terça-feira, julho 23, 2013

Ocorrência: «Ano Verney»

Hoje celebram-se 300 anos do nascimento, em Lisboa, de Luís António Verney, e, tal como anunciei a 11 de Julho, a efeméride foi evocada neste dia com uma conferência na Biblioteca Nacional, na capital de Portugal, em que participei juntamente com António Braz Teixeira, Jesué Pinharanda Gomes e Renato Epifânio…
… E coube a mim a honra, e o privilégio, de iniciar a cerimónia com uma alocução em que enunciei e expliquei as origens e os objectivos do «Ano Verney», em que, através de um conjunto de iniciativas, se lembra e se homenageia a vida, a obra, e a época, de um dos mais eruditos, ilustres e versáteis pensadores e escritores portugueses. Dei o devido destaque, e o merecido agradecimento, à BN, na pessoa da sua Directora Maria Inês Cordeiro, pelo apoio e pelo interesse nesta evocação, concretizada, antes de mais, na exposição que abriu em Maio e que se prolongará até 16 de Agosto, e na conferência por Zulmira Santos, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, também no passado dia 11.
Também fundamental é a colaboração da BN com o Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, entidade que organiza(rá), no auditório da Biblioteca entre 16 e 18 de Setembro, o congresso «Luís António Verney e a Cultura Luso-Brasileira do seu Tempo», a principal iniciativa do plano de comemorações. O programa do congresso já pode ser visto no sítio do IFLB; tentar-se-á reequacionar o legado de Luís António Verney, e o dos seus contemporâneos, na actualidade, repensando, em simultâneo, todo o século XVIII luso-brasileiro em várias áreas do conhecimento: Artes, Filosofia, Ciências Naturais, Direito, Economia, Educação, Literatura, Política, Religião... Mais de 30 especialistas e estudiosos foram convidados para explanar e para debater as suas ideias e os seus trabalhos, entre os quais, e para além dos três que me acompanharam hoje, António Cândido Franco, Artur Anselmo, Duarte Ivo Cruz, Helena Murteira, Manuel Curado, Manuel Gandra, Maria Alexandra Gago da Câmara, Mário Vieira de Carvalho, Miguel Real, Pedro Calafate e Rui Lopo. Há o objectivo de, posteriormente, em princípio em 2014, editar em livro as actas do congresso.         
Outras iniciativas previstas do «Ano Verney» são: um colóquio de um só dia, no mesmo âmbito do congresso, a realizar no Porto em Dezembro deste ano, em dia e local ainda a determinar e a indicar; espectáculos musicais com base em compositores e em obras do século XVIII, tendo nesse sentido sido pedida a colaboração do Movimento Patrimonial da Música Portuguesa, dos Músicos do Tejo e da Orquestra Metropolitana de Lisboa; relançamento e divulgação de livros de Verney – entre as edições mais recentes, destaque para «Cartas Italianas», traduzidas do italiano por Ana Lúcia e Manuel Curado, e para «Lógica» e «Metafísica», traduzidas do latim por Amândio Coxito; um projecto a desenvolver com docentes e discentes de uma faculdade da Universidade de Lisboa, que implica a criação de desenhos inspirados num livro cuja acção se situa num século XVIII «alternativo» e fantástico, e em que uma das personagens se chama… Luís António Verney (mais pormenores serão, espera-se, dados brevemente); acções de carácter cultural e educativo com a Escola (Secundária) Luís António Verney, de Lisboa, procurando levar o conhecimento do seu patrono, dos seus contemporâneos, daquela época, às gerações mais jovens; e o lançamento de um selo comemorativo pelos Correios de Portugal – algo que, sem dúvida, já devia ter sido feito há bastante tempo.
Em (breve) entrevista concedida (por correio electrónico) a António Araújo para o seu blog Malomil, e publicada neste no passado dia 19 de Julho, justifiquei a homenagem a Luís António Verney com o facto incontestável de ser «um dos autores mais importantes da nossa literatura, e não apenas do século XVIII. Ele não se limitou a ser, o que já não seria pouco, uma das melhores mentes nacionais do seu tempo: também foi uma das melhores da Europa. Pela sua erudição, pela sua facilidade de comunicação, pela sua sensatez... enfim, pelo seu patriotismo, que o levou a contribuir à distância, porque estava em Roma, incansavelmente, durante anos, com o melhor do seu esforço intelectual, para o progresso e o desenvolvimento do seu país, e não só ao nível da educação... Pelo seu ecletismo, pela sua versatilidade, foi um autêntico enciclopedista... aliás, e curiosamente, em 2013 também se comemoram os 300 anos do nascimento de Denis Diderot.» Luís António Verney queria, com efeito,  «instituir um sistema de ensino que abrangesse, que acolhesse, as mais recentes teorias e práticas do seu tempo. Queria “integrar” Portugal na Europa do conhecimento daquela época, “puxar” o país, tanto quanto possível, para a vanguarda da cultura e da ciência que ele via florescer à sua volta. Queria clareza, queria exigência, queria complementaridade, queria rigor, queria eficiência. Queria uma educação caracterizada pela relevância, que não se traduzisse em diletantismo e superficialidade. É por isso, e muito mais, que Verney é ainda hoje, e sempre será, uma referência de excelência.»
Esta conferência de hoje em particular, e o «Ano Verney» em geral, foram entretanto também abordados hoje no jornal Público, em artigo de duas páginas (centrais) assinado por Luís Miguel Queirós; nos blogs do Círculo António Telmo e da Nova Águia, e no Cadernos de Daath, de David Soares. (Também no Esquinas (173).)

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