quarta-feira, abril 16, 2025

Ordenação: 20 filmes (nova versão)

Foi há quase 20 anos, em Agosto de 2005, que publiquei aqui no Octanas a primeira versão da minha lista dos 20 filmes «inesquecíveis, que me impressiona(ra)m, que me marca(ra)m, que me influencia(ra)m». Mas então também fiz a ressalva de que essa lista não era necessariamente definitiva. E, efectivamente, duas décadas depois decidi fazer uma alteração, isto é, um filme «saiu» para outro «entrar». Ei-los, por ordem cronológica e com os realizadores respectivos: «The Crowd» (1928), King Vidor; «A Canção de Lisboa» (1933), Cottinelli Telmo; «The Great Dictator» (1940), Charles Chaplin; «O Pátio das Cantigas» (1942), Francisco Ribeiro; «It’s a Wonderful Life» (1946), Frank Capra; «North by Northwest» (1959), Alfred Hitchcock; «Ben-Hur» (1959), William Wyler; «The Sound of Music» (1965), Robert Wise; «2001: A Space Odyssey» (1968), Stanley Kubrick; «Roma» (1972), Federico Fellini; «O Rei das Berlengas» (1978), Artur Semedo; «Apocalypse Now» (1979), Francis Ford Coppola; «Excalibur» (1981), John Boorman; «Raiders of the Lost Ark» (1981), Steven Spielberg; «Blade Runner» (1982), Ridley Scott; «Aliens» (1986), James Cameron; «The Abyss» (1989), James Cameron; «Terminator 2: Judgement Day» (1991), James Cameron; «Titanic» (1997), James Cameron; «Inception» (2010), Christopher Nolan.

quarta-feira, abril 02, 2025

Ocorrência: 20 anos de «combustão»

Hoje assinala-se, e celebra-se, o vigésimo aniversário do início do Octanas. Este blog constitui o meu mais prolongado, contínuo, constante, projecto de sempre. São duas décadas de actualizações regulares, no mínimo mensais, e sem falhar um único mês. É a minha página oficial, principal, o sítio central em que podem ser encontradas as informações fundamentais – menos as privadas, obviamente – sobre mim e as minhas actividades, e as minhas opiniões...
... E tem a sua origem, e a sua justificação, na publicação do meu primeiro livro, «Visões», em 2003, e da necessidade que então senti de ter um espaço próprio na Internet que servisse de canal de comunicação privilegiado para divulgar não só aquela minha primeira obra editada mas também outras que se seguissem. E porque, por motivos financeiros e técnicos, outras soluções não me pareceram as mais adequadas então, acabei, após um atraso de quase dois anos, por optar por utilizar a plataforma Blogger. O nome surgiu-me de repente, numa inspiração súbita, mas obviamente influenciado pela semelhança com o meu nome, e ainda pelo grafismo que escolhi, e que sempre foi o mesmo, o dos círculos. Depressa decidi que Abril seria o mês de estreia, mas nem consegui esperar pelo dia do meu aniversário; e como dia 1 é o das mentiras, o primeiro post é do dia 2, com um dos meus poemas – que, pelo tema, considerei ser o adequado para marcar o início desta aventura – e o segundo, no dia 7, teve outro poema, este marcando uma efeméride de 200 anos na data exacta; no dia 16 foram nem mais nem menos do que seis entradas, uma delas com o prefácio escrito por António de Macedo para «Visões». Entretanto, igualmente à partida decidi que o título de cada texto seria antecedido de uma palavra – designando uma categoria, ou assunto – começada por «O»; e que as designações das secções, à esquerda, de igual modo começariam por «O». Uma... opção estética que serve também de marca distintiva, diferenciadora, e que dá consistência, coerência, a todo este percurso que já leva 20 anos...
... E que, contando com este, soma um total de 819 posts publicados, que variam entre «muitos factos e algumas ficções, potencialmente “inflamáveis”». Aquele com o maior número de visualizações – 5758, no momento em que escrevo – é, como revelei no mês passado, um que viu a luz em Novembro último. Mais do que um exercício em egocentrismo, que inevitável e compreensivelmente é, o Octanas tem constituído também, ocasionalmente e sempre que se justifica, um esforço de empatia quando nele são destacadas outros indivíduos e outras instituições, as suas posições e as suas produções. Seja como for, e em última instância, só posso esperar que algo de positivo, algo de útil, tenha resultado deste trabalho. O qual, sim, tenho a intenção de manter, apesar de as minhas ilusões com uma «carreira» de alguma importância e alguma influência já terem desaparecido. 

quinta-feira, março 13, 2025

Outros: Ainda mais «verdejantes»

A 4 de Novembro último assinalei os 40 anos da morte do meu pai aqui, no Octanas, com um texto a que dei o título de «Verdes são», em que o evoquei, referi episódios sobre a sua vida (e a minha) e especulei sobre o que ele poderia ter pensado e/ou feito a propósito de acontecimentos nacionais e internacionais que ocorreram após o seu falecimento. Hoje, dia em que ele completaria 86 anos de idade se ainda fosse vivo, parece-me ser o momento adequado para voltar ao tema e àquele meu texto, antes de mais por causa de um facto relativo a ele, que não esperava de todo, e que muito me surpreende(u): o seu notável e, para as minhas circunstâncias, enorme sucesso; no instante em que publico isto, (a página específica de) «Verdes são» tem mais de 4500 visualizações (4588, para ser mais exacto)...
... Pelo que o número total, verdadeiro, até deverá ser superior, se considerarmos as leituras feitas através da página principal deste blog. Trata-se de um registo bem elevado para alguém cujas «postas» habitualmente recebem visitas entre as muitas dezenas e as poucas centenas; algumas, não muitas, passaram o milhar, mas essas foram excepções à «norma». Obviamente, este meu texto mereceu o interesse e a atenção de muitas, mas mesmo de muitas pessoas... que não sei quem são; as únicas reacções de que tenho conhecimento vieram de familiares, de que são exemplos os dois únicos comentários feitos até agora. A divulgação do texto terá sido feita principalmente por correio electrónico e, talvez, também por Facebook, mas não tenho certezas, provas, quanto a isso. De alguma forma o conteúdo de «Verdes são» teve «ecos» prolongados em bastantes mentes (e corações?), mas espero sinceramente que tal tenha acontecido não apenas pela «bizarria» de um homem que, quase aos 60 anos, deixou de ser adepto do Benfica para passar a sê-lo do Sporting. Seja como for, expresso a minha profunda gratidão a todos os que o leram e que o recomendaram...
... E decidi, como um modo adicional de agradecimento, proceder ao aumento do texto original; resolvi fazer, digamos, uma espécie de «edição especial». Pelo que inseri um novo parágrafo e cinco frases nos parágrafos existentes, e em itálico para que melhor se perceba onde estão e quais são as diferenças, que espero que sejam igualmente apreciadas. Nem sempre maior equivale a melhor, mas tentei que neste caso assim fosse. Continuo receptivo a comentários e a perguntas. E esclareço que, sim, o título é uma alusão ao poema de Luís de Camões.  

sexta-feira, fevereiro 14, 2025

Outros: O amigo americano

Não é novidade que o maior problema que os autores portugueses de Ficção Científica e Fantasia enfrentam desde... sempre é o muito deficiente, se não mesmo reduzido e até inexistente, apoio editorial (publicação e promoção) que recebem. Porém, tal constituí também um factor que, apesar de ocasionais divergências e disputas que possam ocorrer, tem contribuído para estabelecer e reforçar laços de solidariedade entre eles, laços esses que são os fundamentos de uma comunidade onde a troca de informações e de experiências é vital.
Na mesma lógica, e compreensivelmente, o contacto com autores estrangeiros é tão ou mais importante do que o do com nacionais. Nesse aspecto eu já tinha tido o privilégio de, mais do que comunicar remotamente, falar pessoalmente com duas relevantes personalidades de outros países que trabalham na FC & F. Uma é Gerson Lodi-Ribeiro, brasileiro, que conheci em 2006 aquando do Fórum Fantástico realizado naquele ano, cujo trabalho no sub-género da História Alternativa, expresso em várias obras notáveis (romances, novelas e contos), foi uma influência decisiva na concepção e na organização da antologia colectiva de contos «A República Nunca Existiu!», em que ele, aliás, participou a meu convite, juntamente comigo e outros 11 escritores. A outra personalidade estrangeira a que aludi é Mariano Martín Rodriguez, este não um ficcionista mas sim um investigador, que me contactou inicialmente em 2013 depois de tomar conhecimento da existência do meu livro «Visões» e, em especial, do conto «Decreto-Lei Nº 54» nele incluído, que MMR considerou poder enquadrar-se num estilo que ele designou de «fictoprescrição»; viria a encontrar-me com ele em 2014 na Biblioteca Nacional de Portugal, quando se deslocou àquela para efectuar pesquisas bibliográficas, uma ocasião que também aproveitei para o apresentar a, entre outros, António de Macedo, Daniel Tércio, João Barreiros e Luís Filipe Silva.
No final de 2023 recebi uma mensagem de correio electrónico de um terceiro estrangeiro ligado à FC & F através do meu segundo «e-ndereço», que ele encontrou depois de descobrir e de ler artigos meus publicados no sítio da Simetria. Chama-se Heath Row, é norte-americano e, profissionalmente, o seu currículo ao longo do tempo indica actividades no jornalismo, nas novas tecnologias e no marketing. Reside a maior parte do ano na maior cidade da Califórnia, onde integra actualmente a equipa dirigente da Sociedade de Fantasia Científica de Los Angeles como escrivão («scribe»); numa menor parte do ano reside... em Portugal, mais concretamente em Póvoa de Lanhoso, onde ele e a esposa compraram uma casa. Aqui chegado, decidiu tentar saber quem é quem, e o que se faz, no nosso país em matéria de FC & F. Em 2024 encontrámos-nos pessoalmente em duas ocasiões na capital, a primeira em Abril no Festival Contacto (organizado pela Imaginauta na Biblioteca de Marvila), e a segunda em Novembro no restaurante Alto Minho perto da Praça do Marquês de Pombal, esta com a presença de Bruno Martins Soares, a meu convite. Uma e outra foram mencionadas por HR no seu boletim digital/ezine The StF Amateur, respectivamente nas edições de Junho (páginas 9 a 11) e de Janeiro (páginas 6 a 8) últimos. Este novo amigo americano adquiriu entretanto exemplares de «Espíritos das Luzes» e de «Mensageiros das Estrelas», apenas duas das várias obras, tanto antigas como modernas, que fazem parte da história da ficção especulativa portuguesa, de cuja existência o informei e cuja leitura lhe sugeri. Também lhe dei uma lista de filmes baseados em livros de José Saramago, alguns dos quais são produções de Hollywood, e um rol dos principais eventos do género no nosso país, com destaque para o FantasPorto. Sendo Heath Row um grande consumidor e divulgador de tudo o que é Ficção Científica e Fantasia numa perspectiva multimédia, é de esperar que ele possa contribuir de algum modo para dar maior visibilidade e valor, pelo menos nos EUA (o que já não seria pouco), ao trabalho que uma comunidade artística diminuta, algo deprimida, mas nunca desistente, teima em fazer neste pequeno «jardim à beira-mar plantado» por vezes tão mal tratado. 

quarta-feira, janeiro 15, 2025

Opinião: Pateada para o Panteão

Infelizmente, aconteceu: após vários anos de confrontos e de diferendos que incluiram decisões em tribunais, os restos mortais de José Maria Eça de Queiroz foram oficialmente transferidos, trasladados, para o Panteão Nacional, em Lisboa, no passado dia 8 de Janeiro. Mas dificilmente a controvérsia e o debate terão terminado.
Eu, que concebi e co-organizei congressos em 2019 e em 2021 dedicados ao criador de «O Primo Basílio», «A Relíquia» e o «Os Maias», sinto-me com mais autoridade para criticar, para condenar, esta iniciativa: para o Panteão, esse mórbido «depósito de celebridades» do regime, vai a minha mais sonora... pateada. E o facto de terem coberto o caixão de Eça de Queiroz com o «ignóbil trapo» (Fernando Pessoa o disse), estandarte de terroristas e de assassinos, regicidas e criminosos, representou o pior numa cerimónia, e num processo, já de si demasiado indignos. José Maria era monárquico, anti-republicano; os seus filhos combateram, com armas, muito bem e honrosamente, o regime ilegítimo saído do golpe de Estado de 5 de Outubro de 1910. Pelo que «embrulhá-lo» naquele «casulo» infame foi como cuspir em cima dele e de todos os seus descendentes.
No seu blog Horas Extraordinárias Maria do Rosário Pedreira escreveu, em tom fantasista, que Eça agora «poderá ter interessantíssimas conversas com Sophia (de Mello Breyner Andresen) (...) apesar de para já estar sozinho numa sala». Comentando no mesmo tom, eu diria que ele sem dúvida preferiria permanecer no cemitério de Santa Cruz do Douro, onde não estava só pois repousava ao lado da filha, com quem teria certamente diálogos mais enternecedores. Aliás, o que mais espanta nesta anunciada e concretizada profanação de sepultura é a deslealdade – para não usar uma palavra mais forte começada por «t» - de alguns indivíduos e instituições em Baião, a começar por José Luís Carneiro, socialista que foi presidente da câmara daquela vila, ministro de António Costa e agora deputado, e a terminar na Fundação Eça de Queiroz (esta, sim, «sempre a mexer», mas nem sempre no melhor sentido) e no actual, imaturo, presidente daquela. Porquê tirar o autor de «A Cidade e as Serras» de perto do local, de Tormes, que lhe inspirou a criação daquela obra? O que poderá levar pessoas aparentemente sensatas a «darem tiros nos pés», se não os seus próprios, então os da terra à qual, em princípio, deveriam maior fidelidade? Apenas granjear alguns favores junto de pseudo-elitistas e «burrocratas» instalados n'A Capital?
Enfim, porquê ficar por aqui? Porque não continuar a roubar escritores aos locais em que têm as suas últimas (?), escolhidas, moradas? Por exemplo, Fialho de Almeida a Cuba? Florbela Espanca a Vila Viçosa? Camilo Castelo Branco – cujo bicentenário do nascimento se celebra neste ano de 2025 – ao Porto, apesar de, ele sim e curiosamente, ter nascido em Lisboa? A abusiva e ofensiva apropriação dos ossos de Eça de Queiroz constitui apenas mais uma ilustração, mais uma confirmação, de uma das hipocrisias fundamentais da sociedade portuguesa contemporânea, a que concerne à desigualdade entre o litoral e o interior, à oposição entre núcleos urbanos e áreas rurais; que depois os «suspeitos do costume» não venham queixar-se da falta de regionalização e do centralismo olissiponense.