Ontem, 15 de
Maio, decorreu a cerimónia oficial de «rebaptismo» do aeroporto de Lisboa, até agora designado «da Portela», enquanto Aeroporto Humberto Delgado. Com as presenças do presidente da república, do primeiro-ministro, o presidente da
Câmara Municipal de Lisboa, familiares do homenageado e outras
individualidades. Entre as quais eu não estive porque não recebi um convite.
Que, acredito, merecia, porque foi de mim, e não de António Costa, que partiu a
ideia desta nova designação. Algo que, porém, o actual governo não parece
interessado em reconhecer e em divulgar.
Já a 11 de
Fevereiro do ano passado, quando a CML aprovou uma moção – subscrita unicamente
pelo então presidente e actual chefe de governo – propondo a alteração, eu assinalei o facto e lembrei a minha precedência na ideia, concretizada num
artigo publicado na edição Nª 1827 do jornal Expresso, em 3 de Novembro de 2007
– e que está incluído no meu livro «Um Novo Portugal – Ideias de, e para, um Novo País». No entanto, se então não julguei indispensável «avisar» as
entidades envolvidas da existência daquele meu texto (embora tenha considerado
fazê-lo), as dúvidas desvaneceram-se completamente quando, exactamente um ano
depois, a 11 de Fevereiro deste ano, foi anunciada a decisão do corrente executivo de concretizar, a 15 de Maio (data do 110ª aniversário de nascimento
de Humberto Delgado), a moção da edilidade da capital – expressa numa resolução do conselho de ministros em que António Costa aparece novamente como único
signatário.
Assim, a 28
de Abril último falei por telefone com o assessor de imprensa da ANA-Aeroportos
de Portugal, a quem enviei depois, no mesmo dia e por correio electrónico, um
ficheiro com a imagem da página (36), contendo o meu artigo, da referida edição
do Expresso. Por sugestão daquele, no dia seguinte (29 de Abril) contactei,
também por correio electrónico, o gabinete do Ministério
do Planeamento e das Infraestruturas, anexando não só, igualmente, o ficheiro mencionado,
mas ainda expondo os motivos do meu contacto: «no contexto da atribuição do nome do “General sem medo”
ao aeroporto da capital, em cerimónia que se realizará no próximo dia 15 de
Maio, decidida pelo actual governo na sequência de uma petição aprovada pela
Câmara Municipal de Lisboa em 2015, revelar que a referida homenagem foi (por
mim) proposta previamente, e solicitar que esse facto seja, a partir de agora,
devidamente divulgado nas acções de comunicação relativas à iniciativa.» Só a 9
de Maio (ou seja, 10 dias depois) recebi a resposta, que consistia na informação de que
a chefe de gabinete do ministro decidira, em despacho, reencaminhar a minha
mensagem para o assessor de imprensa do MPI…
… E este, finalmente,
contactou-me a 13 de Maio, mas só depois de eu lhe ter enviado uma mensagem solicitando-lhe
alguma rapidez porque a data da cerimónia aproximava-se. Em que consistiu a
missiva? Fundamentalmente, na inclusão de um anexo com uma nota de agenda
informando da presença do ministro Pedro Marques, ontem, no aeroporto, e da
ligação para a página do Diário da República com a já citada RCM. Eu repliquei,
antes de mais, agradecendo a resposta, mas a seguir fazendo notar que «ela não
vai ao encontro da questão fundamental que expressei na minha mensagem de 29 de
Abril último, dirigida ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas (por
indicação, volto a salientar, da ANA): o reconhecimento formal, oficial, por
parte do actual governo, de que é minha a ideia de atribuir o nome do General
Humberto Delgado ao aeroporto de Lisboa. Assim, continuarei a aguardar que tal
esclarecimento seja feito, em especial na (e/ou na sequência da) cerimónia que
vai decorrer no próximo domingo, dia 15 de Maio - que tentarei acompanhar
atentamente “à distância”, porque não recebi convite para nela participar.» E,
efectivamente, tanto quanto me foi possível depreender, o meu nome e o meu
artigo não tiveram qualquer menção. Aliás, a única alusão na comunicação social
(de que tenho conhecimento) à minha proposta de há quase nove anos foi feita,
na passada sexta-feira, por Nuno Pacheco, director-adjunto do Público, no seu
artigo «Nomes que voam alto», o que muito agradeço.
Tudo considerado,
reflectindo sobre o que neste caso aconteceu, e, mais, sobre o que não
aconteceu, tenho legitimidade para admitir como muito provável a hipótese de
que António Costa viu o meu artigo de 2007 e dele retirou a ideia que, depois
de um «esboço» enquanto autarca, concretizou posterior e finalmente enquanto
primeiro-ministro. O Expresso não era propriamente, reconheça-se, um jornal de reduzida
tiragem e de menor influência e que não conta(va) também entre os seus leitores
regulares todos os principais dirigentes político-partidários nacionais. E mesmo
na eventualidade de ignorarem a existência do meu texto antes de os ter
contactado, aos responsáveis actuais do Ministério do Planeamento e das
Infraestruturas em especial, e do governo em geral, exigir-se-ia outra atitude,
outro comportamento, a partir do instante em que tiveram conhecimento – dado
por mim – de uma proposta prévia que visava igualmente homenagear Humberto
Delgado. Uma atitude e um comportamento mais consentâneos com a probidade e o
rigor que são expectáveis de quem exerce cargos públicos. (Também no MILhafre.)
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