quinta-feira, dezembro 12, 2024

Ocorrência: Mais um prémio com o nome de JMG

Há um novo prémio literário com o nome de – e em honra e em memória de – um já (infelizmente) falecido professor e investigador universitário português que, na década de 90 do século passado, e como Ministro da Ciência e da Tecnologia, foi o principal responsável pela definição e pela concretização de várias políticas e de iniciativas tendentes à construção de uma sociedade da informação, assentes em novas tecnologias digitais e reunindo entidades públicas e privadas. Trata-se do Prémio Literário de Ficção Científica (José) Mariano Gago, numa organização da associação Era Uma Voz.
O prémio, no valor de 2500 euros, tem «o obje(c)tivo de homenagear José Mariano Gago, através da criação literária na área da ficção científica, associando este género literário a uma personalidade absolutamente determinante na vida cultural, política e científica nacionais. É um estímulo aos escritores para explorarem novas fronteiras da imaginação e de visões de futuro, numa ligação entre a ciência, a literatura e o pensamento, em honra do seu legado visionário.» Os textos, inéditos, com um mínimo de 15 mil e um máximo de 20 mil palavras, podem ser submetidos até 31 de Março de 2025.
Será relevante recordar que já existiu um primeiro Prémio Literário José Mariano Gago, em 2018, com outras características e promovido por outra entidade, e ao qual eu concorri com o meu livro «Nautas», mas que veio a revelar-se ser um projecto pervertido, como relatei aqui e aqui, e que por isso, em última instância, acabou por manchar o legado do homem a quem supostamente se pretendia prestar tributo. Esperemos que agora, com este novo galardão, tal não aconteça; e desta vez não concorrerei, mas apenas porque não possuo uma obra com as características exigidas pelo regulamento.

segunda-feira, novembro 04, 2024

Outros: Verdes são

Hoje, 4 de Novembro de 2024, passam exactamente 40 anos desde a morte do meu pai, José Manuel Dias dos Santos. Um dos acontecimentos mais marcantes – aliás, numa certa perspectiva, talvez mesmo o mais marcante – da minha vida, pelo profundo impacto e pelas enormes consequências que nela teve. Poder-se-á contrapor que o falecimento de um progenitor é algo de natural e de previsível, para o qual devemos estar, mesmo que inconscientemente, sempre preparados. Sim, sem dúvida; mas há que reconhecer também que esse cenário inevitável toma contornos muito diferentes quando o funesto desaparecimento acontece prematuramente, aos 45 anos de idade. Para melhor contextualizar a perda, eu tinha 19 anos e o meu irmão 12.
Nestas quatro décadas que entretanto passaram nunca deixei de me lembrar do, e de pensar no, meu pai constantemente. De duas formas, ou em dois sentidos: por um lado, interrogando-me sobre o que ele acharia de factos importantes que ocorreram em Portugal e no Mundo, e das figuras que os protagonizaram; e, por outro lado, especulando sobre qual teria sido a própria evolução pessoal dele, em especial nos aspectos ideológico e profissional. O meu pai, à semelhança de outros, ficaria surpreendido pela ascensão à Presidência da República de Mário Soares, primeiro, e de Cavaco Silva, depois, além de pelos dez anos em que o ex-ministro das Finanças de Francisco Sá Carneiro foi primeiro-ministro; teria ainda, acredito, testemunhado com expectativa a adesão do nosso país à Comunidade Económica Europeia e as mudanças radicais que aquela induziu; observado com entusiamo a realização da Expo 98 e a concomitante renovação urbana da zona oriental de Lisboa; assistido, entre espanto e terror, à queda do Muro de Berlim, ao fim da União Soviétiva e aos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001. A um nível individual prefiro imaginar que também se afastaria progressivamente do Partido Comunista Português, em que ambos militámos (eu na JCP), mas é provável que não tivesse ido tão longe quanto o filho mais velho, que se tornou monárquico e de direita; e não duvido de que, a dado momento, ter-se-ia tornado empresário e lançado o seu próprio, bem sucedido, negócio, porque espírito de iniciativa e competência técnica não lhe faltavam, de que é um exemplo o ter sido o fundador principal da cooperativa de consumo Unipovo, em Alverca.
Em retrospectiva, aquele ano de 1984 destaca-se como memorável por diversos motivos, a maioria dos quais infelizes. Começou mal com a morte igualmente precoce de José Carlos Ary dos Santos, que o meu pai conheceu pessoalmente enquanto publicitário, e a quem por isso eu muito gostaria de ter dado a ler os meus poemas. Continuou pior com o falecimento ainda mais precoce de Joaquim Agostinho, cujo cortejo fúnebre, que partiu da Basílica da Estrela com destino a Torres Vedras, nós presenciámos no Largo do Rato, depois de termos descido a Rua Rodrigo da Fonseca, vindos da empresa onde o meu pai trabalhava, situada num edifício na esquina com a Avenida Joaquim António de Aguiar – o mesmo a que eu voltaria, uma década depois, mas para um outro piso, enquanto redactor da revista África Hoje. Mantendo-nos no desporto, o José Manuel, tal como todos os seus compatriotas, exultou com a vitória – e respectiva obtenção da medalha de ouro (a primeira de Portugal) – de Carlos Lopes na prova da maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Um triunfo que mais ou menos compensou a desilusão da derrota da selecção portuguesa de futebol face à sua congénere gaulesa no campeonato da Europa daquele ano, realizado, precisamente, em França. Como eu lamento que o meu pai não tenha tido a felicidade de assistir à «desforra» em 2016 e se maravilhar com as proezas de Cristiano Ronaldo, que nasceu no ano seguinte àquele em que ele pereceu...
... E que, tal como Carlos Lopes e Joaquim Agostinho, está entre os atletas mais valorosos que envergaram as cores do Sporting Clube de Portugal, de que ele era adepto. O que, depois de se casar, resultou numa «solidão clubística»: rodeado de benfiquistas, afirmava com bom humor ser o «Acácio Barreiros da (nossa) família». E hoje, muitos anos depois, o que acontece neste âmbito? Decidi tornar-me adepto do Sporting. Quem disse que não se pode mudar de clube, e numa idade já «avançada»? Afinal, se mudei tanto a nível político, porque não poderia fazer o mesmo a nível desportivo? E fi-lo não apenas por estar cansado, farto, da incompetência crónica e do fatalismo perene do suposto «glorioso»; também por muito admirar Frederico Varandas e Rúben Amorim – este um conterrâneo, aliás. Mas, principalmente, por o SCP ser uma das poucas (ou possivelmente a única?) instituição de grande dimensão no país, pública ou privada, que não se submeteu ao infame e ilegal «acordo ortográfico de 1990». Assim, actualmente sou eu que de certo modo invoco o então deputado único da UDP. O que não é um problema. E, enfim, o verde é também a minha cor, verdes são os meus (defeituosos) olhos, verde de uma esperança que, porém, agora é para mim, enquanto adulto e por causa de bastantes desilusões e de vários fracassos, bem menor do que quando eu era mais jovem. Do que quando o meu pai era vivo.

sábado, outubro 05, 2024

Opinião: A República, impúdica, é a ré

A 5 de Outubro de 2023 escrevi: «a cada ano que passa é cada vez mais difícil, se não impossível, contrabalançar, atenuar, a desgraça da implantação da república em 1910 com a glória da assinatura do Tratado de Zamora em 1143, em que foi reconhecida pela primeira vez a independência de Portugal.»
2024 não é uma excepção a essa regra; apesar de, entretanto, o PS ter finalmente deixado o poder após ter perdido as eleições legislativas antecipadas de 10 de Março na sequência da demissão do governo de António Costa, motivada por (mais) um escândalo de corrupção – e consequentes investigações policiais e acusações judiciais – envolvendo membros daquele, o governo do PSD e do como que  «desenterrado» CDS-PP que o substituiu, liderado por Luís Montenegro, não constituiu (até agora) a mudança profunda, o corte decisivo com um passado recente e regressivo que seria de desejar e de esperar. Aliás, e pelo contrário, parece que o famigerado «Bloco Central» de outros tempos reapareceu: não muito tempo depois de tomar posse, Montenegro declarou o seu apoio a Costa para este ocupar o cargo de Presidente do Conselho Europeu e, já neste mês, entendeu-se com Pedro Nuno Santos para garantir a aprovação do Orçamento de Estado de 2025, para além de ter prometido apoiar os órgãos de comunicação social «estabelecidos» e combater a «desinformação» (ou seja, implementar a censura) nas redes sociais. O que não surpreende de todo porque, nunca é de mais recordar e salientar, o PSD não é nem nunca foi um partido de direita; o que explica que os «laranjas» não pareçam muito incomodados com a utilização de expressões ridículas como «pessoas que menstruam» em documentos oficiais já sob a sua tutela, e que até o actual primeiro-ministro faça alusão à aldrabice das alterações climáticas antropogénicas a propósito dos incêndios em Portugal, em discurso proferido na assembleia geral da ONU! Enfim, estamos aparentemente perante mais um exemplo de «mudança de moscas».
O país parece estar pior do que há 365 dias, e provavelmente até está. Vejamos: vários hospitais continuam a encerrar com uma frequência alarmante os seus serviços de urgência e de ginecologia-obstetrícia, e mais de milhão e meio de pessoas (incluindo eu, esposa e filhas) não têm médico de família; a imigração maciça (para a dimensão da nação) e descontrolada atinge níveis cada vez mais preocupantes; a criminalidade violenta está a aumentar, e resulta também dessa imigração crescente. Neste ano em que se assinalou o cinquentenário do 25 de Abril de 1974, eis o panorama desolador que se nos apresenta na celebração da «liberdade». Sim, é verdade que a culpa por estes problemas cabe principalmente ao PS, mas este contou durante quase 10 anos com a cumplicidade activa de um chefe de Estado que mostrou não estar à altura do cargo. E muito bom seria que os disparates de Marcelo Rebelo de Sousa se limitassem a sugerir que Portugal deve «reparações» às suas ex-colónias; porém, a revelação de que ele se deixou envolver em acções de (tentativa de) obtenção de favores promovidas pelo filho enfraqueceu ainda mais a sua posição institucional, não estando inteiramente fora de consideração, em última instância, eventuais implicações (i)legais. É para isto que os herdeiros de Afonso Costa tanto se esforçaram a favor da eleição da cabeça do regime? Cada vez mais caquéctica, patética, suportada por renovadas «brigadas do reumático» e tendo na ridícula ortografia «acordizada» o seu dialecto oficial, a república, impúdica, é a ré maior.
Neste ano também se comemora(ra)m, ou nem por isso, os 500 anos da morte de Vasco da Gama e do nascimento de Luís de Camões – é, na verdade, interessante e mesmo notável que o autor da nossa maior epopeia literária e o principal, real, protagonista daquela tenham esta ligação especial. Nenhumas evocações dignas desta dupla efeméride foram até ao momento realizadas ou estão previstas. Para isso também faz falta alguém como Vasco da Graça Moura, falecido há 10 anos. E alguém como Agostinho da Silva, falecido há 30. Em Portugal, possivelmente, já não se produzem homens da estirpe daqueles dois; e, se ainda são produzidos, o mais provável é já terem emigrado.     

quarta-feira, setembro 18, 2024

Outros: Textos seleccionados (Parte 7)

«Sobre a amizade», David Soares; «O ó, que som tem? Até um tambor nos falou de fonética», Nuno Pacheco; «O grotesco em alturas de Olimpo», José Mendonça da Cruz; «O silêncio da ficção científica», João Campos; «A verruga cabeluda no nariz da velha, e o sonso», Paulo Sousa; «Cores da Ericeira», João Afonso Machado; «Carta de Bruxelas – Para assinalar 10 meses passados sobre o dia 7 de Outubro de 2023», João Tiago Proença; «As elites têm medo da liberdade e do povo», Telmo Azevedo Fernandes; «Lembrar Alice Jorge», Manuel Augusto Araújo; «Não existe Português de Portugal vs. Português do Brasil, muito menos Variante do Português de Portugal. Enquanto insistirem nestes antilogismos a Língua Portuguesa continuará a ser vilipendiada...», Isabel A. Ferreira; «A luta contra o marxismo cultural», Francisco Gomes; «Sven-Goran Eriksson», Sérgio de Almeida Correia; «As associações subversivas, racistas e violentas do semanário Expresso», Miguel Silva; «Jornalismo com contexto», Henrique Pereira dos Santos; «Como votar nas eleições americanas», José Meireles Graça; «Pas dormir», José António Barreiros; «A culpa é dos jornais?», Maria do Rosário Pedreira; «A votação do orçamento», Luís Menezes Leitão; «Os silenciados», Cristina Miranda; «Antero e o pessimismo», Daniel Santos Sousa; «O dia 12 de Setembro de 2024 será recordado», Francisco Miguel Valada; «O mérito capilar», João Távora. 

sábado, agosto 31, 2024

Olhos e Orelhas: Segundo Quadrimestre de 2024

A literatura: «Bolhas de Esperança», Clotilde Celorico Palma; «As Belas», Prince Rogers Nelson (Dan Piepenbring, org., intro.); «Natália Correia - Fotobiografia», Ana Paula Costa; «A Rainha Bugatti - Em Busca de uma Lenda das Corridas Motorizadas», Miranda Seymour; «Gente da Nossa Terra - Memórias de Cuba», Francisca Lopes Bicho; «Porque é que os franceses não celebram Lafayette?», Adam Gopnik. 
A música: «Os Grandes Êxitos do...», Conjunto Académico João Paulo; «The Fillmore Concerts», Allman Brothers Band; «The Grand Wazoo», Frank Zappa; «Light As A Feather», Return To Forever; «Sweetnighter», Weather Report; «À Queima Roupa», Sérgio Godinho; «New York», Lou Reed; «Words For The Dying», John Cale; «Songs For Drella», John Cale & Lou Reed; «Wrong Way Up», Brian Eno & John Cale; «In Vivo», GNR; «Take A Look In The Mirror», Korn; «Under My Skin», Avril Lavigne; «Rosenrot», Rammstein; «Back To Black», Amy Winehouse; «Serse», George Frideric Handel (por Anne Marie Rodde, Barbara Hendricks, Carolyn Watkinson, Ortrun Wenkel, Paul Esswood e Ulrich Studer, com La Grande Écurie et la Chambre du Roy dirigida por Jean-Claude Malgoire); «Symphonien (Nº 93, Nº 96, Nº 101)», Joseph Haydn (pela Orkest Concertgebouw Amsterdam dirigida por Colin Davis). 
O cinema: «Simone, a Viagem do Século», Olivier Dahan; «Pardal Vermelho», Francis Lawrence; «O Equalizador 3», Antoine Fuqua; «John Wick - Capítulo 4», Chad Stahelski; «Ava», Tate Taylor; «Espartilho», Marie Kreutzer; «No Portão da Eternidade», Julian Schnabel; «Raptando o Senhor Heineken», Daniel Alfredson; «Whitney Houston - Quero Dançar com Alguém», Kasi Lemmons; «Sully», Clint Eastwood; «O Sol do Futuro», Nanni Moretti; «Ela Está Fora da Minha Liga», Jim Field Smith; «A Feia Verdade», Robert Luketic; «Amor Outra Vez», Jim Strouse; «Bilhete Para o Paraíso», Ol Parker; «Um Homem à Altura», Laurent Tirard; «Mundo Jurássico - Domínio», Colin Trevorrow; «A Guerra do Amanhã», Chris McKay; «Népia», Jordan Peele; «Um Lugar Quieto», John Krasinski; «Anatomia de uma Queda», Justine Triet; «Viúva Negra», Cate Shortland; «O Homem-Morcego», Matt Reeves; «Shazam! Fúria das Deusas», David F. Sandberg; «Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis», Destin Daniel Cretton; «Gato das Botas - O Último Desejo», Januel Mercado e Joel Crawford; «Ferrari», Michael Mann; «Lamborghini - O Homem Atrás da Lenda», Bobby Moresco.
E ainda...: RTP2 - (documentário) «Editor Contra», Luís Alvarães; Prince - «Live at Glam Slam, Minneapolis, Minnesota, January 11, 1992» (blu-ray incluído na edição especial com oito discos de «Diamonds And Pearls»); Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - exposição de pintura de Alexa Jesus «Franca de coração» (Biblioteca Municipal de VFX/Fábrica das Palavras) + exposição «Vila Franca de Xira e o 25 de Abril - 50 anos» (Museu Municipal) + exposição «Alverca em festa» (Núcleo de Alverca do MM); Museu do Neo-Realismo - exposição «Escrever é lutar - Escritores neo-realistas e a revolução de Abril»; RTP Antena 1 - (programa) «Tão Longe, Tão Perto - Episódio 14 - Francisca Lopes Bicho e as memórias de Cuba»; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «A caminhar para o princípio - Eduardo Lourenço, 100 anos» + exposição «Uma colecção com a casa às costas» + exposição «A revolução em marcha - Os cartazes do PREC, 1974-1975» + mostra «A "espantosa realidade" da História - José Mattoso (1933-2023)» + mostra «Publicações islâmicas em Portugal (1968-2024)»; Câmara Municipal de Loulé/Galeria de Arte da Praça do Mar de Quarteira - exposição de fotografia de Luiz Carvalho «50DE25»; Channel 5/RTP2 - (série televisiva de ficção) «Todas as Criaturas Grandes e Pequenas (segunda temporada)».

terça-feira, agosto 06, 2024

Outros: Que estudam Alfred Tennyson

6 de Agosto é, há 15 anos, uma dia importante no Octanas. Nesta data, em 2009, anunciei aqui pela primeira vez a conclusão e a edição – que se concretizou em Dezembro do mesmo ano – da minha tradução de «Poemas» de Alfred Tennyson, cujo aniversário de nascimento – mais concretamente, desta vez o 215º - se celebra hoje. Desde então tem sido com alguma regularidade, mesmo que por vezes com algum espaçamento no tempo, que divulgo novidades e/ou informações interessantes relacionados não só com aquele meu livro mas também com o próprio grande poeta inglês...
... Pelo que uma descoberta recente que fiz neste âmbito tem todos os atributos para ser devidamente divulgada e valorizada: uma dissertação de mestrado com o título «”A infinda névoa e os pavilhões da aurora” – Traduzindo a poesia de Alfred Tennyson», submetida em 2022 pelo brasileiro Pedro Mohallem Rodrigues Duarte ao programa de pós-graduação em Estudos Linguísticos e Literários da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Nela todo um sub-capítulo – concretamente, o 2. 1. 3, entre as páginas 65 e 74 – é dedicado à minha tradução. Toda esta tese é, aliás, mais uma confirmação, mais uma prova, de que a vida e a obra do grande poeta são ainda matérias de interesse para muitas pessoas à volta do Mundo.
Em 2019, aquando do décimo aniversário da publicação de «Poemas», evoquei a efeméride recordando os factos mais significativos até então decorrentes da publicação do livro. Que continua esgotado e ainda sem qualquer perspectiva de ser reeditado pela Saída de Emergência.

domingo, julho 28, 2024

Orientação: Sobre a soma e as partes, no FN

No sítio na Internet do jornal Folha Nacional está, a partir de hoje, o meu artigo «A soma e as partes». Um excerto: «No futebol – como, aliás, em qualquer outra actividade – convém haver sempre consistência, (boa) direcção e estabilidade durante um período alargado de tempo. Que Portugal nunca teve, e não só com Fernando Santos. Com excepção do “milagre” de 2016 tem-se verificado uma instabilidade de desempenhos e de resultados que não é aceitável nem justificável, quase sempre “do 8 ao 80”, alternando triunfos tonitruantes com derrotas desmoralizantes. Portugal tem-se caracterizado por ser como que uma selecção “bi-polar”, esquizofrénica. É imperdoável, e ridículo, que jogadores que nos seus clubes estão habituados a serem dominantes e a mandar nos jogos e nos adversários sejam forçados a retraírem-se quando estão na selecção.»

segunda-feira, junho 10, 2024

Orientação: Sobre um «rei» de um olho, no FN

No sítio na Internet do jornal Folha Nacional está, a partir de hoje, o meu artigo «Quem teve um olho não é “rei”?». Um excerto: «Exactamente três anos passaram e nada foi feito, e honestamente ninguém poderá afirmar que tal se deveu à crise política que eclodiu em Novembro de 2023 e que levou à demissão do primeiro-ministro e do seu executivo, à dissolução do parlamento e à realização de eleições legislativas antecipadas a 10 de Março deste ano. Note-se igualmente que em 2022 assinalaram-se os 550 anos da publicação d’”Os Lusíadas”, e também nada de especial se fez para celebrar esta efeméride, ou isoladamente ou, o que seria mais lógico, integrada, precisamente, num programa mais alargado alusivo aos cinco séculos do nascimento de Luís de Camões.»

sábado, maio 25, 2024

Opções: Pelo interesse nacional de JMB

Assinei hoje, dia em que se celebra o 82º aniversário do nascimento do artista, a petição «Classificação da obra de José Mário Branco como de interesse nacional», promovida por um grupo de cidadãos – cujos primeiros subscritores incluem alguns conhecidos cantores e compositores portugueses – e dirigida ao «Exmo Sr Presidente da Assembleia Da República» e ao «Exmo Sr Ministro da Cultura» (agora é uma ministra – a petição foi criada antes de o actual governo tomar posse). Quem quiser fazer o mesmo deve ir aqui.
Lê-se no texto que apresenta e que explica a iniciativa: «José Mário Branco, para além da sua obra pessoal, uma corajosa sementeira de novidade que mudou a nossa canção logo desde as primeiras gravações, no final da década de 60, e que foi vertida em numerosos trabalhos discográficos, no teatro e no cinema, foi também responsável por uma irreversível viragem estética na música popular portuguesa, de que é exemplo máximo o disco “Cantigas do Maio” (1971), de José Afonso. Este trabalho, vestido instrumentalmente pelo jovem JMB, tornou-se um marco e inspiração para todos os criadores de canções e arranjadores musicais.»
Tal como para muitas outras pessoas, as obras de José Mário Branco – uma das quais é um dos meus 20 discos favoritos – são componentes fundamentais da «banda sonora» da minha vida, e provas de que as diferenças ideológicas não têm de constituir obstáculos intransponíveis a uma autêntica apreciação e admiração. É por isso que muito gostaria de o ter conhecido pessoalmente mas ele faleceu (em 2019) antes de isso ter sido possível. De destacar também que neste ano de 2024 se assinala o vigésimo aniversário da edição do que seria o seu último álbum de originais, «Resistir É Vencer», uma efeméride evocada esta semana por Nuno Pacheco no Público.

terça-feira, maio 21, 2024

Orientação: Sobre um «Outono Marcelista», no FN

No sítio na Internet do jornal Folha Nacional está, a partir de hoje, o meu artigo «Outono Marcelista». Um excerto: «Entretanto, e o que não é de surpreender, o corrente governo esquerdista do Brasil, onde abundam amigos e admiradores de tiranos e de terroristas a começar pelo seu corrupto e cadastrado líder Lula da Silva, já se manifestou – através de duas ministras – a favor da abertura de um “negócio” desse tipo, no qual, incrivelmente, também São Tomé e Príncipe quer entrar. Pelo que a resposta “diplomática” a dar a estes e a todos os outros potenciais “reclamantes” é, obviamente, mandá-los para um determinado sítio.» (Transcrição no Arco de Almedina.)

terça-feira, abril 30, 2024

Olhos e Orelhas: Primeiro Quadrimestre de 2024

A literatura: «Casas Mínimas», Aitana Lleonart Triquell, Claudia Martínez Alonso e Mireia Casanovas Soley; «Às Compras», Finn Gopfert, Friederike Krump e Miriam Loetz; «Oeiras - A Jóia da Coroa», António Homem Cardoso; «Álbum das Glórias», Raphael Bordallo Pinheiro (com textos de Guilherme d'Azevedo, João da Câmara, João Chagas, Ramalho Ortigão, e outros); «Obra Plástica», José de Almada Negreiros (Rui Guedes, org.; José de Almada Negreiros (Filho), intro.); «Grandes Pintores do Século XX - Andy Warhol (1928-1987)», Maria Vera Pachón; «O Meu Pai Tinha um Desses», Giles Chapman e Richard Porter.
A música: «Na Vida Real», Sérgio Godinho; «London 0 Hull 4», Housemartins; «Marsalis Standard Time, Vol. 1», Wynton Marsalis; «Guitar», Frank Zappa; «Maiden England '88», Iron Maiden; «Do Lado Dos Cisnes», GNR; «Untouchables», Korn; «Think Tank», Blur; «Dear Heather», Leonard Cohen; «First Impressions Of Earth», Strokes; «Aqui Está-se Sossegado», Camané & Mário Laginha; «When We All Fall Asleep Where Do We Go?», Billie Eilish; «Ordinary Man», Ozzy Osbourne; «Medicine At Midnight», Foo Fighters; «We», Arcade Fire; «Partenope», George Frideric Handel (por Helga Molinari, John Skinner, Krisztina Laki, Martyn Hill, René Jacobs e Stephen Varcoe, com La Petite Bande dirigida por Sigiswald Kuijken); «Missa Brevis Sancti Joannis De Deo/Harmoniemesse», Joseph Haydn (por Alexander Young, Erma Spoorenberg, Helen Watts, Jennifer Smith e Joseph Rouleau, com a Academia de St. Martin-in-the-Fields e o Coro do Colégio de St. John dirigidos por George Guest).
O cinema: «Amadeo», Vicente Alves do Ó; «Radioactivo», Marjane Satrapi; «Oppenheimer», Christopher Nolan; «Elvis», Baz Luhrmann; «Vice», Adam McKay; «Onde Está Anne Frank», Ari Folman; «O Conto da Criada», Volker Schlondorff; «Dia da Danação», Neil Marshall; «Danação», Andrzej Bartkowiack; «Autómata», Gabe Ibáñez; «Corta!», Michel Hazanavicius; «Gremlins» e «Gremlins 2 - A Nova Ninhada», Joe Dante; «As Bruxas», Robert Zemeckis; «Os Irmãos Grimm», Terry Gilliam; «Delicioso», Éric Besnard; «Hostis», Scott Cooper; «Água Para Elefantes», Francis Lawrence; «Uma do Coração», Francis Ford Coppola; «Logan Sortudo», Steven Soderbergh; «Crematório», Neeraj Ghaywan; «Eternos», Chloé Zhao; «Thor - Amor e Trovão», Taika Waititi; «Adão Negro», Jaume Collet-Serra; «Doutor Strange no Multiverso da Loucura», Sam Raimi; «Revolução (Sem) Sangue», Rui Pedro Sousa; «O Corpo», Jonas McCord; «O Rei Perdido», Stephen Frears; «Ossos e Tudo», Luca Guadagnino; «Amor é Amor é Amor», Eleanor Coppola; «Verão Coincidente», António de Macedo.
E ainda...: «Angry», (vídeo musical dos) Rolling Stones; Biblioteca Nacional de Portugal - exposição «A China vista da Europa, séculos XVI-XIX» + exposição «Centenário do ABCzinho - 100 anos de revistas de banda desenhada em Portugal» + mostra «Maria de Lourdes Belchior, 1923-1998»; FNAC - exposição de ilustrações de Maria Hesse «Mulheres Más» (Chiado); Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - CartoonXira 2024/Cartoons do ano 2023-Horizontes imaginários/Chubasco (Celeiro da Patriarcal); Museu do Neo-Realismo - exposição de pintura de Pires Vieira «Considerações e legitimidades com algum "lixo de artista" à mistura» + exposição de fotografia «Alfredo Cunha, photographo» + mostra «Homenagem do centenário a Júlio Graça, escritor combatente da liberdade»; «Fanny Hill - Memórias de uma Mulher de Prazer», James Hawes; Canal História - (documentário) «Alienígenas Antigos - Os Arquitectos Alienígenas»; Imaginauta/Biblioteca de Marvila - Festival Literário de Ficção Científica e Fantasia Contacto 2024; RTP2 - (documentário) «A torre de João Abel Manta, o imaginador», Laurent Filipe.     

terça-feira, abril 16, 2024

Orientação: Sobre mentiras de Abril, no FN

No sítio na Internet do jornal Folha Nacional está, a partir de hoje, o meu artigo «Mentiras de Abril». Um excerto: «A apressada incompetência – e quiçá traição – dos novos (co)mandantes políticos e militares causou nas ex-colónias em África desastrosos processos de descolonização de que resultaram, em todas as cinco, regimes de partido único, e em duas – Angola e Moçambique – ainda longas guerras civis que provocaram muitos milhares de mortos. A Terceira República em nada ficou a dever às suas duas antecessoras em termos de destruição e de sofrimento que originou; aliás, excedeu-as largamente. Antes, a Monarquia Constitucional não levara Portugal para qualquer conflito militar; já a Primeira República levou-nos para a Primeira Guerra Mundial e a Segunda para a Guerra Colonial.»

segunda-feira, março 04, 2024

Orientação: Sobre uma causa «fraturante», no FN

No sítio na Internet do jornal Folha Nacional está, a partir de hoje, o meu artigo «Uma causa “fraturante”». Um excerto: «A introdução do AO90 em Portugal começou, é certo, com Cavaco Silva, mas a verdade é que a sua imposição só aconteceu de facto com José Sócrates... e com Lula da Silva. É por isso que é contraditório e descredibilizador, para qualquer partido e qualquer político, criticar e condenar aqueles dois presidiários irresponsáveis usando, ao mesmo tempo, a infame ortografia que os dois energúmenos protagonizaram e promoveram.» (Transcrição n'O Lugar da Língua Portuguesa.)

sexta-feira, fevereiro 23, 2024

Outros: Textos seleccionados (Parte 6)

«Livrarias perdidas», Maria do Rosário Pedreira; «O que há de religioso na tensão no Médio Oriente? (Quase) tudo», Filipe d’Avillez; «Desmontar equívocos nas artes contemporâneas», Manuel Augusto Araújo; «O último soldado da velha guarda», Daniel Santos Sousa; «Vícios privados, públicas virtudes», Sérgio de Almeida Correia; «Manifestações», José Meireles Graça; «A República Velhíssima», João Gonçalves; «Damião de Góis», Rui Passos Rocha; «Capicrua», João Pedro Graça; «Os partidos políticos, que vão a eleições, continuam a fazer-se de cegos, surdos e mudos à gravíssima “Questão da Língua” que está a conduzir Portugal para o “pântano brasileiro”, com a cumplicidade dos média», Isabel A. Ferreira; «Carros eléctricos e fascismo», Telmo Azevedo Fernandes; «Maria Ondina Braga, páginas angolanas», José António Barreiros; «As sanguessugas do tempo», David Soares; «A imprensa, as eleições e nós», Henrique Pereira dos Santos; «Alergia à realidade», José Miguel Roque Martins; «Carta de Bruxelas», João Tiago Proença; «Chegaram os saldos políticos», Cristina Miranda; «As lágrimas de Pedro Nuno», Miguel A. Baptista; «O futuro depois dos primeiros cinquenta anos», Paulo Sousa; «O tal debate», João Afonso Machado; «A bolha», João Távora; «O outro», José Mendonça da Cruz; «A língua portuguesa, a campanha e a São(ta) ignorância»; Nuno Pacheco.

terça-feira, janeiro 16, 2024

Ocorrência: «Abusos toponímicos» em VFX

No sítio na Internet do jornal (quinzenário regional) Voz Ribatejana está – desde 12 de Janeiro último, e transcrevendo e adaptando a que fora publicada na edição em papel Nº 333, de 3 de Janeiro de 2024 – a notícia «Sucessão de “avenidas” na antiga EN 10 revolta moradores», na qual o autor, Jorge Talixa (também director do VR) incluiu um depoimento que lhe enviei. Uma chamada de atenção para, e uma denúncia de, mais um exemplo de desrespeito e de incompetência por parte do Partido Socialista em relação aos cidadãos, neste caso ao nível autárquico.