A pergunta justificava-se: «se», «quando», «como» e com «quem» iriam reagir os cultistas do AO90 ao crescimento avassalador de intervenções públicas, impressas e não só, contra o dito cujo? O «se» concretizou-se «quando» Vasco Graça Moura ordenou que no Centro Cultural de Belém se deixasse de usar a «ortografia» desviante – custa-lhes a crer que existam pessoas que tenham a coragem de passar das palavras… aos aCtos. «Como»? Recorrendo, contra a força da técnica… à técnica da força. «Quem»? Entre «lacraus» por convicção e «lacaios» por obrigação, não mais do que os «suspeitos do costume»…
… O mesmo é
dizer, os «cadáveres adiados» do «só-cretinismo». Que saudades de António
Guterres, com quem pelo menos havia um mínimo de dignidade e de honra – com ele
nenhuma «causa fracturante» se concretizou, linguística ou outra! Por ter questionado (tardiamente…) o AO90, Francisco Assis talvez mereça alguma tolerância. Mas muitos dos seus «camaradas» não. Nomeadamente: João Tiago Silveira, para quem o presidente de uma fundação criada pelo Estado, nomeado pelo
Governo, teve «atitudes terroristas» ao «desrespeitar impunemente as opções
legítimas e democráticas do Estado português» - pois, só que essas opções não
foram nem legítimas nem democráticas…; Augusto Santos Silva, para quem Vasco
Graça Moura tornou o CCB num «instrumento da sua luta pessoal» - algo que não
deveria indignar quem tanto gosta de «malhar na direita». E há o inevitável
Francisco Seixas da Costa, que, incorrigível, aparentemente não satisfeito com
os «correctivos» que já lhe apliquei anteriormente (sobre bandeiras nacionais e
sobre artigos em jornais), reincidiu, desta vez verberando uma suposta «brigada do asterisco» (percebem? É uma alusão à «brigada do reumático» salazarista… tão
espirituoso, o Chico!) que, liderada por VGM, insiste em escrever os seus
artigos «segundo a antiga ortografia» - só que o Sr. Embaixador em França
parece «esquecer-se» de que os asteriscos são colocados, quais «estrelas de
David» nos braços dos «inferiores», não pelos próprios mas sim pelos «guardas
dos guetos» linguísticos que são todos os «acordistas» colaboracionistas…
aliás, ele próprio deveria usar um, porque admitiu no seu próprio blog que não gosta deste AO porque «está cheio de incongruências, tem soluções menos
boas e induz, por vezes, à confusão», mas que, porém, «como cidadão, sendo o
Acordo uma lei da República, acho que devo cumpri-la, goste dela ou não»! Ah, «valente»!
Só faltou acrescentar «a bem da Nação»! Parece que «temos» homem! Ou será que é
«omem»?
No entanto, e na verdade, não é só no PS que se encontram
apologistas da anormalidade ortográfica. É extremamente deprimente, penoso, triste, ler Pedro Santana Lopes criticar Vasco Graça Moura e lembrar (com
orgulho?) que Aníbal Cavaco Silva o incumbiu de negociar e de assinar o AO para
que «o português falado em Portugal não ficasse com um estatuto equivalente ao
do latim.» Como é possível que, decorridos mais de 20 anos, e depois de várias
demonstrações de deslealdade e de desprezo que recebeu do boliqueimense,
Santana ainda lhe mostre qualquer tipo de fidelidade? Entretanto, ele ainda não
escreve os seus textos com a nova grafia «porque ainda não o decidi fazer». Eu
digo – e disse-lhe, no seu blog – que não o faz porque sabe que se enganou, e
desafiei-o a admitir isso mesmo.
Não nos devemos surpreender (muito) que, da parte de (alguns)
políticos, pessoas sem carácter e sem escrúpulos, haja sempre disponibilidade
para defenderem o indefensável e dizerem e fazerem o que lhes mandam.
«Coitados», não é defeito mas sim feitio! Mais grave, muito mais grave, é que o
mesmo comportamento seja tido por elementos de outras profissões que deveriam
estar nas primeiras linhas da frente da batalha contra o totalitarismo
cultural, o fascismo linguístico e o neo-colonialismo ortográfico (o AO90
também surgiu como reacção às independências dos PALOP e às prováveis «derivas
alfabéticas» daqueles). Como os jornalistas e os professores.
De entre os primeiros destacam-se, enquanto defensores da
ignomínia e da infâmia linguísticas, Paulo Querido, José Carlos de Vasconcelos
e Henrique Monteiro. O ex-director do Expresso, aliás, é o autor de um dos mais vergonhosos artigos de que há memória sobre este assunto (e não só) publicados
na imprensa portuguesa, e em que não só se queixou de que «duas décadas depois
de concluído, quatro anos depois de aprovado por ampla maioria no Parlamento, milhões de euros de investimentos depois, renasce a
ofensiva contra o Acordo Ortográfico», e nessa
«ofensiva» há «muita teimosia e alguma ignorância», como ainda declarou que «não aceito que uma lei
discutida durante mais de 20 anos seja constantemente colocada em causa»! Por
outras palavras, para aqueles que não perceberam: ele, «jornalista», recusa-se
a considerar válida uma opinião contrária à dele, e que é partilhada pela
maioria da população – isto é, uma maioria de potenciais leitores – de uma
forma consistente há mais de duas décadas. Duas hipóteses: é o Monteiro uma desgraça
para a profissão… ou enganou-se na vocação? Provavelmente, as duas são
verdadeiras…
… Tal como o são para Edviges Ferreira, presidente da
Associação de Professores de Português, e que constitui uma personificação (há outras…) da incompetência e da degenerescência que têm marcado a educação em Portugal.
O facto de esta… criatura ocupar o cargo que ocupa apenas demonstra que os
docentes – de português, pelo menos – não têm qualquer noção de decência. Num
aspecto ela acaba por ter razão (embora não da maneira que pensa): «andam a
brincar com o ensino, com os professores, com os alunos, com os pais, com toda
uma comunidade.» Pois andam, e o «aborto ortográfico» é a maior «brincadeira»
(de mau gosto) – e já foram tantas – de todas as que já foram feitas nas
escolas nacionais. O que não espanta, porque o AO90 só podia ser uma ideia de
(maus) palhaços. E a «palhaçada» não parece preocupar (muit)os professores:
sempre prontos para protestarem, para se manifestarem, para fazerem greve
contra o que não querem e o que não gostam nas suas avaliações, progressões e
remunerações, mostram-se, em geral, bastante apáticos, colaborantes e
permissivos na aplicação do AO90. Será cansaço?
Assim, e porque o tema é a aprendizagem, proceda-se a uma (breve) «revisão da matéria dada»: só neste país é que há a mania de alterar a ortografia com «data marcada» - e essa mania começou com os republicanos, que mudaram o modo de escrever tal como mudaram a bandeira e o hino, os nomes das ruas e o do bolo-rei; o AO90 não «uniformiza» a ortografia, muito pelo contrário, devido ao aumento das duplas grafias; os seus apologistas deveriam deixar de se referir ao «ph da farmácia» se não quiserem continuar a cobrir-se de ridículo – todos os anglófonos e todos os francófonos usam (e muito) o «ph» e as consoantes «mudas» e repetidas (sim, eles são tão «atrasados», «subdesenvolvidos» em relação a nós); continua por explicar a «lógica» de escrever as estações e os meses do ano com letra minúscula, e de se continuar a utilizar o «h» como primeira letra de palavras; o «acordo» enferma de grandes, graves, anomalias jurídicas, tanto ao nível interno (uma resolução não vale mais do que um decreto) como ao nível externo (se nem todos os países o ratificaram, não está em vigor), e isso já era indiscutível antes mesmo de, em bastantes tribunais portugueses, diversos juízes – indivíduos com juízo – começarem a recusar-se a aplicá-lo e a utilizá-lo; e nem no comunicado final de uma reunião dos ministros da Educação da CPLP foi utilizado, apesar de ter sido o assunto principal daquela… sem dúvida por no mesmo se reconhecer que o AO90 contém «constrangimentos e estrangulamentos»! (Também no Esquinas (122) e no MILhafre (57). Referência aqui.)
Assim, e porque o tema é a aprendizagem, proceda-se a uma (breve) «revisão da matéria dada»: só neste país é que há a mania de alterar a ortografia com «data marcada» - e essa mania começou com os republicanos, que mudaram o modo de escrever tal como mudaram a bandeira e o hino, os nomes das ruas e o do bolo-rei; o AO90 não «uniformiza» a ortografia, muito pelo contrário, devido ao aumento das duplas grafias; os seus apologistas deveriam deixar de se referir ao «ph da farmácia» se não quiserem continuar a cobrir-se de ridículo – todos os anglófonos e todos os francófonos usam (e muito) o «ph» e as consoantes «mudas» e repetidas (sim, eles são tão «atrasados», «subdesenvolvidos» em relação a nós); continua por explicar a «lógica» de escrever as estações e os meses do ano com letra minúscula, e de se continuar a utilizar o «h» como primeira letra de palavras; o «acordo» enferma de grandes, graves, anomalias jurídicas, tanto ao nível interno (uma resolução não vale mais do que um decreto) como ao nível externo (se nem todos os países o ratificaram, não está em vigor), e isso já era indiscutível antes mesmo de, em bastantes tribunais portugueses, diversos juízes – indivíduos com juízo – começarem a recusar-se a aplicá-lo e a utilizá-lo; e nem no comunicado final de uma reunião dos ministros da Educação da CPLP foi utilizado, apesar de ter sido o assunto principal daquela… sem dúvida por no mesmo se reconhecer que o AO90 contém «constrangimentos e estrangulamentos»! (Também no Esquinas (122) e no MILhafre (57). Referência aqui.)
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