Com um dos
meus melhores e mais antigos amigos troquei recentemente (há quase um mês)
algumas mensagens de correio electrónico sobre a actual situação política, as
mais recentes eleições legislativas e a personalidade – boa, má, ou falta dela –
de António Costa, secretário-geral do Partido Socialista. Convém salientar que o conheci quando ambos erámos militantes da Juventude Comunista Portuguesa,
e que, 35 anos depois, ele continua a ser de esquerda mas eu já não…
Começou esse
meu amigo por criticar e condenar o artigo de Maria de Fátima Bonifácio, «Costa no seu labirinto», publicado no Observador a 11 de Outubro último. Respondi: «nada do que ela escreveu me pareceu errado ou
exagerado. E deixemo-nos de lirismos: discutir as ideias, as palavras, as
acções, as atitudes, os comportamentos de um homem... é inevitavelmente
discuti-lo - e, eventualmente, atacá-lo – “ad hominem”. E “O Costa dos naufrágios” merece todas as críticas que tem recebido... e receberá.» Além da ligação
para aquele meu texto, enviei-lhe depois outras duas: a primeira relativa ao
texto «Um homem cheio de qualidades», de Rui Albuquerque, no Blasfémias; a
segunda relativa a «uma paródia aos socialistas tugas... com base nos
nacionais-socialistas boches», ou, mais concretamente, num (excerto de um)
filme regularmente e risivelmente adaptado, divulgada por Miguel Noronha n’O Insurgente. A tudo isto ele respondeu com uma reflexão marcada pela
desilusão e pela resignação, abrangendo não só o país mas também os que lhe estão
mais próximos, tomando como referência e ponto de comparação o caso
de uma outra nação europeia, e tendo como asserção central a certeza (dele)
de que Pedro Passos Coelho «não tem legitimidade rigorosamente (alguma) para
continuar a fornicar a vida dos portugueses». A isto ripostei…
… Com o seguinte: «Factos:
os problemas sofridos por Portugal nos últimos anos foram todos causados e/ou
agravados pelos (des)governos de José Sócrates. Nos quais António Costa teve um
(mau) papel fundamental: foi, durante bastante tempo, o Nº 2 do ex-preso 44.
Lamento que a tua sobrinha tenha emigrado, lamento que a tua irmã tenha visto a
situação dela degradar-se. Lamento que os filhos do teu ex-vizinho tenham ficado
desamparados (não lamento o pai, cobarde (suicidou-se)).
Mas não pode nem deve haver dúvidas sobre quem foram, e são, os verdadeiros
(ir)responsáveis. PSD e CDS, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, foram
melhores, mas não muito. Há quatro anos votei em PPC; agora, não. Desiludiu-me.
E não foi só por manter o “aborto pornortográfico” (que antes criticara); foi também
por vender bens públicos a chineses comunistas; por vender a ANA... fosse a
quem fosse. Atenuou um pouco a pouca vergonha do aborto incentivado e financiado
pelo Estado… mas só porque houve uma iniciativa legislativa de cidadãos
(dinamizada por uma ex-deputada do PSD) que o pressionou. E desiludiu-me,
claro, por ter aumentado os impostos em vez de os diminuir. É o facto de termos
um Estado ganancioso... e ineficiente, que causa, principalmente, a depressão -
financeira e psicológica - em que continuamente nos encontramos. Sem dinheiro
(tirado pelo fisco) para gastar, pagar, investir, é normal (infelizmente) que
muitos portugueses emigrem. E um país sem pessoas e sem dinheiro não tem
grandes hipóteses de progredir. É esta, fundamentalmente, a grande diferença
entre esquerda e a (verdadeira) direita: esta sabe que só diminuindo impostos e
o peso do Estado na sociedade se obtém um real e sustentado desenvolvimento.
PSD e CDS não são de direita mas sim de esquerda moderada; BE, PCP e PS são de
esquerda radical. Mas atenção: reconheço, concordo, que os três partidos da
esquerda radical têm legitimidade para formar um governo... se, obviamente, a
força política mais votada - a coligação PSD-CDS - que, logicamente, tem
primazia na formação de um novo executivo, não ver este aprovado no parlamento.
Então se veria o que aconteceria. A ruína derradeira do país, o fim do regime?
Muito provavelmente. Mas até isso não seria, necessariamente, completamente
mau: seria uma oportunidade para, quem sabe, uma outra revolução, para
restaurar a Monarquia, que é, naturalmente, o que eu desejo.»