Assinalam-se
hoje 25 anos desde a repressão – agressão, prisão, execução, exílio – de manifestantes
chineses pela democracia na Praça Tiananmen em Pequim.
Convém lembrar,
e salientar, que, um quarto de século depois desse intenso mas breve momento de esperança, e apesar de toda a «modernização» e «desenvolvimento» que
entretanto, e alegadamente, ocorreram, o «Império do Meio» continua a ser
dominado pelo (único) Partido Comunista Chinês e a ter como regime uma ditadura
violenta, que não possibilita a liberdade de expressão e a de associação, entre
outras. Ainda recentemente, durante a visita de Aníbal Cavaco Silva àquele
país, os «comissários culturais» pós-maoístas não hesitaram em censurar – proibir, remover – obras de artistas portugueses expostas para a ocasião. Infelizmente,
as relações luso-chinesas têm tido outros aspectos (mais) desagradáveis, em
especial na economia: foram más – péssimas! – as decisões por parte do actual
governo de vender a REN, a EDP e a Fidelidade, grandes, fundamentais, empresas portuguesas e líderes
nos seus sectores, a congéneres chinesas – que, obviamente, têm (todas)
ligações ao PCC. Terá sido por isso que a cor da seguradora passou a ser o
vermelho? A da «elé(c)trica» já era essa, pelo que não foram necessárias – à primeira
vista – mais alterações…
É neste
contexto que se tornam mais insólitas as contestações, as queixas e as
suspeições relativas aos investimentos de empresários angolanos no nosso país,
que envolveram inclusivamente a publicação de um livro intitulado «Os Donos
Angolanos de Portugal». A minha posição quanto a este assunto é inequívoca:
antes Angola do que a China. E não só por aquele ser um país irmão, do espaço
da língua portuguesa (que Luanda respeita, ao contrário de Lisboa, porque não
implementa o AO90); também porque nele há uma democracia, sim, ainda imperfeita,
incipiente, mas uma democracia; nele há pluralismo partidário e, embora com restrições,
liberdade de expressão. Sim, podem dizer que a situação em Angola não é óptima;
mas na China é muito, muito pior. (Também no MILhafre (89).)
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