O meu livro «Códigos» não é para ser lido mas sim para ser ouvido. É, de certa forma, para ser «oulido».
«Códigos» começou por ser – e ainda é – um passatempo. Uma experiência contínua. Que só se tornou possível com o advento do disco compacto. A digitalização da música, e em especial da sua reprodução, veio permitir – graças à função Program – que qualquer pessoa ouça discos pela ordem que quiser. Com o disco de vinil estávamos «prisioneiros» da sequência decidida pelos artistas e/ou pelas editoras. Agora não. Podemos adaptar cada disco à nossa sensibilidade, aos nossos desejos, à nossa criatividade.
O que está em causa no «reordenamento» das canções não são tanto as músicas mas sim as letras. Desde que comecei a ouvir discos «a sério» sempre prestei muita atenção às lyrics. Eu leio tudo, até a ficha técnica! Já na «era do vinil» pensava frequentemente – e ficava frustrado, porque nada podia fazer quanto a isso – que determinada canção estaria melhor junto a outra, que certa canção deveria abrir o álbum e outra deveria fechá-lo, ou vice-versa. Porquê? Porque, sem dúvida por influência dos livros e dos filmes, fui formando a ideia de que também os discos devem contar uma história com princípio, meio e fim. Por isso, assim que adquiri o meu primeiro leitor de CD’s comecei a procurar o livro que há em cada disco. E cada canção é como um capítulo. Eu sou também um escritor, um contador de histórias, e acredito que as palavras têm – devem ter - sempre primazia sobre a música, por mais bela e poderosa que ela seja. A meu ver, um tema musical totalmente instrumental é um tema desperdiçado. Nenhum som é mais importante, na comunicação, que a voz humana... e esta só se torna relevante e pode alcançar a plenitude quando tem mensagens para transmitir.
Subjectivo? Sem dúvida, muito. Mas, de certa forma, lógico. E atenção: não pretendo afirmar que a leitura que eu faço de cada disco é a única ou a melhor, longe disso! Existem tantas combinações quantas as permitidas pelo número de faixas de cada obra... e quantas as pessoas que estejam dispostas a empreender esta experiência.
No fundo, trata-se de fazer de cada álbum um concept-album. Quem nos diz a nós que cada artista (indivíduo ou grupo) não procurou dizer em cada disco - mesmo que inconscientemente, indirectamente – uma história? Afinal, não é cada álbum um reflexo e/ou um repositório das experiências, dos interesses, das sensações durante um dado período? Preocupados, muito provavelmente, em gerir cada trabalho de acordo com o padrão «tradicional» (alternância entre canções lentas e rápidas, ou entre canções «fortes» e «fracas»), os artistas possivelmente nem se apercebem da linha narrativa que está subjacente ao que fazem.
Que uma coisa fique clara: de maneira nenhuma o conteúdo do meu livro, bem como o método que esteve na sua origem, é um desrespeito aos artistas referidos e às suas obras. Muito pelo contrário. E limitei-me a fazer algo que a tecnologia me permite, mas que não é de certeza ilegal ou imoral como fazer downloads ou samples não autorizados.
Desde 1990 já ouvi, analisei e «codifiquei» mais de 500 discos. Caleidoscópio, não de cores, mas de canções, «Códigos» é menos um ensaio crítico – que também é, embora nada ortodoxo – e mais um «roteiro», um «guia» com sugestões de «viagens», de «percursos» pela música. Abaixo estão indicados dez desses percursos.
Alanis Morissette: Jagged Little Pill
» 4 » 8 « 3 » 12 « 1 » 11 « 7 « 5 « 2 » 13 « 9 » 10 « 6
Bjork: Homogenic
» 6 » 9 « 8 « 7 « 1 » 4 » 5 » 10 « 2 » 3
Cabeças No Ar: Cabeças No Ar
» 8 « 1 » 13 « 12 « 9 « 3 » 11 « 4 » 5 « 2 » 10 » 14 « 7 « 6
Daniela Mercury: Feijão Com Arroz
» 14 « 7 » 10 « 8 « 4 « 2 » 13 « 9 » 11 « 3 » 5 « 1 » 12 « 6 » 15
Nelly Furtado: Folklore
» 3 » 8 « 2 » 9 « 1 » 7 « 4 » 10 » 12 « 6 « 5 » 11
Prince: 1999
» 1 » 5 « 3 » 11 « 6 « 2 » 7 « 4 » 9 » 10 « 8
Queen: Innuendo
» 6 « 3 » 10 « 9 « 2 « 1 » 4 » 8 « 5 » 7 » 12 « 11
Radiohead: OK Computer
» 5 » 10 « 7 » 8 « 6 » 9 « 2 » 12 « 11 « 1 » 4 « 3
Tribalistas: Tribalistas
» 13 « 1 » 12 « 2 » 4 » 7 » 11 « 5 « 3 » 6 » 10 « 9 « 8
U2: The Joshua Tree
» 7 » 8 « 3 » 5 » 6 « 1 » 10 « 4 » 11 « 9 « 2
Hoje, 1 de Outubro de 2005, celebra-se o Dia Mundial da Música.
«Códigos» começou por ser – e ainda é – um passatempo. Uma experiência contínua. Que só se tornou possível com o advento do disco compacto. A digitalização da música, e em especial da sua reprodução, veio permitir – graças à função Program – que qualquer pessoa ouça discos pela ordem que quiser. Com o disco de vinil estávamos «prisioneiros» da sequência decidida pelos artistas e/ou pelas editoras. Agora não. Podemos adaptar cada disco à nossa sensibilidade, aos nossos desejos, à nossa criatividade.
O que está em causa no «reordenamento» das canções não são tanto as músicas mas sim as letras. Desde que comecei a ouvir discos «a sério» sempre prestei muita atenção às lyrics. Eu leio tudo, até a ficha técnica! Já na «era do vinil» pensava frequentemente – e ficava frustrado, porque nada podia fazer quanto a isso – que determinada canção estaria melhor junto a outra, que certa canção deveria abrir o álbum e outra deveria fechá-lo, ou vice-versa. Porquê? Porque, sem dúvida por influência dos livros e dos filmes, fui formando a ideia de que também os discos devem contar uma história com princípio, meio e fim. Por isso, assim que adquiri o meu primeiro leitor de CD’s comecei a procurar o livro que há em cada disco. E cada canção é como um capítulo. Eu sou também um escritor, um contador de histórias, e acredito que as palavras têm – devem ter - sempre primazia sobre a música, por mais bela e poderosa que ela seja. A meu ver, um tema musical totalmente instrumental é um tema desperdiçado. Nenhum som é mais importante, na comunicação, que a voz humana... e esta só se torna relevante e pode alcançar a plenitude quando tem mensagens para transmitir.
Subjectivo? Sem dúvida, muito. Mas, de certa forma, lógico. E atenção: não pretendo afirmar que a leitura que eu faço de cada disco é a única ou a melhor, longe disso! Existem tantas combinações quantas as permitidas pelo número de faixas de cada obra... e quantas as pessoas que estejam dispostas a empreender esta experiência.
No fundo, trata-se de fazer de cada álbum um concept-album. Quem nos diz a nós que cada artista (indivíduo ou grupo) não procurou dizer em cada disco - mesmo que inconscientemente, indirectamente – uma história? Afinal, não é cada álbum um reflexo e/ou um repositório das experiências, dos interesses, das sensações durante um dado período? Preocupados, muito provavelmente, em gerir cada trabalho de acordo com o padrão «tradicional» (alternância entre canções lentas e rápidas, ou entre canções «fortes» e «fracas»), os artistas possivelmente nem se apercebem da linha narrativa que está subjacente ao que fazem.
Que uma coisa fique clara: de maneira nenhuma o conteúdo do meu livro, bem como o método que esteve na sua origem, é um desrespeito aos artistas referidos e às suas obras. Muito pelo contrário. E limitei-me a fazer algo que a tecnologia me permite, mas que não é de certeza ilegal ou imoral como fazer downloads ou samples não autorizados.
Desde 1990 já ouvi, analisei e «codifiquei» mais de 500 discos. Caleidoscópio, não de cores, mas de canções, «Códigos» é menos um ensaio crítico – que também é, embora nada ortodoxo – e mais um «roteiro», um «guia» com sugestões de «viagens», de «percursos» pela música. Abaixo estão indicados dez desses percursos.
Alanis Morissette: Jagged Little Pill
» 4 » 8 « 3 » 12 « 1 » 11 « 7 « 5 « 2 » 13 « 9 » 10 « 6
Bjork: Homogenic
» 6 » 9 « 8 « 7 « 1 » 4 » 5 » 10 « 2 » 3
Cabeças No Ar: Cabeças No Ar
» 8 « 1 » 13 « 12 « 9 « 3 » 11 « 4 » 5 « 2 » 10 » 14 « 7 « 6
Daniela Mercury: Feijão Com Arroz
» 14 « 7 » 10 « 8 « 4 « 2 » 13 « 9 » 11 « 3 » 5 « 1 » 12 « 6 » 15
Nelly Furtado: Folklore
» 3 » 8 « 2 » 9 « 1 » 7 « 4 » 10 » 12 « 6 « 5 » 11
Prince: 1999
» 1 » 5 « 3 » 11 « 6 « 2 » 7 « 4 » 9 » 10 « 8
Queen: Innuendo
» 6 « 3 » 10 « 9 « 2 « 1 » 4 » 8 « 5 » 7 » 12 « 11
Radiohead: OK Computer
» 5 » 10 « 7 » 8 « 6 » 9 « 2 » 12 « 11 « 1 » 4 « 3
Tribalistas: Tribalistas
» 13 « 1 » 12 « 2 » 4 » 7 » 11 « 5 « 3 » 6 » 10 « 9 « 8
U2: The Joshua Tree
» 7 » 8 « 3 » 5 » 6 « 1 » 10 « 4 » 11 « 9 « 2
Hoje, 1 de Outubro de 2005, celebra-se o Dia Mundial da Música.
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