Completam-se hoje precisamente 25 anos: a 22 de Maio
de 1998 abriu as portas a Exposição Mundial de Lisboa, iniciativa que, dedicada
ao tema «Os oceanos, um património para o futuro», teve como pretexto a
celebração dos 500 anos da viagem de Vasco da Gama até à Índia, e que serviu
ainda para a reabilitação urbana da zona oriental da capital. Tal como milhares
de pessoas, fui visita do certame, e mais do que uma vez...
... E, pouco mais de um ano depois, a 8 de Setembro
de 1999, publiquei, no jornal Vida Ribatejana, um artigo intitulado «Expo dos
pequeninos?», que inclui no meu livro (editado em 2012) «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um País», no qual, apesar de reconhecer vários méritos ao
projecto, não pude deixar de apontar o que me pareceu serem algumas, e graves, falhas.
Um excerto: «(...) A Expo 98 deveria ter
constituído a oportunidade e o pretexto para uma gigantesca campanha de
publicidade ao nosso país a nível mundial. (...) Não estava em questão fazer
com que todo o Mundo viesse à Expo, mas sim de lhe dar a conhecer que ela
existia, o que tinha e significava. De que serve construir um evento desta
dimensão se mais ninguém, além de nós, fica a saber disso? Foi apenas para
levantar o moral nacional, para aumentar o orgulho colectivo? Se sim, haveria
de certeza formas menos caras de o conseguir. Que ninguém tenha dúvidas: a Expo
98, enquanto grande “encontro mundial de povos e culturas” do ano passado, foi
largamente superada, se não mesmo esmagada, pelo Campeonato do Mundo de Futebol
realizado em França. (...) Esta nossa secular incapacidade de dar a conhecer a
nossa versão dos acontecimentos, o nosso “lado da História”, só tem servido os
interesses da Espanha, à qual convém que sejam mantidas todas estas
ambiguidades, confusões e equívocos, de modo a que os nossos feitos possam ser
atribuídos... a eles. (...)»
Previsível e
compreensivelmente, a efeméride foi hoje evocada por vários órgãos de comunicação
social – de referir Correio da Manhã, Diário de Notícias, Expresso, Forbes, Jornal de Notícias, M80,
Público, RTP, TSF e Visão. O que já não é compreensível nem tolerável é que António Mega Ferreira seja lembrado e homenageado como único «autor» da Expo 98 quando
na verdade houve outro, que parece estar a ser como que (deliberadamente?)
esquecido, «apagado da fotografia»: Vasco Graça Moura.