Na sua
crónica diária do Público do passado dia 25 de Janeiro, Vasco Pulido Valente
juntou a sua voz à dos que critica(ra)m e condena(ra)m as «praxes académicas»
que terão causado a morte de seis jovens na Praia do Meco, em Dezembro último,
e, de um modo geral, contra todo o conjunto de humilhações e até de violências que em
quase todas as universidades portuguesas são aplicadas aos jovens «caloiros» anualmente;
o eminente historiador chegou inclusivamente a equiparar os «praxistas» a mafiosos…
… O que se
entende, e se justifica, pela «conspiração do silêncio» que alguns deles querem
manter a todo o custo de modo a não serem apuradas culpas e
(ir)responsabilidades pelo que aconteceu. Porém, não me parece que a Máfia é a
organização que melhor serve como ponto de referência, e de comparação, às
comissões de praxes; estas, apesar dos seus comportamentos agressivos e sigilosos,
não são inequívoca e deliberadamente criminosas. Na verdade, os seus «rituais»,
que promovem a hierarquização e a subordinação, fazem-me lembrar mais outra
organização que também começa por «M»…
… Que
constitui uma estrutura paralela de poder sem escrutínio público e se subdivide
em duas tendências, a «regular» e a «irregular» - esta, indubitavelmente, com
uma presença maior, e prejudicial, no Estado e na sociedade civil em Portugal;
que tem redes de contactos e de cumplicidades que propiciam preferências e
privilégios, e que dificultam – ou impedem mesmo – a meritocracia e a
transparência, à revelia de qualquer fiscalização e vigilância legais. De certo
modo, e em última análise, todos, os que «praxam» e os que são «praxados»,
estão simplesmente e eventualmente a «treinarem-se», a prepararem-se, para
situações semelhantes que, saídos das escolas, irão enfrentar no «mundo real». (Também no MILhafre (80).)
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