Faleceu no passado dia 20 de Julho, e, se fosse viva, completaria hoje 89 anos. É
por isso que escolhi esta data para uma breve, mas sentida, evocação de, e
homenagem a, Maria da Ascensão Gonçalves Carvalho Rodrigues…
… Uma mulher,
uma senhora, que nem todos sabem, ou sabiam, quem era, o que fez; que não
alcançou um estatuto de figura pública nacional que até mereceria, ficando-se
por uma (excelente) notoriedade regional e local, que em nada a diminuiu, antes pelo contrário; que, apesar disso, muitos tiveram o privilégio de
conhecer pessoalmente… entre os quais eu e a minha família. Como, onde, é que
isso foi? De uma das formas mais casuais possíveis: aconteceu passarmos,
todos, as férias de Verão na mesma praia do Algarve, e desde há muito… e o primeiro
contacto deu-se quando, há nove anos, a minha filha mais nova, bebé de dois,
resolveu passear e visitar a «vizinha» de um toldo ao lado… Maria da Ascensão
Rodrigues acabou por se tornar para ela e para as irmãs (e para os pais…) quase
uma parente, uma avó ou uma tia…
… Com, na
verdade, muitas histórias para contar, depois de décadas, nas Beiras
interiores, a Alta e a Baixa, a ouvi-las, escrevê-las, organizá-las e a imprimi-las, por entre os seus afazeres de professora. Tenho, generosamente oferecidos e autografados,
exemplares de «Ferro-Cova da Beira – Estudos Arqueológicos e Etnográficos,
Curiosidades» (1982), «Cancioneiro-Cova da Beira – Romanceiro» (1990, com
prefácio de José Hermano Saraiva), «Cancioneiro-Cova da Beira – Canções Narrativas,
Outros Géneros Poéticos e Adenda ao Romanceiro» (1999) e «Contos da Velha ao
Soalheiro, Outras Histórias e Historietas, recolhidos na Cova da Beira,
sobretudo no Ferro» (2013). Os três primeiros livros foram editados pela
própria autora, e o quarto – em que eu pude dar o meu (modesto) contributo, por
convite e gentileza da Prof.ª Maria da Ascensão – foi editado pela Câmara Municipal da Covilhã, que já em 2008 lhe atribuíra, muito justamente, a Medalha de Mérito Municipal (grau prata)…
… Uma
distinção, um «prémio de carreira», por todo o tempo e todo o trabalho que dedicou a registar a voz e o saber do povo anónimo junto do qual sempre viveu e que soube valorizar.
É por isso que Maria da Ascensão Rodrigues, tal como tantos outros que de
facto, no terreno, preservam e divulgam a Cultura no mais simples e no mais
nobre que ela tem, merece(rá) não cair no anonimato, no esquecimento. E para
isso eu, mais uma vez, dou o meu (modesto) contributo.
Sem comentários:
Enviar um comentário