Hoje assinala-se mais um (triste) aniversário da instauração,
por golpe de Estado, da república em Portugal. Mas também se pode e deve
assinalar mais um (feliz) aniversário da assinatura do Tratado de Zamora, e é precisamente isso o que o Movimento Independência de Portugal fez, em Guimarães, Coimbra e Lisboa. Nas três
cidades houve deposição de coroas de flores em estátuas e em túmulos, minutos
de silêncio em memória e em honra dos soldados portugueses, de todas as épocas,
caídos em campos de batalha, e discursos; é de questionar, porém, a execução do suposto
«hino nacional» - na verdade, o hino dos republicanos nacionais – nas três
cerimónias. Na urbe do Mondego a evocação foi organizada pela Causa Real, tendo
aliás o seu Presidente da Direcção, Pedro Quartin Graça, sido um dos
oradores...
... E é de supôr que a sua intervenção se tenha
caracterizado pelos mesmos temas abordados e pelo mesmo estilo utilizado no seu
editorial publicado na edição Nº 25 (de Junho de 2022, página 3) da revista Correio Real. Eis excertos: «(...) A Instituição Real pode dar a Portugal (...)
uma entidade de referência intemporal e independente, precisamente como garante
da unidade da Nação, garantia de perenidade do património humano, cultural e
histórico de Portugal. Tudo aquilo, em suma, que esta 3ª República não
representa, não representou nem alguma vez representará. A 3ª República está
velha, moribunda, corroída por dentro, apenas subsistindo através de balões de
oxigénio. A incapacidade do regime em se regenerar resulta evidente ao olhos
dos Portugueses através de múltiplos sintomas: a perpetuação dos limites
materiais da Constituição, situação sem paralelo em praticamente todo o Mundo;
a incapacidade de revisão do sistema eleitoral no continente; o escandaloso
desperdício de entre quinhentos mil a um milhão de votos que (ninguém elegem)
nas eleições legislativas; (...) o domínio do Estado por parte dos grandes
aparelhos partidários, centros políticos fechados ao exterior e incapazes de
aceitar a diversidade de opiniões. Não sendo a Causa Real, nem querendo ser, um
partido político, somos, contudo, da opinião que a mesma não pode nem deve
manter-se alheada da continuada degradação da vida política nacional. É pois
tempo, 50 anos após o 25 de Abril de 1974, de abrir uma discussão séria e
determinada sobre as temáticas (atrás elencadas). Mas a Causa Real deve ir mais
longe, mantendo uma estreita vigilância, na triste constatação que fazemos de
que poucos ou nenhuns agentes políticos se arriscam a corporizar qualquer
oposição digna de menção no que diz respeito às tentativas, que serão já
visíveis nos próximos meses, por via da já anunciada revisão da Constituição,
de pôr em causa os direitos, liberdades e garantias consagrados no texto fundamental
do país (...) (através) da aprovação do “supertratado das pandemias” (...) em
conjugação com a já aprovada e surreal “Lei do Clima” (...). De um estado de
emergência pontual poderemos passar, com uma simples decisão de uma autoridade
de saúde internacional, por muito desacreditada que a mesma esteja, para uma
continuada restrição de direitos fundamentais que põem em causa a(s)
liberdade(s) de circulação, de associação e de manifestação, já para não falar
da liberdade de opinião dos portugueses, hoje já reféns de uma “ditadura do
politicamente correcto”. A luta pelo ambiente (...) não pode nem deve passar
pela utilização do mesmo como desculpa para a necessidade de implementação de
uma agenda extremista, anti-família, anti-vida, tudo a pretexto do combate às
apelidadas alterações climáticas (...).»
Foi este texto que me
convenceu a dar mais uma oportunidade (quiçá a última?) à Real Associação de
Lisboa, e, por extensão, à Causa Real, que tem naquela a sua maior e mais
importante unidade. Na verdade, durante vários meses ponderei seriamente
desvincular-me da RAL, desiludido que estava – e ainda estou – com a sua
inacção e «invisibilidade» perante, e contra, a sempre repugnante república em
que infelizmente (sobre)vivemos. Já em 2017, em artigo publicado no jornal O Diabo, me
insurgia contra a aparente passividade das entidades mais representativas do
movimento monárquico português, então claramente mais preocupadas em obter para
o Duque de Bragança um lugar cativo no protocolo de Estado do que em conseguir
mais protagonismo para os seus valores e objectivos, que implicam inevitavelmente,
e o mais rapidamente possível – porque 112 anos de desastre são demasiados – a
restauração do Reino de Portugal. Então escrevi que «é bom que se façam
visitas, missas, jantares, homenagens, conferências, mas é preciso mais do que
isso.» Este panorama não sofreu qualquer alteração nos cinco anos que
entretanto decorreram. A ver, pois, se é desta vez que uma nova, e mais firme,
atitude passa a animar as hostes azuis e brancas (não falo, é óbvio, do Futebol
Clube do Porto...) Uma atitude que, por exemplo, possibilite que não haja qualquer
hesitação na denúncia pública de um eventual ataque à sede de uma real
associação feita por um qualquer fanático republicano, talvez possuído pelos espíritos (espectrais) de Alfredo Costa e
Manuel Buíça.
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