Hoje, 15 de
Setembro de 2015, assinala-se o 250º aniversário do nascimento de Manuel Maria
Barbosa du Bocage. Figura – real e imaginária (literária) – eternamente
fascinante, pelo seu percurso pessoal e pela sua produção poética, constituiu
uma das (duas) personagens principais de «Espíritos das Luzes», editado em 2009
mas concluído quatro anos antes – em 2005, a tempo dos dois séculos e meio do
Terramoto de Lisboa, pelo que este ano celebro igualmente o décimo aniversário
«oficioso» do meu primeiro «romance»…
… Cuja acção,
recordo, se desenrola numa dimensão alternativa, em que o espaço e o tempo são
outros, em que Portugal é um planeta, tal como os outros países que de facto
existem, em que Lisboa é uma cidade… muito maior e diferente da que conhecemos.
Neste cenário, o «meu» Bocage só poderia ser, obviamente… de outra dimensão,
mais sonoro, mais ousado, mais expansivo, desenvolvendo e explorando plenamente
– quiçá exponencialmente – as potencialidades que a sua verdadeira obra apenas
deixou adivinhar. Tal é evidente neste excerto do sexto capítulo, «Férvidos
prazeres»:
«Àquela hora e naquele lugar, praticamente todos os
indivíduos eram incomuns... fossem eles humanos, ciborgues ou autómatos.
Independentemente da quantidade e da qualidade de metal e de plástico que se
tivesse no corpo, a baixa da cidade constituía a arena principal e privilegiada
para o desfile de excêntricos e de desalinhados em demanda de prazeres... por
vezes proibidos. Demanda essa que terminava, quase invariavelmente, no espaço
de convívio que Manuel Maria du Bocage, e não só, elegera como o seu favorito.
Era o seu esconderijo, o seu refúgio. O seu quartel, onde reunia os seus
regimentos da rebeldia. A sua igreja, de onde pregava, em altar de sacrilégios,
sermões à insubordinação. Espaço de convívio sim, mas, como outros diziam, a
começar por Diogo Pina Manique, também espaço com... vício. Situado no Rossio,
outra grande praça da capital de Portugal, o Clube Nicola era o mais famoso
centro epicurista do planeta. Tudo nele fora concebido, colocado e construído
para excitar e satisfazer os sentidos... todos os cinco... mas, sim, sem
dúvida, o do gosto e o do tacto com muito maior acuidade. Era como uma ilha de
liberdade e de libertinagem num mar de probidade e de proteccionismo, um
santuário de devassos, uma zona franca para prováveis pervertidos. Assim que
Bocage entrou, seguido de amigos de sempre e de companheiros de ocasião, as
suas hostes saudaram-no entusiástica e ruidosamente. O poeta retribuiu a
instantânea homenagem com versos que anunciavam e prometiam sensações
insensatas e inesquecíveis... era a sua invocação à noite.»
Esta minha «versão» de Elmano Sadino, recordo, esteve em evidência na sua própria cidade-natal, Setúbal, na noite de 14 para 15 de Setembro de 2010, na habitual tertúlia que se realiza na véspera do Dia da(quela) Cidade… que é também o do aniversário do poeta. Em 2015 e 2016, e devido à especial efeméride, as comemorações vão ser alargadas, variadas… e durarão (pelo menos os próximos) 365 dias. Conduzidas principal e previsivelmente pela câmara municipal, incluirão igualmente, no âmbito escolar, a integração do poeta no âmbito do «Ano Internacional da Luz» que presentemente também se celebra. Porque, afinal, Manuel Maria foi um dos mais espectaculares «espíritos (da época) das luzes». (Também no MILhafre, no Ópera do Tejo e no Simetria.)
Esta minha «versão» de Elmano Sadino, recordo, esteve em evidência na sua própria cidade-natal, Setúbal, na noite de 14 para 15 de Setembro de 2010, na habitual tertúlia que se realiza na véspera do Dia da(quela) Cidade… que é também o do aniversário do poeta. Em 2015 e 2016, e devido à especial efeméride, as comemorações vão ser alargadas, variadas… e durarão (pelo menos os próximos) 365 dias. Conduzidas principal e previsivelmente pela câmara municipal, incluirão igualmente, no âmbito escolar, a integração do poeta no âmbito do «Ano Internacional da Luz» que presentemente também se celebra. Porque, afinal, Manuel Maria foi um dos mais espectaculares «espíritos (da época) das luzes». (Também no MILhafre, no Ópera do Tejo e no Simetria.)
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