quarta-feira, outubro 05, 2022

Observação: A república, sempre repugnante

Hoje assinala-se mais um (triste) aniversário da instauração, por golpe de Estado, da república em Portugal. Mas também se pode e deve assinalar mais um (feliz) aniversário da assinatura do Tratado de Zamora, e é precisamente isso o que o Movimento Independência de Portugal fez, em Guimarães, Coimbra e Lisboa.  Nas três cidades houve deposição de coroas de flores em estátuas e em túmulos, minutos de silêncio em memória e em honra dos soldados portugueses, de todas as épocas, caídos em campos de batalha, e discursos; é de questionar, porém, a execução do suposto «hino nacional» - na verdade, o hino dos republicanos nacionais – nas três cerimónias. Na urbe do Mondego a evocação foi organizada pela Causa Real, tendo aliás o seu Presidente da Direcção, Pedro Quartin Graça, sido um dos oradores...
... E é de supôr que a sua intervenção se tenha caracterizado pelos mesmos temas abordados e pelo mesmo estilo utilizado no seu editorial publicado na edição Nº 25 (de Junho de 2022, página 3) da revista Correio Real. Eis excertos: «(...) A Instituição Real pode dar a Portugal (...) uma entidade de referência intemporal e independente, precisamente como garante da unidade da Nação, garantia de perenidade do património humano, cultural e histórico de Portugal. Tudo aquilo, em suma, que esta 3ª República não representa, não representou nem alguma vez representará. A 3ª República está velha, moribunda, corroída por dentro, apenas subsistindo através de balões de oxigénio. A incapacidade do regime em se regenerar resulta evidente ao olhos dos Portugueses através de múltiplos sintomas: a perpetuação dos limites materiais da Constituição, situação sem paralelo em praticamente todo o Mundo; a incapacidade de revisão do sistema eleitoral no continente; o escandaloso desperdício de entre quinhentos mil a um milhão de votos que (ninguém elegem) nas eleições legislativas; (...) o domínio do Estado por parte dos grandes aparelhos partidários, centros políticos fechados ao exterior e incapazes de aceitar a diversidade de opiniões. Não sendo a Causa Real, nem querendo ser, um partido político, somos, contudo, da opinião que a mesma não pode nem deve manter-se alheada da continuada degradação da vida política nacional. É pois tempo, 50 anos após o 25 de Abril de 1974, de abrir uma discussão séria e determinada sobre as temáticas (atrás elencadas). Mas a Causa Real deve ir mais longe, mantendo uma estreita vigilância, na triste constatação que fazemos de que poucos ou nenhuns agentes políticos se arriscam a corporizar qualquer oposição digna de menção no que diz respeito às tentativas, que serão já visíveis nos próximos meses, por via da já anunciada revisão da Constituição, de pôr em causa os direitos, liberdades e garantias consagrados no texto fundamental do país (...) (através) da aprovação do “supertratado das pandemias” (...) em conjugação com a já aprovada e surreal “Lei do Clima” (...). De um estado de emergência pontual poderemos passar, com uma simples decisão de uma autoridade de saúde internacional, por muito desacreditada que a mesma esteja, para uma continuada restrição de direitos fundamentais que põem em causa a(s) liberdade(s) de circulação, de associação e de manifestação, já para não falar da liberdade de opinião dos portugueses, hoje já reféns de uma “ditadura do politicamente correcto”. A luta pelo ambiente (...) não pode nem deve passar pela utilização do mesmo como desculpa para a necessidade de implementação de uma agenda extremista, anti-família, anti-vida, tudo a pretexto do combate às apelidadas alterações climáticas (...).»
Foi este texto que me convenceu a dar mais uma oportunidade (quiçá a última?) à Real Associação de Lisboa, e, por extensão, à Causa Real, que tem naquela a sua maior e mais importante unidade. Na verdade, durante vários meses ponderei seriamente desvincular-me da RAL, desiludido que estava – e ainda estou – com a sua inacção e «invisibilidade» perante, e contra, a sempre repugnante república em que infelizmente (sobre)vivemos. Já em 2017, em artigo publicado no jornal O Diabo, me insurgia contra a aparente passividade das entidades mais representativas do movimento monárquico português, então claramente mais preocupadas em obter para o Duque de Bragança um lugar cativo no protocolo de Estado do que em conseguir mais protagonismo para os seus valores e objectivos, que implicam inevitavelmente, e o mais rapidamente possível – porque 112 anos de desastre são demasiados – a restauração do Reino de Portugal. Então escrevi que «é bom que se façam visitas, missas, jantares, homenagens, conferências, mas é preciso mais do que isso.» Este panorama não sofreu qualquer alteração nos cinco anos que entretanto decorreram. A ver, pois, se é desta vez que uma nova, e mais firme, atitude passa a animar as hostes azuis e brancas (não falo, é óbvio, do Futebol Clube do Porto...) Uma atitude que, por exemplo, possibilite que não haja qualquer hesitação na denúncia pública de um eventual ataque à sede de uma real associação feita por um qualquer fanático republicano, talvez possuído pelos  espíritos (espectrais) de Alfredo Costa e Manuel Buíça. 

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