Quem diria?!
O Sport Lisboa e Benfica perdeu, ontem, mais uma final de uma competição
europeia de futebol masculino sénior – a da Liga Europa, e pelo segundo ano
consecutivo! Sim, foi a oitava final europeia que terminou com a derrota do
clube português, mas convém sempre recordar, e adicionar, as duas edições da
Taça Intercontinental perdidas nos anos 60 (para o Peñarol e para o Santos),
pelo que, na verdade, são dez as finais internacionais que o suposto «Glorioso»
já deixou escapar ao longo da sua deprimente história…
… E nem se deve falar em surpresa. Dizer que o Benfica perdeu uma final é como que,
citando Grace Slick (cantora dos Jefferson Airplane) a propósito do seu então
permanente estado de embriaguez, «dizer que houve uma terça-feira na semana
passada». Será mesmo por causa da «maldição de Béla Guttmann»? Ou será por
causa de incompetência e de impotência que se repetem ciclicamente, afectando diferentes
gerações de jogadores, treinadores e dirigentes? Seja o que for, esta situação já
não é triste nem trágica, mas sim, apenas, previsível e patética. O clube
tornou-se uma anedota desportiva mundial, e não são os – ocasionais – triunfos em
competições nacionais que chegam para compensar os fracassos no estrangeiro. Pelo
que, apesar do campeonato (e da taça da liga) já conquistadas este ano (e, no
momento em que escrevo, falta saber o que acontecerá na final da taça de
Portugal), mantenho na íntegra o que afirmei no meu artigo «Da mística só a memória», publicado no Público em 2013.
Para aqueles
que preferem acreditar na «maldição», pode-se lembrar, como referência e
comparação, uma outra célebre, alegada, «praga» a afectar um outro clube: a
«maldição do Bambino», que terá (talvez) impedido os Boston Red Sox de vencerem
a final do campeonato de baseball dos EUA durante 86 anos! No caso do Benfica,
é certo que se trata de um século, mas, no entanto, já passaram 52 anos desde
que o lendário treinador húngaro fez a sua sinistra «previsão». Por isso,
coragem, benfiquistas! Já falta menos de metade do tempo! Entretanto, fica uma
sugestão: se o clube voltar a apurar-se para uma final antes de 2062, desistam
de comparecer àquela e solicitem a entrega imediata do troféu ao outro clube; é
uma decisão que só trará vantagens, em especial impedir que milhares, ou milhões,
de masoquistas incorrigíveis sofram novamente de(s)ilusões. (Também no MILhafre (88).)
2 comentários:
Dá-me impressão que não está bem informado do que realmente se diz a nível mundial do Benfica: a seca de títulos internacionais perdidos é causa de admiração e case study, mas em nada, mesmo em nada, diminui o prestígio do Benfica, que está de novo em alta. Quanto aos "títulos ocasionais", arrebatou mais três este ano, superando completamente a desilusão do ano passado. E além dos títulos, a enorme mole de adeptos, a cobertura feita pela comunicação social internacional e a sua força social em Portugal fazem do Benfica o único clube de nível europeu em Portugal, coisa a que o triste vizinho do lado e o adversário das antas (que vá lá, ainda ganhou uns títulos pontuais a equipas da Escócia e do Mónaco)jamais sonhariam.
Estou bem informado sobre o que «realmente se diz a nível mundial do Benfica» (e sobre outros assuntos). Porém, para mim, e não sereo o único a pensar assim, um clube que falha sucessivamente a conquista de títulos internacionais - dez no total, e, entre o ano passado e este, dois consecutivos - não pode afirmar que fica prestigiado. Trocaria de bom grado a «cobertura feita pela comunicação social internacional» e a «força social em Portugal» por (mais) títulos europeus e mundiais.
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