… Ou, dito de outra forma talvez mais correcta, receou-me.
No passado dia 6 de Março, no programa «A Tarde é Sua», de Fátima Lopes,
realizou-se um debate sobre o «acordo ortográfico de 1990» que contou com as
participações de João Malaca Casteleiro (a favor), «linguista» e um dos
principais «autores (i)morais» do «desacordo», e de António Chagas Baptista
(contra), da (Direcção da) Associação Portuguesa de Tradutores. Porém, era eu
quem deveria ter participado, enquanto opositor ao AO90, no espaço da Televisão
Independente…
… Porque a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico foi contactada e convidada pela equipa do «A Tarde é Sua»
para se fazer representar na emissão daquela data. Em mensagem enviada a 2 de
Março à ILCAO, Pedro Quaresma, jornalista da «redação» daquele programa,
informava que este «conta, às sextas-feiras, com uma parte mais
informativa (entre as 19h00 e as 20h00), que procura discutir e debater temas
fra(c)turantes da a(c)tual sociedade portuguesa. Nas últimas semanas, abordámos
assuntos tão diversos como o consumo de álcool entre os jovens, a eutanásia, a
maternidade de substituição ou a legalização da prostituição, entre outros. Já
contámos, neste espaço, com a participação de pessoas de vários quadrantes, nomeadamente
deputados, juristas, médicos ou filósofos, entre outros. Na
próxima sexta-feira, dia 06 de Março, propomo-nos falar de uma temática à qual
os senhores não estarão, por certo, alheios: o acordo ortográfico. Parece-nos
pertinente debater este assunto em horário nobre (antes do Jornal das 8 de
sexta-feira, um dos programa mais vistos de toda a grelha semanal de
televisão), pelo que seria para nós muito prestigiante contar com a
participação de um elemento da ILC neste excerto do programa, que terá um formato
de debate. A conversa será moderada pela apresentadora, encontrando-nos a(c)tualmente
a desenvolver diligências para ter em estúdio uma pessoa que defenda este
acordo ortográfico. Assim, gostaríamos de formular-lhes um convite para
estar presente no programa “A Tarde é Sua” na próxima sexta-feira, 06 de
Março, entre as 18h30 e as 20h00. Em caso de resposta afirmativa, solicito
também que nos facultem um contacto telefónico pois seria importante falar
antecipadamente, de modo a combinar alguns pormenores da vinda ao programa. Por
motivos de planeamento do programa em questão, solicito uma resposta tão breve
quanto possível, de preferência até ao final do dia de amanhã.»
A resposta, indicando o meu nome como representante da
ILCAO, foi enviada por João Pedro Graça antes do final de terça-feira, 3 de
Março – mais concretamente, às 16.55. Porém, e para nossa surpresa,
posteriormente recebemos, ainda naquele dia, a seguinte mensagem de Pedro
Quaresma: «Agradeço a rápida resposta
ao nosso e-mail. Por
imposições superiores, e como hoje por volta da hora de almoço ainda não tinha
qualquer indício de que a ILC poderia disponibilizar alguém para participar no
debate, vi-me na obrigação de encontrar uma alternativa para fechar o
alinhamento do programa da próxima sexta-feira. Assim, acabámos por concordar com a participação de um
elemento da Associação de Tradutores, que também é contra a adopção deste
acordo. Em todo o caso, agradeço a sua simpatia e disponibilidade.» Repare-se nas bizarrias e nas contradições
que caracteriza(ra)m este desagradável incidente: a ILCAO respondeu
indubitavelmente dentro do prazo pedido… que não era, aliás, obrigatório – e tanto
assim foi que PQ começou por agradecer, precisamente, a «rápida resposta»! No
entanto, antes disso, e talvez devido a uma crise de bipolaridade, à «hora de
almoço» (seria fome?) decidiram «encontrar uma alternativa» por «imposições
superiores». Mas só nos comunicaram essa decisão depois de saberem quem seria o
representante da ILCAO… ou seja, eu.
Sejamos sérios, deixemo-nos
de ilusões e chamemos as coisas pelos seus nomes: este «des-convite» da TVI em
relação à ILCAO é uma inacreditável e inadmissível demonstração de falta de
cortesia, de educação, de profissionalismo, de respeito; todavia, é igualmente
uma evidente acção de discriminação, e até de censura, em relação a mim… e não
é a primeira vez que o «Canal Quatro» a faz. Os «superiores» que «impuseram»
o meu afastamento fizeram-no, acredito, não só pelas críticas que tenho feito à
TVI (e à SIC e à RTP, e não só) pela sua submissão ao «aborto pornortográfico»,
aqui no Octanas, no MILhafre e no Público, críticas essas que demonstram, passe
a imodéstia, a minha capacidade para debater este tema e para confrontar e
derrotar qualquer defensor do dito cujo, incluindo o Prof. Malaca; também o
fizeram pela denúncia da – anterior e comprovada – discriminação e censura de que eu e o meu outro blog Obamatório fomos objecto em 2012 por parte da estação
de Queluz de Baixo. No que depender de mim, baixezas como esta nunca serão
silenciadas…
… Mesmo que tal implique
mais censura, mais discriminação e, eventualmente, até difamação e… deformação.
Chagas Baptista, que, há que admiti-lo e reconhecê-lo, esteve muito bem no
debate de 6 de Março, que venceu, superiorizando-se indubitável e claramente a
Malaca Casteleiro, teve o seu nome a(du)lterado para António Chagas «Batista»
na legenda surgida no ecrã. Recordo que na TVI um famoso grupo musical já foi
identificado como «One Diretion». Estivesse lá eu e provavelmente colocariam «Otávio»
dos Santos, e assim se juntariam à (longa) lista daqueles que tira(ra)m o «c» do meu nome. (Também no ILCAO.)