O que mais surpreende, e indigna, na defesa que José
Alberto Carvalho fez dos regicidas de 1 de Fevereiro de 1908, em especial
Manuel Buíça, na emissão do Jornal das 8 da TVI no passado dia 21 de Maio, não
é tanto a «justificação» de que eles, ao assassinarem o Rei D. Carlos e o seu
filho, o Príncipe Luís Filipe, estavam a defender os valores democráticos, a
«liberdade, igualdade e fraternidade»…
… Porque há mais de 100 anos que os republicanos, de
Afonso Costa aos seus «sucessores» na actualidade, com a colaboração permanente
do Grande Oriente Lusitano e dos que lhe obedecem, procedem a uma permanente
falsificação da História de Portugal, a uma doutrinação que equipara –
erradamente – (um)a Monarquia à ditadura e (um)a república à democracia, e que
desculpabiliza e até incentiva o(s) crime(s) que eventualmente ajude(m) a
passar-se de uma para outra. Ter uma educação de âmbito universitário, e, logo,
a obrigação de se conhecer melhor os factos, e/ou ter como profissão a de
jornalista, o que obriga(ria) a procurar a isenção e o rigor, são
circunstâncias irrelevantes neste país que despreza a ética (a verdadeira, não
a republicana) e o mérito e que valoriza o conformismo e a mediocridade.
Não: o que mais surpreende e indigna é que José Alberto
Carvalho tenha tomado essa atitude na (nova) sede de uma instituição fundada
por uma mulher que era esposa e mãe dos homens assassinados no Terreiro do Paço
naquela funesta data. O que JAC fez foi como cuspir, ou até c*g*r, na casa de
vítimas de crimes, e sobre os seus caixões. E não está arrependido, nem pediu
desculpa: não o fez quando o Correio da Manhã o contactou no dia seguinte, e
não o fez hoje aquando da emissão do noticiário principal do quarto canal, apesar
de ter reconhecido, aquando da conversa semanal com Marcelo Rebelo de Sousa,
que provavelmente se tratou de um momento «menos conseguido», «menos feliz», da
sua parte; o professor, «simpático» para com o seu anfitrião, lá tratou de ir
buscar episódios sangrentos da guerra civil entre absolutistas e liberais para
(tentar) atenuar e relativizar a afronta. Enfim, nada de novo numa estação de
televisão, que, à semelhança das outras, dá hipocritamente grande destaque a
casamentos e a nascimentos em famílias reais estrangeiras, nessas ocasiões frequentemente
fazendo-se «representar» por enviados especiais…
Estiveram muito bem, e entre outros, André Azevedo Alves,
Helena Matos, João Afonso Machado, João Almeida Amaral, João Gonçalves, João Vacas e José Maria Duque ao denunciarem a situação e ao condená-la. João Távora,
actual presidente da Direcção da Real Associação de Lisboa, apesar de
inicialmente hesitar em contactar directamente José Alberto Carvalho, acabou
posteriormente por o fazer. Também protestaram a Causa Real e a Juventude Monárquica Portuguesa. Pela negativa, e como seria previsível, João José Cardoso mostrou o quanto é desprezível e eu não deixei de o apontar. Sempre que
possível, devemos manifestar-nos através dos meios – de preferência pacíficos – que temos à nossa disposição. Porque «quem não se sente não é filho de boa gente». (Também no MILhafre.)
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