… E não é de
agora, para participar em festivais literários, em Portugal e no estrangeiro.
Preferiria, obviamente, que as organizações desses festivais que eventualmente
me convidassem custeassem as minhas despesas de transporte, alojamento e
alimentação inerentes a essas participações, mas tal não seria indispensável
para que eu considerasse e mesmo aceitasse, se não todas, pelo menos algumas
delas.
Faço esta –
séria, mas com um sorriso nos lábios - «declaração de interesses» na sequência
da publicação do artigo «Para que(m) servem um Festival Literário?», de Joana
Emídio Marques, publicado no jornal Observador no passado dia 20 de Março.
Apesar de estar escrito em «acordês», justifica-se desta vez conter a
repugnância pela forma devido à qualidade e à relevância do conteúdo: a
jornalista decidiu compilar, listar, comparar, enfim, (tentar) sistematizar
quais são os escritores nacionais mais solicitados para colaborar nos – já
bastantes – festivais literários que são realizados regularmente (anualmente)
em vários pontos do país. A conclusão principal? Existe um pequeno grupo de
«habitués», de privilegiados, invariavelmente presentes nas sucessivas edições
desses festivais, que retiram daí benefícios – se não financeiros, pelo menos
(o que não é pouco) mediáticos, promocionais, de prestígio – do seu «estatuto»
(oficioso) de «convidados permanentes».
Surpreendentemente
(ou talvez não…), e tanto quanto pude apurar, não existiram até ao momento muitas
e/ou significativas reacções públicas ao artigo… com excepção de (apenas) cinco
comentários na sua respectiva página digital. Um deles, porém, especialmente
significativo, é do escritor Pedro Garcia Rosado, que considera que o trabalho
de investigação de Joana Emídio Marques «está
bem feito e é um retrato bem sugestivo de uma actividade que parece não escapar
à lógica portuguesa das “capelinhas” e dos bem nutridos egos dos seus membros.»
Mais: «entre 2004 e 2014 tive 10 livros publicados, não em edição de autor mas
sim por editoras reais (Temas e Debates/Círculo de Leitores, Asa e
20|20/TopSeller). Nunca fui convidado para ir a uma das iniciativas citadas no
texto. Talvez por não pertencer a “famílias” como as que parecem habitar as
várias iniciativas mas também, muito provavelmente, por escrever “thrillers”,
ou “policiais”, literatura que em Portugal parece mal.» Na verdade, um muito maior grupo de escritores não
tem tido acesso a estas iniciativas… a não ser como espectadores. E,
precisamente, há (sub)géneros literários que pura e simplesmente não (e)s(t)ão
representados nesses eventos. Não só o policial mas também, e principalmente, a
ficção científica e fantástico, que, no meu artigo «A nostalgia da quimera»,
demonstrei ser o mais importante da história da literatura portuguesa.
Assim, e por
tudo isto, eu «apelo», «desafio», (a)os promotores dos encontros de Belmonte, Bragança,
Castelo Branco, Lourinhã, Matosinhos, Óbidos, Póvoa de Varzim, Santo Tirso,
entre outros: não hesitem em contactar-me! E, se quiserem, terei todo o gosto
em sugerir outros nomes! ;-) (Também no MILhafre.)
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