Pode a Cidade Invicta reclamar para si,
definitivamente ou quase, o título de capital nacional da ficção especulativa
em Portugal, isto no sentido de ter os mais importantes eventos e iniciativas
regulares do género no nosso país? Se Lisboa dispõe do MoteLx (no Verão) e do
Fórum Fantástico (no Outono), o Porto dispõe, há muitos anos (mais de 40), do
FantasPorto (na Primavera), e, mais recentemente (há quatro anos), da What If
(Outono), ou, mais correcta e completamente, e na sua designação original em
Inglês, Conference of «What If» World History. Esta conferência anual dedicada
à história alternativa, com efeito, teve neste ano de 2022, entre 22 e 25 de Novembro, a sua quarta edição, que foi simultaneamente a segunda internacional.
Na verdade, e para além de convidados estrangeiros, dos três pólos do programa
dois situaram-se na metrópole do Douro e um em Puebla, no México...
... Mais concretamente na Universidade Popular Autónoma do Estado de Puebla, onde se realizou, logo no primeiro dia da
conferência, a Primeira Oficina Internacional de Gestão de Hipóteses e
Económicas, com ligação virtual em directo para o outro lado do Atlântico.
Neste, e na Universidade do Porto, os restantes dois pólos foram especificamente:
a Casa Comum (da Reitoria daquela), onde as actividades incluíram o Salão
Literário da Bela Época da Vinoterapia, «O “Museu da Falso” – Uma proposta de
modelo para a criação de uma Paisagem Mental Patrimonial» por Rui Macário, «Na
década de 20 do século passado» com DJ Sardão, e a (inauguração da) exposição
«Catastrophe Honorável» com curadoria de Sílvia Simões e Ana da Silveira Moura;
e a Casa dos Livros, designação «popular» do Centro de Estudos da Cultura em
Portugal da UP, localizado no Palacete Burmester, onde as actividades incluíram
as comunicações «E se o 25 de Abril de 1974 (Revolução dos Cravos) não tivesse
acontecido?» por Irene Pimentel, «Os Naga na história indiana antiga – Budismo
e Brahmanismo» por Daipayan Paul, «Ser ou não ser – identidade, história e
desenlaces sociais alternativos na arte contemporânea brasileira» por Pedro
Pousada e Vera Araújo, e «E se estivéssemos a viver no mundo distópico de “Mil
Novecentos e Oitenta e Quatro?» por Iren Boyarkina.
Nunca é de mais recordar,
reconhecer, reiterar que a «cabeça» e o «coração» deste acontecimento anual, a
sua grande força impulsionadora, dinamizadora (constitui como que um autêntico
«dínamo», uma fonte de energia individual) é Ana da Silveira Moura, talvez mais
conhecida pelo seu pseudónimo literário AMP Rodriguez, que, lembro novamente,
generosamente me convidou para ser um dos participantes, oradores, na primeira
edição do encontro, em 2019, o que levou igualmente a que eu fizesse parte do Comité Científico Honorífico permanente para as edições subsequentes. Ela é
também, claro, a principal autora e organizadora do projecto literário de
história alternativa «Winepunk», de que se aguarda com alguma expectativa a
publicação do segundo volume. Um empreendimento cultural multifacetado cuja
capacidade criadora é bem concreta. (Também no Simetria.)
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