Hoje
assinala-se e «celebra-se» mais um «Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas». Um «feriado» sempre e cada vez mais ridículo, que não
deveria ser o principal, o «dia nacional» do nosso (?) país. Não apenas por este, na
verdade, e oficialmente, ter por nome «República Portuguesa», qual delegação
sul-europeia e ocidental da «grande república mundial». Não apenas por ser uma
invenção da II República e do Estado Novo, que a III e o Estado Social adoptaram
após uma ligeira alteração na sua designação; antes de 1974 era também o dia da
«raça», depois passou a ser também o das «comunidades portuguesas», algo como o
que aconteceu com a ponte sobre o Tejo que liga Lisboa a Almada, inaugurada em
1966, que antes se chamava «Salazar» e depois passou a chamar-se «25 de Abril».
Não apenas por ser estúpido, e até ofensivo, «festejar-se» a morte de um
artista, de um poeta, o maior e o melhor que este «jardim à beira-mar plantado» alguma vez teve mas que tão mal tratou; e, em simultâneo, e na prática,
«festejar-se» a perda da independência de Portugal, ocorrida igualmente em 1580;
continua a ser bizarra a obsessão dos republicanos portugueses pelo iberismo,
obsessão inconsciente e, sim, até mesmo consciente, demonstrada pela persistente e irritante mania de querer-se organizar um Campeonato do Mundo de Futebol em conjunto com a Espanha – deles não se deve esperar apoio para mudar o dia de Portugal para 14 de Agosto. Enfim, o 10 de Junho tornou-se, como se tal fosse possível (mas
é), ainda mais ridículo porque este ano, na véspera, foram aprovados na casa da
«deputação» nacional não um, não dois, não três mas sim quatro projectos de lei para a dita despenalização da «morte medicamente assistida», mais vulgarmente conhecida como eutanásia. Seria muito difícil, quiçá impossível, alcançar-se um
mais perfeito simbolismo para a presente situação deste deprimente país;
afinal, já não se quer tanto sentir «a voz dos egrégios avós» mas sim calá-la
definitivamente - e, obviamente, os inevitáveis abusos deste procedimento sinistro não incidirão exclusivamente sobre os mais velhos. Esta é uma nação em pleno suicídio, o que aliás ficou
comprovado nas mais recentes eleições legislativas, que proporcionaram uma
segunda maioria absoluta aos que nos levaram à bancarrota há pouco mais de
10 anos. Que «não» se desespere, porém: a auto-destruição terá como «ortografia oficial» a do «acordo ortográfico de 1990», sem dúvida a adequada à
«gramática» da cobardia, da desistência e até da traição.
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