Pouca ou nenhuma vontade tinha de o fazer, mas
a coerência, a consistência, a mais elementar constatação dos factos, e também
porque «quem cala consente», obrigam-me a registar: no passado domingo, 22 de
Setembro, Jorge Candeias publicou, no seu blog Lâmpada Mágica, a sua «recensão»
ao meu conto «Segundo Ultimatum Futurista», incluído na antologia «Mensageiros das Estrelas», que eu concebi e co-organizei, publicada em 2012 pela Fronteira
do Caos. Esta «análise» foi a antepenúltima das que aquele indivíduo
começou a fazer em Abril deste ano, com a narrativa de Nuno Fonseca, que abre o
livro.
E que afirma o suposto «especialista» a
propósito do meu contributo? «(…) Também se podia chamar "como pôr o
Almada às voltas na tumba" (…) uma ilegível coluna de texto de onze
páginas na qual o autor (…) canibaliza o “Ultimato Futurista” do
Negreiros, conservando e amplificando todo o conteúdo fascista que este tem (…),
e deitando fora tudo o resto, que por sinal é a única parte interessante.
Nomeadamente a literatura. Porque o Almada era um poeta a sério (e apesar de um
bom bocado facholas na altura em que escreveu este texto, em 1917, tinha mais
queda para a anarquia do que para qualquer outra coisa e aprendeu umas coisas
mais tarde na vida, nomeadamente quando teve de enfrentar o fascismo a sério) e
o Santos é apenas um fascista. De fugir. A coisa mais aberrante em todo este
livro, que nem sequer respeita a proposta pois não é conto, não é fantástico,
não é literatura, não é nada.» E numa entrada no Facebook a divulgar aquela
«posta» - que é (mais) uma bosta (dele) – acrescentou: «Sobre “Segundo
Ultimatum Futurista”, do meganabo Octávio dos Santos, um pedaço de lixo
fascista.» Não fica claro se é o meu conto que é «um pedaço de lixo fascista»,
se sou eu… ou ambos.
Que exemplo de «qualidade» e de «profundidade»
em crítica literária, não é verdade? Destaque-se, antes de mais, a estranheza e
a incongruência em considerar Almada Negreiros fascista e, depois, (algo)
anarquista; eu diria que são conceitos deveras antagónicos – e, mais, o
fascismo enquanto doutrina só surgiu na década seguinte do século XX, a de 20,
com Benito Mussolini. Porém, e na verdade, Jorge Candeias não costuma distinguir-se
pela cultura, pela lógica e pela inteligência, além de pelas boas maneiras. E,
com efeito, a questão fulcral com ele é a educação, ou, mais precisamente, a
falta dela. Neste caso, trata-se, pura e simplesmente, de (outro) ataque
pessoal contra mim, e não provocado. Poder-se-ia
pensar que no meu conto eu o nomeio concretamente e o insulto, o que teria
causado esta reacção e, de certo modo, a justificaria. Nada disso, evidentemente. Com ele não há qualquer respeito, um mínimo de cordialidade e de civismo: parte-se logo
para a mentira e para a ofensa gratuitas…
… Porque chamar-me a mim (e ao meu conto)
«fascista» é uma mentira e uma ofensa gratuitas. Repare-se que ele não explica
porque é que o que eu escrevi é («um pedaço de lixo») «fascista»; não dá
exemplos, excertos, que o provem. E, muito
provavelmente, até já tinha decidido aplicar-me aquele epíteto antes mesmo de ler… partindo do princípio de que leu (tudo), pois há motivos para duvidar disso:
recorde-se que ele nem chegou ao fim do primeiro capítulo (de oito no total) do meu romance «Espíritos das Luzes», o que não o impediu, desavergonhadamente (e
exibindo, de novo, a sua intrínseca desonestidade intelectual), de atribuir
áquela minha obra uma classificação global final (e a mínima). E impõe-se a
pergunta, a especulação: será que JC assumiu (e um «ass» ele é de certeza) que
a personagem que faz o monólogo (em que consiste o conto) sou eu? Acaso naquela
frágil cabecinha não terá surgido a hipótese de o protagonista, o «orador», ser
outra pessoa que não o autor, com outra personalidade, opiniões,
características?
De qualquer forma, não há atenuantes para
aquilo que ele fez. Noutros tempos não tão distantes quanto isso este assunto seria
«resolvido» com umas boas bengaladas. Actualmente, porque entretanto
«evoluímos» e nos tornámos mais «civilizados», o desenlace desenrolar-se-ia em
tribunal com um processo por difamação. Nessa eventualidade acredito que não me
faltaria uma assistência especializada e competente: «A República Nunca
Existiu!» e «Mensageiros das Estrelas» contam com um total de cinco juristas… e
isto para não falar da que eu tenho em casa! No entanto, e pensando bem,
valeria mesmo a pena (e a minha alma não é pequena) dar tanta importância
àquela mesquinha, patética criatura? No fundo, JC até é merecedor de (não
muita) comiseração: esta mais recente birra histérica é apenas outra
demonstração do complexo de inferioridade, da inveja, que ele sente em relação
a mim, não só ao nível literário em particular mas também ao nível pessoal mais
geral. Aliás, e como ele próprio já escreveu, talvez enquanto se olhava ao
espelho, «o ódio é mau conselheiro. Torna as pessoas muito, muito burras».
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