Sendo
eu um grande admirador de José Fialho de Almeida, tanto que concebi e
co-organizei dois colóquios sobre a vida e a obra daquele grande escritor, um realizado
em 2007 aquando dos 150 anos do seu nascimento e outro em 2011 aquando dos 100
anos da sua morte, fiquei compreensivelmente muito satisfeito com a inauguração
em Cuba, a 10 de Junho de 2019, do Museu Literário Casa Fialho de Almeida. Que
visitei com a minha esposa a 14 de Setembro do ano passado, tendo então
conhecido pessoalmente Francisca Bicho, Presidente da Direcção da Associação Cultural Fialho de Almeida, que simpaticamente foi a nossa guia na visita ao
novo espaço, juntamente com Nuno Sota, da Câmara Municipal, que o dirige.
Depois, e no mesmo dia, acompanhados por FB e pelo seu marido, visitámos o cemitério de Cuba para ver o jazigo do
escritor e da sua família, e almoçámos em Vila de Frades (no restaurante… País
das Uvas), onde parei em frente à casa onde ele nasceu em 1857.
Da
casa onde Fialho de Almeida faleceu em 1911 – agora reparada, renovada,
adaptada às necessidades e às finalidades de um centro cultural que se pretende
ambicioso, prestigiante, útil, relevante – saí com a convicção de que esta nova
instituição tem um grande potencial de crescimento e de desenvolvimento. E,
também para ajudar nesse desígnio, decidi fazer dela o ponto de partida de um
projecto que concebi no âmbito do Movimento Internacional Lusófono, a cujo
Conselho Consultivo pertenço: a constituição da ReCELp, isto é, a Rede de Casas
de Escritores de Língua Portuguesa. Enviei o documento, com data de 7 de
Outubro, contendo a respectiva proposta para Nuno Sota e Francisca Bicho; a
Presidente da Direcção da ACFdA leu-a a 14 de Outubro durante o III Encontro Fialho de Almeida, realizado na Casa Museu Literário, e remeteu-a a 17 para a
Câmara Municipal de Cuba e para a Direcção Regional de Cultura do Alentejo.
Eis um
excerto da proposta: «O Movimento Internacional Lusófono vem agora
propor a realização de uma outra iniciativa tendente a reforçar e a enriquecer
o espaço – transnacional, transcontinental – de língua portuguesa, em especial
ao nível cultural mas não só, e simultaneamente a colaboração, para essa
realização, com outras instituições. Nomeadamente, a Câmara Municipal de Cuba,
através do Museu Literário Casa Fialho de Almeida, e a Associação Cultural
Fialho de Almeida. Àqueles que se dedicam a preservar a memória e o legado
literário do autor de “Os Gatos” e de “O País das Uvas”, congregados nas duas
entidades acima citadas, propomos que tomem a liderança na constituição, tão
cedo quanto possível, da ReCELp-Rede de Casas de Escritores de Língua
Portuguesa, para isso iniciando contactos com as suas congéneres em Portugal e
no Brasil, isto numa primeira fase. Numa segunda, já oficializada a
constituição da Rede, dever-se-á proceder à definição e à aplicação de um
programa de acção, com vista não apenas à obtenção de melhorias mútuas nas
actividades das casas de escritores já existentes mas também à criação de novas
casas, não só na América e na Europa mas ainda em África e na Ásia. O (MIL) disponibiliza-se
para apoiar, na medida das suas possibilidades, a constituição e a actuação da
ReCELp (…), e apela igualmente à Associação Portuguesa de Escritores que
proceda do mesmo modo.»
Três
meses depois continuamos à espera de receber as respostas das três entidades
citadas – CMC, DRCA e APE – à nossa proposta. Convencidos de que neste assunto,
como em outros das mesmas índole e importância, o tempo urge. (Também no MILhafre.)