Acaso o sector editorial-literário português terá
registado alguma melhoria e/ou dado alguns sinais de (verdadeiro) progresso –
no sentido de um maior respeito tanto para com o público leitor (real e potencial)
como para com os escritores sem «cunhas» e/ou desalinhados com o «sistema» -
desde 2018, quando denunciei a fraude perpetrada pela Sociedade Portuguesa de
Autores na atribuição de um prémio, e ainda o boicote generalizado (e concertado?)
a obras (mais concretamente, uma minha) que divergem do «consenso» quanto à
análise da situação política nos EUA?
Nem por isso, a avaliar pelos factos de que vou
tendo conhecimento... Seria, por exemplo, de esperar que novas editoras se
comportassem de um modo diferente, talvez mais... transparente. Infelizmente,
não é o caso da Editorial Divergência, cujo fundador-director-editor principal,
para além de ter decidido impor-me «regras» - na verdade, restrições –
personalizadas num projecto que eu estava a organizar (e que por isso não se
concretizou), mais recentemente confessou(-me) que tem sido sempre membro do
júri do Prémio António de Macedo – uma designação que a mim se deve – apesar de
saber quem são os autores dos romances supostamente submetidos anonimamente
porque... é ele quem os recebe, numa conta de correio electrónico que detém! Algo
que coloca em causa, e quiçá até invalida, todas as deliberações – e, logo, todos
os «vencedores» – das edições anteriores, incluindo, obviamente, a última, em
que o «triunfo» foi para uma obra cujos título e enredo são tão bizarros que se
justifica questionar se efectivamente não haveria outra(s) eventualmente mais merecedora(s) da distinção... e de publicação.
E que dizer de alguns
escritores ainda novos mas que são já – para muitas, talvez demasiadas, pessoas
– como que «vacas sagradas»? Em Portugal dois exemplos se destacam. Um é José
Luís Peixoto, cujo mais recente trabalho poderá não ser tão ficcional, e
original, como aparenta: uma peça de teatro que provavelmente é um «diário» dissimulado, resultante de uma viagem à Roménia feita por aquele no ano passado
– vá lá que, desta vez, não foi à Coreia do Norte; e escreve utilizando o
abominável «acordo pornortográfico», pelo que também por isso não merece
respeito. O segundo exemplo é Afonso Reis Cabral, que, nem de propósito, trabalhou
numa vacaria; tal como Peixoto, também venceu o Prémio José Saramago... mas quando
já se sabia de quem ele é descendente; sendo a oposição (e a expressão) entre
«filhos» e «enteados» utilizada frequentemente para apontar e salientar injustas diferenças
de tratamento, com Cabral justifica-se alargar o grau de parentesco para
netos... e trinetos, e é igualmente por isso que ele foi designado, há pouco mais
de um mês, como novo presidente do conselho de administração da Fundação Eça de Queiroz; enfim, e tal como o dinheiro, o nome da família não traz
necessariamente a felicidade... mas ajuda muito.