Está marcada para amanhã, 16 de Outubro de 2023, na Biblioteca Nacional de Portugal, a realização do «3º Congresso Internacional Eça de Queiroz 150 Anos»... ou do «3º Encontro Internacional Eça de Queiroz 150 Anos». Afinal, é «congresso» ou «encontro»? Nesta divergência entre as entidades principais que promovem o evento fica desde logo aparente que algo não estará bem com aquele. E, efectivamente, assim é. Apesar de supostamente ser a terceira edição de uma iniciativa que eu concebi e cujas duas primeiras edições decorreram, com a minhas co-organização e participação, em 2019 e em 2021, na verdade aquela não tem legitimidade enquanto tal. Desautorizo, repudio, o ajuntamento agendado para amanhã na BNP. E, obviamente, desta vez não estarei presente...
... Porque a forma e o conteúdo do que está agendado não corresponde de modo algum ao que eu defini em Abril de 2022, em mensagem que então enviei ao Presidente da Direcção do Movimento Internacional Lusófono e co-organizador nas duas edições anteriores: «um terceiro congresso dedicado a Eça de Queiroz nos 150 anos do início da sua actividade enquanto diplomata, mais concretamente como cônsul em Havana, com alusões inevitáveis às suas viagens aos Estados Unidos e ao Canadá, e ainda ao início da escrita, nesse período, de “Singularidades de uma Rapariga Loira” (...) e de “O Crime do Padre Amaro”. O evento poderia ter como subtítulo, ou “mote”, “José Maria na América” (...); alargar igualmente o seu âmbito à recepção da obra de EdQ no Brasil». Definido o mês de Outubro de 2023 como período de concretização, anunciei aqui em Janeiro e em Fevereiro últimos a realização do congresso e a data limite para inscrições e envio de comunicações. Porém, no início de Setembro era inegável que não estavam reunidas as condições mínimas para a concretização satisfatória do projecto, e disso dei conta ao meu interlocutor habitual: um evento que decorra apenas num dia, e, pior, em metade de um dia, não merece a designação de «congresso», e fica aquém, nesse aspecto, das duas edições anteriores; é fundamental a qualidade dos oradores e das suas intervenções, mas a quantidade não deve ser menosprezada; também para não quebrar o «padrão» estabelecido em 2019 (Sociedade de Geografia de Lisboa) e em 2021 (Palácio Valenças, em Sintra), este ano o evento deveria decorrer igualmente num segundo local, e nesse sentido sugeri a Casa da América Latina em Lisboa; a «pequenez» do «EdQ 3» é agravada pela realização simultânea (a 13, 17 e 20 de Outubro, respectivamente no Porto, Lisboa e Coimbra) do congresso do centenário (da morte) de Guerra Junqueiro, contemporâneo e amigo de Eça; enfim, o terceiro «congresso queirosiano» merece um novo cartaz e não a re-utilização, ou repetição, daquele que serviu para divulgar o segundo. Depois de apresentar estes factos e argumentos ao Presidente da Direcção do MIL propus, se não o cancelamento definitivo, pelo menos o adiamento da iniciativa para 2024; no entanto, a minha proposta foi recusada, pelo que a minha reacção não poderia ser outra que não aquela que agora revelo.
Não é, todavia, este fracasso que diminui o sucesso dos congressos de 2019 e de 2021 e a minha contribuição para eles, e estarei sempre interessado e disponível para colaborar na evocação do grande artista que foi Eça de Queiroz. Não que tal seja necessário, evidentemente: o autor de «Os Maias» está sempre presente nas nossas consciência e memória colectivas e raramente passa muito tempo sem que a sua vida e/ou a sua obra fiquem em destaque por qualquer motivo, positivo ou negativo. Um exemplo recente disso é a controvérsia sobre a trasladação dos seus restos mortais para o Panteão Nacional, e a minha opinião sobre aquela é inequivocamente desfavorável.
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