Portugal (sobre)vive há 90 anos sob um regime que, embora tendo já conhecido três «versões», não tem, nunca teve e nunca terá uma verdadeira legitimidade histórica. Não apenas por ter sido instaurado através de um golpe de Estado de um movimento minoritário, e por não ter sido posteriormente referendado e ratificado. A república não tem a legitimidade da Monarquia porque foi com esta que o país nasceu e cresceu.
É à Monarquia que Portugal deve a sua identidade cultural, a sua unidade enquanto nação, e também as páginas mais gloriosas da sua história. Tudo o que Portugal conseguiu de notável em mais de 800 anos, em especial os Descobrimentos, que os republicanos tanto gostam de comemorar, se deve a reis como D. Afonso Henriques, D. Dinis e D. João II, que, mais do que representantes máximos de um regime, foram verdadeiros líderes, autênticos chefes de Estado, que concebiam e dirigiam na prática, todos os dias, os grandes projectos nacionais.
Os republicanos costumam apresentar, como argumento a seu favor, o facto de qualquer pessoa poder ser presidente... desde que tenha mais de 35 anos. Isso constitui precisamente a maior desvantagem, porque é óbvio que não é qualquer pessoa que pode ser o chefe de Estado. Além de que, no contexto da União Europeia, um país é mais facilmente «federalizável» se for uma república: por mais inteligente, influente e importante que seja, um presidente da república é sempre uma espécie de funcionário público, embora de nível superior. Um Rei e uma Rainha, pelo contrário, estão sempre acima, e fora, de uma lógica «administrativista». Um Rei e uma Rainha não são «burocratizáveis».
A Monarquia permite, se for bem estruturada e dirigida, que os futuros chefes de Estado recebam, desde muito cedo, a melhor educação possível, de modo a que o Rei e/ou a Rainha possa vir a constituir um elemento de coesão, de equilíbrio, mas também de motivação, de dinamismo. Portugal precisa de um(a) monarca porque os problemas deste país são, mais do que políticos ou económicos, psicológicos e culturais. O poder real é essencialmente simbólico, mas tal não significa abstracto ou inútil: é concreto e relevante. O regime monárquico é o que reúne as melhores condições para dar definitivamente a Portugal um novo ânimo, uma nova confiança, uma nova esperança, enfim, uma nova alma. É o único que pode recuperar e completar a herança de um passado histórico, ligando-a com o presente e projectando-a para o futuro. E a Monarquia só terá a ganhar se for laica, baseada numa nobreza constituída principalmente sobre o valor das palavras e dos actos das pessoas que a ela aspiram, e não só em títulos nobiliárquicos.
Quanto mais não seja pelo nascimento dos filhos dos Duques de Bragança, este é o momento ideal para todos os monárquicos se assumirem e movimentarem no sentido de conseguirem a realização de um referendo. Há que desafiar os republicanos, e estes só terão a perder se recusarem, porque revelarão ter medo de que, ao contrário do que apregoam, a maioria dos portugueses não apoie a república. A Monarquia deve ser restaurada e exercida democraticamente, e de preferência pacificamente. Todavia, e porque a história de Portugal deste século foi a que foi, os monárquicos teriam toda a legitimidade para, se quisessem, derrubar a república pela força das armas, reunindo os seus partidários, tomando os principais órgãos de poder e ocupando os principais centros de influência.
Mas os monárquicos não precisam de fazer isso, embora em consciência o pudessem. Tal como nunca seriam capazes, estamos certos, de assassinar o presidente da república e o seu filho.
Hoje, 14 de Agosto de 2005, passam 620 (600+20) anos sobre a Batalha de Aljubarrota.
Artigo publicado no jornal Semanário, Nº 892, 2000/12/22.
É à Monarquia que Portugal deve a sua identidade cultural, a sua unidade enquanto nação, e também as páginas mais gloriosas da sua história. Tudo o que Portugal conseguiu de notável em mais de 800 anos, em especial os Descobrimentos, que os republicanos tanto gostam de comemorar, se deve a reis como D. Afonso Henriques, D. Dinis e D. João II, que, mais do que representantes máximos de um regime, foram verdadeiros líderes, autênticos chefes de Estado, que concebiam e dirigiam na prática, todos os dias, os grandes projectos nacionais.
Os republicanos costumam apresentar, como argumento a seu favor, o facto de qualquer pessoa poder ser presidente... desde que tenha mais de 35 anos. Isso constitui precisamente a maior desvantagem, porque é óbvio que não é qualquer pessoa que pode ser o chefe de Estado. Além de que, no contexto da União Europeia, um país é mais facilmente «federalizável» se for uma república: por mais inteligente, influente e importante que seja, um presidente da república é sempre uma espécie de funcionário público, embora de nível superior. Um Rei e uma Rainha, pelo contrário, estão sempre acima, e fora, de uma lógica «administrativista». Um Rei e uma Rainha não são «burocratizáveis».
A Monarquia permite, se for bem estruturada e dirigida, que os futuros chefes de Estado recebam, desde muito cedo, a melhor educação possível, de modo a que o Rei e/ou a Rainha possa vir a constituir um elemento de coesão, de equilíbrio, mas também de motivação, de dinamismo. Portugal precisa de um(a) monarca porque os problemas deste país são, mais do que políticos ou económicos, psicológicos e culturais. O poder real é essencialmente simbólico, mas tal não significa abstracto ou inútil: é concreto e relevante. O regime monárquico é o que reúne as melhores condições para dar definitivamente a Portugal um novo ânimo, uma nova confiança, uma nova esperança, enfim, uma nova alma. É o único que pode recuperar e completar a herança de um passado histórico, ligando-a com o presente e projectando-a para o futuro. E a Monarquia só terá a ganhar se for laica, baseada numa nobreza constituída principalmente sobre o valor das palavras e dos actos das pessoas que a ela aspiram, e não só em títulos nobiliárquicos.
Quanto mais não seja pelo nascimento dos filhos dos Duques de Bragança, este é o momento ideal para todos os monárquicos se assumirem e movimentarem no sentido de conseguirem a realização de um referendo. Há que desafiar os republicanos, e estes só terão a perder se recusarem, porque revelarão ter medo de que, ao contrário do que apregoam, a maioria dos portugueses não apoie a república. A Monarquia deve ser restaurada e exercida democraticamente, e de preferência pacificamente. Todavia, e porque a história de Portugal deste século foi a que foi, os monárquicos teriam toda a legitimidade para, se quisessem, derrubar a república pela força das armas, reunindo os seus partidários, tomando os principais órgãos de poder e ocupando os principais centros de influência.
Mas os monárquicos não precisam de fazer isso, embora em consciência o pudessem. Tal como nunca seriam capazes, estamos certos, de assassinar o presidente da república e o seu filho.
Hoje, 14 de Agosto de 2005, passam 620 (600+20) anos sobre a Batalha de Aljubarrota.
Artigo publicado no jornal Semanário, Nº 892, 2000/12/22.
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