segunda-feira, maio 16, 2016

Ordem: De mim, e não de António Costa

Ontem, 15 de Maio, decorreu a cerimónia oficial de «rebaptismo» do aeroporto de Lisboa, até agora designado «da Portela», enquanto Aeroporto Humberto Delgado. Com as presenças do presidente da república, do primeiro-ministro, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, familiares do homenageado e outras individualidades. Entre as quais eu não estive porque não recebi um convite. Que, acredito, merecia, porque foi de mim, e não de António Costa, que partiu a ideia desta nova designação. Algo que, porém, o actual governo não parece interessado em reconhecer e em divulgar.
Já a 11 de Fevereiro do ano passado, quando a CML aprovou uma moção – subscrita unicamente pelo então presidente e actual chefe de governo – propondo a alteração, eu assinalei o facto e lembrei a minha precedência na ideia, concretizada num artigo publicado na edição Nª 1827 do jornal Expresso, em 3 de Novembro de 2007 – e que está incluído no meu livro «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um Novo País». No entanto, se então não julguei indispensável «avisar» as entidades envolvidas da existência daquele meu texto (embora tenha considerado fazê-lo), as dúvidas desvaneceram-se completamente quando, exactamente um ano depois, a 11 de Fevereiro deste ano, foi anunciada a decisão do corrente executivo de concretizar, a 15 de Maio (data do 110ª aniversário de nascimento de Humberto Delgado), a moção da edilidade da capital – expressa numa resolução do conselho de ministros em que António Costa aparece novamente como único signatário.
Assim, a 28 de Abril último falei por telefone com o assessor de imprensa da ANA-Aeroportos de Portugal, a quem enviei depois, no mesmo dia e por correio electrónico, um ficheiro com a imagem da página (36), contendo o meu artigo, da referida edição do Expresso. Por sugestão daquele, no dia seguinte (29 de Abril) contactei, também por correio electrónico, o gabinete do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, anexando não só, igualmente, o ficheiro mencionado, mas ainda expondo os motivos do meu contacto: «no contexto da atribuição do nome do “General sem medo” ao aeroporto da capital, em cerimónia que se realizará no próximo dia 15 de Maio, decidida pelo actual governo na sequência de uma petição aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa em 2015, revelar que a referida homenagem foi (por mim) proposta previamente, e solicitar que esse facto seja, a partir de agora, devidamente divulgado nas acções de comunicação relativas à iniciativa.» Só a 9 de Maio (ou seja, 10 dias depois) recebi a resposta, que consistia na informação de que a chefe de gabinete do ministro decidira, em despacho, reencaminhar a minha mensagem para o assessor de imprensa do MPI…
… E este, finalmente, contactou-me a 13 de Maio, mas só depois de eu lhe ter enviado uma mensagem solicitando-lhe alguma rapidez porque a data da cerimónia aproximava-se. Em que consistiu a missiva? Fundamentalmente, na inclusão de um anexo com uma nota de agenda informando da presença do ministro Pedro Marques, ontem, no aeroporto, e da ligação para a página do Diário da República com a já citada RCM. Eu repliquei, antes de mais, agradecendo a resposta, mas a seguir fazendo notar que «ela não vai ao encontro da questão fundamental que expressei na minha mensagem de 29 de Abril último, dirigida ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas (por indicação, volto a salientar, da ANA): o reconhecimento formal, oficial, por parte do actual governo, de que é minha a ideia de atribuir o nome do General Humberto Delgado ao aeroporto de Lisboa. Assim, continuarei a aguardar que tal esclarecimento seja feito, em especial na (e/ou na sequência da) cerimónia que vai decorrer no próximo domingo, dia 15 de Maio - que tentarei acompanhar atentamente “à distância”, porque não recebi convite para nela participar.» E, efectivamente, tanto quanto me foi possível depreender, o meu nome e o meu artigo não tiveram qualquer menção. Aliás, a única alusão na comunicação social (de que tenho conhecimento) à minha proposta de há quase nove anos foi feita, na passada sexta-feira, por Nuno Pacheco, director-adjunto do Público, no seu artigo «Nomes que voam alto», o que muito agradeço.
Tudo considerado, reflectindo sobre o que neste caso aconteceu, e, mais, sobre o que não aconteceu, tenho legitimidade para admitir como muito provável a hipótese de que António Costa viu o meu artigo de 2007 e dele retirou a ideia que, depois de um «esboço» enquanto autarca, concretizou posterior e finalmente enquanto primeiro-ministro. O Expresso não era propriamente, reconheça-se, um jornal de reduzida tiragem e de menor influência e que não conta(va) também entre os seus leitores regulares todos os principais dirigentes político-partidários nacionais. E mesmo na eventualidade de ignorarem a existência do meu texto antes de os ter contactado, aos responsáveis actuais do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas em especial, e do governo em geral, exigir-se-ia outra atitude, outro comportamento, a partir do instante em que tiveram conhecimento – dado por mim – de uma proposta prévia que visava igualmente homenagear Humberto Delgado. Uma atitude e um comportamento mais consentâneos com a probidade e o rigor que são expectáveis de quem exerce cargos públicos. (Também no MILhafre.)  

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