolongará até 16 de Agosto. Hoje continuaram com uma conferência proferida por Zulmira Santos, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, intitulada «Luís António Verney – Portugal e a Europa no Século XVIII».
Foi minha a ideia, e a iniciativa, de celebrar a nossa mais brilhante figura do Iluminismo com um encontro de carácter académico que procurasse reunir os nossos maiores especialistas e estudiosos da sua vida e obra, dos seus contemporâneos, da sua época; e as primeiras pessoas que contactei nesse sentido foram Ana Lúcia Curado e Manuel Curado, professores da Universidade do Minho e que organizaram a edição das «Cartas Italianas» de Verney, volume onde fica bem patente a erudição, a sensatez e a versatilidade do homenageado. Mais pormenores do congresso serão dados no dia 23, e também de outras iniciativas que deverão integrar as comemorações: um colóquio no mesmo âmbito, mas de um só dia, a realizar no Norte de Portugal; e projectos nas áreas da música e das artes plásticas.

quarta-feira, julho 03, 2013

Organização: «Espíritos…» no LSC

O meu livro «Espíritos das Luzes» já está à venda na loja do Lisboa Story Centre, situado nos números 78 a 81 do Terreiro do Paço/Praça do Comércio da capital (do lado esquerdo de quem está de frente para o rio Tejo).
Num local que é apresentado como um «equipamento interactivo e de base tecnológica que nos conta, do passado ao presente, os principais eventos da cidade, (…) onde todos os que visitam a capital portuguesa são convidados a realizar uma viagem no tempo (…) e no espaço, com apresentação de relatos e cenários dramáticos fiéis à época», em que, para além dos seis núcleos fundamentais, incluindo um denominado «O Padre Voador», existe uma secção dedicada ao terramoto de 1 de Novembro de 1755 com «um teatro de experiência imersiva», e cujo primeiro vídeo de divulgação oficial inclui imagens do Marquês de Pombal e de uma Passarola, é evidente que a minha obra, editada em 2009, não poderia deixar de estar presente. Assim, em Setembro do ano passado comecei a envidar esforços nesse sentido, junto da LeYa e do Turismo de Lisboa, entidade de que depende o LSC.
Uma das grandes vantagens desta colocação – aliás, talvez a principal – é a de que, ao contrário do que acontece nas livrarias «normais», o período de exposição não será reduzido – pelo contrário, será indefinido, dependendo dos exemplares que forem adquiridos e substituídos. Existem pois, a partir de agora, mais oportunidades de descobrir «Espíritos das Luzes» para aqueles que ainda não puderam ou não quiseram fazê-lo. E se não o compreenderem à primeira leitura, podem sempre fazer uma segunda… e uma terceira… (Também no Simetria. 

domingo, junho 30, 2013

Observação: ACP «trocado por miúdos»?

Há mais uma entidade privada que decidiu comportar-se, em relação ao «aborto pornortográfico», como uma pública… ou seja, de uma forma cobarde e colaboracionista: o Automóvel Clube de Portugal.
Tendo verificado, no início deste ano, que a revista do ACP passou, abruptamente, a utilizar o aberrante «acordês», telefonei para a sede daquele a 12 de Março último, pedindo para falar com Carlos Barbosa, actual presidente da Direcção. Em vez disso, puseram-me em contacto com Rosário Abreu Lima, antiga assessora de Luís Marques Mendes e agora «dire(c)tora de comunicação institucional» do clube, para além de (ir)responsável máxima da sua publicação principal; ela confirmou que havia sido quem decidira proceder à alteração – tendo, aparentemente, imposto a sua vontade ao próprio Carlos Barbosa. De qualquer forma, expus-lhe os argumentos e os factos… irrefutáveis, aos níveis político, jurídico e cultural, que tornam ilegítimo, ilegal e inútil o AO90. Aquela pessoa não me apresentou propriamente um «contraditório»; não conseguiu, ou não quis, refutar o que eu disse. Porém, isso não significou que tivesse concordado comigo, porque as posteriores edições da revista do ACP continua(ra)m cheias de erros ortográficos…
O caso do Automóvel Clube de Portugal no âmbito do AO90 é especialmente insólito – e irritante – porque, mais do que outras organizações, esta já teve ocasião de presenciar, de se pronunciar… e de protestar contra transformações injustificadas que trouxeram – que trazem – mais desvantagens do que vantagens. Disse-o naquela conversa por telefone e reiterei-o depois em mensagem de correio electrónico: de quem se manifestou, e bem, contra as mudanças no trânsito em Lisboa, na zona da Praça do Marquês de Pombal e da Avenida da Liberdade, seria de esperar uma atitude semelhante perante uma situação… que tem muitas semelhanças. Como escrevi, «surpreende-me a atitude passiva, de submissão, do ACP em relação ao AO90: é que é o mesmo tipo de mentalidade distorcida, de raciocínio deficiente, que está na origem tanto das alterações na ortografia portuguesa como das alterações ao trânsito lisboeta. Em ambos os casos trata-se de dar “soluções” a problemas que não existem; de lançar a confusão onde existia um mínimo de estabilidade; de desviar para objectivos irrelevantes recursos que seriam mais necessários e melhor aproveitados em áreas verdadeiramente prioritárias.»
Tanto na conversa por telefone como na mensagem de correio electrónico também abordei as consequências do AO90 no ensino: «quem causa essa “confusão” é quem pretende impor esta anormalidade; mas, ainda mais caricato, repare na ainda maior confusão que a utilização do AO90 causa em crianças e jovens que aprendem, e cada vez mais cedo, o inglês, e que assimilam todas aquelas palavras com consoantes “mudas”, consoantes e vogais repetidas, e até várias palavras com o (alegado) arcaísmo do “ph”... Não seria melhor - quanto mais não seja por sermos um país europeu! - não nos afastarmos da língua inglesa, e também, já agora, da francesa, onde não se procede a absurdas “simplificações” que só prejudicam a aprendizagem e que são potenciadoras de analfabetismo e de iliteracia?»
Aparentemente, os actuais dirigentes do ACP não vêem qualquer contradição em, ao mesmo tempo que se distanciam ortograficamente do inglês, designarem o seu programa de educação rodoviária, dirigido para os mais novos, como… «ACP Kids». Serão as crianças anglófonas residentes em Portugal os alvos prioritários desta iniciativa? «Trocado por miúdos», a conclusão é inevitável: o maior clube português, além de pelo provincianismo, foi atingido pela hipocrisia. Simplesmente ridículo. É claro que existem outras instituições que se submeteram ao AO90 e que, ao mesmo tempo, não dão ao «novo português» uma utilização plena: veja-se a RTP e o seu serviço «Play»
E pensar que eu andei a gastar o meu tempo, e o meu «latim», a defender o ACP numa anterior situação em que foi discriminado. Não vale(u) a pena o esforço. Não merece(ra)m o empenho. (Também no Esquinas (172).)

sábado, junho 22, 2013

Orientação: Seixas «dá à» Costa (outra vez)

João Pedro Graça foi talvez demasiado generoso em dar hoje destaque, no sítio da Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico, a um recente «despique verbal» - mais um! – entre mim e Francisco Seixas da Costa, tido no blog Aventar a propósito de um texto de Francisco Miguel Valada.
Quem se lembra de anteriores «trocas de galhardetes» que eu tive com o ex-embaixador de Portugal em França – descritos aqui e aqui – possivelmente não terá esquecido como aquele diplomata se mostra(va) sempre tão pressuroso em obedecer a ordens, mesmo que elas fossem, e sejam, difíceis ou mesmo impossíveis de defender. E também como continua a ter, insolitamente, dificuldade em escrever correctamente o meu nome…
Entretanto, decidi igualmente fazer mais uma «visita» à (deixar um comentário na) «loja» do Sr. Francisco, ainda no âmbito do «aborto pornortográfico». Vale sempre a pena, mais do que debater opiniões, apresentar, e recordar, factos.

segunda-feira, junho 10, 2013

Outros: Na Rádio Renascença…

… Ou, mais concretamente, no seu sítio na Internet, está um texto, intitulado «Dia de Portugal devia ser aniversário da Batalha de Aljubarrota», assinado por Filipe d’Avillez, que resultou – que é um resumo – de uma entrevista de cerca de 20 minutos que concedi àquela estação de rádio, e àquele jornalista, no passado dia 4 de Junho, e que não foi, nem vai ser, emitida. Porém, a  transcrição daquela pode ser lida aqui. O principal pretexto para a conversa foi o meu livro «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um País». (Referência no Portugal Minha Terra.

sexta-feira, maio 31, 2013

Orientação: Sobre o Benfica, no Público

Na edição de hoje (Nº 8451) do jornal Público, e na página 49, está o meu artigo «Da “mística” só a memória». Um excerto: «Como é que se pode afirmar, sem rir, que o Benfica é “a maior marca nacional”? Porque conta com seis milhões (?) de “consumidores” masoquistas? Antes ser o melhor do que o maior! Sinceramente: é isto que é “o maior clube do Mundo”? Antes estar no "Livro de Recordes do Guinness" pelos títulos conquistados do que pelo número de sócios. E se o SLB fosse uma (verdadeira) empresa há muito tempo que estaria falido. É em Portugal o maior caso de insucesso, não só competitivo mas geral. É a expressão máxima no nosso país de baixa produtividade, de expectativas (constantemente) frustradas, de desproporção entre o que se “investe” e o que se “recebe”. Tantas pessoas a “torcerem” por ele... e que em troca só levam com decepções, desilusões, depressões, humilhações.» (Também no MILhafre (72). Transcrição no Esquinas (171).)

segunda-feira, maio 27, 2013

Outros: Uma recensão ao meu livro…

… «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um País», editado em 2012 pela Fronteira do Caos, pode ser lida na mais recente edição – Nº 9, 2013/5 – do boletim Correio Real, órgão oficial da Causa Real portuguesa, nas páginas 26 e 27. Foi escrita por Nuno Pombo, presidente da Direcção da Real Associação de Lisboa.
Alguns excertos: «(…) Não são muitos os que oferecem o seu percurso, deixando a nu as suas falhas pretéritas. Como intuo serem mais os que se louvam na congruência, ainda que reincidente no erro, do que os que se revêem no porfiado caminho em direcção à Verdade. (…) A citação de Jorge Sena com que o livro abre não é senão uma provocação - “(…) eu não mereço a pouca sorte de ter nascido nela [nesta Pátria]” (p.11). Quem parte deste princípio não se preocupa com o futuro da Pátria. Só se amargura com ele, com o futuro da Pátria, só sofre com a Pátria ou por causa dela quem se sente essencialmente imbricado com ela. É esse, manifestamente, o caso de Octávio dos Santos. (…) Alguns dos textos deste livro ficaram presos no tempo ou no espaço. São o seu testemunho do que vivia quando os escreveu e não perdem interesse por isso. Mas outros há que não foram beliscados pela cronologia. Podiam ter sido escritos … amanhã. (…) Mesmo quando não concordamos com todos os seus pontos de vista, e algumas vezes me afastei deles, o pensamento de Octávio dos Santos está longe de ser passadista, anquilosado e redutoramente conservador. (…)»
Ontem, 26 de Maio, estive na Feira do Livro de Lisboa, onde também autografei exemplares de «Um Novo Portugal», que continua à venda nos pavilhões (B56-B58-B60) da Gradiva até 10 de Junho.