Ontem, e tal
como tenho feito diariamente desde que ele foi publicado no passado dia 7 de
Junho no Público, acedi ao sítio na Internet daquele jornal e à página que
contém o meu artigo «Proíbam o Inglês!» No dia anterior verificara que o número
de recomendações/partilhas no Facebook estava em 880; porém, agora esta(va)m em
apenas… uma! Contactei de imediato a Direcção do Público, que considerou o
ocorrido «anormal» e «inacreditável» e para o qual não encontrava (até ao
momento) explicação; também desapareceram as ligações a blogs que referiram o
artigo, mais concretamente o Octanas e o ILCAO. No entanto, que fique claro e
sem lugar a dúvidas: foram quase 900 as pessoas que «gostaram» e que divulgaram
o meu artigo, no que terá sido, nesse aspecto e no que se refere a textos de
opinião, um recorde no Público.
Entretanto, e
curiosamente, nenhum dos comentários desapareceu, e ainda bem. Farei uma breve
análise aos de duas pessoas. Primeiro, Alberto Queiroz, de que nunca tinha
ouvido falar, e que se tornou mais um, lá está, a (des)tratar-me por «Otávio» e
que insinuou que eu não sei que foi em Portugal que a mania das alterações/«reformas»
ortográficas abrangentes, burocráticas e não democráticas começou… Sim, eu sei,
e foi em 1911 e não na «década de 20»; ou seja, e por eu ser português, não
teria por isso direito a manifestar-me contra mais um «(des)acordo ortográfico»;
o Sr. Queirós é que devia ter juízo, e já tem mais do que idade para isso. Segundo,
Manuel Freitas, e este, sim, eu já «conhecia», e ele «conhece-me», porque é um editor
com quem já falei ao telefone e troquei mensagens de correio electrónico;
propus-lhe a edição de três livros meus, um dos quais era, é, o meu segundo «romance», recentemente concluído, uma distopia de ficção científica, que o Sr.
Freitas considerou ter «um tema desconfortável e que no nosso caso não se
enquadra no nosso posicionamento de grande público» - de notar que ele chegou a
afirmar, num dos seus perfis profissionais (escrito em Inglês), ter «alta
tolerância ao risco» e estar «sempre à procura de novos desafios»; pelo que lhe
enviei, a 10 de Junho, uma mensagem…
… À qual ele
ainda não respondeu (nem deverá responder), e que a seguir transcrevo: «Caro Manuel de Freitas, vi hoje que deixou um comentário
no meu mais recente artigo no Público... Pergunto-lhe: porque é que (também)
não me contactou directamente, e me colocou as questões e os comentários que
quisesse? Perdeu este meu “e-ndereço” de correio electrónico? Você, tal como
muitos outros que têm a consciência pesada neste assunto, mais não faz do que
utilizar distracções, subterfúgios, enfim, merdices. Começando com o tema da “percentagem”,
do número de palavras afectadas ou não pelo AO... sim, são menos de metade do
total, mas são centenas, quiçá milhares, em que se incluem muitas que têm
utilização frequente, constante, como todas as que derivam de “acção” e de “direcção”,
por exemplo; mais do que a quantidade, está em causa o princípio (ou falta
dele...) E bastariam “maravilhas” como “espetáculo” e “receção” para, sim,
(des)classificar de cobarde e de imbecil quem concebeu esta aberração... e quem
se submete a ela. E, claro, não podia faltar o “argumento” de que “porque a
ortografia que utiliza já é ela própria o resultado de uma alteração, de uma ‘simplificação’,
então não tem de estar a protestar”... Ou seja, não podemos dizer “já chega!”
Até quando é que isto durará? Até a língua estar reduzida, ortograficamente, ao
“SMS básico”, e, vocalmente, a grunhidos? E, para que conste, eu não teria
qualquer problema em escrever como se escrevia antes de 1911... Porque, então,
estávamos ainda mais próximos das ortografias francesa e inglesa. E este meu
artigo serve principalmente para demonstrar e denunciar a hipocrisia daqueles
que, aceitando deformar o Português com o “acordês”, não têm vergonha de, em
simultâneo, abusar individualmente, socialmente, profissionalmente, do Inglês,
onde não faltam “c's” e “p´s” repetidos e “mudos” e “ph's”. Como alguém que,
sendo português e trabalhando em Portugal, decidiu designar uma das suas editoras como “Booksmile”. “Lamentável”, eu? Olhe-se ao espelho.»
Na verdade, o
que não faltam são (mais) exemplos de pessoas e de entidades em Portugal que,
ao mesmo tempo que se submetem ao «aborto pornortográfico», contradizem este ao
incorporar expressões em Inglês na sua actividade. Um dos mais recentes é dado
pela EDP, que, apesar de já não ser «eléCtrica», decidiu designar um dos seus
serviços como «energy2move». Não há dúvida de que, em alguns, a estupidez está
sempre «ligada à corrente». (Também no MILhafre (92).)
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