… E, afinal,
não se pode negar que eu (à semelhança de muitos outros) tinha bastantes
motivos para isso: as decepções que também sofri em 1984, em 1986, 1996, 2000,
2002, e, já com comentários, em 2004, (não em) 2006 (porque provavelmente
estava a preparar a edição de um livro, que, sim, evocarei em breve a propósito do seu décimo aniversário), 2008, 2010, 2012 e 2014. Como honestamente, racionalmente,
esperar que, depois de aquela que foi possivelmente a melhor selecção
portuguesa de sempre ter perdido em Lisboa uma final contra a… Grécia, uma outra
de (aparentemente) menor valor iria vencer a França em… Paris? E quando, ainda
antes dos dez minutos de jogo, Cristiano foi – não duvido de que
deliberadamente, premeditadamente – lesionado e, depois, forçado a abandonar o
campo, parecia que a aziaga «tradição» se confirmaria e repetiria…
… Porém, e
finalmente, este «fado do futebol» desfez-se: Portugal conseguiu, mesmo, conquistar o Campeonato da Europa de Futebol (sénior, depois de tantos títulos
nas camadas juniores). Talvez por as prioridades terem passado a ser outras.
Como escrevi aqui, «qual é
o problema de eventualmente “ser(e)mos execrados por milhões em todo o mundo a
rezarem pelo nosso justo esmagamento” por sermos, supostamente, “a mais negra e
ronhosa das ovelhas de que haverá memória em torneios futebolísticos”? Os
incomodados que se lixem com “F” grande! Farto estou eu de gostarem de nós
enquanto (e apenas) crónicos derrotados. Farto estou eu de derrotas. Portanto,
que os jogadores da selecção triunfem, mesmo que com mais empates no tempo
regulamentar, mais prolongamentos e mais decisões nas grandes penalidades. Que
tragam a taça.» E trouxeram mesmo.
Nestes festejos, nestas celebrações, nesta alegria avassaladora que enfim chega com tantos anos de
atraso – e em 2016 assinalam-se 50 desde a campanha dos «Magriços» de Eusébio
em Inglaterra – há no entanto um aspecto que me desagrada, que me desilude, que
me indigna: por culpa de pervertidos, de criminosos, de tiranos, antigos e
modernos, a selecção é por muitos escrita sem «c» e veste-se, tal como o país, com as cores de
uma bandeira da infâmia – não a verdadeira de Portugal, nunca é de mais
repetir, mas sim a de uma associação de terroristas. Todavia, pelo menos desta
vez, a repulsa não se sobreporá à felicidade. (Também no MILhafre.)
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