O que não falta em Portugal – e é de supor que
também em outros países, mas por agora vou limitar-me ao que (infelizmente) conheço
melhor – são alegados «especialistas», entendidos em diversas áreas de
actividade e assuntos, que vão da política ao desporto passando pela ciência e
pela cultura, com assento permanente ou quase na imprensa, em programas de
rádio e de televisão e em meios digitais, sempre disponíveis para debitar «bitaites»
inconsequentes e irrelevantes, invariavelmente (bem) pagos, e, logo,
sobrevalorizados. Com muita frequência esses mesmos «especialistas» erram não
só porque se arriscam a fazer previsões que não se concretizam mas também
porque se enganam – por distracção, falha de memória ou ignorância –
relativamente a factos e a figuras do passado.
João Lopes, há décadas um «renomado» e «respeitado»
(?) crítico de cinema, presença permanente no Diário de Notícias e regular na
SIC, tem-se revelado nos últimos anos um dos mais pródigos e me(r)diáticos
criadores e difusores nacionais de disparates. Tal tornou-se mais notório desde
a eleição de Donald Trump em 2016 como Presidente dos Estados Unidos da América
e muito em especial no seu blog Sound+Vision, onde passaram a ser... crónicas
as suas asneiras e inclusivamente as mentiras sobre o Nº 45 e o Partido
Republicano em particular e sobre a política e a história norte-americanas em
geral. No meu blog Obamatório já denunciei João Lopes (e não só) em várias
ocasiões por, acrítica e repetidamente, aceitar e propagar praticamente todas
as acusações falsas dos activistas esquerdistas do outro lado do Atlântico; e
faço-o também por o S+V não permitir comentários e JL nunca ter respondido às
mensagens que lhe enviei. Numa das mais recentes, remetida a 25 de Julho deste
ano, o tema foi um texto sobre Lin-Manuel Miranda, famoso por ter criado o
musical «Hamilton». Nele João Lopes afirma que «Alexander Hamilton é uma
figura emblemática entre os “founding fathers” (à letra: “pais fundadores”) da
nação americana, isto é, aqueles que assinaram a Declaração de Independência, a
4 de Julho de 1776.» Pelo que esclareci o «especialista»: «Na verdade, Hamilton
não foi um dos signatários da Declaração de Independência. Mas não foi o único
dos “pais fundadores” nessa situação: o principal de todos, George Washington,
também não assinou - obviamente, não porque ambos não concordassem com o teor
do documento mas porque, por um motivo ou por outro, não estiveram presentes no
encontro que aprovou aquele.» Porém, não satisfeito com «apenas» ter
demonstrado mais uma vez a sua ignorância, JL ostentou igualmente, e novamente,
a sua estupidez, não resistindo a fazer outra apreciação negativa, e infundada,
de DJT, ao referir-se ao «contexto político-cultural americano, atravessado por
conflitos históricos e sociais, materiais e simbólicos que, como foi notório, a
presidência de Trump agravou.» Pelo que lhe escrevi que «obviamente, e como
qualquer pessoa minimamente (bem) informada sabe, quem tem agravado, e até
causado, esses conflitos, começando com os raciais, são os democratas, ontem
como hoje. “Notório” é o seu desfasamento da realidade, norte-americana pelo
menos, e quiçá de outras.»
O caso de João Lopes não seria (demasiado) ridículo
se as suas insuficiências intelectuais apenas se manifestassem quando ele
aborda tópicos fora do seu âmbito profissional principal, qual «sapateiro» que
tenta tocar «rabecão». No entanto, são já vários os exemplos de textos sobre
cinema e música em que ele comete falhas clamorosas, espantosas. Como, aquando da morte de Kirk Douglas em 2020, afirmar que aquele actor tinha sido nomeado
três vezes para o Óscar de melhor actor secundário – e, na única instância de
que tenho conhecimento de uma mensagem minha ter tido algum efeito (embora
sempre sem resposta), ele depois corrigiu para actor principal. Todavia, aquela
que eu considero ser a sua maior, e mais bizarra, gaffe aconteceu há exactamente um mês: a 14 de Novembro último escreveu e publicou no Sound+Vision que a
canção «Stairway to Heaven» - e o quarto álbum dos Led Zeppelin, de que faz
parte – celebrava(m)... 60 anos! Um erro grave mas hilariante, em formato
«triplo», no título, na primeira frase, e na terceira – em que, para não
restarem «dúvidas», se especifica que a primeira edição ocorreu em 1961!! Já o
dia e o mês indicados, 8 de Novembro, estão correctos, mas, obviamente, o ano
certo é 1971 – e esta efeméride de 50 anos constituiu também um dos motivos
para a minha escolha da capa de «IV» como ilustração da versão de 2021 da Simetria Sonora. O que terá acontecido que explique este descalabro? Uma ingestão excessiva
de bebidas alcoólicas? De qualquer forma, de pouco servirá a JL proceder a uma
eventual, mas sempre tardia, correcção: é que desta vez eu captei e guardei uma
imagem da «posta» (ou bosta) inicial.
Sem comentários:
Enviar um comentário